Era uma sexta-feira, o clima estava bastante úmido, a chuva não parava de cair no estado, entretanto a chuva não impedia o bar de Osvald, ficar cada vez mais lotado, Charles sempre ia lá, costumava voltar com Kakaou pra casa.
Aquela sexta feira foi bastante estranha, o movimento caiu perto da meia noite como era de costume e só alguns se arriscavam a continuar até madrugada a dentro, e com o movimento mais baixo dois homens passaram pela porta de entrada, Charles sentiu o cheiro na mesma hora e olhou instintivo na direção deles, Kakaou já estava com seus olhos fixos neles. —" Charles, eles são amigos?" — perguntou pela conexão mental.
—"Ainda não dá pra saber, vamos esperar, se eles fizerem alguma vítima nós atacamos."
Kakaou sentiu seu coração disparar por causa da ansiedade, ele se sentiu ameaçado, e ele que já era conhecido por ser um atrapalhado de primeira, acabou derrubando uma bandeja cheia de copos de cerveja no chão junto com uma garrafa cheia.
O dono do bar passou a mão pelo rosto.
— Eu achei que a fase de derrubar bandejas já tinha passado Kakaou, limpa isso agora, Charles! — chamou o amigo de Kakaou que sempre estava por perto. — Quer ganhar um extra? Você serve os clientes e Kakaou prepara as bebidas, isso aqui já está diminuindo o movimento por hoje, mas amanhã é sábado e estarei encrencado se ficar sem copos para servir. — Olhou para Kakaou balançando a cabeça negativamente.
— Aceito. — falou minimamente, estava assim como Kakaou curioso a respeito dos dois lobisomens que tinham acabado de entrar no local.
Kakaou tratou de limpar a bagunça que havia feito, e como em câmera lenta um deles passou ao seu lado, sentiu seu sangue congelar, sua respiração parecia ter mudado também, e ele se sentiu aliviado por ser desastrado, poderia culpar as batidas aceleradas de seu coração e sua respiração afoita, ao incidente daquele momento.
Terminou o mais rápido que pode, endireitou o corpo, puxou o ar com força e foi para os fundos, lá jogou o lixo e trouxe novas garrafas para o balcão, desta vez ele conseguiu fazer com que elas chegassem inteiras até o local.
Charles estava já no meio das mesas servindo, ele era habilidoso com aquilo, e sua natureza não permitiria que fosse diferente, sempre com um sorriso enorme nos lábios, deixando suas covinhas aparecerem em suas bochechas ele ia atendendo um a um dos clientes de Osvald.
Os lobisomens não pegaram uma mesa, ficaram no balcão do bar, encarando Kakaou, o que o deixava inquieto, contudo, ele sabia de seus poderes e do que seu veneno era capaz.
— Os senhores querem alguma bebida especial para essa noite? — inqueriu olhando de um para o outro, trazia um sorriso no rosto, um bem sem graça e amarelo.
— Ouvimos falar que faziam ótimos drinks aqui, queria experimentar algo diferenciado. — Um homem de cabelos negros, compridos até o meio das costas respondia a Kakaou, o porte físico daquele ser ainda na forma humana era um pouco assustador, o que contratava com a beleza de seu rosto.
— Bebida ... Forte, fraca, doce, cítrica... — Kakaou não sabia se tinha perguntado ou dito o cardápio para aqueles homens. —" Charles me ajuda, eu estou nervoso." — mandou mensagem pela conexão mental.
Charles do outro lado do bar lhe respondia com um sorriso amável. — " Calma, eles certamente têm um faro apurado, já devem saber que não somos humanos, então se controla, assim como estamos analisando cada movimento deles, acredite eles estão analisando a gente."
Com as palavras duras de Charles ecoando bem sua cabeça ele ainda tentava manter a pose diante daqueles homens.
— Hn, quero uma bebida forte e cítrica... — O de cabelos negros olhou para seu acompanhante. — E você maninho?
— Fraca e doce, doce como mel. — Sua voz suave, era o contraste para seu corpo musculoso, seus olhos eram verdes com alguns riscos castanhos, seu rosto lembrava um adolescente, sua barba muito bem feita, seus cabelos curtos e raspados nas laterais o deixavam com ar misterioso.
