Me vi em uma total escuridão, ouvia vozes ao longe de lamentações, meu corpo era só ossos brilhando no escuro, senti o ódio dominar meu ser, meu espírito, eu não me lembrava mais quem era Deus e porque um dia eu lutei a favor dele, eu queria vingança e a cada passo, eu sonhava em encontrar Altair, o ódio que eu sentia por esse ser desprezível, passou a ser meu alimento.
Eu precisava ser forte, ser mais forte do que ele, por um momento de distração ele me dominou e tirou a única coisa que realmente importou na minha vida miserável, Isa, ele podia fazer qualquer coisa comigo, mas não podia ter tocado no que para mim era mais sagrado, minha esposa.
Eu ia encontrá-lo e me vigar, como eu nunca me vinguei de ninguém, naquele momento eu voltei a ser aquele homem cruel e frio, acompanhado de um ódio mortal. Meu corpo já não sentia mais nada e meu ódio me alimentava a cada passo que eu dava naquele lugar de penumbra e solidão.
Aprendi a me alimentar de energias sucessivas, a subjugar seres trevosos e reunindo um pelotão de soldados mais cruéis que já tive um dia, a cada vale que encontrava um ser melhor e mais poderoso eu o dominava com minha fúria e insensatez, assim fui montando uma legião um verdadeiro exército.
Por vales passei e a cada ano me tornava mais cruel, já era temido por muitos seres das mais profundas trevas, até que deparei com um lugar mais profundo cheio de lama e energias destrutivas.
Aquele lugar era realmente arrepiante até para um ser cruel como eu, não se via nada, o cheiro era insuportável, seres imagináveis que pareciam não ter consciência humana, formas de seus corpos eram muitas vezes de animais com cabeças humanas, seres rastejantes, cobras das mais venenosas.
Foi ali que montei meu castelo, muitos me seguiam e me protegiam, montamos uma verdadeira base militar, alguns animais eram conhecidos por mim na terra, como os cavalos e um deles me chamou atenção ele era tão negro que não podia vê-lo até que suas patas de tão rápidas saiam faíscas de fogo ao encontrar com o solo, na lama ele flutuava, seus olhos me fixavam, ele tinha uma crisma grande e brilhante, era um cavalo forte e robusto, me encantei por aquele ser e ele por mim, ele me encarava, quando me aproximei de vagar, ele baixou a cabeça, foi fácil montá-lo e em cima daquele cavalo ninguém me via, ele era muito veloz, deu-me a impressão que ele estava destinado a mim.
Por anos fiquei naquele mundo subterrâneo, encontrando forças para continuar, conhecimento para dominar e poder para atravessar o desconhecido, subir a crosta para o umbral eu teria que passar pelas trevas sabia que lá iria encontrar seres muito poderosos. Pelos anos que vivi naquele vale mais profundo, nada mais me temia. Então eu meu cavalo e minha falange seguimos viagem.
Eu precisava chegar ao meu objetivo de encontrar Altair. Por cada lugar que eu passava deixava sentinelas vigilantes para encontrá-lo, daquele dia em diante comecei a conquistar aliados, não daria para subjugá-los, por mais poderoso que me tornei, uma lei maior ainda desconhecida por mim, era dominante em todos os lugares. O respeito era minha maior arma naquele momento.
Chegamos em um grande portal não foi fácil nos aproximarmos daquele lugar, uma força magnética nos impedia de continuar, eu precisava entrar sozinho, assim fiz, fui recebido por diversas entidades sombrias que me levaram ao grande guardião daquele lugar, “O senhor das Trevas”. Cheguei na humildade com aquele ser poderoso, sua energia eu senti ao longe, sentado no trono um homem coberto de palhas me fez recuar, mas o senhor das trevas me autorizou prosseguir.
- Seja bem-vindo, cavaleiro, esperáva-mos por você.
- Meus sinceros cumprimentos Senhor das Trevas, vim até aqui por um objetivo, pedir sua permissão para passar pelo seu território e subir até a crosta do umbral e possivelmente encontrar alguém em especial na terra.
- Você procura vingança cavaleiro?
- Sim senhor, pelo que percebi o senhor sabe muito de mim.
- Sei o necessário para lhe pedir que seja nosso guardião, trabalhando para luz, aquele no trono é meu mestre e senhor Omolu.
- Já ouvi falar do poder de seu mestre, Omolu.
