EmanueleAdônis e eu deixamos nossas coisas organizadas e depois nos preparamos para dormir. Ele se senta na cama e me puxa para perto.Permaneço ali por um longo tempo, ouvindo seu coração bater acelerado, apenas aproveitando o momento em silêncio.— Por que você ficou? — murmuro de repente.— O quê?— Por que você ficou naquele dia no hospital? Você disse que tinha compromisso — ergo-me para fitá-lo. — Porque eu precisava de você para me ajudar com o assunto do vinhedo, eu disse que tudo veio a calhar — diz, mas sem muita convicção.— Não foi apenas por isso — franzo a sobrancelha.Ele dá um sorriso.— Não, não foi… foi por várias razões. Em primeiro lugar, te achei linda desde o momento em que pus os olhos em você — acaricia minha face. — Segundo, quando vi você sorrir… — dá um suspiro alto. — Foi tão estranho o que senti, eu apenas sabia que queria ver por mais um tempo esse seu sorriso lindo. Mas confesso que depois que a vi com o Dante, fiquei muito curioso. Principalme
DominicChegamos em casa e todos estão trabalhando em algo, até Giovanna faz biscoitos com Vicenzo.— Tio Dom! — ela corre e pula em meu colo assim que passamos pela porta. — Oi, tia Paola!— Oi, meu amor. Aprontou bastante aqui?— Não muito, mas vi um montão de filmes com o papai e o vovô — responde sorrindo.— Ah, que bom! Vejo que ficou muito bem, o que acha de irmos lá em cima separar os nossos looks de hoje à noite?— Ebaaa! — ela rapidamente desce do meu colo. — Cadê sua namorada, tio Dom?Dá a mão suja de farinha à Paola, me olhando com o cenho franzido.— Foi para casa, mas ela estará aqui mais tarde.— Então quero ficar linda como ela — sai saltitando com a minha irmã, que sorri. — Tia, eu posso ter o cabelo da mesma cor dos cabelos da namorada do tio Dom?— Hum… nem pensar nisso, mocinha, você é muito jovem e seu cabelo é lindo do jeito que está! — Vicenzo passa pela entrada da cozinha.— Tudo bem, papai — sobe desanimada.— Poderia ter sido mais compreensivo com
DominicO dia até que passa rapidamente, trabalhamos tanto que não vi anoitecer. Me arrumo e brinco com Giovanna por um longo tempo, esparramado no tapete da sala, ela abriu os presentes que ganhou. Matteo e Camila se juntam a nós, enquanto Michele nos fotografa. Divertido, mas sinto que falta algo, ou melhor, ela… Raio de Sol.Ri, sentindo-me um tolo.Estou apaixonado. É estranho estar longe dela e Bella, a garota que deixei na Itália, estava certa: nosso último encontro foi mesmo o último. Não vou conseguir ficar com nenhuma outra mulher agora. Mamma nos chama para jantar e todos partimos para nossa ceia. É como em todos os anos que participei, ainda que eu tenha passado três anos de fora das comemorações, apenas por chamada de vídeo. Sentia falta disso, essa animação, zoeira, bagunça, mas também amo a paz de Toscana.— E então, figlio mio, sente falta de tua famiglia? — meu pai inquire após cearmos.Estou escorado no muro externo que dá para a nossa área gourmet, observando.