— Em um minuto as bebidas dos senhores vão estar prontas. — Kakaou respondeu minimamente.
Ficou de costas para aqueles dois, e começou a preparar as bebidas, em uma coqueteleira ele misturou Gin, wiskey e um pouco de vinho branco seco, depois adicionou uma dose de suco de limão e outra de suco de laranja, enquanto fazia essas misturas ele fazia algumas acrobacias com os copos e as garrafas, parecia que ele só era atrapalhado para andar com bandejas nas mãos.
Depois da bebida já pronta ele colocou dois cubos de gelo no fundo de um copo quadrado, em seguida começou a preparar o segundo pedido.
O homem de cabelos curtos queria uma bebida doce e fraca, então ele pegou um licor de amoras, misturou a uma bebida gaseificado, e adorou o copo com gotas de mel, colocou nesse também dois cubos de gelo, mas esses gelos eram arroxeados, afinal eram suco de mirtilo, ele havia congelado nas formas para decorar as bebidas mais leves.
Pegou os dois copos e levou para os homens, ele não esperou por uma avaliação, apenas foi limpar os recipientes que havia acabado de usar.
Charles do outro lado ainda, estava agora anotando o pedido de uma das mesas, ele olhou o rosto de satisfação dos homens ao provarem a bebida e avisou a Kakaou. —" Está nervoso por nada, eles gostaram da sua mistura."
— "Se você não percebeu, estamos em noite de lua Charles."— respondeu pela conexão mental.
— " Nem todos fazem a transformação, alguns sabem controlar. "
Kakaou virou novamente de frente para aqueles homens, e os olhou um pouco assustado, os copos vazios a sua frente indicavam que ele teria uma noite um pouco cheia.
— Muito bom, acho que depois de provar esse drink, posso lhe dizer que merece a fama que leva, gostei do toque de camomila também. — O homem de cabelos negros comentou olhando para os olhos de Kakaou.
— Eu congelo... Sucos e chás... Isso dá um sabor diferente a bebida... — Kakaou respondia devagar e mesmo assim parecia que as palavras o tinham fugido a mente.
— Vou querer mais um, por favor, certeza de que meu irmão vai querer também...— A voz grossa daquele homem o deixava nervoso, como se ele ainda precisasse de mais motivos para se sentir acuado naquele momento.
Ele se virou de costas novamente e nem percebeu que Charles estava ao seu lado.
— Já atendi suas mesas, mão furada, não sei como consegue ser tão azarado e desastrado Kakaou. — Charles provocou debochando um pouco do amigo.
— Cala boca Charles, se tivesse passado por aquilo certamente estaria igual...— Kakaou se deu conta de que falou alto demais, e olhou extremamente envergonhado para Charles.
— Desculpa, não falo por mal, é que foi engraçado, admita. — Charles falou risonho lavando os copos que uma garçonete havia acabado de colocar na pia que ficava atrás do balcão.
—" Eles estão analisando a gente, o que querem saber sobre nós?" — Kakaou inqueriu novamente pela conexão mental.
— " Vou soltar umas indiretas, apenas me acompanhe nas coisas que eu falar e não minta, são lobisomens, eles sabem quando mentimos, eu conseguia dobrar meu ex marido, esses caras eu não conheço." — Charles respondia pela conexão mental.
Ele não estava tão assustado quanto Kakaou, encontrar dois Lobisomens perdidos era algo raro, já que andavam sempre em matilhas, e pela análise de Charles, o líder era o de cabelos negros.
Kakaou preparou as doses e levou para os dois homens, seus olhos pareciam se fixar nos homens de cabelos negros, o cheiro suave de mel e cevada o deixava curioso, assim como o outro que exalava um cheiro apenas de mel, era o cheiro de Ethan.
Charles olhava de canto, ele ficou de soltar umas indiretas, mas o cheiro de Ethan em suas narinas já estava incomodando mais do que o normal.
Assim que terminou de lavar os copos ele se virou de frente e apoiou as costas no balcão, encarou o homem de cabelos curtos, a fisionomia lembrava bastante seu ex, o porte físico nem tanto, ele conseguia controlar suas reações e emoções, diferente de Kakaou que já estava surtando.
