Hardin Holloway. Escutei o bater de portas. Tudo parecia agitado desde que Livy Clarke deixou a minha empresa. A mesa em que ela costumava estar, ainda continuava vazia. Eu me sentei e analisei toda a papelada empoeirada. Ninguém podia tocar naqueles objetos. Tudo ainda pertencia a ela. Divaguei por ali, observando tudo que ela havia esquecido ao ir embora. A foto estranha abraçada com o amigo, guardada dentro da gaveta, os doces que ela escondia para aplacar os desejos de grávida... Eu ainda não entendia como havia sido tão insensível. Me perguntava sempre que a minha cabeça encostava no travesseiro, se tudo seria muito diferente se eu a tivesse amado quando decidi odiar. Quanto tempo eu perdi a tirando do meu prédio? Da minha vida? Quanto ela me odiou quando eu a demiti? Eu a assustei naquele hospital, ou Livy Clarke sempre fugir de mim por que sua intenção sempre foi recuperar a herança que de fato pertencia a ela? Todas as perguntas não me deixavam dormir direito, e já se podia n
Eu estava sentindo tudo novo quando deixei a clinica. Meus olhos estavam embaçados por um tempo razoável de vinte e quatro horas, até que finalmente eu pude ver como nunca antes. Mas agora, não estava mais tão feliz. Sentada em uma cadeira, alguém jogava agua gelada no meu cabelo, e eu precisava que Juan segurasse os meus ombros para não fugir daquele salão. Duas mulheres cuidavam dos meus pés e mãos, enquanto alguém mexia no meu cabelo muito longo, mas que sempre estava preso. Eu só queria ir para casa, cuidar da minha filha. Eu não conhecia aquelas pessoas, e não sabia se podia confiar nelas. O que eu estava fazendo? Se eu ficar mais feia? Se eu não conseguir alcançar as expectativas do Juan? Se as pessoas naquela festa rirem da minha aparência? – Por favor, me distrai! Eu preciso parar de pensar no que estão fazendo comigo, por que se não, vou ficar louca. – O que você colocou naquele convite que enviou para os seus antigos atormentadores? – Você não pode falar de outra coisa?
Provei uma porção de vestidos na semana passada. Roupas de executiva, e para jantares elegantes que eu provavelmente não iria. Ainda me encarava no espelho logo pela manhã, e não podia me reconhecer. Meus lábios pequenos como cerejas continham um tom avermelhado e arredondado. Meu rosto se delineava em traços finos, e sem todos aqueles pelos, eu mal conseguia reconhecer como a minha pele havia sido substituída. Era como se eu fosse outra pessoa. Eu me sentia bonita. Eu me sentia linda e sexy pela primeira vez em muito tempo. Estava tão cansada. O bebê não chorava tanto desde quando nasceu. Talvez ela esteja sentindo que vai voltar para aquele lugar caótico. Toquei no berço, olhando aquela coisinha pequena dormir. Ela era tão linda, e tão parecida comigo agora. Meu coração se enchia de dor sempre que pensava no que diria quando ela perguntasse sobre o pai. Quem era o pai da Maive? Eu sabia, mas não queria aceitar que um homem tão ruim quanto Daren Holloway assumisse a minha filha. E
Demorei algum tempo para decidir se viria a esse jantar ridículo. Tudo isso parecia uma espécie de fantasia, e eu queria muito sair dela. Olhar o riso das pessoas me causava uma sensação estranha. Era quase como ver o mundo em câmera lenta. Eu odiava aquelas mulheres que me olhavam como um pedaço de carne, e odiava o terno de cinco mil dólares que vestia. Eu odiava ter pensado em usar gravata borboleta, então a arranquei e enfiei no meu bolso esquerdo. Eu odiava ter adquirido o habito de fumar agora, mas era a única forma que encontrei para me acalmar, sem acabar com o meu fígado também. Daren chegou alguns minutos depois, e eu podia ver a forma como ele tentava disfarçar a tensão no olhar. Nem mesmo ele sabia o que estava prestes a acontecer, mas eu devia admitir. Ele tinha alguma coragem em ainda se atrever a aparecer. – Querido irmão... Você veio? – Daren disse. Eu sentia o desprezo na voz dele. Voltei a olhar para o rosto dele. Nunca fui intimidado por alguém, e não aconteceri
