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capítulo 02 CICATRIZES

Ivan saiu para cortar madeira, as noites estavam frias e precisava acender a lareira para manter a casa aquecida, Gabriela resolveu fazer o almoço e um pudim de leite para o marido, nunca teve ninguém para mimar e estava gostando da sensação, dá cozinha ela conseguia ouvir o barulho do machado, olhou pela janela e viu Ivan com as mangas dá camisa dobradas, parecia estar com muito calor devido à atividade física, ela fez uma limonada e foi levar para ele, ela se aproximou de vagar com a bandeja na mão, Ivan retirou a camisa, não percebeu Gabriela atrás dele, ela ficou paralisada quando viu as marcas no corpo dele, deu um passo para trás pisando em algumas folhas secas, Ivan se virou e quando viu a expressão no rosto dela vestiu a camisa e entrou com as madeiras. 

Gabriela ficou paralisada por um tempo, os olhos estavam ardendo, ela entrou e colocou a bandeja na mesa, tentou acalmar a voz.

Gabriela:- Fiz limonada - O olhar que recebeu de Ivan foi de ódio, ele pegou uma toalha e saiu, ela queria ir atrás dele, mas teve medo, ele foi fazer a única coisa que ainda o acalmava, saltou e mergulhou várias vezes, em um dos saltos bateu o braço em uma pedra, estava com tanta raiva que não sentiu a dor, viu o sangue escorrer e voltou para casa. Ouviu o choro de Gabriela quando passou por seu quarto.

IVAN

Ouvi Gabriela chorando trancada no quarto, eu sabia que isso aconteceria assim que ela visse as cicatrizes, ela é uma mulher bonita, porque

 iria querer estar casada com um monstro como eu, vi seu olhar para as cicatrizes, ela deve estar com nojo de mim e pensando em como fugir, afinal, porque ela ficaria?

Entro no chuveiro, troco minhas roupas, quando saio do quarto ela esta na cozinha, os olhos inchados e vermelhos.

Gabriela:- Posso ligar para o meu pai?- Eu sabia, ela acha que ele pode a ajudar a fugir, preciso sair daqui antes que perca a cabeça.

Ivan:- Faça o que quiser, mas não dê a localização dá minha casa - Fui caminhar pela propriedade, fui ao estábulo cuidar dos animais e resolvi cavalgar, cheguei na casa do meu irmão Luiz, ele é o que se comporta melhor em sociedade e eu precisava conversar, Bruno talvez não soubesse como me aconselhar.

Luiz saiu assim que ouviu o barulho lá fora, percebi que estava nervoso e com olheiras.

Ivan:- O que houve?

Luiz:- Eu ia te procurar, vou precisar dá sua ajuda, sei que está recém-casado, se não quiser ir, compreendo - Respirei fundo, talvez não fosse a melhor hora para conversar sobre os meus problemas, me sentei na escada dá varanda.

Iva:- Do que se trata?

Luiz:- Você se lembra dá amiga dá sua esposa que foi meu par no seu casamento?- Balanço minha cabeça, mas me lembro vagamente dá menina- Soube que o pai dela a prometeu em casamento, o noivo exigiu que ela fosse colocada no internato do convento para se manter pura para ele foi onde ela e Gabriela se conheceram, ela nem mesmo sabe que vai se casar.

Ivan:- Essas coisas acontecem na máfia, olhe o meu casamento- Minha voz saiu mais irritada do que eu queria.

Luiz:- Problemas grandão?- Franzi a testa e peguei um pedaço de madeira do chão, retirei meu canivete e comecei a esculpir, isso também me acalma.

Ivan:- Vamos falar do seu problema, por que se importa?

Luiz:- Eles não são mafiosos, mas o homem a quem ela foi prometida é Dario Tullosa. - Ao ouvir esse nome meu irmão ganhou minha total atenção, Dario Tullosa é um aliciador de quem já queríamos ter cuidado, mas outras coisas exigiram nossa atenção, por isso ele ainda estava vivo, parei meu canivete e olhei para ele.

Ivan:- O que mais você descobriu?

Luiz:- A pai de Sophia morreu quando ela tinha 14 anos, a mãe se casou novamente em menos de dois meses de luto, Pablo o padrasto a maltrata e a mãe ainda não descobri quem é de verdade, Dario a conheceu aos 14, mas já era casado com outra moça, que morreu misteriosamente, Sophia esta para fazer 18 anos.-Entendi o problema e ajudaria a moça de qualquer forma para que não caísse nas mãos de Dario Tullosa, mas percebi que existia algo mais.

Ivan:- E...?- Luiz olha para mim e parece inquieto.

