Início / LGBT / Guardiões do Portal / Histórias do passado
Histórias do passado

Umada assim que saiu do andar onde ficava a cozinha foi para o quarto andar onde ficavam os aposentos dos membros daquela organização, bateu na porta de Charles, sentiu vontade de desistir do ato, porém a porta se abriu de súbito antes de que o mesmo mudasse de idéia.

— Umada?! Não esperava te ver antes do amanhecer.— Charles falou ríspido.

— Vai me tratar mal por causa do ocorrido? Não tenho culpa pelos acontecimentos do seu passado e muito menos sou culpado por seus poderes. — Umada respondeu no mesmo tom, mas a jarra em sua mão denunciava a visita em nome da paz que estava fazendo.

— Tenho sangue aqui, só desço para manter a boa convivência o que parece ser bem impossível sem o Kloud por perto. — comentou apontando para a Jarra.

— Eu usei ela como desculpa— falou erguendo a jarra até a altura dos olhos de Charles que seguiu o objeto com os olhos, como um cachorrinho desesperado pela bolinha que seu dono ameaça jogar e nunca o faz.

— Entra...— Charles não queria convidar Umada para dentro de seu quarto, mas sedeu ao olhos negros suplicantes a sua frente.

Umada entrou no quarto, era a primeira vez que entrava ali, a cama consistia em uma espreguiçadeira de algodão forrada com um lençol de linho na cor vinho, uma escrivaninha e um frigobar, no qual ele imaginou que ficasse guardado todo o estoque sanguíneo de Charles, as cortinas em veludo preto cobriam toda a janela, o que não fazia muito sentido já que a porta da varanda estava aberta, deduziu isso ao ver o vento mover uma das cortinas com certa delicadeza.

— seu quarto é meio vago... — Umada comentou sem querer.

— Tenho poucas coisas, não sou do tipo que guarda as coisas, minhas roupas eu geralmente deixo no armário do banheiro, pouca coisa, ter pouco me ajuda a me mudar com facilidade, nossa vida não é de criar raízes, de dimensão em dimensão não dá pra ter muito. — Charles explicou sem graça.

Umada foi até a escrivaninha e puxou a única cadeira no cômodo para se sentar, acompanhou Charles com os olhos enquanto o mais novo guardava a jarra no frigobar.

— Te contei minha história hoje, agora quero ouvir a sua, por isso eu vim. — Umada foi direto com Charles.

Charles por sua vez puxou o ar com força e o soltou como um suspiro cansado e sem vontade.

— Eu era de Sinari, uma dimensão de humanos, assim como a terra, e lá tinham fadas, elas não são tão lindas quando estão raivosas, eu e minha irmã Chelly fomos a floresta caçar cogumelos, tinha um muito saboroso naquela região e com propriedades alucinógenas, faríamos uma festa e aquilo seria ótimo para a noite, mas as fadinhas não gostaram da invasão e prenderam a gente na dimensão delas ali dentro da floresta, foi quando, Kog, atendeu ao chamado... — as lembranças ficaram turvas na mente de Charles nesse momento, mas ainda que não se lembrasse da sequência dos fatos ainda podia continuar sua narrativa.— não me lembro o motivo da líder querer entregar eu e minha irmã para ele, estava acusando a gente de invasão, elas são bem rígidas com as regras, então ele veio, e a proposta da fada era que um de nós se salvaria e o outro teria de morrer, Kog foi obrigado a morder eu e ela, mas ela não sobreviveu, depois disso ele precisava da minha ajuda pra sair do lugar, eu já transformado o ajudei e mostrei que tinha potencial, ficamos cerca de cinco longos anos naquele lugar, ele e Chelly tinham uma espécie de namoro, então por ele quem deveria se salvar era ela, quando saímos do lugar ele se mostrou um péssimo guia, muito do que aprendi foi com minhas próprias experiências, Janine e Kloud, me recrutaram por conta das minhas habilidades, sou o mais forte, o mais rápido e o que tem a mordida mais venenosa, uma mordida pode transformar um ser em menos de segundos, por isso eu sempre corto as vítimas, assim meu veneno não é injetado.

— Por isso tudo ele te odeia, ele sempre achou que quem se salvaria seria sua irmã.— Umada murmurava pensativo.

— E fica pior, ele as vezes me proíbe de me alimentar, diz que não paguei pelo meu crime de sobreviver, era para eu ter deixado Chelly ser mordida e não aceitar ser mordido, assim ela se salvaria, segundo ele, minha irmã era alguém especial. — Charles se sentou na espreguiçadeira enquanto falava, encarou o chão de tacos sem ver.

— Como se desliga dele, do seu criador? — Umada fez a pergunta encarando o homem de cabeça baixa a sua frente e pedindo ao Deus dragão que a resposta não fosse a morte de Kog, já que isso seria bem problemático.

— aprecio sua vontade de ajudar, mas já me livrei disso, ele me deixou livre, porém Janine me colocou na mesma equipe que ele, daí ele acha que ainda me dá ordens, se bem que depois do papelão de hoje... — Claro que Charles mentiu sobre não ser mais dominado pelo seu criador.

