Capítulo 54: Fora da razão MateusA manhã seguinte chegou com a pesada nuvem de um dia que começava a se desdobrar em um novo ciclo de ordens e exigências. Me encontrava trancado em um quarto reservado, com apenas alguns momentos para pensar e processar o que havia acontecido. A derrota e o desamparo me acompanhavam, e a perspectiva de obedecer às ordens de Hassan era uma tortura silenciosa.Após ser solto não consegui encarar diretamente Júlia, que estava com Hassan. A presença dela era um lembrete constante das decisões e das mudanças que eu não poderia reverter. Cada passo que dava em direção à aceitação da nova ordem me fazia sentir mais distante da vida que eu conhecia e da família que havia perdido.Durante uma pausa, tive uma única oportunidade de falar com Júlia. Ela estava sozinha por um momento, e eu me aproximei com hesitação. A sensação de vulnerabilidade era esmagadora. Precisava aproveitar essa chance para buscar algum tipo de alívio para minha alma atormentada.— Júlia
Capítulo 55: Entregues ao desejo JúliaA manhã chegou com uma sensação inquietante. Mateus estava em um quarto reservado, o comôdo pelo silêncio opressivo, enquanto minha mente estava mergulhada em pensamentos sombrios. Cada detalhe do meu novo status como esposa do Hassan era um lembrete constante da minha condição submissa. Quando ele foi solto, percebi que não me olhava diretamente.Finalmente, tive uma chance de conversar com mateus. Ele veio até ao meu encontro, e eu me aproximei com uma sensação de angustia devido ao seu desamparo. Cada passo em direção a ele era um grito silencioso de preocupação.— Júlia... — a voz estava cheia de tremor e insegurança. — Foi... foi bom? Ele foi carinhoso pelo menos?Levantou o olhar, encarando-me, o sofrimento que carregava foi claramente visível aos meus olhos. Fui compreensiva, pudia enxergar aquela dor como se fosse minha. — Mateus, — respondi com uma suavidade que parecia tocá-lo profundamente. — Eu entendo o quanto isso é difícil. Posso
Capítulo 56: Astuto mesmo na vitória HassanA satisfação que senti naquela manhã não era apenas resultado da noite passada, mas também do modo como os eventos estavam se desenrolando. A mesa de café da manhã estava posta, e o aroma do café recém-passado preenchia o ar com uma sensação acolhedora. A manhã estava clara e prometia ser um dia de revelações e sutis jogadas de poder.Enquanto eu me servia de café e tomava um croissant com manteiga, observei Júlia com um olhar de satisfação. O relacionamento com ela estava se solidificando, e eu estava determinado a mostrar isso de todas as formas possíveis, especialmente em frente a Mateus e Helena. A maneira como me comportava era uma afirmação de nossa nova dinâmica, e eu pretendia deixar isso claro para todos à mesa.— Bom dia, amor — disse eu, dirigindo-me a Júlia com um sorriso afetuoso. — Espero que tenha tido uma boa noite de descanso.Júlia sorriu para mim, um pouco envergonhada, e murmurou um "bom dia" em resposta. Mateus e Helena
Capítulo 57: Uma grande família italianaMarco Ser convocado por Hassan nunca era um bom sinal. Ainda mais quando o convite era para morar no castelo. A vida estava prestes a mudar, e desta vez, não seria apenas eu a enfrentar as consequências. Laura, minha esposa, viria comigo. Ela não tinha ideia do que a esperava, e, sinceramente, nem eu sabia como as coisas se desenrolariam. Mas a decisão estava tomada, e a única coisa que podíamos fazer era seguir em frente.Enquanto dirigíamos em silêncio, a atmosfera dentro do carro era densa. Laura estava ao meu lado, tranquila por fora, mas eu conhecia bem o suficiente para perceber a apreensão em seus olhos. O castelo de Hassan não era um lugar para inocentes, e Laura, apesar de tudo, ainda guardava uma certa inocência. Eu a amava por isso, mas ao mesmo tempo, temia pelo que poderia acontecer com ela ali.Quando chegamos, o castelo se ergueu diante de nós como uma fortaleza impenetrável. A arquitetura intimidante refletia exatamente o
