Capítulo 3

Yuki

Hoje acordei febril e com muita dor de cabeça, então decidi ficar deitada. Não devia ter chorado tanto ontem.

— Mana acorda, está na hora. 

— Bom dia, Will. — Digo após tossir. 

— Bom dia! Você está bem Yuki? — Ele se aproxima e coloca a mão em minha testa. 

— Nossa Yuki! Você está queimando em febre. 

— Sim. Estou com dor de cabeça também. 

— Então fique de repouso. Irei fazer seu café da manhã. Se piorar te levo ao médico.

 Ele sai do quarto e eu fico deitada de olhos fechados descansando. De repente escuto a voz de Peter. Meu coração acelera e saio da cama para vê-lo. Desço as escadas e quando o vejo dou um sorriso e o cumprimento, tento não demostrar muita ansiedade. Ele estava preocupado comigo. Ou ele estava apenas curioso, eu não sei dizer.

Eu sabia estar doente devido ao meu emocional e pelo banho gelado, sempre deixo meus problemas me dominarem e isso é terrível. Mas apenas digo que foi a friagem que me deixou assim.

Ele demonstrou tanta preocupação comigo que fico encantada. Will estava preocupado por eu estar fora da cama, e estava chateado, ele não gostou nem um pouco de um desconhecido estar em nossa casa sem sua presença, resolvo obedece-lo para não o preocupar mais ainda, ele se esforça demais para cuidar de mim e de tudo aqui em casa, o mínimo que posso fazer é descansar para que ele também fique bem.

Entro em meu quarto e deito-me novamente. Não sei por que, mas desejo ver Peter novamente, meu coração acelera a cada minuto que penso nele, sinto como se o conhecesse há muito tempo. Will entra em meu quarto e atrapalha meus pensamentos.

— Yuki, aqui está seu café da manhã, vou trabalhar, mas se quiser eu fico aqui com você. — Ele me trouxe um croissant de presunto e queijo, e uma xícara de café forte, do jeito que gosto. 

— Não precisa meu irmão, ficarei bem, pode ir.

— Tudo bem. Mas se precisar de mim, ligue que venho correndo. — Ele me dá um beijo na testa e vai para o trabalho.

... 

É manhã de sábado e eu não tenho nenhuma opção, a não ser ficar na cama até melhorar. Tomo meu café da manhã e fico assistindo desenho animado em meu celular. Daqui a 15 dias as aulas voltarão e eu preciso melhorar logo, não quero perder o primeiro dia de volta as aulas. Depois de uma hora deitada resolvo dar uma volta pelo jardim, mas estava monótono, então fui passear no parque, enquanto caminho vejo Peter sentado debaixo de uma árvore grande e robusta, ele está lendo e sorrindo. Aquele sorriso, bagunça minha mente, não entendo o porquê. 

— Olá Peter! O que você está lendo?

 — Olá Yuki! São letras de música que estou escrevendo, ainda não estão prontas. O que está fazendo aqui fora? Você pode piorar. — Ele se levanta parecendo bem preocupado. Ele tem um olhar tão gentil.

— Eu sei. Apenas queria dar uma volta, ficar em casa estava um tédio. — “Até parece que não estou feliz de vê-lo.” 

— Então já que está aqui, você quer dar uma volta no parque comigo? 

Quando ele diz isso, meu coração dispara e com um leve sorriso aceito o convite. Saímos dali e andamos em volta do lago. Compramos pães e fomos alimentar os patos, peixes e os pássaros. Depois fomos passear no shopping, entramos em um parque de games e jogamos quase todos os jogos, ganhamos muitos tickets e trocamos por vários doces, troquei por várias barras de chocolates e ele por pirulitos e chicletes.

— Yuki. Você gostaria de almoçar comigo? — Disse fazendo reverência como um príncipe. 

— Como eu poderia negar um pedido de um doce cavalheiro? — Me senti envergonhada de falar assim, não sei como agir ou falar, estou no automático. Ele riu e fomos para o Ristorante Antonella Rosseti. 

— O que a senhorita vai querer? Pode pedir o que quiser. 

— Você escolhe, quero saber seus gostos. 

— Espero que goste. Garçom, por favor! 

— Pois não senhor? Gostaria de fazer o pedido?

— Sim. De entrada gostaria de pedir Bruschetta de presunto de Parma, queijo e rúcula. O prato principal, nós iremos querer nhoque de ricota e espinafre ao molho à bolonhesa. E para sobremesa iremos querer pudim. Para beber suco de uva. 

— Sim, senhor! Daqui a pouco volto com o pedido. 

— Nossa, quanta classe, senhor Peter. 

— Muito obrigado. Participo de muitos jantares de negócios com meus pais desde criança. Acabei pegando a mania com meus pais e com os senhores e senhoras com quem eles fazem negócio. 

— Em que seus pais trabalham? 

— Eles são donos de cafeterias e restaurantes em Atena, os locais vivem lotados, as pessoas adoram a comida deles. Eles compraram um prédio por aqui e começarão as reformas em breve. — Disse com orgulho. 

