Parte 23
Lívia
Saímos de mais uma sala em direção ao laboratório. Dois alunos que falaram com a gente conheciam Emma, mas não sabiam onde ela estaria. Disseram que fôssemos até o laboratório no final do corredor, onde um dos professores estava finalizando um trabalho e talvez ele pudesse nos ajudar.
— Boa tarde! – Romeu bateu de leve na porta e abriu — Será que podemos falar com você, professor?
O homem de óculos levantou a cabeça e fez um sinal com a mão para que entrássemos. Deixei que Yelena falasse com ele sobre nossa questão com Emma. Ele foi bem educado.
— Emma me avisou que iria ficar fora por um tempo – ele limpou as mãos em um pano cinza já bem usado — Parece que ela iria se mudar ou alguma coisa do tipo... Não tenho certeza.
— Mas então ela vai continuar
Parte 24EnzoEu nem mesmo terminei o que tinha que fazer porque depois de ouvir Isabela me pedir para voltar mais cedo, fiquei com uma pulga atrás da orelha e agora minha curiosidade está me pinicando todo. Dei algumas ordens para os homens, falei com Manollo que me informou já ter uma ideia sobre Emma.— Falei com Stênio e ele me disse que estava procurando por um endereço. Parece que sua mãe conseguiu um contato de uma amiga dela e com isso pode saber de Emma.— Ainda bem, isso me alegra. Pelo menos meu irmão vai poder fechar esse caso e saber o que houve realmente.— Mas você vai ter que segurar Alessandro. Ele vai ficar muito agitado, você já sabe como é – Manollo me avisou — Eu acho até melhor que você vá junto com ele, caso ele pegue o endereço da garota.— Eu sei, isso é verdade
Parte 25AlessandroOuvir o que Stênio me disse foi horrível, um chute no estômago. Eu senti como se o chão estivesse sendo arrancado debaixo de meus pés. Meu coração batia tão rápido e forte que eu não sei se é por ter gostado de saber que ela foi encontrada e por ter odiado saber que ela está machucada.Pelo menos ainda havia a esperança de vê-la de novo. Olhei para Stênio meio perdido, buscando uma explicação que pudesse tornar aquela terrível notícia menos dolorosa, mas encontrei apenas o olhar sombrio dele. E a amiga dela ao meu lado também parecia pasma de susto, tapando a boca com a mão.Acho que foi sem perceber, mas ela segurou meu braço com firmeza, como se precisasse de apoio, mas eu também preciso. Me sinto subitamente enjoado com o que ouvi.— Que porra é
Parte 26AlessandroA enfermeira olhou para mim com compaixão, antes de verificar os registros no computador novamente.— Bem... – ela soltou o ar devagar, resinada — Eu posso deixar que apenas um de vocês entre, para confirmar se é mesmo quem vocês buscam, mas tem que ser um parente.Eu já ia reclamar e mostrar a ela que nem sempre tenho paciência para ficar ouvindo outra pessoa, mas Stênio foi mais rápido.— Então ele pode entrar. Alessandro é noivo dela... Se for mesmo Emma.— Está bem, então – ela pegou uma prancheta e uma caneta — Por favor, assine aqui e venha comigo.Eu engoli em seco. Seria bom que não fosse mesmo a minha Emma e sim outra, mas como foi o Stênio quem descobriu que ela esteve em um acidente e foi trazida para cá, dificilmente seria um engano.Eu segui
Parte 27AlessandroStênio voltou para a sala de espera ao mesmo tempo que a enfermeira trazia o médico que atendeu Emma. Nos apresentamos e ele nos chamou para seu consultório. Foi estressante, mas fiquei calado, esperando enquanto ele relatava a forma como Emma chegou e não foi nada bom ficar imaginando o susto e as dores que ela sofreu enquanto tudo ocorria.Abaixei os olhos enquanto o homem continuava a falar. Merda! Eu dei a porra do carro para ela e disse que iria ensiná-la a dirigir, mas nem mesmo comecei. Aconteceram tantas coisas com os negócios que Enzo precisava de minha participação e por isso tive que me ausentar. Acabei me ausentando demais. Passei do ponto.Nesse sentido eu tenho que dar razão aos meus irmãos, quando eles dizem que eu não sei ter um relacionamento. É verdade. Eu nunca passei de pequenos casos ou encontros com uma ou outra, nunca me segurei muito tempo.— Senhor Ricci... O senhor entende o que digo sobre sua noiva?Senti um tapinha nas costas e ergui o o