Aquela luz levemente azul se apagou. Tudo que restou no ambiente foram as luzes de um palanque, e eu colei os meus olhos ali, como se esperasse que Livy Clarke caminhasse na minha direção. Estávamos próximos do palco. Daren Holloway continuava caído no chão, tocando em sua boca sangrando, enquanto Maila fingia que nem o tinha notado daquela maneira. – Me ajuda aqui, sua inútil! – Daren ordenou. Maila se abaixou para ajuda-lo, e foi quando as luzes das portas também se acenderam. Eu podia ver o momento em que o meu rosto se desviou, devagar, e sem qualquer ritmo em direção aqueles dois homens escancaravam as portas. Meus olhos ainda acompanhavam os movimentos dos sapatos, aqueles pés, aqueles saltos, não eram da Livy Clarke. Eu esperei que ela surgisse no ambiente, mas tudo que vi foi uma linda asiática usando seu vestido azul marinho, em um veludo tão perfeito que eu podia vê-lo brilhar. Aquele corte na perna, eu devia admitir que era sensual, mas não conseguia entender tanto al
Eu sabia o quanto todos eles estavam chocados. Eu podia sentir as correntes de cristais do vestido nas minhas costas nuas. Meu cabelo jogado para o lado. Meu coração estava palpitando, e eu estava nervosa. As minhas mãos estavam suadas, enquanto eu sentia os olhares do Hardin na minha direção, queimando a minha pele reluzente.– O que disse? Eu não fiz plástica no nariz! – Fez sim! – Daren Holloway avisou, em alto e bom som. Então eu o tinha notado ali, sentado no chão como um inútil. Meus olhos se direcionaram para ele, e eu já não tinha mais que fingir desprezo por alguém. Dessa vez, cada um dos meus sentimentos eram verdadeiros. – E você, parece que vai precisar também! – Brinquei, sobre como seu nariz sangrava naquele momento. – Foi apenas um... – Ele tentou explicar. Coloquei as mãos a frente. – Não perguntei.– Eu sei, mas eu queria... – Não se preocupe. Não tem nada a ver comigo. O que acontece com você, não é do meu interesse. – Eu seu, é só que eu... – Eu já disse que
Eu estava paralisado. Mal podia mover os meus pés. Meu corpo inteiro tremia de ódio e antecipação. Porque Livy Clarke tinha que me torturar tanto assim? Os meus olhos acompanharam o caminhar daquele homem, e eu só conseguia pensar no motivo para continuar ali, parado, observando Eliot subir ao palco com aquele terno ridículo, e aquele sorriso de satisfação no rosto. O que havia de errado comigo? Estava mais do que claro que Livy Clarke nunca foi a mulher que eu acreditei, então, o que justificava que eu ainda desejasse me explicar para ela? Tudo que eu sabia, não traria nada mais que sofrimento a quem não merecia. Eu não seria bom o bastante para elas, e Livy Clarke definitivamente não era boa o bastante para mim.Eliot a abraçou de lado, tocando nos ombros macios, e eu sentia minhas entranhas se revirando quando ele massageou os braços finos. Os nossos olhos se encontraram. Eliot sorriu para mim, no meio da multidão, dentre todos, foi o meu rosto que ele procurou. Agora, eu sabia qu
Os meus olhos estavam arregalados, tão clássicos quanto eu costumava fazer sempre que Hardin me assustava. A forma brutal como ele andou na minha direção... Eu podia jurar que ele socaria o homem que tocava nas minhas costas nuas. Mas eu praticamente girei quando ele me puxou pela mão, me arrastando para longe. Eu tentei resistir... Tentei mesmo! Mas paralisar mais os meus passos, só resultaria em ser arrastada como uma mulher das cavernas. Hardin segurou em uma das minhas mão e a jogou em seus ombros. Eu tinha sensações que odiava ter por ele. Tudo que veio a tona, era um lembrete dos tempos em que eu amava o meu chefe perfeito em silêncio. Dos momentos em que eu o buscava dos encontros com outras mulheres. Da forma como ele me julgava e evitava olhar para a minha barriga. Eu tentava manter os meus olhos distantes dele, desviando para o lado, mas as mãos dele deslizando nas minhas costas causava arrepios em mim. – Com licença... – Afirmei! Mas eu sabia que estava enrascada, por que