O líder olhou para ele, confuso: — Só foram à fronteira, não ao front. Todos que foram voluntariamente decidiram ir por conta própria.Lucas ignorou as palavras e, sem parar, começou a andar. Enquanto andava, já discava o telefone: — Organizem isso. Vou para a fronteira.O assistente, José, quase achou que estava ouvindo coisas: — Sr. Lucas, o que disse?Naquela noite, partiram às pressas. Lucas sentava no banco de trás, com o rosto coberto por uma expressão sombria.José, ao seu lado, não conseguia evitar especular sobre o que passava pela mente de Lucas.Lucas era um empresário, e o que sempre guiou suas ações foi o pragmatismo. Ele se importava mais com o que era lucrativo e evitava riscos como ninguém.Mas agora... o que ele estava fazendo? Como podia decidir ir a um lugar tão perigoso?José não conseguia entender.Ele não via em Lucas um homem capaz de amar Mariana.Para alguém como ele, frio e calculista, o amor parecia ser algo distante e impossível.Mesmo com Gisela, era apena
O olhar de Mariana se desviou de Lucas enquanto ela tratava a ferida de Renan e disse: — Cuide bem de si mesmo.Renan, vendo que ela estava prestes a sair, olhou mais uma vez para o homem que acabou de entrar e perguntou:— Dra. Mariana, podia me dar uma resposta?Mariana franziu o cenho e respondeu: — Agora, a única coisa que importa é se recuperar o mais rápido possível.— É porque você tem um namorado, então está me recusando? — Renan perguntou, levantando a mão. — É ele?Lucas, mesmo com o rosto cansado e marcado pelo desgaste, não conseguia esconder a fúria em seu olhar.Aquele instante fez com que ele notasse o leve brilho de surpresa nos olhos de Mariana, mas rapidamente ela voltou a tratar da ferida, mantendo a expressão fria e o olhar distante.Ela sequer o olhou novamente.Lucas estava tomado pela raiva, frustração e, mesmo sem perceber, uma sensação de amargura.Ele viajou milhares de quilômetros, sem se importar com os perigos, e chegou à fronteira para a procurar. E foi as
Mariana suspirou: — Desculpe por te envolver nisso.— Daqui a pouco tenho que entrar na sala de cirurgia. — Respondeu Paulo. — Se não quiser o ver, vem comigo?Mariana balançou a cabeça: — Se ele já chegou até aqui, você acha que ele vai desistir sem me ver?— Então, quer que eu a acompanhe? — Perguntou Paulo. — Acho que você nem precisa explicar nada para ele, apenas deixa ele acreditar que estamos juntos.Mariana balançou a cabeça: — Não se preocupe, eu me viro.— Mariana...— Vai lá.Mariana terminou a frase e se virou, saindo rapidamente.Ela não poderia, de forma alguma, admitir para Lucas que ela e Paulo tinham algo, mesmo que fosse uma mentira.Lucas, aquele maluco, quem sabia o que ele iria fazer com a família Mendes quando voltar para o país.Mariana saiu do quarto e logo viu Lucas.Em um olhar rápido, ela viu que ele estava bem mais magro.Ainda assim, o homem, com sua estatura imponente, ombros largos e cintura fina, vestia um terno caro e feito sob medida. Parado do lado de
Mariana ouviu a dor em sua voz e, por um momento, hesitou.Mas logo, com determinação, ela o empurrou para se afastar.Lucas não insistiu, e os dois se separaram. Ele baixou os olhos, a observando.Mariana não relaxou a expressão, apenas disse: — Você não deveria estar aqui. Se não tem mais nada a dizer, é melhor ir embora logo.— Já que tocou nesse assunto. — Lucas olhou para ela com raiva: — Quem lhe deu permissão para vir para cá? Você não sabe o quanto esse lugar é perigoso?Mariana respondeu com firmeza: — Fui eu mesma quem decidi vir. Sou adulta, as decisões que tomo são da minha conta. E quanto a você, Sr. Lucas, já estamos divorciados. Por favor, não se intrometa mais na minha vida.— Você é adulta e ainda toma decisões tão imprudentes e precipitadas! — Lucas estava quase fora de si de raiva. — Onde mais não poderiam tratar doenças e salvar vidas? Por que escolher um lugar tão perigoso?— Curar e salvar vidas é minha responsabilidade. E, comparado a outros lugares, é aqui que e
