3. Cupido

Eduardo:

Domingo:

Acordei no dia seguinte e já tinha uma mensagem de Sofia no meu celular.

"Oi, o que acha de um almoço e depois uma ida ao cinema?"

"Tem certeza?" Pergunto

Confesso que achei muito estranho. Ela tem um noivo e não faz sentido querer almoçar e ir no cinema comigo.

"Claro, esteja em frente ao burger king às 13:00"

"OK, vou me arrumar"

Já era 12:00, sim, eu acordei tarde.

Fui para meu quarto, separei a roupa que iria usar e segui para o banheiro.

Tomei um banho quente e me vesti.

Dei uma penteada no cabelo e pronto.

Olhei no relógio 12:36

Peguei a chave do carro, meu celular, minha carteira e fui pro shopping.

Cheguei lá 12:50.

Agora era só esperar.

Quando deu 13:10 eu vi Heloísa.

Assim que me viu ela sorriu.

-Oi- ela diz e me cumprimenta com um beijo no rosto

-Oi, o que está fazendo aqui? Veio dar uma volta?

-Sofi me chamou, disse que precisava conversar comigo.

Inacreditável.

-Ela também me chamou.- digo

Ela me olha e franze o cenho.

-É o que estou pensando?

- Acho que ela tá querendo unir a gente.- ela diz e começa a rir

Aquele sorriso era tão lindo que eu sorri junto.

E então ela para de sorrir e me encara.

-Desculpa por isso- diz após respirar fundo.

-Ah, tudo bem.

Ela encara o chão e depois volta a me olhar.

-Então, acho que já vou indo.

Ela se vira para ir mas eu seguro seu braço e a puxo para mim.

-Já que estamos aqui acho que devíamos aproveitar.

Por um instante ela fica em silêncio, parecia pensativa, podia sentir um pouco de medo através do seu olhar.

-É, acho que tudo bem.

-Tá com fome?- pergunto

-Muita.

-Senhorita Heloísa, me daria a honra de almoçar comigo?- digo estendendo a mão como se fosse levá-la para dançar.

Ela sorri e segura minha mão.

-Com prazer, Senhor Eduardo.

Fizemos nossos pedidos e depois sentamos para comer.

-E então, está melhor?- pergunto me referindo a como ela estava triste ontem.

-Aaahh... estou- diz baixando o olhar

É claro que não estava.

-Se quiser conversar eu estou aqui.

Toco em seu ombro tentando lhe passar um pouco de confiança, mas acho que é inútil.

Volto a comer e percebo que ela só mexe na comida.

-Não vai comer?- pergunto

-Perdi a fome.

- Então também não vou- me levanto e paro em sua frente- vem

Seguro sua mão e a tiro dali, fomos caminhando em direção ao cinema.

Já que Sofi tinha falado sobre ir no cinema eu achei uma ótima idéia.

-Qual filme quer ver?

-Qualquer um de terror.- ela diz

Achei que ela ia escolher um de romance ou comédia, mas estava enganado.

Essa mulher é incrível.

Estava passando "A Primeira Noite de Crime" e decidimos ver esse.

Comprei os ingressos e faltavam 20 minutos para o filme começar então sentamos em um banco para esperar a hora passar.

-Você é legal- ela diz do nada.

-Obrigado, você também é.

-Pessoas legais não deviam sofrer.

-Concordo, sinto muito pelo o que aconteceu com você.

-Não vamos mais falar disso, ele não merece que eu fique lembrando dele ou sofrendo por ele.- ela diz com o olhar distante.

-Tá bom.

-Mas e aí? Já decidiu se vai mudar de casa ou se vai ficar com aquela gigante mesmo?

-Não tive tempo de pensar sobre isso desde ontem.

- Se quiser procuro uma casa com você.- diz gentil

-Vou cobrar em.

-Pode cobrar- diz sorrindo

O sorriso dela é lindo e ela precisa saber disso.

-Seu sorriso é lindo.- digo

Ela me olha e por um momento nos encaramos.

Estávamos um pouco pertos, me aproximei mais, coloquei minha mão em sua nuca e a puxei para um beijo.

O beijo era calmo, acolhedor.

E então ela parou o beijo.

-Por favor não faz mais isso.- ela diz ainda perto, mas parecia um pouco assustada.

-Não vou fazer nada que você não queira.

Ela fecha os olhos e respira fundo.

Faço carinho em seu rosto enquanto ela me olha quietinha.

-Acho melhor a gente ir.- ela diz ficando rapidamente de pé, como se algo dentro dela estivesse dizendo que aquilo era errado.

Concordo com a cabeça.

Olho o relógio e já estava na hora de entrar.

Como a hora passou rápido.

Entramos e sentamos na penúltima fileira e então o filme começou.

Tinha um casal na nossa frente que se beijou durante todo o filme. Foi meio constrangedor, admito.

Às vezes nossos olhares se trocavam mas ela logo olhava de volta pra telona.

Era bem óbvio que a última relação dela a deixou com um certo trauma em se envolver novamente.

Assim que o filme terminou fomos para o estacionamento.

-Foi muito bom ter sua companhia- digo

-A sua também, obrigada por tudo.

-Será que eu posso te dar pelo menos um abraço já que não posso te beijar?-brinco

-Claro- ela diz sorrindo

Nos abraçamos e ela diz em meu ouvido

-Obrigada mesmo, precisava me distrair.

-Sempre que precisar é só me ligar.- digo assim que nos separamos

-Eu não tenho seu número.

-Me dá seu celular.

Ela me entrega o celular e eu anoto meu número nele.

-Agora tem.- digo

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