Rita ajudou Anala a fazer as malas, ambas em silêncio há bastante tempo. A rainha queria muito entender o seu marido, mas ele não abriu uma brecha. Parecia que algo dentro dele detonava cada vez que é acionado um gatilho. Gatilho esse chamado Pauline.
–Não se preocupe, rainha. Eu sei que ele vai tornar a si e tratá-la como deve. Não fique aflita nem tenha medo da sua primeira noite com ele.
–Não temo pela retirada da minha virgindade, Rita. Nós de Amrita somos educadas a entender isso de uma forma mais crua, sem tanto mel. Compreende?–A serviçal assente.–Isso nos faz mais realistas. Aprendemos a entender que a retirada do hímen não é nada se feito sem sentimentos. O que muda a percepção das coisas é o que sentimos, Rita.
–Que interessante. Aqui é tão romantizado que gera frustação muito fácil. E a mulher não fica tão no centro sempre sabe? Mas dá pra levar.
Com as malas prontas e também arrumada, Anala observou os serviçais colocando suas malas na
Denzel despertou e ficou chateado ao não ver Shanti na cama. Cuidou e depois foi procurá-la pela casa, mas só encontrou uma bela mesa posta. Ele sorriu e balançou a cabeça.–Essa é difícil viu?Ele comeu, ajeitou-se e foi embora resolver os problemas que estavam surgindo em Anuã. Encontra Falzer e Joguer aguardando-o.–O povo de Yatú está começando a entrar em conflito conosco. Eles sabem que aquela parte que corre a cachoeira é neutra, mas mesmo assim marcam território quando estão lá. Como se fossem os donos.–Você sabe bem, Denzel...–Agora era a vez de Falzer falar.–O líder de Yatú não gosta de nós. Temo por uma possível tentativa de tomada de território.Denzel já estava começando a ficar com dor de cabeça e o dia mal tinha começado. Ele sabia que outros povos cresciam ao derredor de suas terras, mas sempre incentivava seu povo a ter respeito. Só que não era recíproco em alguns casos. Como
Anala abre os olhos preguiçosamente e lembranças do dia anterior inundam sua mente. Depois de um longo suspiro, cuidou de sua higiene pessoal e foi atrás de algo para comer.No mesmo corredor, Anala vê uma porta entreaberta. Resolve então ver do que se tratava. Joseph estava jogado em cima da cama, parecia cansado só pela forma que suspirava ao dormir.Anala retira seus sapatos suavemente, depois cobre seu corpo e sai do quarto sem fazer barulho. O clima estava frio demais para deixá-lo descoberto, segundo seus pensamentos.Um café da manhã esplêndido a aguardava e sem demora ela sentou-se à mesa. Alguns serviçais a olhavam com um ar de questionamento e rapidamente ela entendeu.-O rei está muito cansado. Resolveu dormir um pouco mais.-Justifica-se.Como chegaram prestes a amanhecer, o café da manhã foi servido na hora do almoço.-Deseja algo específico para o almoço, alteza? O
Shanti chega em casa e percebe que Denzel já tinha ido embora. Ela desliza delicadamente as pontas dos dedos sob seus lábios ao se pegar lembrando avidamente dos detalhes da noite anterior. Não conseguia parar.Resolveu fazer os afazeres domésticos e depois cuidar no almoço. Era melhor do que perder tempo pensando em sexo.Quando se aproximava a hora de Denzel chegar, ela tratou de ir tomar um banho. Estava suada. De dentro do banheiro ouviu os passos dele pela casa. Estranhamente Shanti não queria ser vista por ele. Não entendia o porquê.–Shanti?–Denzel percebe que ela está no banheiro.–Está tudo bem?–Sim. Se quiser pode ir almoçando que depois eu como.–Vou esperar você.Não dava pra demorar ainda mais no banho, então Shanti se arrumou e apareceu na sala. Denzel estava sentado, sem camisa e olhando para o nada.–Vamos comer?Ele assente e ajud
Kali ficou no quarto com Ana até ver que ela tinha pegado no sono depois de tanto chorar. Charles chega no palácio no exato momento em que Kali ia surgindo no corredor.-O que aconteceu? Cadê a Ana? E o meu filho?Charles olha para cada um naquela sala e todos os olhares direcionados a ele foram compadecidos. O futuro rei deu dois passos para trás e piscou os olhos algumas vezes. Quando ele ameaçou ir em direção do quarto, Kali se coloca em sua frente.-Ela chorou muito chamando por você, Charles. Ela só dormiu agora. Por favor, não vá acordá-la. Ela precisa muito descansar.William surge na sala e olha para o estado do irmão. Charles sentou-se no sofá, apoiou os cotovelos nas coxas e cobriu o rosto com as mãos. Seus ombros balançavam levemente em um choro silencioso.William senta ao lado dele e o abraça. O irmão mais novo diz algumas palavras de conforto e aperta seus ombros.
