EmanueleDemoro um pouco para voltar, respiro fundo antes de sair do banheiro. Uma hora terei que encarar a farsa e a ex de Dominic. Aquela mulher é linda, se eu já acho Caroline uma beldade, essa então, nem se fala. Ainda bem que o que rola entre Dominic e eu é apenas um acordo — um acordo que envolve beijos maravilhosos e arrebatadores, diga-se de passagem —, assim não precisarei entrar numa competição completamente injusta. Não estou reclamando não, hein, Deus. Eu me amo, mas por que o Senhor tinha que fazer pessoas tão visivelmente perfeitas? E nós? Os pobres e humildes de beleza comum? Rio com meus próprios pensamentos, isso é bobagem.Marcelo e Carla, funcionários do restaurante, me param no caminho para saber se estou bem, os tranquilizo, nada que um bom alvejante e um porre de vinho para curar meu orgulho ferido não resolva.Estava me sentindo tão bem com meu look, agora está resumido a cabelos revoltos e cheios, uma blusa de seda reveladora — espero que não faça frio, poi
DominicChegamos no hospital e corremos para a emergência, encontramos meu irmão na recepção.— Chegaram rápido — Vicenzo se aproxima. — Eles já foram atendidos, parece que foi uma infecção intestinal. Sua prima está lá dentro com ele, está sendo medicado e está bem, não se preocupe.— Graças a Deus! Ela disse algo sobre Cassian estar desacordado — Raio de sol comenta, aliviada.— Ele estava dormindo e era fraqueza, parece que vomitou bastante — meu irmão se senta e Emanuele também, ficando ao lado dele.— Melhor, meu coração não aguenta tanta emoção — ela dá um belo sorriso.— Não quer filhos? — Vicenzo indaga, curioso.— Claro, quero muito, e mais de um — dá de ombros. — Queria uma casa cheia de crianças, claro que com a minha idade é difícil, mas seria legal ter gêmeos de uma vez — brinca.— Contanto que não pareça com os nossos gêmeos — zombo, sentando-me no banco à frente deles.— Falando nisso, eles estão me alugando sobre a viagem de vocês, querem saber a resposta — meu
EmanueleSubo tonta, embriagada de Dominic. Seu perfume dominou toda minha pele e seu toque quente deixou memórias. Erro, erro, erro. É o que grita minha cabeça, mas, como resistir àquele beijo? Ou mesmo seu toque? É tudo tão natural e, às vezes, até acredito que é real.Tomo um longo banho morno e visto meu pijama confortável. Pego uma bolsa de viagem média e começo a separar as coisas para levar. Uma hora depois, isso, uma hora, sou meio indecisa, às vezes, fico pensando no que levar, todavia, consigo colocar tudo em uma bolsa e meia, já que levarei meu notebook para trabalhar.Deito-me na cama e pego o meu celular. Há mensagens da Carol, mas antes ligo para Fabrícia, que assegura que todos estão bem e Cassian já fazia bagunça.Ótimo sinal de saúde!Após desligarmos, olho as mensagens da minha amiga.Carol:Oi, amiga, correu tudo bem no jantar?21:23Eu:Tudo tranquilo, acho que vai dar certo.21:25Carol:Ah, que bom! E então? Dominic teconvidou para viajar também?21:27Eu:Sim,
DominicSeguimos viagem e Paola falava, como sempre. Agora está reclamando de Matteo, que a encheu por causa das malas.Emanuele está calada e apenas se compadece do sofrimento da minha irmã com expressões faciais e poucas palavras. Quando Paola termina, o carro fica silencioso por longos minutos.— Certo, o que houve, Raio de sol? — pergunto e a vejo corar no mesmo instante.— Cometi uma gafe — morde o lábio inferior.— Já até imagino qual tenha sido — minha irmã murmura e Emanuele se vira para encará-la.— Você ouviu, então? Ai, que vergonha… — lamenta de uma maneira tão cômica que tenho que rir. — Não ria, Dominic.— Ok, me desculpe! Mas pode dizer o que foi, afinal? — dou um rápido relance para ela e volto minha atenção à estrada.— Você achou que a Mila fosse a namorada do Matteo e disse isso para eles — afirma Paola.— Exato, é que eles estavam tão fofos juntos e a outra menina tão perdida em fotos — Raio de sol responde com um suspiro.— Concordo, eles são mesmo e parecem um ca
