Lucas, no fundo, sabia a verdade. Desde que se casara com Mariana, ele quase não pensava mais naquela outra pessoa que antes ocupava sua mente.Especialmente nos últimos seis meses, em meio a tantas brigas e discussões com Mariana, ele percebeu que já fazia muito tempo que não sentia saudade de verdade. Ou talvez, ao pensar bem, ele nunca soubera realmente o que era sentir saudade daquela pessoa.Por outro lado, agora que estava separado de Mariana, bastaram alguns dias longe dela para que sua mente fosse completamente tomada por ela. Mas ele se recusava a chamar isso de saudade. Para ele, isso só podia ser algum truque, alguma estratégia de Mariana para mantê-lo preso, incapaz de esquecê-la.As palavras de Jaime trouxeram certa confusão ao seu pensamento. Por que ele nunca considerou ir atrás daquela pessoa? Afinal, agora ele estava divorciado, solteiro, livre para começar um novo relacionamento. Mas, estranhamente, a ideia não o animava em nada. Pelo contrário, algo dentro dele parec
Lucas rejeitou a ideia instintivamente:— Não quero!— O quê? Está com medo de que o teste mostre que a pessoa que você gosta, no fundo, seja Mariana? — Disse Jaime.Lucas apertou os lábios, com a mandíbula visivelmente tensa. Ele não queria admitir, mas, lá no fundo, sabia que isso o preocupava. Ainda que fosse só um pouquinho."É besteira", pensou Lucas. "Mesmo que fosse um cachorro ou um gato vivendo comigo por três anos, eu acabaria criando algum tipo de afeto. Então, é normal que eu sinta algo por Mariana. Mas isso não significa nada. Não tem como comparar com o que eu sinto pela minha verdadeira musa, minha Gisela."Jaime insistiu:— É isso, não é?Lucas franziu o cenho:— Não adianta nada fazer isso. Eu sei quem é a pessoa que eu gosto.— Então por que você continua atrás da Mariana?— Porque eu não consigo engolir isso! — Lucas explodiu, irritado. — Quem ela pensa que é pra me tratar assim? Desde quando alguém ousou me humilhar desse jeito? Ela sabe muito bem como chamar minha
Quando exatamente esses sentimentos começaram a mudar? E aquelas coisas de infância... Não era só Lucas implicando com Mariana porque não gostava dela? Quem diria que ele fazia tudo aquilo porque gostava dela, tentando chamar sua atenção?Lucas começou a se lembrar de muitas coisas. Ele recordou que, naquela época, adorava provocar Mariana. Por um lado, parecia que ele gostava de observar as expressões variadas e intensas que surgiam no rosto dela. Mas havia outro motivo importante: Mariana estava sempre brincando com Paulo, e isso o deixava furioso!Lucas não era bobo; ele apenas estava cego pela própria confusão. Quando alguém finalmente lhe abriu os olhos, foi como se um véu fosse retirado, e tudo ficou claro. Em resumo, ele já gostava de Mariana desde criança. As atitudes dele, sempre causando irritação nela, eram puro ciúme por vê-la com Paulo o tempo todo.O problema é que, com o passar dos anos, a relação entre Lucas, Mariana e Paulo foi ficando cada vez mais complicada. Na adol
Lucas não fazia ideia disso:— Então, foi Mariana que não entregou a carta? — O que aconteceu exatamente, eu também não sei. Mas, desde aquele dia, o Pedro olha pra Mariana como se ela fosse uma inimiga mortal. — Comentou Jaime. — Por isso, o que o Pedro fala, você não precisa levar a sério. Ele tem um rancor pessoal contra ela.Durante esses anos, Lucas já tinha perdido a conta de quantas vezes Pedro tinha falado mal de Mariana. A acusação mais recorrente era sempre sobre ela e Paulo. E justamente esse assunto era como uma faca cravada no coração de Lucas.Era por isso que, toda vez que ele voltava pra casa e via Mariana, seu rosto endurecia automaticamente. Ele simplesmente não conseguia demonstrar outro tipo de expressão. Só de pensar na proximidade entre ela e Paulo, um sentimento de raiva o consumia.— É verdade que ele tem muito ressentimento com a Mariana. — Lucas franziu o cenho. — Mas, na verdade, eu...Ele hesitou. Não conseguiu terminar a frase. Algumas coisas ainda precisa
