Deitada na cama do hospital, fixo meu olhar na janela, ainda tentando processar tudo o que aconteceu. As memórias do carro afundando nas águas geladas do Rio Hudson voltam em flashes, e minha respiração se torna curta e ofegante. O pânico me invade enquanto tento me lembrar dos momentos finais antes de tudo acontecer.De onde surgiu aquele carro? Isso não estava nos planos de Zael, e se estava... por que ele não me contou?Não consigo parar de chorar. O medo toma conta de mim, o frio parece nunca ir embora. O som das sirenes, a água cobrindo tudo à minha volta... Eu deveria estar morta. Eu juro que pensei que dessa vez eu morreria, quando aquele carro veio com tudo para o meu lado e me empurrou sob a ponte.Naquele momento, tive certeza de que seria o meu fim. A única coisa que passou pela minha mente foi: "Ainda bem que Halina não está aqui." Eu não suportaria perder minha irmã. Enquanto tudo acontecia tão rápido, toda a minha vida passou como um filme diante de meus olhos. Mas agor
— Você vai responder à merda da minha pergunta ou vai esperar eu estourar seus miolos? — Minha voz sai num tom baixo, mas ameaçador. Eu já estava no limite. Arranquei Alexander de uma reunião importante sobre o hotel, só porque Zael fez questão de ter uma conversa comigo e meus irmãos, agora esse infeliz continua sem dar uma única informação útil. Zael apenas ri, acendendo um cigarro com uma calma irritante. Olho para a arma em minha mão, louco para puxar o gatilho, mas sei que não posso. Esse desgraçado tem muita influência, e qualquer erro meu pode custar caro. Conheci Zael há alguns anos, quando Alexander precisou escapar de uma investigação do FBI. Zael estava lá dentro, sempre no controle. Ele é conhecido como o "anjo da guarda" da máfia, ajudando todos os lados, mas se uma organização o trair, tudo desmorona. Ele equilibra os dois mundos de forma magistral, sabendo de coisas que nunca imaginamos. Uns dizem que o "anjo da guarda" é o olho que tudo vê, e possivelmente é verdade
— Está pensando em alguém, não é? — Zael comenta, observando minha reação. — Esse seu silêncio diz muita coisa.Dou um passo para trás, tentando manter o controle sobre minha raiva crescente.— Damon e Fabiano são os únicos que fazem sentido agora. — Respondo, com a voz grave.Zael joga seu cigarro no cinzeiro, e balança a cabeça enquanto olha para o chão.— Precisamos ter certeza. Quem quer que seja, vai pagar caro por isso. — Sua voz carrega uma promessa sombria, mas meu foco já está em outra direção. — Damon e Fabiano são os únicos que fazem sentido agora. — Repito.Zael levanta a cabeça, os olhos fixos em mim, como se estivesse tentando ler além do que eu digo.— Acho que não. Pelo que sei, Fabiano é loucamente apaixonado por Halina, ele não faria isso. Se o atentado fosse contra você, eu não duvidaria. — Suas palavras despertam algo dentro de mim, uma raiva velada. Fabiano sempre me pareceu um problema, e agora eu poderia aproveitar a oportunidade para acabar de vez com esse adv
— Graças a Deus cheguei em casa. — Digo assim que Zael abre a porta e me deixa entrar.— Vá descansar, eu tenho assuntos seríssimos para resolver. — Ele responde, com um olhar sério, antes de se afastar.— Menina, que bom que você está bem! — Observo Rose vindo em minha direção com um sorriso no rosto. Eu tento retribuir, mas simplesmente não consigo. Minha vida está um caos, quase morri, e para piorar, Rodolfo não me deixou em paz, mesmo com Zael tomando a frente de tudo. Ele ainda mandou mais homens da organização para vigiar cada passo meu.— Oi, Rose. Cheguei. — tento soar mais animada do que realmente me sinto. Vejo Zael parar e se virar para nós.— Sinto muito por Halina. Já a encontraram? — Ela pergunta com um tom de preocupação.Antes que eu pudesse responder, Zael nos interrompe. — Estamos procurando. Se Deus quiser, ela será encontrada com vida. A polícia e o resgate estão fazendo seu trabalho.Vejo Rose assentir, apertando o avental com força. — Eu espero que a encontrem lo
