Me traiu

Júlio e gordo escolheram um velho barraco de madeira de um único cômodo, para ampliar a produção e empacotamento das drogas, o que os obrigava a usar a cama e um banqueta pequena para sentar diante de uma mesa baixa, com menos de meio metro de altura. Os outros sentavam em latas de mantimentos e em pequenos montes de tijolos improvisados como bancos. Eram em média cinco endoladores, incluindo Nonô e Laranjeira. Sempre que a boca fazia um pedido, passavam a madrugada fazendo a pesagem e a separação de cada sacolé de cocaína. Vestiam-se apenas com bermudas, porque o ventilador barulhento, ligado em cima do guarda-roupa para não espalhar o pó de cima da mesa, não dava conta do calor e da sensação de abafamento no ar. Durante o dia, os meninos passarinho e Du eram os olheiros na varanda destelhada do barraco. E à noite, às vezes de madrugada, se revezavam na vigilância. Mantinham-se acordados à base de café preparado no fogão enferrujado, já sem porta no forno e com um vazamento no bico
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