Capítulo 64Quando a máscara cai, apenas a verdade permanece.Rafael seguiu Celeste pelas ruas estreitas de Paris, os passos rápidos e a respiração pesada. Quando finalmente a alcançou, ela estava parada em frente a uma pequena cafeteria, o rosto iluminado pelo brilho amarelado do letreiro.— Celeste! — ele chamou, a voz carregada de urgência.Ela se virou devagar, um sorriso curioso se formando em seus lábios.— Ora, Rafael... Já decidiu o que vai fazer? — O tom dela era doce, mas havia um veneno escondido em cada palavra.— Eu quero provas — ele disse, aproximando-se. — Se o que você está dizendo é verdade, me mostre as provas de que Naia realmente está grávida do Cassian.Celeste arqueou uma sobrancelha, tirando a bolsa do ombro com um movimento ensaiado. Ela abriu o fecho com calma exagerada, como se estivesse prolongando o momento apenas para vê-lo se contorcer de ansiedade.— Ah, você quer provas? Pois bem... — Ela puxou um envelope pardo e estendeu para ele. — Veja com seus pró
Capítulo 65Quando o amor e o medo se encontram, cada escolha é um passo para o desconhecido.Rafael passou a noite em claro. Cada vez que fechava os olhos, as palavras de Celeste ecoavam em sua mente como um mantra sombrio. "O filho é do Cassian." Ele rolava na cama, o suor frio escorrendo pela testa. Naia dormia ao seu lado, serena e alheia ao caos que se formava dentro dele.Quando o relógio marcou seis da manhã, Rafael desistiu de tentar dormir. Levantou-se devagar, para não acordar Naia, e foi para a cozinha. Decidiu que, se não podia fugir da verdade, ao menos faria daquele dia algo especial.Pegou as chaves do carro e saiu em direção ao mercado mais próximo. As ruas ainda estavam silenciosas, o ar fresco da manhã ajudando a clarear seus pensamentos. Ele comprou frutas frescas, e escolheu uma cesta de café da manhã já decorada com ursinhos de pelúcia. Antes de voltar para casa, parou em uma floricultura e escolheu um buquê de rosas vermelhas, cada pétala representando o amor e
Capítulo 66Quando a esperança parece distante, o amor encontra um caminhoCassian estacionou o carro na entrada da mansão Délano, o sol nascendo no horizonte, mas seu mundo permanecia envolto em sombras. Seus olhos estavam vermelhos, o rosto pálido, e as mãos tremiam levemente ao desligar o motor. Ele havia passado a madrugada inteira dirigindo sem rumo, tentando escapar da realidade que o sufocava. Mas, em cada esquina, em cada rua deserta, apenas um nome ecoava em sua mente: Naia.Ele olhou para o relógio. 6h da manhã. O silêncio ao seu redor era absoluto, mas dentro de sua cabeça, uma tempestade rugia. Sem pensar duas vezes, pegou o telefone e discou o número de Naia. Quando ela atendeu, ele não conseguiu conter as palavras que saíram apressadas, quase atropelando seus próprios pensamentos.— Naia, não fale nada, te imploro! Sai para fora de casa. Se o seu marido perguntar, diz que é urgente, que uma das mulheres da ONG precisa de você.Do outro lado da linha, Naia respondeu com a
Capítulo 67 Quando as palavras não bastam, o silêncio acolhe as almas machucadas. A água do chuveiro caía morna, criando uma cortina de vapor ao redor de Cassian e Naia. Ela o abraçava com firmeza, como se seus braços pudessem protegê-lo do mundo e de toda a dor que ele carregava. O peito de Cassian subia e descia em um ritmo irregular, enquanto ele tentava se recompor, mas a presença de Naia o fazia finalmente se permitir sentir. Os lábios de Naia roçaram a testa dele, um beijo leve, quase uma promessa silenciosa de que ela estaria ali. Cassian fechou os olhos, permitindo-se ser envolvido por aquele gesto. Era como se o toque dela fosse o único lugar seguro no meio do caos. — Estou aqui — ela sussurrou, suas mãos acariciando suavemente as costas dele, deixando que o calor de seu toque afastasse o frio que parecia envolver o coração de Cassian. Ele ergueu o rosto, os olhos vermelhos das lágrimas, mas havia algo mais ali: um pedido mudo. Naia entendeu. Suas mãos foram até o ro
