— Houve um problema. — Disse Paulo. — O governo de lá está passando por uma certa instabilidade, e, por enquanto, só conseguimos um visto comum.— Visto de três meses? — Confirmou Mariana.Paulo confirmou com a cabeça:— Isso mesmo. Então você precisa decidir: ou espera mais um pouco, ou vai assim mesmo. Mas, se for e não der tempo de regularizar o visto em três meses, você terá que voltar.Mariana não queria esperar. Tudo o que queria agora era ir embora o quanto antes.Paulo percebeu sua hesitação e adivinhou seus pensamentos. Ele então sugeriu:— Minha recomendação é que você espere. Nos últimos anos, você tem trabalhado demais e quase não tirou tempo pra você mesma. Aproveita este intervalo. Se não quiser ficar aqui em Cidade do Norte, pode viajar, descansar, conhecer outros lugares.Mariana pensou por um instante e acabou concordando:— Tudo bem.Com poucos pacientes neste período e os casos antigos já organizados, Mariana ficou com bastante tempo livre. À noite, ela saiu para jan
— Mas ele é tão desprezível. — Disse Luísa. — Se o Jaime não tivesse chegado a tempo, ele teria me pressionado até conseguir que eu chamasse você.— Da próxima vez que algo assim acontecer, não enfrente sozinha. — Respondeu Mariana, séria. — Me chama. Eu vou, e quero ver o que ele pode fazer.— Muita coisa. — Interrompeu Camila. — Homens como ele só pensam com a cabeça de baixo. Você acha que ele não seria capaz de fazer qualquer coisa?Mariana ficou surpresa:— Não pode ser. Nós já nos divorciamos.— Divórcio? Pra ele, isso não significa nada. — Disse Camila com um tom de ironia. — Um homem que sempre teve tudo nas mãos, que nunca conheceu limites... Você acha que algo tão banal como um divórcio vai deter esse tipo de gente?— Vou procurar alguém pra me informar. — Disse Mariana, pensativa. — Melhor eu agilizar minha ida pro exterior.— Eu também vou mexer os meus pauzinhos. — Respondeu Camila, pegando o celular. — Vou ver se consigo alguém que acelere esse visto.Mariana inicialmente
Lucas apertava o celular na mão, tentando ignorar a sensação de desconforto que crescia dentro dele.O tom calmo de Mariana, em vez de explosivo, só aumentava sua inquietação. Ele sentia como se as coisas estivessem saindo do controle, uma sensação que não era exatamente nova, mas que ele nunca tinha parado para reconhecer de verdade. Forçou-se a afastar esses pensamentos, respondendo de forma direta:— Você quer ir embora do país? Então venha até o clube.Sem esperar resposta, Lucas desligou o telefone. Jogou o celular de lado e passou a mão pela testa, massageando as têmporas. Ele sempre acreditou que aquele casamento não era o que ele queria. Para ele, o divórcio deveria significar liberdade, um alívio. Mas, agora que tudo tinha chegado a esse ponto, ele não conseguia aceitar a humilhação que Mariana o fez passar."Ela fez eu perder a cara na frente de todo mundo."Mesmo agora, Lucas ainda achava que o divórcio era algo que ele podia aceitar. O problema era o jeito como tudo acontec
Lucas ergueu uma sobrancelha:— Vamos ver como ela se comporta.Pedro, sentado ao lado, franziu o cenho, confuso:— Mariana vai vir? Pedir desculpas? Vocês... não estão divorciados? Como assim, não estão mais?— Ah, Mestre Pedro. — Um dos playboys no canto comentou, com um sorriso debochado. — Ainda não sacou? Isso aí é só briga de casal, faz parte da diversão!Os outros começaram a rir e a fazer piadas. Lucas manteve um leve sorriso no rosto, enquanto Pedro tentou rir junto, mas não conseguiu esconder a inveja que brilhava em seus olhos.Poucos minutos depois, Mariana chegou. A sala, que até então estava cheia de risos e conversa, caiu em silêncio.Mariana não imaginava que Lucas tivesse chamado tanta gente. O cômodo estava lotado, não só com alguns acionistas do clube, mas também com vários dos amigos ricos e influentes com quem ele costumava andar. Ela nunca teve boa impressão desse tipo de pessoa.Mariana deu uma olhada ao redor, mas logo fixou o olhar em Lucas:— Estou aqui. Fale