— Não fez nada de errado Charles, não sabia como as coisas aconteciam após isso e nunca esteve de fato com suas vítimas, ou bebeu diretamente...— Umada já nesse ponto não sabia o que dizer ao rapaz, nem em como chegar no mesmo, tinha ficado um pouco atraído, mas agora se sentia um completo idiota e queria sair correndo do local.

— Obrigado por passar pano para minha vergonha alheia, muito inspirador saber que alguém nessa porcaria vai com a minha cara.

— Não seja tão negativo, todos temos motivos... Espera aí, a quantos anos foi transformado de fato? — algo surgiu na mente de Umada e ele não estava errado.

— Setenta anos, e sim ele já estava com a fênix naquela época, quando chegamos em Dominik me obrigou a jurar lealdade e guardar esse segredo, porém quem me perguntou foi você e não ela. — Falou com sorriso ladino enquanto levantava a cabeça e olhava para Umada.

— Não sinto vontade de dizer isso a ela, sinceramente depois do primeiro século isso deixou de fazer sentido, mas as emoções ainda estão aqui, eu as ignoro, mas as vezes dói, eu sinto muito ter lhe causado um mal estar, queria poder fazer algo para tirar esse olhar deprimido de sua face. — assim que falou se arrependeu, nunca tinha chegado em um cara e aquelas palavras pareciam ser diretas demais, fez uma careta de quem se arrependia e virou o rosto.

— Olha, não estou acostumado com alguém preocupado comigo e devo confessar que me deixou sem ação senhor Umada. — comentou de maneira divertida buscando os olhos de Umada, queria ter certeza de que tinha entendido as segundas intenções na fala sem jeito do Itsab.

— Não gosto quando me chamam de senhor... Me sinto um idoso e eu nem tenho mil anos ainda. — se defendia olhando ainda para um ponto qualquer, sua intenção era não encontrar os olhos de Charles.

— Ficamos de treinar a tarde e acabamos não fazendo isso, o que acha de aproveitar que o terraço está livre agora, certeza de que até o Himashi deve ter saído. — Charles convidava e ainda procurava um meio de lhe olhar diretamente nos olhos.

Umada estava sem jeito, tinha boas intenções mas era uma negação para tomar qualquer iniciativa que fosse,e na certa nem mesmo com o treino de luta corporal que fariam teria coragem de falar alguma coisa.

Nas duas horas que esteve treinando com Umada, Charles o analisou, cada passo, cada golpe, em nenhum momento viu um ponto de fraqueza em seu oponente, vampiros não precisavam descansar de fato, mas Umada, não era um vampiro era a cruza de um humano com dragão, um Itsab por isso parou após as duas horas de treinamento.

Umada Durante aquele treinamento também analisou Charles, notou que a velocidade do mais novo era um dos seus pontos fortes, a maneira como dominou o fogo que lançava em forma de flechas das Palmas das mãos o deixou admirado, os Itsab geralmente levaram meio século para aprender a moldar o fogo lançado, os golpes de Charles eram bem fortes, se o vampiro decidisse lhe quebrar os ossos o faria sem nenhuma dificuldade, sua força superava a de Umada.

O que Umada tinha de altura e músculos não era nada comparado a força de Charles, muito menos as suas habilidades.

Quem tinha visto o treinamento de longe tinha sido Kloud e Himashi, estavam a uma distância segura, não poderiam ser vistos e estavam de boca aberta.

— Acho que deveria trocar as duplas mais vezes, eles são bons juntos. — kloud murmurava sem tirar os olhos dos dois logo adiante no terraço.

— Não me coloque com o pervertido do kog e ainda seremos amigos eternamente, mas posso fazer dupla com qualquer outro. — Himashi se defendia.

— Provavelmente vou separar a fênix, tenho que m****r ela para uma segunda fase de treinamento, chegou a hora dela aprender a abrir portais dimensionais, todas as fênix tem essa habilidade, e ela precisa aprender sobre isso.

— E Kog vai ficar em Dominik? — Himashi indagava, voltando seu olhar para Kloud 

— Ah sim, tenho que deixar ele lá um tempo, o planeta dele ainda precisa de uns reajustes, e como um guardião dimensional é dever dele, e você? Vai conseguir mesmo fazer o serviço amanhã? — Kloud se referia ao fato de que Himashi daria fim a existência de Ungai. 

— Vou sim, Ungai, já teve muitas chances de mudar e não o fez, na verdade matar a esposa de Umada foi o menor dos crimes dele, teve um massacre perto de reldren, todos crianças, ele assumiu a culpa, e as provas levaram a ele, e isso é só um pequeno exemplo de tudo o que ele fez.

Himashi se lembrava dos feitos do tio, e sabia das coisas ruins que o mesmo tinha feito sendo ele quem havia julgado seus atos diante da corte, não faria sentido manter um imortal vivo se esse imortal ainda mantivesse desejos pelo caos.

Por volta das três horas da manhã já estavam todos em seus quartos, cada um pensava nas próximas horas onde entrariam em uma nova missão, algumas eram bem fáceis como a de Sophie que era apenas paralisação de um vulcão, ou ser o carrasco na aplicação de uma sentença, mas outros era procurar pela fenda dimensional e derrotar uma híbrida descontrolada, e nesse meio tempo tudo poderia acontecer a cada um deles. 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo