Nós ainda nem tínhamos nos divorciado oficialmente, e ela já estava tão impaciente. O valor das ações estava muito alto, quente demais para segurar. Eu realmente não tinha intenção de ficar com elas, mas eu não queria satisfazer Rosa tão facilmente.— Com que direito você me pergunta isso? — Eu franzi a testa levemente.Rosa riu levemente, com uma postura altiva.— Você não estaria tentando se apropriar das ações, não é? Aquelas eram um presente do Lucas para a esposa dele. Vocês se divorciaram, as ações não te pertencem mais!— Você ainda não foi ao médico? — perguntei, fingindo confusão, e continuei: — É melhor tratar logo, senão quando chegar a hora que nem remédio resolve, só te resta ser enviada para o hospício.— Nora Gomes, você está me chamando de louca? — Ela estreitou o olhar.Sem vontade de continuar argumentando sobre aquilo, eu perguntei calmamente:— Você recebeu meu pedido de demissão, certo? Aprova logo, por favor.— Como se precisasse dizer? Já entreguei para o RH onte
Ao ouvir isso, percebi que, além do vovô, havia mais um olhar fixo em mim. Essa questão me deixou sem palavras. Não queria mentir para o vovô, mas se eu dissesse a verdade, ele certamente não nos deixaria nos divorciar.Depois de hesitar por um bom tempo, antes mesmo de eu falar, o vovô, compreendendo a situação, retorquiu:— Tudo bem, eu compreendi. Dê a ele mais uma chance, faça isso por mim. Esse menino cresceu sem a mãe por perto, por isso acabou adotando esse temperamento difícil, não leve isso tão a sério.No final, ainda segurou a orelha de Lucas ao repreendê-lo:— Se você acha que vivo demais e que estou atrapalhando todos os seus planos, então me mate logo de desgosto. Quando eu morrer, você pode se divorciar sem ninguém para se intrometer!— Já está usando a morte como chantagem? — Lucas disse quase sorrindo.— Como é que você fala comigo? — O vovô ficou furioso, tentando bater nele novamente. — Entendi o que você quer, — Lucas desviou, cedendo. — Não me importo, pergunte pa
Olhando para o relógio, era mais de duas da manhã.Ele não tinha saído do trabalho com a Rosa?Como acabou indo beber com o Orfeu, e pelo jeito a Rosa não estava lá.Tentei ligar novamente, mas o celular estava desligado, provavelmente sem bateria.Não tive escolha a não ser trocar de roupa e sair. Peguei um táxi para o lugar de sempre, um clube privado onde costumavam se reunir.Quando cheguei, a maioria das pessoas já tinha ido embora.Na sala privativa, só restavam o Orfeu e o Gilberto.E lá estava o Lucas, vestindo um terno sob medida, com as pernas cruzadas, dormindo pacificamente no sofá.Ao me ver, Orfeu Cardoso fez uma cara de resignação. - Cunhada, não sei o que deu no Lucas hoje, ficou insistindo para o Gilberto beber com ele, e não conseguimos impedi-lo.Eu tinha uma ideia do que poderia ser.Ele ainda insistia na ideia de que eu e o Gilberto tínhamos algo.Homens são assim, podem fazer o que bem entendem, mas não suportam a ideia de serem traídos.Mesmo que essa possibilida
Uns dez minutos depois, o carro entrou suavemente no quintal.-Chegamos, Lucas.- Eu disse, abrindo a porta do carro.Inesperadamente, o homem, bêbado ao ponto de perder a consciência, desabou junto com o movimento da porta.Eu franzi a testa, sem escolha a não ser suportar a situação e segurá-lo, -Você consegue fazer algum esforço sozinho?Sem resposta.Só me restou ligar e acordar Dona, que dormia profundamente, para ajudar a levar Lucas de volta ao seu quarto.-Senhora, precisa de ajuda?- Dona perguntou.-Não, pode voltar a dormir.Eu me senti um pouco mal, já era um incômodo acordá-la, não queria ser mais inconveniente.Depois que Dona se foi, aguentei o desconforto de ser afetada pelo cheiro de álcool, e me abaixei para ajudar Lucas a tirar os sapatos e a gravata, antes de me preparar para descer as escadas.Mas, ao me virar, percebi que ele havia segurado minha mão de repente.Com os olhos fechados, ele murmurou: -Esposa...Eu realmente não pensei que ele estava me chamando.Era m