- Sim, como ele você poderá conhecer os sete reinos dos orixás e aprender como defender a Luz de seres indignos como aquele que tu procuras.
- Peço minhas sinceras desculpas Senhor das Trevas, mas infelizmente não me sinto digno de tal honrosa missão, enquanto meu ser vibrar com esse ódio mortal feito veneno de cobra, eu preciso encontrar a morte nos olhos de quem eu procuro, para me vingar.
- Entendo Cavaleiro, mas pense bem, às vezes a própria existência se vinga desses indignos.
- Eu vivi aqui no poço, abaixo das trevas, sei o quanto o senhor é poderoso com um soco na terra faz tremer, senhor Treme Terra, sua missão honrosa, sua dedicação e fidelidade ao seu mestre, me fez querer lhe conhecer, é com muita humildade que lhe peço permissão para partir e um dia quando eu encontrar o que eu procuro, dou minha palavra que voltarei e lhe servirei por toda a eternidade.
- Tem minha permissão e do meu mestre, vá em paz e vou esperar seu retorno cavaleiro.
Zayn partiu com sua legião, por vales trevosos passaram um a um, permissão dada e todos os vales receberam uma única ordem expressa, não atrapalhar Zayn em sua missão.
Por vários cantos das trevas o nome mais procurado era Altair. Zayn foi instruído em ir ao Vale das Bruxas para que a rainha das trevas achasse seu algoz. Eudora não era mais a dominadora daquele vale, pois seguiu sua missão ao lado do Senhor das Trevas, agora o vale foi dominado pela Rainha dos infernos. Uma pombogira poderosa e cruel com quem desafia a lei da Luz. Em seu reino Zayn foi recebido com dignidade, ficou encantado com a beleza da rainha. Apesar de não se interessar por nenhum ser feminino em sua vida, foi cavalheiro e gentil. Instruído por essa poderosa bruxa, foi fácil achar Altair, foi encontrado no vale dos drogados, acabado e sujo, imediatamente foi capturá-lo. Nem de longe Altair lembrava aquele soldado viril e cruel, Zayn o levou amarrado e por caminhos o torturou.
Altair não se importou com nada que lhe fizessem e Zayn mais ódio sentia daquele comportamento que desprezava sua presença. Altair não sentia medo, por esse motivo Zayn começou uma batalha íntima. Nada que fizesse traria Isa de volta e nada estava atingindo seu prisioneiro, isso quase o enlouqueceu. Perdido e sem esperanças, ajoelhou e implorou que o Senhor das Trevas fizesse presença. Assim aconteceu, um clarão se fez a terra tremeu e o Senhor das Trevas estava diante de seus olhos.
- Senhor agradeço sua presença, não entendo porque esse maldito não sente nada do que eu faço.
- Você quer realmente se vingar?
- Sim.
- Mas será que a vingança lhe trará paz?
- Não sei, mas eu queria que ele sentisse a dor que eu senti.
- Impossível! Pois ele nunca amou ninguém como você amou Isa. Ele foi um ser desprezível na terra, odiado por muitos. Foi capturado por seu superior e torturado por décadas, sua patente foi retirada e foi considerado um traidor. Não suportou a humilhação e se suicidou.
- Como assim? Eu que fui preso como traidor.
- Ele teria que levá-lo de volta para o Imperador, mas não o fez, ao contrário lhe manteve preso sem permissão. Você depois de sua morte, foi considerado um herói, ele não suportou, pois por mais que o subjugasse e tirasse o que para você era mais sagrado, mesmo assim, não tomou seu lugar.
O seu desespero para ele é o alimento da alma, ele está cada dia mais forte com o seu ódio.
- Mas Senhor das Trevas, o que lhe deixaria subjugado?
- Seu perdão.
- Não posso fazer isso.
- Se fizer terá um passe para reencontrar sua linda esposa Isa, nunca mais poderão ficar juntos, mas poderão trabalhar para Luz em um comum acordo. O que é mais importante para você? Se vingar desse ser desprezível ou ver novamente sua amada?
- Eu estou confuso, perdi anos para encontrá-lo e agora não sei o que fazer.
- Então pense, pois quando decidir me chame, virei com meu mestre para uma nova missão se concordar.
Para Zayn nada daquilo fazia sentido. Viveu forte e destemido somente para chegar o dia de se vingar e agora para reencontrar sua amada, teria que abrir mão desse alimento que era o ódio e a vingança.
