Os lobisomens levaram Charles e Kakaou para casa como haviam prometido, ainda na porta pareciam os pinguins de Madagascar, " Sorria e acena", sorriso amarelo, e postura de criminosos.
Uma vez que a porta se fechou eles se olharam e o suspiro aliviado parecia fugir desesperado de seus lábios.
— Cunhados... Seus cunhados... — Kakaou falava ainda surpreso.
— Kakaou... Eu sou fraco? — Questionou se lembrando de sua recente crise.
— Não, você só é sensível Charles, seu coração bondoso te impede de ser frio em determinado momento, não vou te julgar, eu quase tive um surto hoje, quando eles entraram achei que precisaria atacar, sempre ouvi dizer que os lobisomens da Terra eram primitivos e que deveriam ser parados a todo custo. — Kakaou respondia a Charles se jogando no sofá da sala de estar.
— A maioria é primitiva sim, mas existem alguns racionais e pelo que conheço da espécie imagino que sejam eles a cuidar dos primitivos... — Charles se jogou no outro sofá de frente para Kakaou. — Kakaou, qual a chance de a Dominik ter deixado os filhos ainda bebês aqui para outra mulher criar?
Kakaou sorriu, olhou divertido para Charles.
— O mel, o cheiro não mente, Dominik é a dona desse cheiro, as chances são altíssimas, não vamos dar mais detalhes do passado, deixa as coisas como estão, eles já sabem o que aconteceu com o irmão, e você já deve saber o motivo de Ethan se sentir excluído, uma família de lobos e ele como humano ali no meio.
— Droga, tudo ao meu redor parece jogar Ethan na minha cara e pra piorar eu sinto tanta saudade daquele desgraçado que mais cinco minutos sozinho com aquele cara eu teria feito alguma besteira, só pra sentir aquele gosto de mel novamente.
Kakaou se levantou do sofá, viu que suas roupas molhadas deixaram o móvel no mesmo estado, não se importou com isso, era só colocar no sol afinal, olhou para Charles e tirou do bolso um cartão.
— Você deu seu número a eles, Christian me deu o cartão dele e o do irmão, pode m****r uma mensagem para ele, você não é assim Charles, você precisa voltar a ser o mesmo canalha de sempre. — Kakaou tinha um sorriso discreto nos lábios.
— Ah, sei, e que desculpa eu usaria para ver ele novamente? Eu não tenho motivos pra ligar ou m****r mensagem, eu ... — Charles olhou para si mesmo, e em seguida para Kakaou. — A feiticeira! — exclamou com um sorriso estampado em sua face. — Eles têm uma feiticeira, pode não ser tão poderosa quanto Janine, mas ainda sim deve saber fazer alguma coisa útil.
Kakaou sorriu e colocou a mão na frente da boca, afim de esconder sua surpresa.
— Sim, uma feiticeira que não está ligada as fênix e que não se importa de trair Janine, Nanai, ficou de te levar para Dominik a hora que quisesse, mas ele nunca veio até aqui. — Kakaou coçou a nuca e desviou o olhar de Charles. — Mas se vai fazer isso, se vai pedir ajuda a eles, saiba que agora sabendo quem você é, ele não vai querer ficar tão próximo.
— Relaxa, eu só senti cheiro de fêmeas naquele lobo, para atrair a atenção dele eu precisaria ser ainda o velho Charles e sinceramente não quero, só me deu saudades... Do Ethan Carter, o maldito híbrido branco que me traiu.
— Bom nesse caso, vamos subir, tomar um banho e você fica com o cartão, não precisa me contar o que decidiu. — Kakaou deu um tapa no ombro de Charles e subiu para o quarto, ainda na escada falou um pouco mais alto. — Já ia me esquecendo, tem torta com queijo na geladeira.
Charles sorriu, por mais que os anos se passassem seu amor por queijos não mudava, ele ficou ali olhando o número do celular anotado no cartão, passou uma das mãos pelos cabelos ainda molhados, os jogando pra trás, viu seu reflexo no vidro de um armário e tomou sua decisão.
Subiu as escadas, foi para seu quarto, tomou um banho gelado, algo que ele sempre apreciou muito, diga-se de passagem, e uma vez que estava deitado em sua cama pegou o celular e mandou uma mensagem para o número no cartão.
" Boa noite, desculpa se incomodo, ainda mais a essa altura da lua, mas gostaria de tratar algo com você ou seu irmão."
