Capítulo 66: “Sombras Entre Nós”(Sofia Narrando) As luzes da mansão lançavam sombras longas pelos corredores enquanto eu me movia em silêncio, segurando a pasta que Matteo havia me dado. Meu coração batia descompassado, como se cada passo fosse um golpe no que restava da confiança entre mim e Leonardo. Ele estava na sala principal, o olhar perdido na lareira acesa, os ombros tensos como se carregassem o peso do mundo. Eu sabia que a discussão que estava prestes a acontecer não seria fácil, mas a ideia de continuar no escuro era ainda pior. — Leonardo. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas ele não se virou de imediato. — Você deveria estar descansando — ele disse, finalmente olhando para mim. Seus olhos estavam mais sombrios do que nunca. — Não consigo descansar. Não com isso aqui. — Ergui a pasta, as mãos tremendo. Seu olhar desceu para o objeto e endureceu instantaneamente. Ele se levantou, caminhando na minha direção com passos calculados, a raiva irradia
Capítulo 67: “A Chave para as Sombras”(Sofia Narrando) Eu estava sozinha no escritório de Leonardo, a pasta com as provas contra ele ainda repousando na gaveta. Desde que Matteo havia entregado aquelas informações, minha mente era um emaranhado de dúvidas. Cada olhar de Leonardo parecia carregar um peso oculto.O som da campainha ecoou pela casa. Franzi o cenho. Quem poderia aparecer a essa hora da noite?Levantei-me devagar e caminhei até a porta, hesitante. O corredor parecia mais longo, as sombras nas paredes mais densas. Espiei pelo visor e quase gritei. Meu coração bateu forte enquanto destrancava a porta. Ele estava ali, com aquele sorriso enigmático, como se nunca tivesse desaparecido.— Vincenzo? — murmurei, a voz baixa. — Você parece surpresa, Sofia. Achei que já tivesse se acostumado com ressurgimentos inesperados. — Como você conseguiu entrar na propriedade? — O que posso dizer? Sempre tive um talento para entrar onde é difícil. — Ele passou por mim como se fosse u
Capítulo 68: “A Proposta da Rainha”(Leonardo Narrando) A mensagem apareceu no meu celular, codificada e inconfundível. “Uma chance de decidir seu futuro. Coordenação em anexo. Não falhe.” Coordenação? Quem ainda usava esse tipo de termo? Claro, apenas ela, La Regina Nera. O peso de seu nome era suficiente para transformar o frio habitual da noite em um vazio quase sufocante. Como ela conseguia penetrar tão facilmente em todas as barreiras que eu tentava erguer? Eu sabia que isso não era apenas uma proposta, era uma convocação. O endereço me levou a um armazém no centro industrial da cidade, um prédio em ruínas que parecia abandonado há décadas. A escuridão ao meu redor era quase palpável, mas havia algo fora do lugar, a impecável precisão do ambiente interno. As luzes funcionavam perfeitamente, projetores e câmeras se escondiam em pontos estratégicos, e o chão estava limpo, sem nenhuma poeira ou sujeira. O controle absoluto que La Regina Nera parecia ter sobre tudo era pertu
Capítulo 69: “O Contra-Ataque”(Sofia Narrando) O relógio marcava pouco depois das sete da manhã quando acordei com o som insistente do telefone de Leonardo. Era raro ele receber ligações tão cedo, ainda mais em um domingo. Virei-me na cama, percebendo que ele já havia saído. Ao meu lado, o telefone continuava vibrando incessantemente, enquanto o som distante de vozes na sala me alertava de que algo estava errado. Levantei-me rapidamente, enrolei um robe em torno do corpo e segui em direção à sala de estar. Leonardo estava parado no meio do cômodo, o rosto tenso, segurando o telefone enquanto três homens, membros de sua equipe de confiança, o cercavam com expressões de puro alarme. — O que está acontecendo? — perguntei, interrompendo a conversa abruptamente. Os olhos de Leonardo me fitaram por um breve momento, escurecidos por uma fúria contida. — Nada que precise de sua preocupação, Sofia — ele respondeu, ríspido, mas sua tentativa de tranquilizar era tão falsa quanto o so