Luiz:- E mais nada, só quero ajudar a garota - Não vou forçar, quando ele quiser me contar o real motivo ele contará.- Quero ir ao convento amanhã e tirar Sophia de lá

Ivan:- Você ainda tem aquela casa na cidade?- Eu não gosto de estar fora de casa, mas não quero ficar perto de Gabriela, vou dar a ela o tempo que precisa, talvez quando eu voltar ela já tenha fugido com o pai, vai ser melhor assim.

Luiz:- Sim, pronta e abastecida.

Ivan:- Certo, vou pegar minhas coisas e partimos em duas horas- Ele sorri, seu rosto se ilumina, entra correndo enquanto eu monto no cavalo.

Gabriela esta na cozinha quando chego, ela se vira para mim com um sorriso, uma cobra isso que ela é.

Gabriela:- Você não almoçou, fiz pudim para você- Como ela pode parecer tão doce, sei o que se passa nessa cabecinha.

Ivan:- Preciso viajar a trabalho, não tenho tempo para almoçar agora, saio em duas horas e devo voltar só amanhã a noite.- Já disse a ele tudo que precisava saber, assim ela terá tempo para partir.

Gabriela:- Vai me deixar sozinha aqui a noite?- Os olhos dela pareciam marejados, eu quase me aproximei, mas lembrei da expressão e do choro devido às minhas cicatrizes.

Ivan:- A casa é segura, fique tranquila, se precisar de algo a caminhonete vai estar na garagem abastecida- Falei enquanto subia as escadas, sei que estou facilitando a fuga dela, mas não quero que morra tentando andar até a cidade, pode ser atacada por algum animal ou até por algum homem. Peguei as coisas que precisava no quarto e fui ao escritório, tranquei a porta e abri o armário das armas, peguei o que achava suficiente e sai.

Ivan:- Gabriela, faça o que quiser, só peço que não revele a localização dá minha casa, isso é importante- Fiquei um tempo olhando para ela, parecia magoada, mas não me importei, seria a última vez que a veria.

Gabriela:- Ivan, fiz isso para você levar- Ele me entrega uma bolsa, com bolo, pudim e alguns salgados, isso me deixou surpreso.

Ivan:- Obrigado - Sai e fui ao encontro de Luiz.

GABRIELA

Ivan está estranho desde que vi as cicatrizes, ainda não consegui conversar com ele, percebi que se incomodou por eu ter visto, fiz almoço e pudim, pretendia conversar depois que comesse, mas ele sumiu o dia todo e agora vai me deixar sozinha por quase dois dias, fiz alguns salgados e bolo para o lanche dá tarde então embrulhei para que ele não sentisse fome no caminho.

Agora sozinha resolvi explorar a casa, não tem muito o que fazer por aqui, o escritório está trancado, queria ver por dentro o local onde ele trabalha, apesar de não saber exatamente o que ele faz.

Subo as escadas, tem uma porta que ainda não tinha entrado, no fim do corredor, fico maravilhada, tem estantes de livro enormes e uma grande janela do chão ao teto dando visão para parte dá fazenda e umas montanhas ao longe, é uma bela paisagem, existem cortinas pesadas que deixam o ambiente totalmente escuro, uma tv. e uma chase que mais parece uma cama, grande e confortável, a estrutura é de madeira com almofadas macias, ligo a tv e para meu espanto os aplicativos de filmes e series estão instalados, já sei o que farei hoje, volto para cozinha e faço uma bandeja com salgados e doces, na sala de tv me deito confortavelmente, e puxo a manta de esta dobrada aos pés, escolho uma série na Ne@@@x.

IVAN

A casa não é muito grande, mas tem dois quartos, o que agradeço mentalmente, Luiz me indica um dos quartos, me deito na cama de roupa e escuto ela ranger com o peso, não consigo dormir e logo vejo amanhecer, quando saio vejo Luiz bebendo café e olhando alguns papéis, parece que também não dormiu

Luiz:- Tome seu café, logo iremos partir -Me sirvo de café preto e me lembro dá bolsa que Gabriela me deu, retiro as vasilhas de dentro dela e coloco na mesa as destampando, meu irmão me olha e sorri. - Gabriela mandou tudo isso?

Ivan:- Cale a boca e coma- O bolo de chocolate me fez fechar os olhos, é o meu preferido, escuto a gargalhada de Luiz e abro os olhos.

Luiz:- Sua esposa está realmente te mimando

Ivan:- Cale a boca ou não vou te ajudar mais - Ele engole a risada e come, percebo que também está apreciando a comida de Gabriela, saber que ela não estará mais lá me dá uma pontada no coração, mas é melhor assim enquanto está no começo e eu nunca a toquei.

Chegamos no convento e fomos informados de que Sophia foi viajar com os pais, Luiz ficou frustrado e pensativo, percebemos que a madre sabia muito mais do que disse.

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