Ele colocou o aparelho do lado, fechou os olhos por um momento e algo lhe passou pela cabeça. — " Se ao menos Ethan e Umada não tivessem tirado meus poderes a traição seria muito menor." — E esse pensamento rolou por sua cabeça por longos minutos, até sentir o celular vibrar, ele pegou o aparelho um pouco afoito, não se importou se isso o mostraria como um desesperado.
"Posso ligar? odeio digitar as palavras, me sinto incomodado."
"Claro que pode" - Charles respondeu na mensagem
Assim que a mensagem foi visualizada na tela do celular apareceu a chamada por um número diferente ao que ele tinha acabado de salvar na agenda de contatos.
— Bo...boa noite? Jason? — Charles falou um pouco receoso.
— Boa noite Charles, não avisei que ia ligar do meu número pessoal, está mais calmo? — a voz de Jason era tão semelhante à de Ethan que Charles ficou com um sorriso bobo em sua face.
— Sim, me desculpa por aquilo... — Charles não queria trocar figurinhas com Jason, queria saber sobre a feiticeira, tratou de pular todas as burocracias da interação social. — Vocês, disseram que poderíamos ir até a reserva? E o convite ainda está disponível?
— Sim, a hora que quiserem podem vir, teoricamente você é da família.
Charles não queria ser da família, se sentiu muito incomodado com aquilo.
— Eu... Você falou sobre uma feiticeira, e eu preciso muito de ajuda, e por favor não diga que sou da família, eu realmente quero distância do seu irmão. — Charles tentou ser o mais claro que podia, e suas palavras podiam ser muito mal interpretadas naquele momento.
— Ah, sabia que era por isso, ela se chama Lívia, uma pessoa realmente poderosa, é ela que cuida dos lobos que são feridos por caçadores, nem todos fazem parte do acordo de paz e as vezes um ou outro aparece.
— Quando posso ir até ela? — Charles falou quase interrompendo a fala de Jason.
— Se quiser posso te buscar amanhã cedo, nessa madrugada teremos um ritual de passagem para a vida adulta, e os novatos vão ocupar muito nosso tempo, mas amanhã posso estar aí nos primeiros raios de sol.
— Vai me ajudar mesmo sabendo que não sou da família, sabendo que seu irmão está no meu passado? — Charles inqueriu, sabia que a ajuda seria dada, mas queria entender os motivos.
— Vou ajudar sim, e não precisa se justificar, meu irmão também está devendo algumas explicações... Amanhã bem cedo me espere na entrada de sua casa.
— Obrigado Jason, não saberia como agradecer tal favor.
— Não quero nada em troca, gosto de ajudar as pessoas e você me parece ser um cara de bom coração, do tipo que não faz mal a ninguém.
Charles ficou sem graça, ele já tinha feito algumas maldades durante sua jornada.
Eles se despediram e Charles jamais conseguiria dormir naquela noite, a ansiedade não lhe permitiria tal ato, ele deixou Kakaou avisado, não queria que o outro se preocupasse.
Ele assaltou a geladeira um pouco antes das cinco da manhã, ele comeu a comida que Kakaou havia deixado separada pra ele, e a cada mordida se lembrava do maldito cheiro de mel, antes aquele era o aroma que mais o agradava, agora trazia o amargor do passado.
Kakaou se levantou naquela hora, quando alcançou a cozinha viu o amigo, olheiras aparentes, os olhos inchados e a aparência de quem tinha bebido todas na noite anterior.
— Achei que as fênix se recuperassem um pouco mais rápido, você está horrível Charles. — Falou rindo um pouco.
— Não estou no meu melhor dia, eu vou tomar um banho rápido e daqui a pouco eu saio.
Kakaou viu que até mesmo o andar de Charles parecia mais lento. —" Ele nunca vai ser capaz de esquecer o Ethan, ele vai querer ficar perto da reserva, apenas para sentir o cheiro do outro novamente, que o Deus Dragão possa cuidar dos sentimentos dele" — Kakaou colocou uma caneca de café em sua frente, e por alguns minutos se lembrou de Kaius. — " Só queria que você me amasse ainda, droga Kaius ..." — seus pensamentos foram interrompidos pelo barulho das batidas na porta.
Charles ainda não tinha descido, então ele correu para atender, pelo cheiro ele já sabia quem era.
— Bom dia, ele já vai descer...— Kakaou olhou um pouco inseguro para as escadas. — Entra, pode esperar ele aqui dentro.
Jason sorriu simpático, ficou olhando um pouco curioso para Kakaou.
— Bom dia, e obrigado.
Não tinha muito o que dizer, contudo ele olhou para o interior da casa, analisou mais um pouco as expressões faciais de Kakaou e não resistiu lhe fazer uma pergunta.