Parte 28AlessandroEu me sinto atordoado. Pra mim é mais fácil resolver os problemas e ataques das organizações que são nossas rivais, do que isso. Eu nunca tive que ser responsável por outra pessoa e agora eu tenho que assumir que Emma está sob minha responsabilidade. Não posso deixar que ela caia de vez.Me reclino sobre o parapeito do corredor, olhando lá para baixo, vendo o movimento das pessoas andando de um lado para outro, se misturando com os profissionais do hospital. Todos ali estão passando por momentos difíceis também, mas eu não consigo me importar com mais ninguém, além de Emma e de mim. Não entendo como isso foi acontecer.A notícia de que ela perdeu uma criança é muito estranha para mim, me causa sentimentos complexos. Sinto medo do que posso sentir sobre ela, mas não quero deixar que o
Parte 29VictorEu nem sei o que pensar. Quando soube que finalmente tinha encontrado o local exato onde Emma estava, pensei em um hotel, uma pousada ou algo assim, mas nunca que fosse um hospital e menos ainda que ela estivesse na situação atual.Às vezes eu acho que minha família está fadada a sofrer sempre, sem descanso. Não dá para ficar relaxado por muito tempo, sempre temos que ficar ligados no que está em volta e no que pode acontecer de repente.E tinha que ser com Alessandro agora, claro! Se Enzo teve os problemas dele com Isabela, eu sofri com o atropelamento de Lívia, só faltava ele para completar o trio. Suspiro. Espero que pare por aqui.Meu celular vibra e eu aperto o botão no volante para atender online. Vi que era Stênio.— Pode falar, Stênio, só não me diga que o pior aconteceu – apertei o volante
Parte 30VictorQuando eu entrei no quarto, Alessandro estava absorto em seu próprio pensamento. Vi como ele segurava a mão dela em cima da cama, todo torto na cadeira ao lado, com o olhar perdido para a janela com a cortina aberta.Emma estava tão abatida, sem cor, pálida demais. Eu senti até um aperto no peito porque de imediato recordei de quando Lívia estava assim também, só que em Paris. De qualquer forma, era ruim demais.— Alessandro – o chamei baixo e ele virou para mim — Como você está?Vi sua puxada de ar fundo. Claro, estava derrotado e que com uma pergunta imbecil dessa. Quando foi comigo eu estava no chão de tanta preocupação e culpa. Ele deve estar assim também. Me aproximei e ele ficou de pé.Sou o irmão mais velho e amo muito meus irmãos. Alessandro é o mais novo de n&oac
Parte 31EnzoEu já sabia como iria encontrar Alessandro. Já sei bastante como meu irmão mais novo reage a certas situações. Se deixar correr, a mente dele vai longe e pelo que Victor me disse, isso já está acontecendo.Ele me disse que estão no refeitório do hospital. Victor está tentando tirar Alessandro da depressão que parece se abater sobre ele. O que é bem normal, já que esse foi o primeiro relacionamento dele que realmente o fez ter uma certa responsabilidade. Ele até foi morar com Emma no apartamento que tinha sido cobrado como dívida de um cliente.Agradeci as informações da moça na recepção e segui para o refeitório. Depois que falar com Alessandro irei ver como está Emma. Ainda não avisei a ninguém em casa sobre isso, mas tenho que fazer logo, antes que a notícia chegue sozinha através de algum dos homens que colocamos atrás dela.Vi os dois em uma mesa mais afastada em um canto, conversando. Alessandro tinha a clara postura de quem está abatido. Ombros caídos e olhando par