— E você? Também trabalha nos negócios da família? 

— Ainda não. Estou focado nos estudos, mas estou me preparando para assumir gerência. 

— Então Peter, onde você cresceu? — Digo curiosa, quero saber tudo sobre aquele garoto encantador que mexeu com meu coração. 

— Nasci e cresci em Atena. É uma cidade bem agitada, carros para todo lado, grandes prédios, pessoas sempre correndo, sempre trabalhando. Não aproveitam o tempo. Há um parque com lindas flores de todas as cores, e todos passam sem se importar. Todos sempre estressados, e o ar poluído não ajuda muito.

— Você parece aflito. Você odeia a cidade?

— Sim. Não consigo viver em um lugar onde ninguém aproveita o belo da vida. Lá a maioria das pessoas age como robôs, e eu me cansei disso, tudo aquilo estava me deixando estressado e doente. — Sua tristeza era evidente.

— Essa cidade é maravilhosa, eu amo a paisagem, tudo tão verde, montanhas até perder de vista, todas verdes e cheias de vida, grandes árvores majestosas, flores de todas as espécies e cores, com diversos perfumes, animais vivendo em seu habitat sem ninguém interferir, pessoas felizes, ar puro. Tudo é magnífico. Estou apaixonado por essa cidade. — Fico admirada com tanta paixão, nunca parei para apreciar nossa cidade assim como ele.

Nossas entradas chegaram e o cheiro estava magnífico. Comemos e em poucos minutos chegaram nossos almoços e nossa bebida, o sabor era realmente divino. Ele tem ótimo gosto. 

— Me fale sobre você Yuki. O que gosta de fazer?

— Eu gosto de ler, escrever, desenhar e dançar.

— Dança para mim algum dia? — Aquela pergunta me pegou desprevenida. Ele fica alisando a taça olhando para o chão e para mim. 

— Claro. — Meu rosto arde de vergonha. 

— E seus pais? Estão viajando? 

— Não. Eu moro apenas com Will. Não temos pais. — Aquela resposta me deu um nó na garganta, não sabia o que dizer-lhe. 

— Ah! Eu sinto muito. Tenho que dizer uma coisa a você. 

— Pode dizer. — Digo com um tom de curiosidade. 

— Você é muito encantadora, seus cabelos ruivos me lembram dias quentes de verão e, em simultâneo, o outono. Seus olhos são tão encantadores, hipnotizantes, seu rosto e suas sardas são tão lindas, como estrelas. Você realmente é muito bela. 

— Ninguém nunca falou assim comigo. — Fico envergonhada e meu rosto começou a ficar evidentemente vermelho. 

— Só um louco para não reconhecer sua beleza. Exaltarei sua beleza sempre que puder, meu adorável floco de neve. — Fiquei tão constrangida que imaginei estar tão vermelha quanto um camarão, ele chamou-me floco de neve, fazendo referência ao meu nome. Como ele sabe o significado? Ele andou pesquisando? Julgo que estou ficando louca. 

— Você também é muito bonito. Suas covinhas são encantadoras, me perco em seu olhar. Seus cabelos cacheados são adoráveis e seu sorriso é apaixonante. — Meu Deus! O que estou dizendo? 

— Assim eu me apaixono. — Disse aproximando-se de mim e pegando em minhas mãos. 

— Acredito que já estou apaixonada. — Quando percebo o que eu disse levanto-me depressa. 

— Oh! Olha a hora. Will vai me matar, tenho que ir. — Esse garoto me provoca sensações que nunca senti antes na vida, falo coisas sem pensar, meus pensamentos se tornam palavras e quando vejo, já disse tudo o que sinto. O que isso Yuki? Perdeu o controle? 

— Espere, vou pegar a sobremesa para irmos. 

No caminho de volta para casa paramos para comermos algodão-doce. Quando chegamos, eram 18h.

— Foi uma honra ter sua companhia. — Ele pega minha mão e a beija. Que cavalheiro! 

— Eu também adorei, e eu que agradeço, sua companhia me fez bem. Até minha febre foi embora. 

— Fico feliz em ter ajudado, agor… — Antes que ele terminasse de falar, eu o interrompo. 

— Você quer jantar aqui? 

— Muito obrigado pelo convite, mas hoje vou sair para uma comemoração com meus pais. E acredito que não seja uma boa ideia, seu irmão ainda não me conhece, ele não confia em mim. 

— Sim, ele é muito protetor. Bem, até outro dia.

— Quando viro de costa ele me puxa pelo braço. — Hoje não poderei, mas amanhã estarei livre. Você quer sair comigo de novo para um segundo encontro? 

— Segundo encontro? Então esse foi nosso… 

— Sim. Esse foi nosso primeiro encontro. Espero que possamos ter outros, gostei muito de você. 

Meu coração acelera e sorrindo aceito, ele sorri e me dá um beijo no rosto e vai embora. Entro e vou preparar o jantar do Will e em seguida tomo um banho, visto meu moletom bem quentinho e vou dormir.

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