Cap 5

Joshua

Fernando - A cara vamos lá comigo, porr@, a gente está falando da Orgia caramba, aquela boate que a gente tanto gosta, não é possível que uma situação dessa vai fazer você perder a vida. Eu sei, aliás, imagino né, deve ser mesmo difícil ser corno, mas poxa, vamos lá, vamos sair para beber, vamos ter uma noite agradável sem ficar aí sofrendo por conta de mina. Ó, vamos fazer o seguinte, eu vou pegar leve contigo, só vamos pegar umas gostosas lá conversar . . . quem sabe o programa não se estende para minha casa ou para o seu apartamento, até para um motel, sei lá, é curtição cara, a gente merece isso, daqui a pouco a gente vira coroa e temos que ficar implorando para as mulheres dar um pouquinho que seja da atenção delas pra gente, porr@, já deu né?

Esse era o meu amigo Fernando, com o seu jeitinho meigo, tentando me convencer que a vida era muito bela para eu ficar dentro da minha casa sofrendo por qualquer mulher, porque para ele, a Gisele nunca foi uma mulher especial, para ele, ela se encaixava mais no nipe de uma mulher qualquer mesmo

Mas ele estava lá, me dando o apoio de sempre, me chamando de retardado, idiota e falando que a vida tinha algo muito mais além do que eu estava colocando na minha cabeça

Eu já disse que nós tínhamos praticamente a mesma idade né, acho que ele era um ou dois anos mais velho do que eu, ele mas gostava mesmo de curtir a vida sabe, não era preso há nada. Não seguiu a carreira de advocacia, ele sempre disse que não queria ser advogado chave de cadeia, mas daí, decidiu ensinar outros a serem os melhores chaves de cadeia do Rio de Janeiro, ou seja foi ser professor de faculdade, imagina

Aquele ali gostava de usar o cargo para benefício próprio, nas bastava só o salário na conta no começo do mês, só que as alunas também não colaboravam né, ficavam lá, todas se insinuando em troca de nota

Então, nossa, eram histórias atrás de histórias e ele fingia que acreditava em cada uma delas. Lógico que as alunas sabiam que ele era mais malandro que elas, mas deixavam a coisa rolar por causa do que ele falava mesmo? Da pegada monstra . . .

Era sempre uma atrás da outra, um caso pior do que o outro, mas ele gostava. Ele amava se sentir o todo poderoso naquela sala de aula, amava ver que muitas meninas jogavam um futura vida profissional por água abaixo em troca de um 0.5 a mais na nota, valia tudo para passar de ano. Nossa, como ele gostava de vir até mim, com o sorriso de orelha a orelha, cantando vitória. Às vezes eu tinha inveja dele sabe, dele não se apegar a ninguém, porque na minha cabeça, ele não sofria

Como que se pode sofrer desse jeito? Não dava para sofrer sem amarrar o burro em um toco, ele trabalhava durante a semana esaia no final dela, curtia a vida, bebia todas, pegava todas

Eu nunca encontrei o Fernando com a cabeça baixa, sofrendo por mulher, nem sofrendo por emprego, sofrendo por dinheiro, aqui, pensando comigo mesmo, eu nunca encontrei ele triste, sabe?

Nem com aquelas tristezas de cansaço, nem isso ele tinha, o cara era fora do comum

Foi ele que esteve ao meu lado durante todo esse tempo e ele tinha razão, eu sei que ele tinha razão, mas naquele dia eu não queria ficar em casa para ficar lembrando de uma ex que decidiu pegar o meu melhor amigo, não, eu realmente queria estudar aquele caso

As coisas tinham mudado um pouco sabe, um cara tinha aparecido lá na delegacia e ele não era um nóia qualquer

Cara de respeito, dava pra ver, olhando ele assim por cima, dava pra falar que ele era um cara de respeito. Não era qualquer um não, um nóia, não, era uma pessoa que, pelo menos, conseguia enganar por conta da aparência, passava batido da atenção de qualquer um

Disse que era um comerciante comum, que trabalhava com material de construção, mas tinha uma vida que não era assim, tão condizente com aquilo que ele falou na entrevista

Carro de luxo, morava em condomínio fechado, casa de alto padrão e o depósito dele era minúsculo. Do nada, começou a falar algumas coisas, assim, meio sem sentido, não sei se foi por medo ou por falta dele, mas, o cabra começou a acusar pessoas influentes grande e aí considerei também uma olhada nessas pessoas juiz tinha um que só por Deus aquele ali, acabar com a vida de gente magnata só com as palavras

Pensa . . . o cara chegou até a falar o nome do juiz Wellington, que para mim, era sinônimo de corrupto. Quantas e quantas vezes eu montei um caso, dei embasamento para que uma pessoa foi presa e ele molhou toda a minha operação . . . não dá nem para contar nos dedos de uma mão só

Se o investigado tivesse dinheiro suficiente, sem nenhuma explicação, escorregava das minhas mãos e ainda saia da delegacia pela porta da frente, com o nariz arrebitado, olhando para nossa cara e falando em alto e bom tom "Eu sou melhor do que você, o seu serviço foi feito? Olha bem para a sua perda de tempo. Você passou a noite sem dormir sem motivo nenhum, porque o meu dinheiro vale muito mais do que as suas noites de sono"

Pelo menos era assim que eu me sentia com aquele juiz, um verdadeiro merda, mas estava me especializando para ser o melhor, estudando os passos desses colarinhos brancos para saber como agir quando o nome deles aparecia nas folhas de papel em cima da minha mesa e eu estava ficando bom nisso

Aquele bost@ de juiz fazia questão de mostrar como o serviço dele era feito, batia no peito para falar "tá vendo? Eu sou o máximo! "

O cara era movido à base do dinheiro, mantinha uma vida soberba e tinha mesmo que ficar pegando propina para continuar naquele padrão, porque se fosse ver, na real o salário dele não pagava aquele luxo todo

Todo mundo sabia, mas quem é que tinha coragem de peitar aquele juiz? Ninguém, mas não por muito tempo, eu ia fazer ele reconhecer o meu trabalho, por bem ou por mal

Dava mesmo para saber onde o juiz Wellington tocava aquele dedo pobre, era só observar casos em que pessoas de bem eram completamente destruídas, o objetivo de vida daquele ordinário era soltar gente ruim e acabar com vida de gente boa

Eu quis mais pegar aquele caso porque eu li ali o nome do juiz, e estava com o pressentimento de que, finalmente, eu ia conseguir atingir o calcanhar de Aquiles de muita gente

O cara que ninguém deu o valor, que ninguém prestou atenção, aquele comerciante, uma pessoa de bem, aparentemente, mas que eu sentia que carregava algum segredo

Eu quis investigar, quem sabe nas minhas mãos, o magistrado não pensava melhor em como ser um verdadeiro juiz

Minha fama já estava começando a incomodar aquelas pessoas, a que se achavam acima do sistema, eles me chamavam de delegado fod@o e sabe por quê? Porque eu aprendi a olhar para um certo ponto, a me concentrar nele independente do que acontecesse, de quem aparecesse, da quantia que me oferecesse

Se eu chegasse ali, naquele determinado ponto, a pessoa podia ser pobre, paupérrimo ou rico, milionário, ia ser tratado exatamente igual

Felizmente para alguns e infelizmente para outros, aquele caso tinha caído justo para mim e eu ia descobrir o que é que estava acontecendo

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