Capítulo 14 O que nenhum de Nós Assumem (Cassian narrando)Eu permaneci imóvel, meu olhar queimando nas costas de Naia enquanto ela se afastava ao lado de Rafael.O cheiro dela ainda estava em minhas narinas, misturado com a raiva que latejava no meu peito.Respirei fundo, tentando recuperar o controle. Mas como se o universo quisesse testar minha paciência, senti uma presença ao meu lado.Diego se aproximou, silencioso, mas sua energia sempre perceptível.— Não foi fácil de assistir, não é? — Diego comentou, mantendo o tom neutro.Não respondi de imediato. Continuei girando o copo na mão, o líquido âmbar refletindo as luzes suaves do ambiente.— Ela parece bem — Diego continuou, quase como se falasse consigo mesmo. — Rafael sabe como fazer um espetáculo.Estreitei os olhos, a mandíbula travada.Diego suspirou, apoiando-se na grade ao meu lado.— Olha, cara... Você tem tudo. Tem suas empresas,fortuna, tem sua vida estabilizada, a mulher que voce quiser, so estalar os dedos. E tem C
Capítulo 15A vingança está chegando.Cassian entrou na mansão com a raiva pulsando em cada veia. A porta bateu com força, o eco reverberando pelas paredes vazias. Subiu as escadas quase correndo, como se precisasse escapar da própria mente. Ao chegar no quarto, arrancou as roupas, deixando-as espalhadas pelo chão, e foi direto para o banheiro, ligando o chuveiro no máximo.A água escaldante caía sobre ele, mas não havia calor suficiente para afastar o frio que vinha de dentro. Fechou os olhos, tentando se concentrar apenas na sensação da água, mas as memórias invadiram sua mente sem piedade.Flashback – A Festa na UniversidadeFlávio me entregou um copo de vodca com coca-cola. Aceitei, brindando com ele, sentindo o líquido descer queimando minha garganta. Depois disso, ele saiu do meu lado, e no meio da multidão, vi quando cruzou com Rafael e piscou. Algo naquela interação me incomodou, mas a batida alta e as vozes ao meu redor abafaram meus pensamentos.Pouco tempo depois, senti min
Capítulo 16O Retorno do CaçadorQuando o passado volta para acertar as contasEu lutei para esquecer você. E agora? O que eu faço com esse inferno?Ele se lembrou das noites sem fim, do vazio que preencheu seu peito desde que ela foi embora. Do esforço sobre-humano que fez para seguir em frente, para enterrar cada lembrança, cada sorriso, cada toque. Havia construído muros ao seu redor, fortalezas impenetráveis que o protegiam de qualquer sentimento. E, no entanto, bastou uma única aparição dela para que tudo ruísse como um castelo de cartas.Ele riu, uma risada amarga, quase enlouquecida.Se o destino quer foder com a minha vida... então vamos foder juntos.E o filho da puta do Rafael... Ele vai saber o que é foder com a vida de outra pessoa.Flashback: A Descoberta AmargaTrês dias após a festa. Cassian entrou no hospital com passos largos e decididos. O ambiente frio e asséptico não suavizava a raiva que queimava dentro dele. Assim que avistou o Dr. Marcelo no corredor, acelerou
Capítulo 17Uma vida simples, um amor estável, um destino prestes a mudarO som da chuva fina contra a janela preenchia o pequeno apartamento de Naia Beaumont no coração de Londres. Diferente da mansão imponente de sua família, aquele espaço era verdadeiramente seu. Pequeno, aconchegante, sem luxo desnecessário.Ela nunca precisou de muito. Não como seus pais.A vida de Naia era discreta. Apesar de carregar um sobrenome poderoso, escolheu se afastar dos holofotes e construir seu próprio caminho.Trabalhava como advogada, mas não para grandes corporações. Ela defendia pessoas invisíveis para o mundo. Mulheres em situação de risco, crianças sem proteção, pessoas que o sistema insistia em esquecer.Por isso, seus dias eram intensos. Visitas a tribunais, reuniões com vítimas, audiências difíceis. Mas era isso que dava sentido à sua existência.E quando voltava para casa depois de um longo dia, encontrava conforto nos braços de Rafael Villeneuve.O aroma de café fresco preenchia o ambiente