Isa reencarnou como sacerdotisa no templo de kardak, ela era devota a Deusa Mut, por anos de dedicação e por ser um ser iluminado tinha o desejo de sempre servir, foi para a luz e no espiritual ela era muito requisitada pela sua bondade e dedicação aos seres mais providos de carinho.
Zayn soube que Isa continuava sendo uma pessoa acolhedora e tudo que sofreu não apagou a luz de seu coração, fechou os olhos e desejou por um minuto vê-la novamente, seu coração abrandou e seus olhos se encheram de lágrimas.
Isa apareceu para Zayn e o acariciou no rosto, ele iluminado de êxtase ajoelhou e pediu perdão. - Eu não tenho nada para lhe perdoar meu amado. Fui apenas um instrumento para um bem maior, hoje sou feliz e vivo em paz com toda minha consciência do meu passado sombrio. - Como pode perdoar o que lhe fizeram? Eu vi o sofrimento em seus olhos. - Sofri meu amor, por você, não pelo que fizeram comigo. Pois possuíram meu corpo, mas não minha a alma, meu amor continuou puro para você. - Então perdoar é o remédio para a cura da nossa alma? - É a salvação, se você aceitar perdoar, terá uma bela missão que ajudará muitas pessoas e seu algoz com certeza ficará arrasado com sua escolha, pois seu ódio também é o alimento dele. - Mas se eu o libertar não serei feliz e tudo que fiz até aqui não valerá a pena. - Esqueça o passado. Zayn você tem novamente outra chance para ser um homem melhor, não temos o mesmo caminho meu amado no momento, mas
São Paulo, uma família tradicional acabava de se mudar para os jardins, Gustavo Almeida um empresário do ramo de jóias Jovem de 28 anos, alto, branco, cabelos castanhos e olhos verdes, herdou de seu pai uma grande fortuna e aplicou em jóias montando um grande patrimônio. Casado com Almira uma mulher dedicada dona de casa, era uma mulher bonita, apesar de simples, tinha uma beleza natural olhos verdes e cabelos claros, se casaram e foram morar na capital, deixando a vida de luxo do Interior com seus pais, devido a vida corrida e empresarial do esposo, Almira foi obrigada a se mudar contra sua vontade para acompanhar Gustavo, ela gostava da vida calma da fazenda onde morava, mas teria que se adaptar a nova realidade do esposo. O casal chegou eufórico na grande Mansão na Avenida das Américas, bairro nobre de São Paulo, Gustavo fez questão de contratar empregados para cada função da mansão para que a jovem esposa não se sentisse sozinha. Cozinheira, arrumadeira, faxineir
O filho de Aída nasceu que levou o nome de Marcos, Aída estava muito feliz pela gravidez da amiga. Nove meses depois Lucas nasceu com muita saúde para alegria do casal. Almira convidou Roberto e Aída para serem padrinhos que aceitaram com alegria. Roberto ficou mais feliz de se aproximar de Almira e passou ser mais cordial, a moça achando que estava tudo em família, aceitou a amizade de Roberto. Aída não mudou nada e pelo contrário ficou mais birrenta e cheia de regras para Roberto. Ele cansado das loucuras da mulher se interessou por uma moça recepcionista da empresa, bonito e poderoso logo Eliane se apaixonou e os dois se tornaram amantes. Eliane deu dois filhos para Roberto Sofia e Eduardo. Ele comprou um belo apartamento para ela e os filhos que viviam confortavelmente, Elaine saiu da empresa e passou a cuidar dos filhos e do amante. Aída não desconfiou de nada e adorava deixar Roberto de castigo por meses sem sexo, mas ele nem se importava mais,
Gustavo falou com os médicos, uma bateria de exames, foram feitos e duas seções com o psiquiatra. Almira estava em plena saúde física e mental, ela viu o exu a todo momento nas salas dos exames, mas fez que não viu. Assim que chegou no seu apartamento, Gustavo providenciou alimentos e tudo que ela ia precisar, transferiu para conta dela uma quantia em dinheiro também para os primeiros meses. - Pronto tudo organizado para sua volta, eu volto para o interior amanhã e converso com Lucas. Você vai ficar bem aqui sozinha? - Sim Gustavo eu não estou sozinha, fica tranquilo. - Como assim? - Estou com Deus. Almira olhou para porta e viu o Exu e sorriu. - Está ótimo, vou deixar meu carro com você e volto de ônibus. - Só por enquanto, pretendo trabalhar e logo comprarei outro carro. Disse Almira - Depositei sua parte da casa na sua conta, vai dar para você viver por uns bons meses, eu compro outro carro para mim, este é novo fica