— Não me parecem ser da região. — Charles tomou coragem e falou com os homens.
— Tem razão, somos filhos das reservas, vivemos por lá, e vocês não parecem ser muito habituados ao local. — O homem de cabelos curtos falou encarando Charles.
— Tem razão, não somos daqui, mas estamos procurando paz em nossas vidas...— Kakaou soltou a indireta olhando para o homem de cabelos negros.
— Vivemos em paz na reserva, temos um acordo com caçadores... — O homem de cabelos negros respondeu olhando para Kakaou. — Prazer me chamo Christian. — Estendeu a mão na direção de Kakaou.
Kakaou esticou a mão e apertou a mão de Christian Carter, o tremor existente em seu corpo era notável.
— Me chamo Jason, Jason Carter. — Seguindo o irmão ele também se apresentou e estendeu a mão para aqueles homens e agora quem surtou foi Charles, sentiu as pernas bambas, seu coração disparou no instante em que escutou o sobrenome Carter, seus olhos também não o ajudaram, pois, ficaram marejados e trocaram de cor, indo para o violeta.
Kakaou o encarou e sentiu a garganta secar, ele sabia que aquele sobrenome iria causar essa reação em Charles.
Charles estava apertando a mão de Jason nesse momento, e diante daquele homem desabou em lágrimas, seus olhos violetas deixaram claro que ele não era humano.
— Vocês sabem, e nós sabemos... Só queremos paz... — Charles murmurou as palavras tentando soltar as mãos.
Jason puxou as mãos de Charles o fazendo se aproximar ainda mais do balcão e fixou seu olhar nos de Charles.
— Não estava nervoso até escutar nossos nomes... — Falou e soltou lentamente a mão da Fênix.
Kakaou vendo que Charles já não iria conseguir raciocinar tomou a dianteira.
— Vai lavar o rosto Charles, toma uma bebida forte, vai respirar, fumar um cigarro, eu cuido disso. — Kakaou mudou totalmente de atitude naquele momento.
Esperou Charles, se afastar e encarou os dois a sua frente.
— Quando entraram a gente sabia o que eram, e tenho certeza de que sabem quem somos, ou melhor, sabem que não somos humanos, só queremos trabalhar em paz, tentar viver uma vida calma, e meu amigo terminou recentemente com alguém que tinha esse sobrenome, parece ser algo bobo, mas ele vivia em função dessa pessoa. — Kakaou olhava de um a outro, deixou seus olhos brancos, indicando que ele também fazia algum tipo de transformação.
— Como já havíamos dito, estamos aqui a passeio, claro, gostei da sua bebida, virei mais vezes, não queremos problemas, estamos em número menor atualmente, é preciso manter a espécie. — Christian falou olhando para Kakaou, parecia ainda analisar o jovem
— E antes que perguntem, não somos lobos, somos duas criaturas, só queremos a paz... — Kakaou viu os copos vazios a frente deles. — Querem mais, posso montar outra mistura para vocês.
Jason olhou desconfiado, mas não recusou a nova bebida, aceitou assim seu irmão.