— Eu juro, chefe, que não tenho nada a ver com isso! Desde que meu pai morreu, eu nem vejo mais Halina. — Damon está suando, sentado na cadeira, os olhos arregalados, suas mãos tremem enquanto ele implora por misericórdia.Estamos há horas interrogando ele em um dos quartos do galpão, e o advogado, Fabiano, está no quarto ao lado, aguardando sua vez de ser questionado. Passei o dia inteiro tentando limpar essa bagunça. Mal dormi na noite passada, com a cabeça cheia de pensamentos sobre ela.Eu sinto falta dela, eu preciso vê-la.Enquanto Damon continua a se defender, me afasto um pouco, meus pensamentos se voltando para Halina e para o que está acontecendo ao nosso redor. Eu preciso de respostas, e rápido.— Rodolfo — Alexander me chama com firmeza. — Ele está falando a verdade. Pelas investigações e pelas palavras dele, Damon está fora dessa bagunça.Eu sei que Damon está limpo. Mas isso não significa que toda essa confusão acabou. Há mais por trás disso, eu sinto. — Vamos para o ou
Saio do galpão e dirijo direto para o antigo galpão da máfia, que fica atrás da velha casa onde cresci. Ao chegar, passo pela casa da árvore e continuo por mais um minuto até alcançar o galpão abandonado. Desço do carro, observando o lugar com atenção. Foi aqui que vi Halina pela primeira vez. Rio sem humor ao lembrar daquela menininha segurando seu coelho de pelúcia. Hoje, ela se transformou em uma mulher incrível, com o poder de me destruir psicologicamente.Caminho até o interior do galpão, seguindo em direção a um canto repleto de prateleiras enferrujadas pelo tempo. Na primeira prateleira, encontro uma velha caixa. Ao abri-la, retiro uma sacola onde está o maldito coelho de pelúcia. O tempo o deixou encardido, feio, mas ele ainda está aqui, como se estivesse esperando pacientemente para reencontrar sua dona. O toque do tecido desbotado me traz de volta a lembranças de um passado distante, onde tudo parecia mais simples, mas hoje carrega um peso que mal consigo suportar.Seguro o
— Rodolfo? — Roberta nos olha surpresa ao abrir a porta. — Otávio? Vocês dois de novo?Entro no apartamento sem pedir licença, seguido por Otávio.— A Yakuza está rondando seu apartamento novamente e espero que, dessa vez, as câmeras de segurança estejam funcionando.Ela revira os olhos e cruza os braços. — Vocês são insuportáveis. Já sabem onde ficam os computadores, vão até lá.Otávio segue para o escritório, e eu a observo ainda refletindo sobre minha conversa com meu irmão. Os dois desconfiam dela, isso é algo difícil de ignorar.— E você, tem saído ultimamente? — pergunto, tentando entender sua rotina.Roberta se senta, cruzando as pernas de forma calma e serena. — Eu estou namorando, Rodolfo. Então, sim, eu estou saindo quase todas as noites.Seu tom sugere que não está envolvida em nenhum plano contra Halina, mas continuo cauteloso.— Bom. — Viro-me para ir ao escritório, mas ela me para.— E você, como está? — Sua voz carregada de um tom curioso.Me viro para responder, tentan
— Eu tenho um plano. — Zael anuncia assim que entramos no escritório de Paola.Paola está tão concentrada no computador que nem sequer levanta a cabeça para nos cumprimentar.— E qual seria? — Pergunto, tentando entender a proposta.— Você precisa seduzir alguém. — Zael diz, com um tom quase casual.A palavra "seduzir" faz meu cérebro travar. Olho para Paola, que finalmente desvia o olhar do computador, encarando Zael com uma expressão de desdém.— Zael, se Halina souber disso, você está morto. — Paola avisa.— Halina não está aqui. — Zael responde com um sorriso enigmático.— Mas eu estou!— Então finja que não viu nada. — Ele conclui. Paola balança a cabeça e volta ao seu trabalho.— Do que vocês estão falando? — Otávio pergunta, acomodando-se em um dos sofás enquanto eu me sento ao seu lado.— Estou desconfiado de uma mulher chamada Roberta. — Zael revela, o que aumenta minha certeza sobre ela.— Tenho uma proposta. Não quero prejudicar ninguém sem ter 100% de certeza do envolvimen