Natasha Lewis Sábado nunca foi meu dia de trabalho. Mas, como estou cobrindo o papel de secretária do Xavier, cá estou, sentada na cadeira giratória da sua sala. O escritório está mais silencioso que o normal, quase vazio, e meus pensamentos têm mais espaço do que deveriam. A preocupação com Pérola não sai da minha cabeça. Ela é uma garota incrível, forte e doce, e não merece que um idiota transforme sua vida em um pesadelo. O que aconteceu ontem no The Beats ainda me pesa no coração. É por isso que, antes mesmo de terminar de organizar a agenda do Xavi, pego meu celular e ligo para Pablo. Chamada iniciada — Bom dia, Pablito — digo num tom brincalhão, tentando soar leve. — Bom dia, pequena — ele responde, a voz calorosa como sempre. — Preciso dos seus serviços como advogado. — Opa, o que posso fazer? — Ele pergunta, interessado. — É uma amiga. Ela está sofrendo assédio no trabalho. Do outro lado da linha, ouço um leve suspiro, seguido por um tom firme e decidido: — Adoro es
Natasha Lewis Sábado à noite, o show na The Beats já tinha terminado. Estava no pequeno camarim, ajeitando alguns detalhes, quando a porta se abriu e Xavier entrou, com aquele sorriso de lado que sempre me tirava do eixo.— Sentiu saudades, gatinho? — provoquei, cruzando os braços e encarando-o com um sorriso sugestivo.— Achei que eu seria útil de novo, só isso — respondeu, dando de ombros, mas com aquele brilho malicioso nos olhos.Ri baixinho e dei dois passos na sua direção.— Deu sorte, gatinho. Estou precisando relaxar hoje.— Então vamos? — Ele estendeu a mão, e eu a aceitei sem hesitar.Saímos pela porta da frente da boate e entramos no carro dele, deixando as luzes e o som da noite para trás.— Mesma suíte da nossa primeira noite? — perguntou enquanto dirigia, sem tirar os olhos da estrada.— Perfeito — respondi, lembrando-me do quão incrível aquele lugar era.Chegamos à suíte, e tudo parecia exatamente como naquela vez: luxuoso, intimista, perfeito. Sem perder tempo, comece
Pérola Muniz A manhã de terça-feira já começara carregada de tensão. A empresa parecia um lugar ainda mais opressor que de costume, e meu chefe, Orácio, estava de péssimo humor. Isso tornava minha decisão de pedir demissão ainda mais desafiadora. Minhas mãos tremiam e meu estômago se revirava só de pensar no que poderia acontecer. Respirei fundo, buscando coragem, mas cada tentativa parecia inútil. Então, decidi buscar ajuda.Peguei o telefone e disquei o número de Pablo.Início da chamada— Pablo Herrera.— Oi, é a Pérola — respondi, tentando controlar o tremor na voz.— Pérola? Está tudo bem? — perguntou, imediatamente preocupado.— Não muito... Eu ia pedir minha demissão hoje, como você me instruiu, mas o Orácio está de péssimo humor. Estou com medo, Pablo — confessei, suspirando. — Sei que isso não faz parte do seu trabalho, mas...— Pérola, o certo seria eu apenas te instruir e encorajar, mas, sinceramente, não confio nesse homem. Eu vou até aí, caso precise de algo.— Sério? Mu
Natasha Lewis Bato as unhas nervosamente na mesa, meu olhar se fixa na porta da sala do Xavier. Pérola está lá dentro há um bom tempo, e a ansiedade me consome. Será que deu tudo certo?Finalmente, a porta se abre, e Pérola sai sorrindo. Meu coração se aquece ao vê-la assim. Xavier me lança uma piscadela antes de seguir para sua mesa, e eu retribuo o gesto com um sorriso de alívio.— Amiga, que bom que deu certo! — digo, puxando-a para um abraço apertado.— Obrigada por tudo, Nat. Você é um verdadeiro anjo na minha vida — responde, com um sorriso sincero.— Não fala assim, senão eu choro! — brinco, rindo para disfarçar o nó que se forma na minha garganta.— É sério, Natasha — ela insiste, seus olhos brilhando de gratidão.Depois desse momento emocionante, ela pede a agenda do Xavier. Pego o caderno onde anoto os compromissos dele e começo a repassar tudo: eventos, contatos e números dos setores internos. Quero garantir que ela tenha tudo o que precisa para fazer seu trabalho com conf
