A tarde se passou e minha mente não conseguia pensar em outra coisa a não ser nas mentiras de Heron.
Por que achando que se falasse que era meu irmão eu confiaria mais rápido nele? Claro que de fato isso havia acontecido. Eu tinha confiado nele rápido demais e visto nele talvez um amigo de que eu precisava em um momento tenso. Deixei-me alimentar dele e apenas para ele mentir e me usar. Não sei o que ele queria chegar com aquela mentira. E se mentiu sobre isso o que mais mentiu? Ele realmente queria me proteger como havia dito? De verdade era amigo de irmãs que eu nem conhecia? Tudo era tão confuso que minha cabeça chegava a doer. Suspirei deitada no sofá. Ainda estava sozinha e os anjos não tinham retornado. Eu sabia que meus pensamentos deveriam estar concentrados em Melahel e que dali algumas horas o teria em casa, mas meu cérebro não obedecia ao que eu mandava. E o que mais me intrigava era que apesar dos seja lá qual for planos deOs corredores passavam feitos borrões enquanto eu tentava alcançar Amim e Eloy que corriam feito fantasmas com suas asas brancas e fortes. E eu cada vez mais me enojava com aquele lugar.Durante alguns minutos a corrida foi intensa e então Amim e Eloy foram parando gradativamente. As portas das celas eram feitas de ferro e enquanto avançávamos mais elas foram dando lugares a apenas corredores vazios e sombrios.Amim parou primeiro na esquina de um corredor para outro e de repente pegou pela garganta um anjo que deveria ser guarda dali. Estava vestido com um manto preto e sua face estava escondida sobre o tecido escuro.- Olívia? – ele me olhou e entendi o que eu tinha que fazer.- Se afaste. – pedi.Ele jogou o guarda no chão e antes que a criatura gritasse, atirei fogo nela em uma carga grande para que ele se incinerasse rapidamente. Em segundos a criatura virou cinzas no chão. O cheiro de queimado horrível subiu.- Vamos. – Elo
Olhei mais uma vez para o rosto machucado de Melahel. Por que fizeram isso com ele? Meu Deus, que motivo tão grave era suficiente para alguém machucar outra pessoa assim? Só por ele amar demais?Meus pensamentos flutuavam cada vez mais para longe. O choro subia pela minha garganta, mas continuei engolindo. Doía tanto vê-lo nesse estado decadente que meu Demônio gritava por justiça. Querendo matar e esmagar o culpado por simplesmente meu anjo estar desse jeito.Depois que havíamos chegado do Céu, Eloy o colocou em uma cama e Melahel ainda estava desacordado. Alba o havia examinado e retirado todo o veneno que as facas que o torturavam tinham contaminado seu corpo. E assim que ajeitara quatro costelas no lugar e os pulsos e os pés, ela dissera que ele ficaria bem, mas isso levaria tempo. O pior de tudo isso era que, suas asas tinham sido retiradas e arrancadas.Duas cicatrizes marcavam suas costas e ali ficariam. Ele nunca mais voaria ou retornaria ao seu la
Melahel esperava minha resposta, e olhei para seus olhos azuis cor de mar mais uma vez. E então minha resposta veio em minha mente. Não era verdade, mas também não era mentira...- Hm, ele é um amigo. – falei tranquilamente para que ele não visse meu nervosismo.Melahel me olhou curioso.- Tudo bem. Vá lá atendê-lo. – ele me disse. – Dóris me faz companhia.Assenti e quando me levantei com cuidado e olhei para Dóris sem que Melahel visse, fiz um olhar feio para ela, e Dóris deu de ombros. Todo mundo ali sabia da minha situação complicada. Por que ela não poderia ter sido discreta?Mais tarde eu me entenderia com ela. Por enquanto me entenderia com Heron, que eu tinha belas palavras para dizer a ele. Como ele poderia voltar para minha casa depois de ter feito tudo aquilo?Desci as escadas, e os anjos me olharam curiosos e Alba estava tensa me olhando. E entendi sua preocupação.- Vou falar com ele lá fora. Não pode ser um
