2. Como Tudo Começou

Prazer, Eduardo Collins.

Quer conhecer meu passado?

Não?

Vou contar mesmo assim.

Faz um ano e meio que eu me separei, a minha ex só queria meu dinheiro e por muito tempo eu não vi isso. Eu a amava demais e não conseguia ver que ela só queria me usar para sair da pobreza. Quando ela conseguiu o que queria e me abandonou, só aí eu fui perceber e dei entrada no divórcio.

Depois disso eu fiquei pra baixo, não tinha amigos e foi aí que eu me aproximei de Sofia, ela era a pessoa mais linda naquela empresa.

E além de linda ela não ligava para meu dinheiro, ao contrário, ela gostava das coisas simples. Ela me encantou, me apaixonei por aquela garota/mulher.

Mas ela estava noiva de um tal de Rafael.

E eu quase estraguei tudo quando roubei um beijo seu.

Aos poucos aprendi a me contentar apenas com a amizade dela.

Eu não tinha amigos e ela me enturmou no seu grupo.

Ainda lembro de suas palavras.

-Senhor Collins, me permite ajudá-lo?

-Como assim?- pergunto

-Irei levá-lo para o meu mundo, longe dos riquinhos, te mostrarei o que são amigos de verdade e talvez você até arranje alguns. Talvez conheça uma menina legal e que goste de você como irá gostar dela e talvez comecem a namorar, o que acha?- pergunta com um sorriso lindo no rosto.

E então eu aceitei, sem acreditar muito que pudesse ser encaixado nesse seu mundo, mas logo mudei de ideia.

Saímos uma vez e eu achei aquele povo incrível, eram tão diferentes das pessoas com quem eu convivia.

Eram diferentes daqueles riquinhos cheios de mimimi.

E então eu os convidei para irem a minha casa, estava tentando me aproximar mais, porque pelo menos quando estava com eles eu conseguia me sentir um pouco melhor.

Fiz um churrasco na piscina.

E foi naquele dia que eu conheci uma mulher incrível.

Entrei na cozinha para pegar mais bebida e vejo uma mulher sentada no chão com várias bebidas a sua volta.

-Tá tudo bem?- pergunto

-Aaah claro, tá tudo maravilhoso- ela diz e começa a chorar.

Aquilo partiu meu coração.

-É claro que não está. - digo

Sento ao seu lado e a encaro.

-Pretende beber tudo isso?- indago olhando todas as garrafas a sua volta.

-E um pouco mais, por quê?

Ela já ia tomar mais um gole, mas eu tiro a garrafa da sua mão.

-Ei- ela me adverte

-Por que está aqui sozinha? Cadê seus amigos?

-Porque eu quero ficar sozinha.

-Então quer que eu vá embora?

Faz que sim com a cabeça.

Mas é claro que eu ignoro.

-Vem- digo levantando e estendendo a mão para ela.

-Pra onde?

-Só vem.

Hesitantemente ela segura em minha mão e eu a ajudo a levantar. Ela pega uma das garrafas que estava no chão, mas eu a tiro da sua mão.

Subimos as escadas e eu a levo até meu quarto, mas calma, não é nada do que vocês estão pensando.

-O que viemos fazer aqui?- pergunta me olhando com uma sobrancelha arqueada.

-Calma, não é o que está pensando.

Abri a janela e fui para o telhado.

Estendi a mão para ela e a mesma segurou.

Deitamos no telhado e ficamos olhando a paisagem.

Eu deito aqui sempre que preciso pensar na vida, geralmente é a noite já que é a única hora que estou em casa. Gosto de pensar olhando as estrelas.

Tinham bastante árvores que impediam o sol de chegar até nós.

-Aqui deve ser lindo a noite.- ela diz

-Não se sente sozinho nessa casa enorme?

-Eu quase não fico em casa, prefiro ficar no trabalho.. Mas sim, me sinto muito só e por isso depois que me separei vivia indo para baladas, trazendo mulheres para casa, até que percebi que isso não me fazia sentir menos só.

-Por que não compra uma casa menor? Gosta de mostrar para as pessoas o que tem?

-Nunca tinha pensado nisso, quando me casei minha mulher me fez comprar essa casa, não a tenho por luxo e sim porque nunca pensei em me mudar dela.

-Entendo.

-Por que estava chorando na cozinha?

-Estou cansada de sempre amar e quebrar a cara.

-Então somos dois.

-Peguei meu namorado na cama com outra antes de vir para cá.

-Minha mulher se casou comigo por puro interesse no meu dinheiro.

-Acho que empatamos.

Ela é uma pessoa ótima para se conversar.

Ficamos mais um tempão conversando sobre coisas aleatórias até que Sofi ligou para ela dizendo que estavam indo embora.

Então ela desceu e foi embora também.

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