Capítulo 68Eu preciso de você! Naia piscou devagar, absorvendo cada palavra. Havia algo mais profundo ali, uma dor que ia além da frustração. Ela sabia que, para Cassian, aquele filho não era apenas uma criança — era esperança, redenção, talvez até uma chance de reconstruir o que havia sido quebrado no passado.— Eu não sabia que você... queria tanto ser pai. — Ela disse com cuidado, tentando encontrar o equilíbrio entre a curiosidade e o apoio.Cassian riu, mas foi um som sem alegria.— Na verdade, eu nunca pensei que fosse possível. Durante anos, eu acreditei que não podia ter filhos. Foi uma sentença... uma espécie de castigo. — Ele desviou o olhar, como se as lembranças fossem afiadas demais. — Mas então eu descobri que tinha um embrião. Um único embrião viável. A chance de ser pai, de finalmente ter uma família.Naia sentiu o coração apertar. Ela nunca tinha visto Cassian tão vulnerável. Ele sempre foi o homem de gelo, o estrategista que nunca deixava suas emoções à mostra. Mas
Capítulo 69A Manhã da ConfiançaPor volta das quatro da manhã, Cassian se levantou em silêncio, cobrindo Naia com o edredom antes de sair para seus exercícios matinais. A madrugada ainda envolvia a mansão em um silêncio acolhedor, e ele aproveitou o frescor do ar para correr pela extensa propriedade. Cada passada ajudava a aliviar o peso dos pensamentos, a organizar as emoções que ainda pareciam um labirinto sem saída.Quando o relógio marcava oito horas, Cassian retornou à casa. O suor escorria pela testa, e seu corpo exalava o cansaço misturado com a satisfação do treino. Ele foi direto para o chuveiro, deixando a água morna lavar não apenas o corpo, mas também as preocupações.Naia abriu os olhos devagar, ajustando-se à luz suave que invadia o quarto. Ao olhar em direção ao banheiro, a porta semiaberta permitiu que ela visse Cassian sob o chuveiro. A água escorria por sua pele, os músculos definidos movendo-se de forma ritmada enquanto ele passava as mãos pelos cabelos molhados.S
Capítulo 70Quando o adeus traz mais perguntas do que respostasNaia ajeitou a alça da bolsa no ombro, os olhos percorrendo cada detalhe do ambiente antes de se virar para Cassian. O sol da manhã entrava pela janela, lançando sombras suaves nas paredes da mansão Délano, criando um contraste com a atmosfera pesada entre eles.— Eu realmente preciso ir, Cassian. — Sua voz saiu suave, mas firme. — Rafael deve estar preocupado. Desliguei o celular desde ontem e não entrei em contato.Cassian suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados. O olhar dele era uma mistura de resignação e melancolia.— Eu sei. Diego também deve estar pirando. Meu telefone ficou na cozinha, e eu não atendi nenhuma ligação. — Ele tentou sorrir, mas o gesto não chegou aos olhos.Naia deu um passo à frente, colocando a mão sobre o peito dele.— O que você vai fazer agora?Cassian hesitou. Havia tantas respostas possíveis, mas apenas uma que realmente importava.— Eu vou voltar ao Horizon Medical Group. — A expre
Capítulo 71Quando o coração fala mais alto do que as palavrasCassian entrou em casa, fechando a porta com um movimento suave, quase sem fazer barulho. A mansão Délano parecia maior e mais vazia do que nunca. O eco de seus passos no chão de mármore soava como um lembrete cruel de que a presença de Naia havia preenchido cada espaço, cada canto com seu riso e calor.Ele pegou o celular no bolso e o ligou, a tela piscando com uma avalanche de notificações. Mensagens da empresa, do Dr. Marcel Lefèvre e, principalmente, de Diego. Havia tantas chamadas perdidas de Diego que Cassian chegou a franzir a testa.— Onde você estava, Cassian? — A voz de Diego do outro lado da linha soou aliviada e ao mesmo tempo carregada de preocupação.— Em casa.— Não saia daí. Estou indo pra sua casa agora.Cassian riu, o som saindo baixo e sem real alegria.— Tá bom, Diego. Estarei te esperando.Ele subiu as escadas, o corpo pesado e a mente ainda vagando nos momentos que tinha acabado de viver. Ao abrir a p