— Seu amigo, é uma fênix, admito não conheço muito da espécie, mas você é o que? — A pergunta de Jason caiu como uma bomba em seu estômago.
— Alguns chamam as fêmeas da minha espécie de damas do dia, os machos de senhores do dia, confesso não temos um nome específico, e tem quem chame de criatura apenas...— Kakaou decidiu abrir mais a boca, ele já estava encrencado de qualquer jeito. — Se eu morder uma criatura que tenha sido transformada, como sereias, vampiros, serpentes, lobos e os híbridos que são metade humano, eu os torno totalmente humano, e eles jamais voltam a ser o que eram antes. — Kakaou não titubeou em sua fala, o que deixou Jason animado, sua presença não era mais tão assustadora afinal.
— Charles comentou que era perigoso, me parece ser útil, sabe quantos lobisomens são transformados por engano e mortos? Se tivéssemos um ser que os fizesse ser normal novamente, seria como achar a cura para licantropia, Kakaou, você é muito útil. — Jason deu um passo à frente sorrindo.
— Ficarei feliz em poder ajudar, e sinceramente não e absolutamente nada em troca, detesto quando tentam me usar para que eu sirva a favor de algum propósito. — Kakaou se adiantou em sua fala, se lembrou de Kaius e se culpou por ter falado daquela forma, ele agora via que era uma arma de guerra nas mãos do dragão, somente agora ele enxergava as coisas com mais clareza.
— O convite que fiz a Charles, vale pra você também, acredito que meu irmão possa lhe dar alguns trabalhos, e pode agir em sigilo, os outros não vão saber da sua peculiaridade.
— Quando ele precisar caçar, sabem onde me encontrar, por hora vou ficar no bar e nessa casa, se Charles puder ir a Dominik com suas asas eu ficarei mais aliviado... Justo com ele... — Kakaou parou em sua fala, se aproximou do ouvido de Jason e lhe segredou algo. — Charles, já teve os poderes roubados uma vez, por uma criatura igual a mim, por isso o que os maridos dele fizeram foi cruel.
Jason se afastou um pouco e já tinha entendido que Charles tinha um relacionamento com duas pessoas diferentes, mas ali diante de Kakaou ele entendeu que até então Charles tinha falado muito de Ethan e ele nada sabia sobre o outro.
— Quem era o outro marido dele? — perguntou olhando para a escada com receio de que Charles aparecesse e interrompesse aquela conversa.
— Umada, ele é um híbrido, metade humano e metade dragão, são chamados de Itsabs, pois a espécie evoluiu, e agora a espécie procria como Itsabs apenas, e ele foi o primeiro amor de Charles, depois apareceu Ethan, e Charles morreu, Ethan e Umada se uniram, anos mais tarde reencontraram Charles já como uma fênix, eles não conseguiram se separar...— Kakaou puxou o ar com certa força e o soltou num suspiro ruidoso. — O amor, o companheirismo e a dedicação de um para com o outro era algo invejável, eu nunca serei capaz de entender o que os levou a acreditar que Charles era um fraco.
— Ele é sensível, falei com ele uma vez e sei disso, talvez isso o tivesse colocado "numa torre", palavras dele. — Jason destacou as últimas palavras.
Kakaou sorriu sem graça e escutou a porta do quarto de Charles se abrindo.
— Cuida dele lobo, ele já sofreu demais...
Jason sorriu positivamente, e levou seus olhos até a escada, sentiu pena a princípio do homem que descia por ela.
— Boa sorte Charles, eu vou voltar a dormir, trabalho a noite, então meu dia vai ser na cama.
Charles sorriu amarelo para Kakaou, sua audição não era tão apurada, quanto seu olfato, não tinha como ele ter escutado toda a conversa, contudo notou um olhar simpático em Jason.
Aquele homem o ajudaria e isso o deixaria feliz, se desse tudo certo e de acordo com os planos é claro, já que ele nem ao menos sabia quem era ou como era a tal feiticeira.