Charles estava nos fundos do estabelecimento, seus olhos pareciam que jamais ficariam sem lágrimas, se lembrou de cada momento ao lado de Ethan, de como ele sempre esteve ao seu lado como seu melhor amigo e amante. —" Eu não preciso de proteção, eu nunca precisei e eu jurei não chorar mais por isso."Seus pensamentos revoltos, a tristeza assolava seu coração de maneira absurda, seu corpo parecia tremer por completo, ali em baixo de um toldo, via a chuva cair sem parar. — " Meus olhos agora são como essa tempestade."Charles acendeu um cigarro, aquela era agora sua nova válvula de escape, a nicotina parecia o acalmar, aindaa
Os lobisomens levaram Charles eKakaoupara casa como haviam prometido, ainda na porta pareciam os pinguins de Madagascar, " Sorria e acena",sorriso amarelo, e postura de criminosos.Uma vez que a porta se fechou eles se olharam e o suspiro aliviado parecia fugir desesperado de seus lábios.—Cunhados... Seus cunhados... —Kakaoufalava ainda surpreso.—Kakaou... Eu sou fraco? — Questionou se lembrando de sua recente c
Charles e Jason já estavam a quase uma hora dentro do carro, as paisagens não mudavam, pra todo lado que ele olhava agora eram árvores, a estrada de terra, tinha se tornado uma estrada de barro e lama, ele entendia que teria de ir para a reserva e que o caminho era aquele.Seus olhos ficaram cansados de ver sempre a mesma coisa e acabou dormindo o restante do caminho, enquanto dormia era embalado pelo movimento do carro e pelo cheiro que o acalmava, o cheiro do mel.Quando acordou com o chamado de Jason avisando que estavam chegando, sua visão estava um pouco embasada. — " chegamos, eu dormi... Parecia que es
Aquele dia estava sendo cheio demais para Charles, sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, e como se nada disso bastasse ainda teria de ficar em uma casa onde tudo o fazia se lembrar de Ethan.— “Pelo menos rosas negras não são comuns nesse lugar, se fossemdaíteria que estar o tempo todo me lembrando deUmadatambém.”E foi só esse pensamento passar pela cabeça de Charles que ele olhou para o jardim nos fundos da mansão, e lá estava um canteiro de rosas, todas as cores que ele imaginasse estava lá. —“Prontoagora, não falta mais nada.”Ele estava sozinho no quarto, escutava barulhos pelo corredor, escutou as crian&cc
Eram quase três horas da manhã quando eles se aproximaram da reserva, enquanto o carro acelerava,atravésdo vidro do carro eles puderam ver uma matilha de lobisomens correndo ao lado do carro, como se apostassem corrida, dentre aqueles lobisomens tinha dois pequenos na cor branca e um outro branco que liderava a corrida, os outros pareciam ser negros,contudo,estava escuro, e quando um deles passou na frente da luz do farol do carro puderam ver a cor marrom do pelo se destacar.Aqueles lobos acompanharam o carro até a entrada da reserva, e quando o carro estava entrando todos estavam enfileirados de ambos os lados das ruas, as cabeças baixas, nenhum deles ousava levantar o olhar, naquele momentokakaouse lembrou de Lion, sempre que
Aquele dia tinha tudo para dar certo, os mais velhos haviam ido caçar, e eles gostavam de fazer isso noAlaska, um habito muito antigo entre eles, faziam isso desde muitojovens, e até tentaram passar a tradição adiante, porem os filhos detestaram a ideia.Charles estava agora privado de seu olfato, ele pediu akakaou, para ficar apenas durante o almoço sem sentir cheiros, mas gostou tanto da sensação que pediu para ficar daquela mesma forma o restante do dia, e ele não se considerava um fraco por ter decidido isso, ele se sentia bem e conseguia até mesmo olhar para o alfa e para Jason, sem sentir como se uma adaga estivesse entrando em suas entranhas. Christian fez sua transformação diante de kakaou, e seguiu sozinho para o lado de fora da casa, kakaou não iria ficar esperando, ele seguiu o alfa, eChristianseimpressionoucom o fato de kakaou conseguir correr na mesma velocidade que ele, pela conexão mental kakaou lhe explicava algumas coisas.— “Eu aprendi a usar magia, aprendi a usar aessênciade outras criaturas, uma vez que eu drenava os poderes delas e as habilidades, parte delas seguia comigo, e você é a primeira pessoa a saber disso, contudo minha coordenação motora ainda está se aprimorando já que fiqueiimóvelpor dois mil anos.”— Lobisomens Primitivos
Quando chegaram na mansão do alfa, levaram Christian para o quarto, e ele começava a acordar estando somente ele e seu irmão dentro daquele quarto ele falou com certa dificuldade.— Tratamos mal aqueles dois, e agora pouco eles estavam lutando do nosso lado... — Christian murmurou se sentindo um pouco cansado. —Eeu beijei o kakaou, não sei meus motivos, mas acho que aquele rapaz mexeu com as minhas estruturas...— Posso deixar afamíliaentrar? Você se sente bem pra receber? — Jason inqueriu tentando fugir do assunto, mas Christian segurou em seu braço.&