Mariana o perdoou, e os dois se abraçaram fortemente.Então, ele acordou do sonho.Jaime estava sentado ao lado de sua cama, primeiro o xingou, depois disse: — Você se colocou nessa situação, como vou explicar isso para Gustavo?Lucas abriu os olhos e os fechou novamente.Ele sentia como se ainda houvesse o calor de Mariana em seus braços.E um aroma familiar que o encantava.Mas agora, tudo isso havia desaparecido.Se pudesse, ele gostaria de continuar sonhando, não queria acordar.Jaime respirou fundo e começou a dar explicações.Por fim, disse: — Você não pode comer nem aipo, você ouviu?Mas Lucas ainda estava com uma expressão distante.Jaime pensou em dar um soco nele.Ele respirou fundo novamente e disse: — Eu preciso voltar para o exército, já perdi meio dia...Lucas finalmente abriu os olhos: — Você pode ir.— Você está parecendo que vai morrer, como posso ir? — Jaime gritou: — Vale a pena por causa de uma mulher?Por causa de uma mulher, ele quase perdeu metade da vida; pareci
A pessoa que ele estava pensando, naquele momento, estava sentada à beira de um riacho.O riacho era claro e tinha um fundo visível, onde se podiam ver as plantas aquáticas, muito rasas, balançando com a correnteza.Mariana segurava um galho e o movia na água.Com a outra mão, segurava um celular, colocando-o ao ouvido.Ela sorriu levemente e disse, com uma voz baixa: — Paulo, eu realmente estou bem, não se preocupe comigo.Do outro lado da linha, estava Paulo.Paulo usou o documento de identidade de dois seguranças do hospital para obter alguns números de telefone, não sabia qual usaria para ligar para Mariana.De qualquer forma, ele não deixaria nenhuma pista para Lucas.— Eu realmente quero te ver.— Não, — Mariana respondeu, — Estou bem aqui, me dando muito bem com as pessoas daqui.— Mariana, você... — Paulo ficou em silêncio por alguns segundos, antes de perguntar: — Você já pensou nele?Ele não mencionou o nome, mas os dois sabiam de quem ele estava falando.Mariana riu: — Você
Paulo resmungou baixinho:— Não estou nem aí para o seu presente.Mariana bateu levemente o galho na água:— Então não vou te dar, tá?— Você só faz para me irritar! — Paulo resmungou de novo. — Agora vai, me faz falta um amigo como eu!— Tá, tá, não vou te irritar mais. — Mariana sorriu suavemente e logo se acalmou. — O outono chegou, e as noites estão mais frescas. Cuide-se, hein?Paulo ficou preocupado com ela e deu mais alguns conselhos, até que finalmente desligou o telefone.Mariana ficou ali por mais um tempo, depois colocou o galho ao lado, levantou-se, pegou um dos almofadões de pedra e começou a caminhar de volta.Ao lado do riacho havia uma pequena aldeia, com cerca de cinquenta ou sessenta casas.No entanto, a maioria dos jovens estava fora, deixando os idosos e as crianças para trás.A aldeia ficava distante da cidade, e as crianças enfrentavam dificuldades para frequentar a escola.Quando Mariana chegou, coincidentemente, uma professora de apoio estava prestes a sair, ent
Cinco anos depois.O inverno em Cidade do Norte parecia ter chegado um pouco mais cedo. Em pleno mês de novembro, já havia caído uma leve neve.A neve não era forte, apenas cobria o chão com uma fina camada branca e, ao pisar, se sentia macia.— Ouvi dizer que vai nevar muito à noite. Se isso acontecer, a estrada vai fechar com certeza. — Paulo comentou, olhando para a pessoa ao seu lado no banco do passageiro. — Ainda bem que você voltou hoje.Sentada no banco do passageiro, estava Mariana, que havia deixado Cidade do Norte há cinco anos.Cinco anos se passaram, mas parecia que o tempo não havia deixado marcas nela.Ela não havia envelhecido, pelo contrário, estava mais radiante do que nunca, com um ar suave e sereno que chamava a atenção de quem a olhasse.Ela apoiou o queixo na mão e olhou pela janela, observando as lojas lá fora.Cinco anos não eram nem muito longos, nem muito curtos, e a cidade tinha mudado bastante nesse tempo.No entanto, algumas lojas tradicionais ainda estavam