Capítulo 70: “Além das Sombras”(Sofia Narrando) Depois do caos dos últimos dias, a mansão parecia engolir o som. Leonardo estava ausente desde a manhã, dizendo que precisava resolver algo urgente. Eu aproveitei o silêncio para tentar processar tudo o que tinha descoberto, mas minha mente não me deixava descansar. O esconderijo secreto continuava a chamar por mim como um sussurro incessante. Na primeira vez, as revelações foram suficientes para abalar meu mundo. Agora, algo me dizia que eu precisava voltar. Desci novamente as escadas escondidas, os degraus frios sob meus pés. O corredor parecia ainda mais opressivo agora, talvez porque eu soubesse o que esperar. Ou pelo menos achava que sabia. Dessa vez, notei algo que não havia percebido antes. Ao lado de uma das prateleiras que cobria a parede, havia um espaço irregular. Uma sombra que parecia deslocada. Empurrei a prateleira, e ela deslizou com um gemido suave. Por trás, uma porta de aço reforçada apareceu. Não estava
Herdeira do Submundo Prólogo O Barril de Pólvora Sou feito de controle. Cada decisão, cada movimento, é cuidadosamente calculado. O poder não permite deslizes, e fraqueza é um veneno que consome lentamente. Sei disso porque o controle é minha essência, e viver sem ele é como sufocar. Mas então ela chegou. Com sua força indomável, seu olhar desafiador, seu silêncio carregado de significados. Ela me fez querer mais. Não apenas tê-la, mas possuí-la de todas as formas. E por um instante, apenas um instante, pensei que poderia ser diferente. Que poderia conquistá-la com toques suaves, palavras doces, mentiras sutis que escondem o que realmente sou. Como fui ingênuo. A escuridão em mim não pode ser apagada. Ela é parte de quem sou, o que sempre fui. Tentando mudar por ela, tornei-me um estranho para mim mesmo. Mas agora... agora, tudo está claro. Eu a quero de um jeito que ela talvez nunca aceite. Quero dobrar sua vontade até que não haja mais resistência. Quero ouvi
Capítulo 2: "Um Jogo de Olhares"(Leonardo Narrando)Eu sempre soube que aquele dia chegaria. O dia em que meu pai e o Conselho cobrariam meu preço por ser um Moretti. Ninguém herda um império sem carregar cicatrizes. Eu já estava acostumado com isso, a perda da liberdade, das escolhas, de uma vida comum. Mas, casar com a filha de Marco Romano… isso estava além do que eu imaginava suportar. Sofia Romano.O nome dela ressoava em minha mente, e eu não conseguia evitar a curiosidade mesclada com desprezo. A "princesinha da máfia," diziam. Fria, calculista, uma mulher que esconde por trás da beleza uma ferocidade digna de sua linhagem. Seria verdade? Eu estava prestes a descobrir.Assim que entrei no restaurante reservado, o ambiente discreto e opulento refletia a essência das famílias que ele abrigava. Os lustres dourados, o aroma de madeira antiga e a privacidade das paredes de veludo me lembravam que estávamos em território neutro, mas essa neutralidade terminaria no instante em q
Capítulo 3: "O Fardo do Poder"(Sofia Narrando)Depois daquele jantar, tudo parecia se mover em um ritmo vertiginoso. Eu nunca fui alguém que se permitisse hesitar ou mostrar insegurança, mas aquele acordo, aquele casamento forçado, era uma ameaça àquilo que eu mais rezava, minha liberdade.Quando voltei para casa naquela noite, o rosto de Leonardo ainda estava gravado em minha mente. Seus olhos me lembravam de uma noite sem fim, um tipo de escuridão que nunca se permite iluminar. Eu sabia que ele era perigoso, mas o que realmente me perturbava era a percepção de que ele também sabia exatamente como manipular e controlar qualquer um ao seu redor. E agora ele era meu futuro marido.As horas se arrastaram, e eu mal dormi. O medo, o ódio e uma estranha expectativa faziam meu coração acelerar. Minha mente girava em torno das palavras trocadas no jantar, cada expressão e cada silêncio. As implicações desse casamento eram imensas, não apenas para as famílias, mas para mim como pessoa. O q