Paulo estava na sala de cirurgia no andar de cima, ela precisava ir o ver!No entanto, assim que saiu da sala de cirurgia, foi abraçada por alguém.— Mariana! Você está bem?Ao ouvir o estrondo, Lucas sentiu como se seu coração fosse sair do peito.Sem pensar, agarrou uma enfermeira desesperada, perguntou pela localização da sala de cirurgia e correu para lá.Os seguranças pediram para ele voltar, mas ele não deu ouvidos. Em sua mente, só havia uma palavra.Mariana, Mariana!Segurando Mariana com força em seus braços, parecia que seu coração só então voltou a bater.— Mariana!Ele sentiu os olhos ardendo de tanta dor.Naquele momento, foi quando se deu conta. Se algo acontecesse a essa mulher, ele não teria mais razões para viver!Ele não podia a perder de jeito nenhum!Ela era a razão da sua vida!— Me solte!Mariana usou todas as suas forças para o empurrar e, sem olhar para trás, correu.Lucas, sem esperar, foi deixado para trás.— Mariana! Está perigoso lá fora!Os inimigos haviam
De repente, alguém segurou o braço de Mariana.Ela, tomada pela urgência e com os olhos marejados, já estava exausta de ser interrompida tantas vezes. — Me solte!— Volte! — Lucas ordenou, a segurando firmemente — Eu vou procurar Paulo.Mariana olhou para ele, incrédula.A expressão de Lucas era tensa, com as sobrancelhas franzidas, mas seu olhar transbordava determinação.— Não precisa. — Mariana tentou conter as lágrimas, mas sua voz ainda estava embargada. — Eu mesma vou o procurar.A situação era crítica, e ela não queria perder mais tempo discutindo ou se envolvendo em uma disputa sem sentido.Com um movimento brusco, ela se desvencilhou, ignorando a dor aguda que sentiu no pulso.Lucas, no entanto, não teve coragem de a machucar e afrouxou o aperto de imediato. Antes que Mariana pudesse reagir, ele a pegou nos braços.Com passos largos, ignorando as tentativas de Mariana de se soltar, ele a levou até o lado e a colocou no chão. Se virando para os dois seguranças, ordenou com firm
Ele mantinha a expressão séria, com algumas manchas de poeira no rosto, parecendo mais abatido e desgastado.Mariana olhou para ele, surpresa e aliviada. — Paulo está lá embaixo!Lucas respondeu friamente: — Eu não sou surdo.Sem mais palavras, ele se moveu com rapidez, pegando Mariana nos braços de forma brusca.— Lucas! O que você quer? Me solta!Mariana protestava, tentando se debater enquanto ele a carregava com força.— Fique quieta!Lucas não aguentava mais, lhe deu uma palmada no traseiro.Ele a colocou mais uma vez para fora, lançando um olhar gélido aos dois seguranças.Depois, se dirigiu a Mariana com um tom severo. — Fique aqui quieta. Vou resgatar Paulo. Se não obedecer, juro que vou explodir este prédio outra vez.Mariana apertou os dentes, determinada. — OK, vá rápido!Ela falou sem pensar, completamente alheia ao risco que ele também poderia enfrentar.Lucas a encarou com um olhar fulminante antes de se virar e partir.Paulo tinha o pé preso sob os destroços, mas felizme
Agora, ela finalmente percebeu que as pessoas sempre eram inclinadas a favorecer certos sentimentos.Se soubesse antes que Paulo estaria em perigo, com certeza não teria vindo até aqui.Este lugar estava em meio a uma guerra interminável, com o povo sofrendo, mas, no fim das contas, o que isso tinha a ver com ela?Foi o governo incapaz, exércitos fracos, que não conseguiram proteger os civis.Se ela estivesse aqui por causa dos compatriotas, se colocando em risco, aceitaria qualquer consequência como sendo um sacrifício inevitável.Mas se Paulo realmente perdesse a vida neste lugar, Mariana nunca se perdoaria.Ela sempre repetia a mesma coisa: era uma médica sem fronteiras, guiada pela compaixão, salvando vidas e aliviando sofrimentos, algo que até fazia sentido.Mas isso não era desculpa para ela agir por impulso e colocar Paulo em risco.Ela não deveria ser tão impulsiva.Agora, ao ver Paulo a salvo, seu alívio se misturou com um medo profundo.Lucas segurava Paulo com firmeza, e ela