Capítulo 18O Passado Nunca Foi Esquecido5 horas antes...A chuva fina cobria Paris com um véu cinzento enquanto Rafael Villeneuve estacionava o carro em frente à imponente propriedade da família. Ele não costumava aparecer sem avisar, mas o que planejava fazer naquela noite exigia uma conversa séria.O portão se abriu silenciosamente, e ele seguiu pelo caminho de pedras até a entrada da mansão. O mordomo o recebeu com um aceno discreto e abriu caminho para que ele seguisse para o salão principal.Sua mãe, Geneviève Villeneuve, estava sentada no sofá de veludo escuro, os olhos distantes, segurando um cálice de vinho sem realmente beber. Seu pai, Lucien Villeneuve, permanecia junto à lareira, observando as chamas como se buscasse nelas algo que nunca encontraria.O ar na sala era pesado. Como sempre era nesse dia.Rafael se aproximou, sentindo o peso daquele ambiente.— Mãe, pai… preciso conversar com vocês.Lucien virou-se lentamente, avaliando o filho com olhar crítico. Geneviève ap
Capítulo 19O Erro que mudaria vidas.Sabe aquele maldito dia que, se pudesse, você nem levantaria da cama? Onde tudo parece estar conspirando contra você e o universo decide testar seus limites? Pois é. Hoje é um desses dias.Acordei sentindo-me uma bomba-relógio prestes a explodir. A TPM estava no auge, transformando qualquer detalhe irrelevante em uma razão plausível para destruição em massa. Rafael ainda dormia ao meu lado, a respiração tranquila e o rosto sereno. Como ele podia estar tão calmo quando eu sentia o inferno rugindo dentro de mim?Rolei para o outro lado da cama e soltei um suspiro longo e frustrado. Rafael se mexeu e, sem abrir os olhos, me puxou para perto.— Está brava com o mundo hoje, Beaumont? — murmurou contra minha pele.Eu apenas resmunguei em resposta. Ele riu baixinho, deslizando os dedos pela minha cintura antes de virar meu rosto para ele. Seus lábios tocaram os meus com suavidade.— Eu posso te ajudar a aliviar essa tensão.Eu revirei os olhos, mas não r
Capítulo 20Nem sempre estamos prontos para as respostas que tanto buscamos.Cassian acordou no mesmo horário de sempre. O despertador tocou às 5h30, ecoando no quarto espaçoso e meticulosamente organizado. Ele se espreguiçou, sentindo o peso do cansaço ainda presente em seus músculos, mas não se deu ao luxo de permanecer na cama. Tinha um dia inteiro pela frente.A primeira parada foi sua rotina de ginástica. Os fones de ouvido bem ajustados transmitiam um rock leve enquanto ele iniciava o aquecimento. O som das máquinas, o ritmo das repetições e o suor escorrendo pelo corpo serviam como um escape para a pressão constante que carregava nos ombros. Uma hora depois, saiu da academia e foi direto para o banho. Vestiu um terno impecável e tomou seu café rapidamente antes de sair para o trabalho.Quando o relógio marcava nove da manhã, seu celular tocou. Ele viu o nome do Dr. Marcel Lefèvre na tela, revirou os olhos e atendeu no viva-voz enquanto organizava alguns documentos em sua mesa.
Capítulo 21Quando amor não é um fator, apenas negócios importamO dia já estava alto no céu de Paris quando Cassian Délano estacionou seu carro em frente ao prédio luxuoso onde Celeste Laurent morava. O sol refletia nas janelas de vidro, lançando um brilho dourado sobre a cidade que nunca dormia.Ele saiu do carro e ajustou o paletó antes de seguir para a cobertura. Sua expressão era fria, determinada. Não havia hesitação no que estava prestes a fazer.Ao tocar a campainha, a porta se abriu quase imediatamente. Celeste estava impecável, como sempre. Vestido de seda vinho, maquiagem impecável, uma taça de vinho branco em mãos.Ela o analisou com um olhar preguiçoso antes de erguer a sobrancelha.— Cassian — murmurou, um sorriso calculado surgindo em seus lábios. — Que surpresa.Ele entrou sem pedir permissão, fechando a porta atrás de si.— Temos que conversar.Celeste inclinou a cabeça, divertindo-se com a seriedade dele.— Ah, então você resolveu lembrar que estamos noivos?Cassian