EmanueleChegamos na casa da dona Sara e, como antes, está aquele caos parecido com o dos Velasquez! Estaciono meu carro novo ainda incrédula, decidindo se aceito ou não, é presente demais, isso. O que eu comprei para ele nem se compara, bate uma vergonha de leve, mas o darei, de todo modo.Com todos os presentes nas mãos, inclusive um para a Giovanna que comprei de última hora junto com as lembrancinhas de Camila e Michele, entramos na casa. Dominic se afasta e todos vêm me abraçar, deixando-me desnorteada. Definitivamente, italianos são como nós, brasileiros, completamente calorosos.Um a um, começo a entregar os presentes, deixando os irmãos por último. Giovanna se afoba ao abrir o seu, uma tenda cor de rosa linda, parecida com a que dei a Amber. Ela corre até o pai, implorando que monte a cabana agora mesmo. Ele parece bastante emocionado com o presente, até vejo seus olhos marejarem.Ai, meu Deus! Será que cometi uma gafe com esse presente?Enquanto eles montam, cada um abre
EmanueleChegamos rápido demais, ele dirigiu feito um louco, deixamos o jipe na garagem interna e subimos para seu luxuoso apartamento.O elevador para diretamente no andar dele, que é privativo.Que metido!— Pronta?— Agora fiquei meio tensa — zombo e ele ri.— Não tem perigo, eu não mordo, Raio de sol — abre a porta. — Não sem motivos — murmura quando passo por ele, fingindo ignorá-lo. Dominic acende as luzes e, nossa! Que lugar lindo, é tipo loft, todo branco e moderno, a decoração bem aconchegante, há um belo e amplo sofá grafite no meio que demarca a sala, um longo tapete cinza claro, tudo integrado, sua cozinha também é branca e organizada.O cheiro dele está por toda a parte. No canto esquerdo, há uma escada que parece de metal, na cor preta que se destaca, entretanto, o que me chama a atenção é um quadro, fica no meio do ambiente.Paro em frente, admirada. — Que lindo! — a foto retrata um campo verde com árvores e flores, no centro há uma casa grande, de tijolinhos
Dominic— Por que não fica comigo essa noite? — pergunto a Emanuele enquanto acaricio seus belos cabelos acobreados, esparramados em meu travesseiro.— Caroline vai para o meu apartamento amanhã de manhã, quero preparar um bom café para recebê-la.— Eu posso te acordar, vou ter que me levantar cedo, tenho que liberar o pagamento do vinhedo, preciso informar ao Mattia, por favor, fique comigo essa noite — estou perdido, simplesmente implorando por sua companhia.Ela morde o lábio, pensativa.— Tá, mas precisa mesmo me chamar, quero chegar lá o quanto antes.— Não se preocupe — a trago para mais perto. — Agora você tem um belo automóvel à sua disposição.— Ainda não sei se aceitei — sorri faceira.— Já fez até teste drive e disse obrigada, por mim está mais do que recebido!— Você tem ideia disso? É um carro, Dominic. É um presentão, não mereço tanto — ela meneia a cabeça.— Você merece muito mais. Não se apegue a coisas mínimas, foi um presente que eu quis te dar, aceite — com
EmanueleChego em casa e começo a arrumar tudo às pressas, ainda é cedo, no entanto, não sei que horas Caroline chegará e quero dedicar meu tempo inteiro para ela.Meu telefone toca, é Carol.— Amiga, está chegando?— Ah, não Manu. Podemos nos ver à noite? — sinto sua voz vacilar.— Claro, mas aconteceu alguma coisa?— Não, está tudo bem, é que me candidatei para uma vaga de fotógrafa em uma revista importante de viagens e me ligaram para uma entrevista, estou indo para lá agora com meu portfólio.— Isso é maravilhoso! Vá sim, quando sair, venha aqui para casa.— Tá bom, infelizmente nossos sorvetes vão derreter — ri.— Relaxa, passo no mercado e compro, doe esse para alguém no caminho.— Boa ideia, nos falamos depois, me deseje sorte.— Você é uma das melhores que conheço no ramo, não precisa de sorte, seja você mesma e mostre seu trabalho.— Só você mesmo, te amo, Manu! Ah, eu convidei a Paola, ela já sabe sobre o término, tem problema?— Também te amo, Carol! Claro que
EmanueleMeu peito está comprimido, parece que alguém pegou meu coração e o apertou até não conseguir mais. O ar falta e tudo em mim dói ferozmente. O amor dói, machuca e eu, definitivamente, não quero mais sentir isso.— Manu?! — A voz de Caroline e Paola ressoa pelo apartamento, agora escuro. Eu não notei que havia escurecido.Minha amiga acende a luz e fecho os olhos com a claridade repentina, estou encolhida no mesmo lugar.— Meu Deus, amiga, o que aconteceu? — Caroline joga suas coisas no chão e se ajoelha ao meu lado.— Manu, fala com a gente, por favor — sinto as mãos de Paola também e apenas olho para ambas.Me atiro em seus braços.Elas apenas me deixam chorar e não faço ideia do tempo que leva. Deduzo que bastante, meu corpo treme, me sinto muito vulnerável. Como pode alguém apenas dizer que vai embora e causar tanta dor assim? Mesmo conhecendo há menos de um mês, por que dói tanto? Não deveria doer, não deveria!Paola prepara um chá, confesso que detesto, só tenho em