— Então, esse é o presente que você queria me dar? — Paulo perguntou, mordendo os dentes. — Naquela época, você já sabia que estava grávida?Mariana simplesmente colocou a criança nos braços dele:— Então, gostou? Se não gostar, pode jogar fora.Como médico, Paulo já tinha pegado bebês no colo antes.Mas aquele era filho de Mariana…Tão pequeno, tão macio, e Paulo estava completamente tenso, com medo de mover o bebê.Mariana sorriu ao ver ele. Paulo respirou fundo, seu corpo todo rígido, e olhou para o pequeno ser nos seus braços.Já tinha mais de três meses, e o bebê não parecia mais com aquele rostinho feio de recém-nascido, estava gordo e rosado.Paulo jurava que não estava exagerando, aquele era o bebê mais bonito que ele já tinha visto.— Eles dizem que os olhos e a boca dele são iguais aos meus, o que você acha?Ao ouvir Mariana, Paulo olhou com mais atenção e, de fato, conseguiu ver algumas semelhanças com Mariana quando era criança.Ele tinha crescido com ela, então as fotos de
Antes de encontrar Luísa e Camila, Mariana disse a Paulo:— Daqui a pouco, se elas vão me bater. Você lembra de segurar, né?Paulo levantou o queixo:— Eu que não vou me meter nisso!Na volta de Mariana, Luísa e Camila não sabiam de nada.Paulo as chamou, e as duas chegaram primeiro.Enquanto conversavam, não podiam deixar de falar sobre Mariana.Camila estava irritada e ressentida:— Que falta de coração! Já se passaram cinco anos e ela não deu nem um sinal de vida!Luísa comentou:— Não seria por causa do Lucas?— Nem me fale nesse cachorro! — Camila exclamou. — Ontem eu estava assistindo TV e, por coincidência, ele apareceu!Luísa perguntou:— Era aquele evento de leilão beneficente? Eu ouvi de uma das senhoras que encomendam roupas comigo que o Lucas fez uma grande doação.— Deve ser por culpa do que fez de errado. — Camila disse, com desprezo. — Aquele desgraçado acha que pode comprar a consciência.Depois de todo esse tempo, o desgosto que Luísa e Camila sentiam por Lucas não dim
Além de “desculpa”, ela não sabia mais o que dizer.Camila deu mais alguns tapinhas nas costas de Mariana, até que não aguentou mais e começou a chorar, abraçando ela.Isso era bem diferente de quando ela foi para o exterior.Naquela época, pelo menos, elas ainda se falavam e sabiam como estavam.Mas Mariana, por outro lado, simplesmente foi embora e deixou Paulo levar uma mensagem para elas.Cinco anos… mil e oitocentos, quase dois mil dias, e nada de notícias!Camila quase queria matar ela!Se não fosse pelas notícias que Paulo trouxe, dizendo que ela estava bem, Camila teria ficado completamente agitada e não teria aguentado ficar sentada.As três continuaram chorando, discutindo e reclamando, até que finalmente se acalmaram.Luísa enxugou o nariz e olhou para as duas melhores amigas:— Vocês duas parecem uns gatos de cara amarrada…As três se olharam e então riram baixinho.Camila levantou a mão e deu um empurrãozinho em Mariana:— Você ainda está rindo!Finalmente, as quatro conse
— Já se passaram mais de cinco anos… — Mariana não pôde evitar e disse. — Talvez ele já tenha esquecido quem eu sou.— Tomara. — Respondeu Camila. — Mas temos que nos preparar para o pior.Os quatro conversaram por um tempo e, no final, o assunto acabou recaindo sobre Luísa.Embora já tivesse ouvido de Paulo, Mariana ainda quis confirmar para ficar mais tranquila:— Luísa, o que ele faz? Como ele é com você?Quando mencionou o noivo, Luísa ficou com um sorriso de mulher apaixonada:— Ele é muito bom comigo, trabalha com negócios, e agora já é gerente de departamento.Luísa foi uma jovem rica, mas depois que sua família faliu, seus pais voltaram para a cidade natal.Se fosse antes, ela provavelmente procuraria alguém com uma boa posição social, afinal, o negócio da família precisaria de apoio.Mas agora, ela não se preocupava com essas coisas. O que importava era encontrar alguém que realmente a amasse.Mariana sabia que ela não se importava com a origem da pessoa, só com o caráter e co