A pele ao redor da minha cintura, mesmo separada por um tecido, parecia queimar intensamente.Eu estava imóvel, como se estivesse possuído, mas, felizmente, minha mente ainda estava lúcida. -Nós deixamos claro, eu não estou disposto a ter uma terceira pessoa no nosso casamento.-Desculpe.- A testa do homem estava pressionada contra minhas costas, sua voz abafada e rouca.Seria que hesita?Claro que sim.Ninguém é capaz de simplesmente apagar anos de sentimentos da noite para o dia.Eu realmente queria ceder e dar-lhe outra chance.Mas tudo o que aconteceu recentemente não parava de me atormentar.Escolher ele ou escolher a mim mesmo.Eu soltei um suspiro pesado, -Lucas, você sempre sabe que está errado, mas continua a errar. Isso não faz sentido algum.Desta vez, eu escolhi a mim mesma.Já tinha escolhido ele por sete anos, era o suficiente.Lucas ficou em silêncio por um longo tempo, sem conseguir dizer nada.-Solte-me, só podemos ir até aqui.- Eu nunca imaginei que um dia conseguiria
Logo após ele me entregou as chaves, começámos a reformar a casa em poucos dias.Eu estava tão focada na reforma que saía cedo e voltava tarde todos os dias.Ele nunca perguntou sobre isso.Mesmo quando eu voltava tarde, no máximo, ele comentava educadamente, -Nossa, que tarde ou parece que o departamento de design está mesmo ocupado.Era só isso. Onde eu tinha estado ou o que tinha feito não eram de seu interesse.Já estávamos a ponto de nos divorciar, e eu não tinha mais o que tolerar. -Talvez seja porque você estava acompanhando Rosa.Como esperado, vi uma rigidez tomar conta de seu rosto.Isso me deu um certo conforto.-Eu não tenho mais falado com ela recentemente.-Não precisa me explicar.Não havia mais necessidade. -Desde que você esteja feliz, depois que o divórcio for finalizado, você pode casar com ela quando quiser.-Nora, por que você está falando assim, tão irônica?- Ele franziu a testa em frustração, parecendo um pouco impotente.-E como eu deveria falar?-Não importa se
Nunca havia percebido sua tendência para a vingança.Eu apenas endureci a cabeça e o segui, mas, inesperadamente, antes que eu pudesse explicar, Mauro Franco sorriu calorosamente ao me ver.-Ouvi da Dona Marisa que a Nora se mudou?-Sim, vovô.Só me restava admitir, pensando em como apaziguá-lo caso ele ficasse zangado.No entanto, o vovô não mostrou nenhum sinal de querer brigar comigo, apenas olhou furiosamente para Lucas. -Inútil, nem conseguiu manter sua própria esposa!--Vovô, tenha razão, foi ela que quis sair, o que eu poderia fazer?-Ela fugiu, e você não sabia correr atrás dela?O vovô, desapontado, disse: -Você é exatamente como seu pai, a falta de retidão de um leva à torção do outro.-Não foi que você era o guia do meu pai?- Lucas sorriu.-Seu moleque!O vovô pegou uma xícara de café como se fosse bater nele, mas a colocou de volta, hesitante por um momento, e finalmente disse: -Estou com fome, vamos jantar.O jantar foi, surpreendentemente, muito agradável.O vovô frequent
-Não se preocupe, vovô.Eu servi ao velho um pedaço de carne bovina, dizendo em tom suave - Ele não vai conseguir me intimidar.De qualquer forma, eles iriam se divorciar.Após o jantar, Lucas se sentou com o avô no quintal para jogar xadrez.Eu estava por perto, preparando um café calmamente.Lucas jogava de maneira imprevisível e impiedosa, capturando mais uma peça, o que fez o avô olhá-lo com raiva, -Você pensa que está lidando com estranhos? Não vai deixar nem uma brecha para seu avô?-Tudo bem.Lucas não conseguiu conter o riso e, de fato, começou a jogar mais leve, deixando o avô feliz. Com uma risada robusta e um olhar significativo, ele disse - Meu garoto, sempre lembre que a família e os estranhos são diferentes.Eu ofereci uma xícara de café, - Vovô, tome um pouco de café.-Ok.O velho respondeu, pegando a xícara e dando um gole, expressando satisfação -Se vocês pudessem sempre viver em harmonia, eu estaria segurando meu bisneto em breve!Algo mexeu comigo, e instintivamente