Depois de despedir-se dos seus amigos, Joseph segue até o quarto onde Anala está. Tenta abrir a porta, mas a mesma está fechada.–Ana, por favor, abre essa porta.–Implora.–Vamos conversar.–Você teve sua chance de conversar lá na sala, mas não fez. Vá embora, Joseph. Você é simplesmente detestável.–Eu não poderia dizer que você já chegou resolvendo os problemas que eu em dias não consegui sozinho, Ana. Como eu ficaria visto? Rei fraco ou incapaz? Entenda, por favor. Você sabe que nesse mundo vivemos de aparência. Não seja geniosa, por favor.Anala não quis mais responder. Ela entendeu sua justificativa, mas ainda sim estava se sentindo injustiçada. Ela teve um grande trabalho para poder conseguir a compra do café e dentro de segundos todo seu esforço foi terceirizado. Aos seus olhos sua reação não estava nem um pouco desmedida.–Tudo bem, Anala. Vou deixar você sozinha.Joseph
Shanti corre para o quarto e tranca a porta. Mais uma vez solta um grito de puro extravasamento. Ela estava furiosa. Pegou um jarro que enfeitava sua mesa de cabeceira e arremessou na parede. Ainda extremamente ofegante, encarou os vários pedaços do jarro espatifados pelo chão. Seus olhos começaram a inundar-se de água. Ela estava começando a sentir um peso nas costas, na vida.Desabou sentada no chão e deixou que algumas lágrimas molhassem suas coxas. De cabeça baixa, Shanti chorou como se estivesse guardando tanta coisa pesada no peito e que agora estava ficando pesado demais para carregar.Denzel, da sala, conseguia ouvir os soluços da sua esposa. Seu coração estava partido, mas ele sabia que não tinha total culpa sobre o que aconteceu. Essa é a forma que seu povo vive. Ele é o líder, precisa seguir o que já está estabelecido.Ele foi sincero, abriu-se sobre tudo com Shanti. Mas ainda sim sentia seu coração doer. Ele não q
Anala fecha a porta com força e vira-se contemplando Joseph sentado em sua cama. Ela ainda não estava acreditando que caiu nessa armadilha tosca.–Você... Você é insuportável, rei Joseph. Saia do meu quarto.–A loira olha para bandeja e sua barriga faz um barulho muito audível.–Saia!Ele se levanta e anda até ela. Rapidamente coloca a garota em seus braços e depois deposita ela em cima da cama, bem perto da bandeja.–Coma e pare de ser tão teimosa.–Ele ganha sua atenção.–Já pensou se saem falando por aí que a rainha de Ganilla é uma desnutrida? Que horror, Anala. Não queremos isso.Anala arregala os olhos e imediatamente enfia um pedaço de bolo na boca. Joseph gargalha e ela revira os olhos. Logo cede à fome e começa a comer.–Desculpe. Você sabe que não foi por mal, Ana...–Ele mexe em seus cabelos loiros.–Você é bem brava quando quer. Tenho medo.–Deveria ter mesmo.–Bebe um pouco de suco.–Eu não vou ter meus esforços repassados para você, Jo
Shanti dá as costas e volta para arrumar o cabelo em frente ao espelho. Ela já tinha feito um curativo improvisado em sua testa, mas ainda doía.Denzel se levanta do chão e corre até perto dela. Ele procurou em cada canto do seu rosto mais algum vestígio de machucado a não ser o da testa. A ruiva observava, calada.–Eu... Eu tenho uma pasta que usamos nos ferimentos. Deve estar no meio das coisas que ainda não arrumei. Deixa eu procurar.E enquanto ele remexia em suas coisas, Shanti ficava apenas observando. Estava se questionando o porquê de estar gostando da forma preocupada que Denzel estava demonstrando. Ele parecia um louco procurando a tal pasta. Ela continuava refletindo e escovando os cabelos.–Achei!–Se aproxima dela.–Deixa eu colocar em você, por favor.Ela assente e então se vira para ficar frente a frente com o causador do seu estresse. Ele remove carinhosamente o curativo e começa