Lucas estava inquieto, o olhar perdido, as palavras saíam atropeladas, sem nexo algum. Gustavo, impaciente, bateu com força na mesa e exclamou:— Vai falar ou não vai?Lucas coçou o nariz, claramente desconfortável:— Vô, será que… poderia ligar pra Mariana?Gustavo ficou ainda mais irritado:— Você não tem mãos, não?— Ela me… bloqueou.Admitir aquilo era embaraçoso, mas não havia outra saída. Se era necessário engolir o orgulho, que fosse. O mais importante era falar com ela.Gustavo apontou o dedo para ele, como se quisesse repreendê-lo:— Você, você… o que eu faço com você, hein?Apesar da bronca, o velho avô não conseguia esconder o carinho pelo neto. No fundo, também desejava que Lucas e Mariana se reconciliassem.Pegou o telefone e, sem mais delongas, discou para Mariana. A chamada foi atendida rapidamente.— Mariana, querida, ainda está acordada? — Perguntou Gustavo, em um tom gentil.Mariana acabara de voltar de um jantar com Paulo e outros amigos. Respondeu prontamente:— Ain
Mariana soltou uma risada amarga:— Lucas, é assim que você pede desculpas?Lucas não entendia por que estava tão irritado. Sentia a raiva transbordando, mas não conseguia controlar o próprio temperamento. Respirou fundo antes de responder:— Não foi isso que eu quis dizer...— Lucas. — Interrompeu Mariana, com a voz fria. — Seja para pedir desculpas ou fazer qualquer coisa, antes de tudo você precisa aprender a respeitar os outros. E, por favor, pare de usar o seu avô como intermediário. Entre nós dois, está tudo acabado.As palavras de Mariana foram como uma faca gelada atravessando o peito de Lucas. Ele sentiu o coração apertar e, para esconder o desespero, deixou que a raiva tomasse conta.— Isso é impossível! — Gritou Lucas. — Entre nós, só termina quando eu disser!Mas Mariana já tinha desligado. Lucas, furioso, quase quebrou o celular. Depois de alguns segundos tentando se recompor, desceu e entregou o aparelho ao avô.— E aí? — Perguntou Gustavo, ansioso.— Vô. — Respondeu Luca
O contraste entre o que ouvia e a realidade era tão grande que Joana não conseguiu segurar as lágrimas. Chorava ainda mais alto, incapaz de controlar sua dor.— Eu achei que você tivesse uma noção clara sobre o que existe entre nós. — Disse Lucas, com a voz fria e carregada de impaciência. — Agora que tudo acabou, você ainda tem coragem de vir aqui me questionar?— Acabou? — Joana perguntou com os olhos marejados, tentando focar em seu rosto. — O começo e o fim são decididos só por você? Por que nunca perguntou a minha opinião?Lucas soltou um riso sarcástico, carregado de desprezo.— Você acha que tem o direito de começar ou terminar algo? — Disse Lucas, com os olhos fixos nela, como se estivesse diante de uma criança ingênua. — Quanta falta de noção sobre sua posição, Joana. Para começar, eu nunca precisei da sua permissão. Do mesmo modo, para terminar, você também não tem esse direito.— Lucas! — A máscara de doçura e submissão de Joana estava se despedaçando. Sua voz tremia de raiv
Com a ajuda de Paulo, o visto de Mariana foi adiantado e estaria pronto para retirada na segunda-feira. Era sexta-feira, e assim que receberam a notícia, o grupo decidiu comemorar. Afinal, todos eram solteiros, sem preocupações familiares, livres para se divertir como quisessem.Nos últimos dias, Mariana tinha passado ocasionalmente no hospital, mas, no restante do tempo, se deixava levar pela companhia de Camila, comendo, bebendo e aproveitando a vida sem preocupações. Não poderia estar mais confortável.Naquela noite, enquanto jantavam em uma churrascaria, o inesperado aconteceu: Joana apareceu.Logo ficou claro que não era coincidência. Joana parecia ter planejado aquilo, pois, ao entrar no restaurante, foi direto até Mariana, como se já soubesse exatamente onde ela estaria.Parando diante da mesa, Joana fixou os olhos em Mariana e falou:— Precisamos conversar. Pode vir comigo um instante?Mariana, que já não nutria nenhuma simpatia por aquela mulher, especialmente por saber que el