Capítulo 58: Debaixo do teto de HassanHassanO jantar estava servido, e a mesa do palácio estava repleta de pratos elaborados, preparados pelos melhores chefs que o dinheiro poderia comprar. Todos estavam presentes: Júlia, minha esposa, ao meu lado, com seu olhar que sempre tentava disfarçar a inquietação; Helena, minha filha, mantendo sua postura altiva; Mateus, o genro que eu tinha que tolerar, ainda que me desse mais trabalho do que qualquer outro; e, claro, os mais jovens — Thomaz e Catarine, que pareciam tão distantes um do outro como se fossem de mundos completamente diferentes.Marco estava sentado mais próximo de Helena, acompanhado de sua jovem esposa, Laura, que parecia alheia a tudo, quase como se não soubesse ao certo o que fazia ali. A observava de relance, curioso para entender o que Marco tinha visto nela. Mas a presença dela ali pouco me importava no momento. O que realmente contava era o controle que exercia sobre todos naquela mesa.— Espero que todos estejam aprove
Capítulo 59: Mentiras acima de tudoJúliaEra uma manhã tranquila, o sol dourado banhava os jardins do palácio, criando um cenário quase idílico. Do meu lugar na sacada, observava atentamente Thomaz correndo pelo gramado, cheio de energia e entusiasmo. Ele parecia estar tentando fazer amizade com Catarine, minha filha. Ela, no entanto, mantinha-se distante, uma expressão séria no rosto, recusando-se a participar das brincadeiras do garoto. Era doloroso assistir a essa interação, ou melhor, à falta dela. Eles eram irmãos, ligados por laços de sangue que ambos desconheciam, filhos do mesmo homem—Mateus.A culpa pesava em meu peito como uma âncora. Como eu poderia mantê-los ignorantes dessa verdade? E ainda pior, como pude me deixar levar por uma rede de mentiras que só parecia se complicar mais a cada dia?Enquanto meus pensamentos se entrelaçavam, ouvi passos se aproximando. Mateus estava ao meu lado antes que eu pudesse me virar. O choque me fez prender a respiração por um segundo, e
Capítulo 60: A inocência de uma criançaThomazDesde que cheguei ao palácio, tudo parecia um sonho. As paredes douradas, as cortinas pesadas de veludo, o cheiro suave de flores frescas que preenchia o ar — tudo era tão diferente do que estava acostumado na vida antiga no orfanato. Mas nada chamou mais minha atenção do que ela, a menina de longos cabelos negros, olhos castanhos profundos e um nariz empinado que a fazia parecer uma princesa saída de um conto de fadas. Ela se chamava Catarine.Toda vez que eu a via, meu coração acelerava. Ela era linda, mas não era só isso. Havia algo nela que me lembrava Júlia, a mulher que secretamente desejava poder chamar de mãe. Era estranho, quase como se uma parte de mim soubesse que havia algo mais profundo ligando todos nós.Eu queria tanto me aproximar de Catarine, tentar ser amigo dela, mas ela sempre parecia distante, alheia ao meu esforço. A inveja ardia no meu peito quando a via ao lado de Júlia, mesmo que essa proximidade fosse rara. Não e
Capítulo 61: A vida como ela é JúliaEra madrugada, e o silêncio no palácio era quase absoluto, exceto pelo som suave dos meus passos enquanto descia até a cozinha. O sono não vinha, e a confusão de sentimentos que me atormentava não me dava paz. Encontrei Marco sentado à mesa, com uma xícara de café nas mãos e os olhos perdidos no vazio.— Não consegui dormir — ele disse, sem me olhar diretamente.— Eu também não — respondi, sentando-me à sua frente. — Como vai, Marco? Como está... sua nova vida?Ele suspirou, e por um momento, o semblante dele se suavizou, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.— Está tudo bem, Júlia. Laura é uma boa mulher. E... estou tentando encontrar meu lugar aqui.Havia um peso em suas palavras, algo não dito, mas muito sentido. Marco carregava consigo, um segredo que compartilhávamos, mas que nunca falamos abertamente. Era um fardo que ambos suportávamos, cada um à sua maneira.— Fico feliz por você, Marco. De verdade — sorri, tentando tran