Aída foi embora animada, ficou muito feliz de ter reencontrado sua amiga. Almira também gostou muito, chegou em casa e foi cuidar de Vitória que tinha ficado com a babá Zuleica uma moça simples e doce que morava pertinho do apartamento de Almira. Zuleica tinha vinte anos e para pagar seus estudos trabalhava como babá desde os quinze anos. - Zuleica, a Vitória te deu muito trabalho? - Que nada dona Almira, a menina é um amorzinho, o Lucas já chegou, fez a lição da escola, tomou um banho, jantou e caiu na cama. - Que bom eu vou fazer o mesmo, pode ir descansar minha querida, até amanhã. - Até amanhã, dona Almira. - Já vai dormir? - Que susto Exu? - Eu não quis assustá-la, vim para te dizer que você tem uma missão. - E qual seria? - Aída, precisa se livrar do passado e seguir em frente, o encontro de vocês duas não foi por acaso. - Eu imaginei Sete Capas, tantas lojas de doces por aí, ela foi entrar justo n
Domingo ensolarado no Havaí, as ondas era um convite para os surfistas mais experientes, entre eles Jonas um rapaz de vinte oito anos, olhos verdes e cabelos pretos, pele bronzeada e com o corpo atlético, chamava atenção por onde passava de boa família. Jonas estava passando por um momento triste, sua noiva Juliana havia o traído com um homem rico e mais velho Roberto, os dois estavam morando em uma grande mansão. Jonas não se conformava, mas como era espírita se dedicava ao surfe e aos trabalhos no centro. Um exu da casa havia lhe dito que sua vida ia mudar e que ele não deveria mais sofrer por sua ex noiva. Então Jonas seguindo as recomendações do seu Exu de trabalho Treme Terra, tentava a todo custo esquecê-la, mas o casal vivia na praia passeando de mãos dadas. Uma certa tarde Juliana foi sozinha a praia, ficou na beira de uma rocha olhando o mar, Jonas a viu de longe e foi falar com a moça. - Juliana! - Jonas o que faz aqui? - Eu te vi de
Jonas chegou no Brasil e ficou em um hotel, pretendia procurar a ex-esposa de Roberto no dia seguinte, as mulheres do hotel reconheceram o campeão de surfe e foi uma confusão no saguão do hotel para pedir autógrafos. Jonas era muito famoso no mundo todo, aprendeu falar português com sua avó que era do Brasil, mas não pretendia procurar a vó ainda, pois tinha várias pendências para resolver antes de ir para casa da avó Lucinda. Lucinda era uma senhora de 70 anos, rica e morava nos jardins de São Paulo em uma casa confortável, cercada de empregados era uma mulher muito generosa, tinha um centro espírita e conduzia-o com fibra e determinação. Sua filha ao saber que a mãe ia abrir um centro espírita, foi embora com o marido e o filho ainda pequeno para o Havaí e nunca mais quis saber da mãe, não permitindo o contato de Jonas com avó. Mas Lucinda acompanhava a carreira do neto a distância e os dois trocavam cartas em segredo desde que Jonas descobriu que era médiu
Roberto despertou para sua nova realidade e ficou assustado com aquele lugar horrível, mergulhado na lama, escutava lamentações e choros, não sabia onde estava, mas ficou muito horrorizado, não conseguia se mexer e a culpa o atormentava. Queria poder falar para Almira o quanto sentia muito por tudo que ele fez, sentiu ódio, pavor e arrependimento, não entendia, por que em um instante ele estava indo para a prisão e de repente acordou ali naquele lugar. Será que era uma prisão nova que colocavam ladrões perigosos como ele? Pensava Roberto tentando se manter lúcido. Roberto não sabia quanto tempo estava naquele lugar, esqueceu quem era de fato e porque estava ali. De repente lembrou de Almira e seus lindos olhos verdes, pediu a Deus que lhe perdoasse de todos seus crimes. Em alguns instantes estava em um palácio, um lugar bonito acorrentado foi levado ao trono. - Onde estou? Quem é vocês? - Vejo que está ainda sujo de lama meu caro. - Quem é você?