CAPÍTULO 01

EMANUELLE REGINA

Chamam isso de traição

Dizem que sou o culpado

Ninguém precisa procurar um outro alguém

Quando já é amado

Me entreguei como carícias e os beijos de outro alguém

No meu corpo trago cheiro de outra cama

(Chamam Isso de Traição, João Neto & Frederico parte. Bruno e Marrone)

Pego meu tablet e abro no site de fofocas, meu mundo quase se acabe em risadas quando começo a ler:

"UMA TRAIÇÃO, MIL CAIRÃO.

Seguindo fontes confiáveis, o grande Gabriel Dustupin – Diretor e dono das empresas Dustupintecidos – foi traído pela sua esposa, a modelo Suellen Maria Souza. Segundo informações, a ruiva estava tendo um caso com o então noivo de sua melhor amiga, ainda segundos informações o amante tinha sido promovido recentemente na empresa.

Gabriel Dustupin não quis dar entrevista, mas já Frederico – o amante – disse que tudo não passou de um mal-sentido, mas como fotos recebidas provam o contrário. Suellen Maria viajará para Istambul e esperamos que o mar seja pronunciado.

Continuarei acompanhando de perto essa história, e quando tiver mais informações eu Danilo Grenn deixarei que vocês sejam os primeiros a saber."

Danilo Grenn é o jornalista temido por grande parte dos empresários, ele tem a língua solta e não tem medo de distribuir de graça seu veneno.

Seu Gabriel deve estar fervendo de raiva, mas ainda bem que eu não verei a sua fúria. Hoje mesmo estou indo para o México, não quero estar por perto quando Frederico descobrir que limpei nossa conta conjunta, e também não quero ouvir suas mentiras esfarrapadas.

Passarei um mês no México, e de la pretendo pedir demissão. Seu Gabriel entenderá que será muito difícil viajar para a empresa.

Olho para o meu novo lar e sinto um vazio no peito, mesmo não querendo deixar que lagrimas grossas desçam pelo meu rosto. Eu passei anos fazendo contas e comprando algo tudo para economizar. Não foi final foi tanto sacrifício por nada.

A quanto tempo eles estavam juntos?

Suellen Maria me deu inúmeros conselhos e até mim ajudou a escolher o vestido de noiva, como ela teve coragem para me trair dessa maneira?

Me jogo na cama e abraço o travesseiro, como meu conto de fadas virou um conto de terror?

**

...eu não vou. eu não vou. eu não vou. UM MÊS DEPOIS...

Sinto meu corpo ficar tenso assim que entro na empresa, trabalho aqui durante seis anos. Foi aqui que conheci Frederico, foi aqui que ele começou a ganhar espaço em meu coração. Foi aqui também que encontrei a biscaranha da Suellen.

Me sinto mal recebendo todos aqueles olhares de tristeza, todos eu conhecer e estar na minha festa de noivado. Respiro fundo buscando coragem e entro no elevador, Graças a deus este vazio. Quando chego ao andar da presidência, sinto vontade de vomitar, Gabriel e Suellen estão se beijando como se não houvesse amanhã.

Como ele foi capaz de perdoar depois de tudo?

Limpo a garganta e eles se afastam, Suellen me mede de cima a baixo e eu não me deixo intimidar, já seu Gabriel se mantem neutro.

— Podemos falar do senhor Dustupin?

- Claro, vamos para ou meu quarto. — Ele beija a ruiva e eu reviro os olhos.

— Comeu depois docinho. — Resmunga manhosa e a vontade de vomitar volta.

Cansada da demonstração de afeto, entro na sala e sento. Seu Gabriel não desmoraliza muito e entra sério, arrumando o paletó. Gabriel Dustupin tem cinquenta e dois anos, um metro e sessenta e oito e pesa oitenta e três anos, sei de todas essas informações porque era seu assistente pessoal e ele achava legal repassar essas informações.

Os cabelos negros assim são negros por conta da tintura que ele passa a cada quinze dias, teve uma época que além de assistente dele foi sua cabelereira, não sei como aguentei todas as suas manias.

— Sinto muito por tudo.

Diz sentando em sua cadeira, arrumo minha postura e o encaro por cinco segundos, tentando acreditar em suas palavras.

— Vejo que o senhor superou rápido.

Minha fala é acido puro e ele me encara surpreso.

— Eu a escutei, você deveria fazer o mesmo com seu noivo. — Levanto impaciente. — Homens tem necessidades Emanuelle. — Balanço a cabeça incrédula.

— Eu não vou discutir com o senhor, só quero a minha demissão.

Se ele quer acreditar na historinha que os dois contaram, tudo bem. Mas eu não ficarei ao lado de um homem que me acha insuficiente por isso vai atrás de outras.

— Não vou te dar.

Seus olhos castanhos me encaram, me desafiando a ir contra a suas palavras.

— Eu não vou mais trabalhar aqui. — Aumento o meu tom da voz

— Vai sim Emanuelle, temos um contra...

— Que venceu mês passado e não foi renovado. — Entrego o contrato e ele me olha furioso. — Ou o senhor aceita minha demissão, ou Danilo terá muita fofoca para amanhã.

Eu sei que ele detesta o Danilo mais que tudo, e é claro que não vai correr o risco de ter a empresa envolvida em mais um escândalo.

— Muito bem senhorita Lima, você terá sua demissão. — Respiro aliviada. — Mas você nunca mais vai conseguir emprego.

— Ótimo. — Respondo como quem não está ligando, mas meu interior está borbulhando de raiva.

Não sou uma pessoa vingativa ou rancorosa, mas no momento estou tentada a colocar pimenta na cafeteira e espalhar certos coisas a respeito do senhor Dustupin, só que não farei isso. Ele vai quebrar a cara sozinho, e eu espero que o Danilo Grenn esteja lá para contar ao mundo.

— Avisei o RH e só você passar la.

— Tenha um bom dia senhor Dustupin. — Aperto sua mão.

— Você vai se arrepender de perder um homem como Frederico.

Seus olhos estão nos meus, e suas palavras não tem um pingo de verdade. Ele sabe que eu não vou me arrepender, mas quer me desafiar a dizer o contrario. Ele me conhece o suficiente para saber que não voltarei atrás da s minhas decisões.

— Já estou arrependida de ter conhecido ele. — Sou áspera e puxo minha mão.

Seu Dustupin sorri balançando a cabeça em seguida, dou as costas e saio da sala.

Inacreditável como ele conseguiu perdoar eles, acho que eu nunca vou conseguir perdoa-los. Minha mãe sempre me falou que vamos fazer muitas escolhas na vida, mas que eu deveria ter em mente que certas escolhas não merecem perdão.

Entro no elevador e aperto o botão do terceiro andar, chegou o momento de fazer uma última visita ao setor de Rh.

Deixo a empresa meia hora depois, não me despeço de ninguém e entro no carro sentindo a dor sufocar m meu peito, uma lagrima solitária corta meu rosto. Antes de dar partida para a casa dos meus pais, olho uma última vez para a empresa e desejo de todo o coração que o senhor Gabriel veja a burrada que fez ao perdoar a traição.

Como diz Marilia Mendonça²: traição não é erro, é uma escolha. Eles que vivam com a escolha deles, que agora eu vou em busca de novas bocas, porque meu lema agora vai ser: quem pego eu, sofreu.

Jabuticamel que me aguarde.

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