Abri meus olhos e vi meu mundo literalmente de ponta cabeça. Percebi que ainda estava no carro e um cheiro me preencheu rapidamente. Era o de gasolina sendo derramada por todo o motor. Meu pânico subiu e eu sabia que o carro ia explodir.Soltei o cinto de segurança. Olhei para o banco de trás e Melahel estava virado de ponta cabeça e desacordado. Como um vulto sai pela janela no carro e rastejando no chão de terra, fui até o banco de trás e tentei tirar Melahel pela janela.Quebrei o vidro e com grande esforço consegui desatar o cinto que estava travado. Puxei seu corpo para o meu com as lágrimas já escorrendo. Eu sabia que ele não estava morto, mas isso só agravava ainda mais seu estado. Arrastei seu corpo para longe e lembrei que Lexi ainda estava no banco do passageiro.Corri até ela, que estava também desacordada e retirei do carro. Arrastei seu corpo em uma distância segura longe do carro e respirei fundo.Ok, eu estava na borda da floresta com um carro
MelahelMeus pensamentos cada vez iam mais longe...Como Olívia poderia ter conhecido Heron? Como eles haviam se aproximado um do outro? Por que ele tinha tanta intimidade com ela? O que me deixava cada vez mais irritado. Ela era tão chegada a ele que o modo que ela sorria era totalmente diferente do modo que sorria para algum dos anjos ou até mesmo para mim.Heron havia encontrado uma casa velha e no meio da mata, onde tinha estacionado o carro e falado que poderíamos ficar a vontade, embora a casa fosse muito simples.O que ainda mais me incomodava era que ele era um dos Demônios mais fortes que eu havia conhecido. Nenhum Demônio comum poderia se transformar da forma que ele havia feito... E ainda mais não
Peguei sua garganta e o bati contra a parede. Ele era pouca coisa mais alto que eu, mas minha fúria era demais. Heron sorriu e aquilo explodiu ainda mais algo dentro de mim. Maldito, maldito, maldito.Joguei-o contra o chão e o chutei várias vezes em seu estomago.- Isso é para você entender que não se mexe com que é dos outros. – rosnei.Sangue já brotava dos lábios e ele rosnou em resposta se transformando no que ele era de verdade, que não passava de uma criatura vazia e nojenta que vivia no Inferno. Ele cresceu, mas isso não me fez recuar.Se ele tinha uma transformação eu também tinha a minha. Senti meus ombros se flexionarem e minhas asas se expandirem. Minha blusa se rasgou e elas se soltaram livres. Elas eram brancas imaculadas e de uma penugem grossa e veluda. Eu achei que nunca mais as abriria, mas qual foi o meu espanto ontem ao notar que elas estavam de volta.Heron riu.- Hora de fazer lanche de anjo. – ele me empurr
OlíviaAbracei Melahel mais uma vez. Era tão bom quando ficávamos assim. Juntos e tentando esquecer que lá fora havia anjos e Demônios atrás de nós. Ele passou a mão em meu cabelo e sorriu. Corei e me aconcheguei em seu peito.Estávamos no meio da floresta sem roupa entre as folhas, mas isso em nada nos incomodava.- Eu quero pedir desculpa mais uma vez por ter agido daquela forma com você. – Melahel disse.- Eu também tenho culpa. Nunca deveria ter me alimentado de outro. Você é a única pessoa com quero estar em minha vida. E agora sei que viverei eternamente quando completar dezoito anos. Temos a eternidade a nossos pés. – sorri.
Lucian me olhou carinhosamente. Aquilo me deu repulsa. Eu não queria nada vindo dele. Senti nojo ao dizer que era filha dele.- Me deixe ir, Lucian. - pedi.Os anjos riram. E Lucian se ajoelhou a minha frente. Tocou meu rosto, colocando umas mechas atrás da orelha. Fechei os olhos para não cuspir nele.- Querida, você não sabe quanto tempo custei pra te achar e não vou abrir mão de você agora. - ele desviou os olhos dos meus e olhou para Heron ao meu lado. - Olá, Heron. Se dependesse de você para achá-la sinceramente... Mas acho que você tem muito para me explicar, não é?Heron olhou para ele e não disse nada.Lucian riu e se levantou.- Vai ser como combinado. Você leva os anjos e eu os Demônios. - Lucian disse para Gabriel que sorriu. - Foi um grande prazer trabalhar ao seu lado.Os dois apertaram as mãos e Melahel me olhou.- Eu não vou deixar eles te levarem, amada. - tentei sorrir pa