Mariana não queria ficar sozinha com ele.Os outros, ao verem o semblante fechado de Lucas, preferiram não dizer nada. Um a um, levantaram-se e saíram da sala. Alguns, porém, não esconderam o que pensavam. Afinal, com aquele rosto, aquele corpo e aquela postura, Mariana era o tipo de mulher que poucos homens teriam coragem de se separar. Não conseguiam entender como Lucas podia deixá-la assim. Será que o tal "primeiro amor" que ele guardava no coração era tão deslumbrante assim para justificar o divórcio com Mariana?Somente Pedro continuou sentado. Ele olhou para Mariana e depois para Lucas:— Lucas...— Cai fora! — Lucas respondeu, a voz carregada de raiva.Pedro ficou com o rosto fechado. Seus lábios tremeram como se fosse retrucar, mas, no fim, levantou-se e foi embora. Ele e Lucas eram amigos de infância, mas era inegável que a família Rodrigues não tinha a mesma influência que a família Oliveira.No mundo de Lucas, poder era tudo. Ele tinha a última palavra em qualquer decisão, e
— Lucas! — Mariana lutava desesperadamente. — Nós já estamos divorciados! Não encosta em mim!— Mariana, você realmente acha... — Lucas segurou os dois braços dela com uma só mão, impedindo qualquer movimento. — Que um simples certificado de divórcio pode me impedir? Se eu quiser fazer algo com você, quem vai me parar?— Lucas, o que você está fazendo é nojento! Não passa de um animal!— Durante o casamento, você me chamava de animal. Agora divorciados, continua me chamando assim. Então, se eu não fizer algo realmente animalesco, seria injusto, não acha?— Lucas! — Mariana arregalou os olhos, furiosa.Sem mais uma palavra, Lucas cobriu a boca dela com a mão firme:— Fica quietinha por um momento, vai. Não fala nada.Ele estava exausto. Nos últimos dias, mal havia dormido. A última vez que os dois tinham tido algo íntimo, ele estava bêbado. Desde então, cada dia parecia um tormento interminável.Para Lucas, tudo aquilo era simples: ele era um homem. Um homem no auge da sua juventude, ch
Lucas acabara de mandar alguém para fora do quarto. Quem o conhecia sabia que, uma vez irritado, ninguém ousaria entrar novamente. Todos sabiam que ele estava ali com Mariana, e, mesmo que suspeitassem que ele poderia estar passando dos limites, ninguém teria coragem de interrompê-lo. Então, quem seria o maluco que se atreveria a entrar naquela hora?Lucas estava curvado sobre Mariana, com o corpo praticamente cobrindo o dela. Sua cabeça ainda estava enterrada no pescoço dela. Sem sequer levantar o olhar, sua voz fria cortou o silêncio:— Sai daqui!— Lucas. — Uma voz masculina, grave e controlada, ecoou pelo quarto.Lucas levantou a cabeça num sobressalto. Seu olhar escureceu ao reconhecer o dono da voz:— O que você está fazendo aqui?Jaime, encostado na porta, observou o cenário com uma expressão de reprovação. Ele balançou a cabeça, quase em desaprovação:— O que é isso, Lucas? Desde quando você passou a tratar as pessoas assim? Isso é jeito de agir?Mariana, que até então estava e
— Quem gosta dela! — Lucas imediatamente retrucou, com o pescoço tenso e os olhos arregalados. — Você sabe muito bem que eu já tenho alguém no meu coração.— E como você tem coragem de dizer isso com tanta convicção? — Rebateu Jaime, com um tom ácido. — Você se casou com ela, mesmo com outra pessoa na cabeça. Depois que ela te deixou, você ainda fica atrás dela. Se tem alguém no seu coração, vai atrás dessa pessoa! Por que continuar incomodando a Mariana?— Isso é diferente.— Diferente? — Jaime bufou, balançando a cabeça. — Olha, Lucas, o que você está fazendo é um absurdo. Vocês já se divorciaram, não têm mais nada a ver um com o outro. Se você gosta de outra pessoa, vai atrás dela e deixa a Mariana em paz.— Você não entende nada! — Lucas retrucou, irritado.— Não, realmente não entendo o que passa pela sua cabeça. — Jaime cruzou os braços e suspirou. — Mas uma coisa eu tenho certeza: a Mariana deve te odiar profundamente por tudo isso.— Isso não é verdade! — Lucas gritou, com o ro