Charles e Jason já estavam a quase uma hora dentro do carro, as paisagens não mudavam, pra todo lado que ele olhava agora eram árvores, a estrada de terra, tinha se tornado uma estrada de barro e lama, ele entendia que teria de ir para a reserva e que o caminho era aquele.Seus olhos ficaram cansados de ver sempre a mesma coisa e acabou dormindo o restante do caminho, enquanto dormia era embalado pelo movimento do carro e pelo cheiro que o acalmava, o cheiro do mel.Quando acordou com o chamado de Jason avisando que estavam chegando, sua visão estava um pouco embasada. — " chegamos, eu dormi... Parecia que es
Aquele dia estava sendo cheio demais para Charles, sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, e como se nada disso bastasse ainda teria de ficar em uma casa onde tudo o fazia se lembrar de Ethan.— “Pelo menos rosas negras não são comuns nesse lugar, se fossemdaíteria que estar o tempo todo me lembrando deUmadatambém.”E foi só esse pensamento passar pela cabeça de Charles que ele olhou para o jardim nos fundos da mansão, e lá estava um canteiro de rosas, todas as cores que ele imaginasse estava lá. —“Prontoagora, não falta mais nada.”Ele estava sozinho no quarto, escutava barulhos pelo corredor, escutou as crian&cc
Eram quase três horas da manhã quando eles se aproximaram da reserva, enquanto o carro acelerava,atravésdo vidro do carro eles puderam ver uma matilha de lobisomens correndo ao lado do carro, como se apostassem corrida, dentre aqueles lobisomens tinha dois pequenos na cor branca e um outro branco que liderava a corrida, os outros pareciam ser negros,contudo,estava escuro, e quando um deles passou na frente da luz do farol do carro puderam ver a cor marrom do pelo se destacar.Aqueles lobos acompanharam o carro até a entrada da reserva, e quando o carro estava entrando todos estavam enfileirados de ambos os lados das ruas, as cabeças baixas, nenhum deles ousava levantar o olhar, naquele momentokakaouse lembrou de Lion, sempre que
Aquele dia tinha tudo para dar certo, os mais velhos haviam ido caçar, e eles gostavam de fazer isso noAlaska, um habito muito antigo entre eles, faziam isso desde muitojovens, e até tentaram passar a tradição adiante, porem os filhos detestaram a ideia.Charles estava agora privado de seu olfato, ele pediu akakaou, para ficar apenas durante o almoço sem sentir cheiros, mas gostou tanto da sensação que pediu para ficar daquela mesma forma o restante do dia, e ele não se considerava um fraco por ter decidido isso, ele se sentia bem e conseguia até mesmo olhar para o alfa e para Jason, sem sentir como se uma adaga estivesse entrando em suas entranhas.
Christian fez sua transformação diante de kakaou, e seguiu sozinho para o lado de fora da casa, kakaou não iria ficar esperando, ele seguiu o alfa, eChristianseimpressionoucom o fato de kakaou conseguir correr na mesma velocidade que ele, pela conexão mental kakaou lhe explicava algumas coisas.— “Eu aprendi a usar magia, aprendi a usar aessênciade outras criaturas, uma vez que eu drenava os poderes delas e as habilidades, parte delas seguia comigo, e você é a primeira pessoa a saber disso, contudo minha coordenação motora ainda está se aprimorando já que fiqueiimóvelpor dois mil anos.”—
Quando chegaram na mansão do alfa, levaram Christian para o quarto, e ele começava a acordar estando somente ele e seu irmão dentro daquele quarto ele falou com certa dificuldade.— Tratamos mal aqueles dois, e agora pouco eles estavam lutando do nosso lado... — Christian murmurou se sentindo um pouco cansado. —Eeu beijei o kakaou, não sei meus motivos, mas acho que aquele rapaz mexeu com as minhas estruturas...— Posso deixar afamíliaentrar? Você se sente bem pra receber? — Jason inqueriu tentando fugir do assunto, mas Christian segurou em seu braço.&
Enquanto Jason e Charles pareciam ter um momento inusitado e totalmente fora do roteiro de Charles, na mansão de Christian, momentos depois do filho do alfa sair do quarto e ir cuidar dos primos mais novos,kakaoufinalmente criou coragem para entrar, e só fez isso quando recebeu a frase de Connor.— “Entra logo, ele está te esperandokakaou!”Talvez os lobisomens não precisassem de uma conexão mental, já que eram tão unidos que lhes bastava um olhar para entender o que o outro queria dizer, entretantoKakaouestava conhecendo aqueles seres agora, diferente de tudo o que ele conhecia em kanish.
Kakaoutinha sim vários problemas relacionados a forma com que viveu, contudo ele estava se adequando aquela nova realidade e a sua situação.Christian na presença do senhor do dia estava tentando manter a calma e agir de maneira adequada, ele não queria de forma alguma ultrapassar nenhum limite, mas assim que o viu todo encolhido ao seu lado, como se fosse errado ele estar ali, ele precisava tomar uma atitude, não queria passar a ideia errada para o rapaz, mas precisava cuidar dele.—Kakaou... — Sussurrou o nome, próximo ao seu ouvido. — Eu não quero ultra