Natasha Lewis Mais uma vez, estou no carro de Xavier. O cheiro dele, a presença, tudo me inebria. Depois de mais uma noite dançando como Ruby, seguimos para o motel de sempre. Há uma familiaridade nesse ritual, mas hoje algo é diferente dentro de mim.Assim que entramos no quarto, minha ansiedade toma conta. Não quero enrolar, não quero preliminares longas. Quero sentir o corpo dele no meu, sem rodeios.Me despeço das roupas sem hesitação, vendo Xavier fazer o mesmo com uma tranquilidade provocadora. Caminho até ele, tomo seus lábios nos meus. Seu toque é firme — uma mão enlaça meus cabelos enquanto a outra aperta minha cintura com um desejo possessivo.— Sem preliminares, gato — sussurro com a voz rouca, carregada de urgência.Ele não hesita. Caminhamos juntos até a cama, e logo ele está sobre mim. Sua boca encontra um dos meus seios enquanto a mão experiente brinca com meu clitóris. Arqueio as costas, perdida na sensação.O momento culmina quando ele desliza a camisinha. Posiciona
Natasha Lewis Era sexta-feira, e eu estava sentada na sala de espera do escritório, aguardando o Xavier para irmos almoçar. Conversava distraidamente com Pérola, que parecia tranquila até seu telefone tocar. No início, sua expressão era neutra, mas em poucos segundos tudo mudou. Seu rosto perdeu a cor, e lágrimas começaram a escorrer enquanto ela segurava o telefone com a mão trêmula.Levantei-me rapidamente e fui até ela, envolvendo-a em um abraço.— Amiga, o que houve? — perguntei, preocupada.Ela tentou falar, mas o choro cortava sua voz.— Alguma coisa com minha avó… — disse entre soluços. — O médico não quis dizer, mas eu acho que ela morreu. Preciso ir ao hospital.Segurei seus ombros, tentando transmitir calma.— Eu vou com você, tá? Você não vai passar por isso sozinha.Nesse momento, Xavier saiu de sua sala, notando o desespero de Pérola.— Está tudo bem aqui? — perguntou, preocupado.Expliquei rapidamente a situação, e ele, sem hesitar, decidiu nos acompanhar.— Eu vou com
Natasha Lewis Estava no carro do Xavier com a cabeça encostada no vidro, observando a cidade passar como um borrão enquanto meus pensamentos voltavam ao dia de hoje. Não era o tipo de dia que alguém gosta de lembrar, mas também não parecia justo simplesmente esquecer. Senti o olhar dele sobre mim, mesmo que estivesse focada na paisagem lá fora.— Ei, pequena. Que tal passar a noite lá em casa? — ele perguntou, casual, mas havia algo de cuidadoso na sua voz.Virei o rosto para ele, tentando parecer indiferente, embora meu coração sempre ficasse inquieto ao ouvir ele me chamar assim.— Não quero atrapalhar seus planos com a Ruby — disse, fingindo desinteresse, só para ver o que ele diria.Ele suspirou, um som que parecia cansado, mas sincero.— Você precisa de companhia hoje. O dia foi puxado. Fora que, pra ser honesto, estou sem clima — respondeu com um meio sorriso.Não insisti. Apenas assenti, grata por ele sempre saber o que dizer para me convencer.Chegamos à casa dele, e Xavier f
Natasha Lewis A segunda-feira amanheceu ensolarada, refletindo exatamente como eu me sentia por dentro. Desde a noite de sábado, eu tinha um sorriso bobo estampado no rosto, impossível de conter. Ainda não conseguia acreditar que havia beijado Xavier como Natasha, sem máscaras, sem barreiras. Se antes eu já me encantava com cada migalha de atenção que ele me dava, agora, com todo o carinho que ele demonstrava, eu estava a um passo de me iludir completamente — ou, quem sabe, viver algo real.Cheguei cedo ao escritório e logo avistei Pérola, que estava mais séria do que de costume. Apesar do sorriso cansado que ela tentava sustentar, era evidente que a tristeza ainda pairava.— Como você está, pequena? — perguntei, sentando-me ao lado dela.Pérola suspirou, ajeitando a postura na cadeira.— Triste, mas conformada. É a lei da vida, né? — disse, em tom resignado, mas seus olhos traziam um brilho de superação.— E como foi o final de semana com o Pablo? — perguntei, deixando meu tom prop