Emanuele Preparamos tudo e fomos tomar banho para almoçar. Dominic me mostra o banheiro da sua suíte maravilhosa, e me infiltro rapidamente no chuveiro, prendendo os cabelos em uma trança firme embutida ao terminar. A mesa já está cheia e uma bagunça. O almoço segue muito divertido, e está muito bom. Adônis não é apenas lindo, gentil e cavalheiro, é um excelente cozinheiro. Todos o enchem de elogios e ele sequer se dá ao trabalho de ficar tímido, diz que já sabia, mas num tom brincalhão. Típico! A sobremesa de Camila também está divina, é um pavê de morangos, chocolate e creme branco. Está de chorar de alegria. — Camila, essa coisa é extremamente viciante, não consigo parar… — falo, servindo minha segunda taça. — Obrigada, fico feliz que tenha gostado — ela sorri e noto Matteo a encarando. Ai, será quê…? Não, não vou me intrometer. — Mila sempre foi ótima na cozinha e para as aventuras, eu sou zero à esquerda quando se trata de ser prendada — Michele fala, prolongando a
EmanueleApós perder duas partidas de propósito, finalmente ajudei Enzo e viramos o jogo. Vencemos por quatro a dois, nesse ínterim, Dominic já estava conosco e Dante havia retornado do passeio com Carol. — Como você aprendeu a jogar em tão pouco tempo? — Matteo pergunta, indignado. — Isso não importa, o que importa é a sua cara de perdedor! — Enzo retruca, gargalhando do irmão. — A Manu é fera nesse jogo, sorte do Enzo tê-la escolhido — minha amiga diz, sentando-se ao meu lado e colocando a cabeça em meu ombro para sussurrar: — Quero saber de tudo — faz um sinal com os olhos para o anel reluzente em minha mão. Apenas assinto, eu já sabia. — Escondeu o jogo o tempo todo? Nos deixou perder duas partidas de propósito? — Enzo se levanta, fingindo afetação na voz. — Claro, você me menosprezou porque não conseguiu o Dominic para o seu time — dou de ombros. — Que vingativa — Enzo ri. — Gostei. Bom, pelo menos nos próximos já sei com quem vou jogar. — Nem pensar, Raio de sol
DominicRaio de sol saiu há muitos minutos e vejo Enzo cochichar algo com Matteo, seguindo atrás dela, certamente irão aprontar. Me retiro sem que percebam e me escondo no fim do longo corredor da casa, ficando num ângulo próximo à porta do banheiro. Enzo surge de um dos quartos sorrindo, olha para os dois lados do corredor e coloca uma máscara ridícula de palhaço, ele segura um balão vermelho como o do filme.Esse idiota, infantil… me preparo para pegá-lo quando ouço o trinco da porta do banheiro.Essa não, ela está saindo.Meu irmão volta para o quarto e deixa a porta entreaberta, está um pouco escuro, no entanto, dá para vê-lo parado ali.Idiota duas vezes!Emanuele para, desconfiada, olhando para a sombra e me escondo, encostando na parede ao olhar em direção a ela. Vejo pelo reflexo do espelho do banheiro que ela sorri e caminha calmamente até a cozinha. Certamente viu meu irmão, tolo.Enzo a segue na ponta dos pés e eu sigo os dois. Quando Emanuele enche um copo de água no filt
EmanueleAcordo sentindo o cheiro do mar, porém, acima de tudo, um perfume cítrico tão gostoso, um perfume que anda dominando meus pensamentos e, de certa forma, parece estar absurdamente impregnado em minha pele. Tão absurdo, que chego a sonhar. Sonhei com Adônis, sonhei que tive uma noite para guardar na memória.Sonhei com suas mãos desvendando todo meu corpo, tocando, mordendo, beijando, assim como eu desvendei o dele. Nossa dança perfeita, ritmo perfeito, encaixe perfeito… um só corpo.Ofego só de lembrar.— Raio de sol? — ouço sua voz me chamando baixinho.— Oi — viro-me e dou de cara com a perfeição que parece não ter acabado de acordar e, sim, ter saído de um catálogo de moda com aqueles olhos verdes brilhando com os primeiros raios do sol refletindo neles, e os cabelos em uma bagunça perfeita que dá vontade de infiltrar os meus dedos. — O que está acontecendo? — sua sobrancelha arqueia.— Como assim? — eu estava dormindo, ora.— Esses… sons que está fazendo… estão me