— Você tá falando besteira! — Mariana estava furiosa. — Eu bebi demais, como é que eu ia fazer alguma coisa?— Dá pra fazer muita coisa. — Lucas, recostado preguiçosamente na cabeceira da cama, com aquele ar provocador, respondeu de forma que só aumentava a raiva dela. — Pediu pra eu te beijar, me abraçar... Ficou me chamando de "meu amor", dizendo pra eu não parar...— Cala a boca! — Mariana interrompeu, sentindo o rosto queimar de vergonha. — Só um idiota acreditaria nisso!Sem dar mais atenção a ele, Mariana voltou para o banheiro e bateu a porta com força.Lucas arqueou as sobrancelhas, um sorriso satisfeito aparecendo em seus lábios enquanto lembrava da noite anterior. A sensação da boca quente e úmida dela envolvendo-o era inesquecível, algo que ele jamais imaginara sentir. Mas, claro, isso só aconteceu porque ela estava bêbada. Se estivesse sóbria, provavelmente teria mordido ele até arrancar um pedaço.Ele passou a mão pelo rosto, tentando afastar os pensamentos. Apenas lembrar
Paulo sempre fazia questão de presentear Mariana. Aniversários, Ano Novo, e até mesmo datas menores, ele nunca deixava passar em branco. No entanto, sempre que dava algo para Mariana, Luísa também ganhava um presente. Por isso, Mariana nunca ligou muito.Mariana pegou o presente de Paulo e ainda nem tinha aberto quando ele estendeu a mão, com um sorriso maroto:— E o meu?Mariana quase riu:— Então quer dizer que isso aqui é uma troca de presentes? Por que não paramos com isso e cada um compra o que quer? Não seria mais prático?— De jeito nenhum. — Paulo respondeu, fingindo indignação. — Isso é sobre o gesto. Você não entende nada de romantismo, hein?Mariana sabia que, no fundo, ele tinha razão. Ela nunca fora uma pessoa muito romântica. Mas, como Paulo sempre se esforçava para escolher algo para ela, não seria justo não retribuir. O presente dele, aliás, já estava comprado há dias. Ela e Luísa tinham escolhido juntos, justamente para não esquecer.Paulo, animado, abriu o presente e,
— Obrigada, vovô. — Mariana agradeceu com um sorriso.Mas, no fundo, ela sabia que a desculpa de Lucas não fazia sentido. A empresa estava de folga, que “urgência” poderia aparecer de repente? Ela não fazia ideia do que Lucas estava tramando dessa vez.Se ele queria dar início a uma guerra de silêncio, ótimo. Ela estava mais do que disposta a entrar no jogo.Mariana voltou sozinha para a casa dos pais. No entanto, ao chegar lá, foi recebida com a frieza habitual. Mário e Mónica estavam ocupados com compromissos sociais, típicos dessa época do ano.Quando souberam que Lucas não a acompanharia, os dois não conseguiram esconder o descontentamento. Nem sequer convidaram Mariana para almoçar. Disseram que estavam apressados e logo a dispensaram.Mariana não se surpreendeu. Estava acostumada com a indiferença deles. Ao sair de lá, resolveu ligar para Camila e Paulo, marcando um almoço.Depois da refeição, Camila pegou uma carona com Mariana. No caminho, viu a pulseira que Lucas havia dado:—
— Tá esperando uma ligação? — Pedro perguntou ao Lucas, com um tom provocador.Lucas virou o celular para baixo na mesa, o rosto impassível, e respondeu friamente:— Não.Carlos Serra, o amigo que não parava de trocar mensagens com a namorada, interrompeu a conversa:— Lucas, por que não chamamos mais gente? Fica mais animado.Pedro riu:— Tá querendo mesmo é chamar sua namorada, né?Carlos deu de ombros, com um sorriso satisfeito:— Claro! Qual o problema? A gente tá grudado, sabe? Ficar um dia sem ela é como um mês.— Tudo bem. — Lucas disse, com um tom indiferente. — Chama quem você quiser. Quanto mais gente, melhor.Pedro então olhou para Lucas, com um brilho malicioso nos olhos:— E a Mariana? Hoje ela não tá de plantão, né? Por que não chama ela também?Lucas sentiu o coração dar um leve salto, mas manteve a expressão fria.Pedro, percebendo a hesitação dele, insistiu:— Nessas horas, é bom juntar todo mundo.Sem responder, Lucas pegou o celular e jogou para Pedro:— Diz que eu t
— Ir embora por quê? — Pedro interrompeu. — A gente tá no meio da diversão. Não estraga o clima.— Então vocês continuem se divertindo. — Mariana respondeu, fria. — Lucas, levanta. Liga pro vovô e diz que não vai voltar.Lucas permaneceu onde estava, com o olhar fixo nela. Após alguns segundos de silêncio, finalmente falou:— Vem aqui.Mariana não se moveu. Apenas repetiu, impassível:— Você vai ou não vai?Os olhos de Lucas estavam frios e firmes:— Vem aqui.Sem mais paciência para o comportamento dele, Mariana pegou o celular e abriu uma chamada de vídeo, ligando diretamente para Gustavo.Do outro lado, Gustavo atendeu quase de imediato:— Mariana?Mariana sorriu com calma:— Vovô, eles estão aqui bebendo. O Lucas parece bem sóbrio pra mim. Acabou de dizer que não vai voltar pra casa.Mariana virou a câmera para mostrar Lucas, sentado no centro do grupo, claramente longe de estar bêbado.Os outros, que não esperavam que ela fosse tão direta, endireitaram-se imediatamente ao ver Gust
Lucas encarou-o com firmeza:— Menos conversa. Tenho algumas perguntas pra te fazer, você...Pedro levantou uma sobrancelha, intrigado:— Quer saber o quê? Por que tá enrolando tanto pra falar?Lucas ergueu o olhar, vendo que Mariana já tinha dobrado a esquina e desaparecido. Ele suspirou:— Deixa pra lá. Leva a Joana pra casa.— Ei, espera aí! — Pedro chamou antes que ele se afastasse. — Como assim? Tá cansado da Joana agora? Vai voltar correndo pra Mariana?— Voltar? — Lucas lançou-lhe um olhar frio. — De onde você tirou essa ideia?Mariana não ocupava espaço algum na cabeça dele.Pedro relaxou, soltando um suspiro de alívio:— Faz sentido, né? Ela nem sequer te dá presente, claramente nunca te levou a sério. Uma mulher dessas não vale o esforço. Aliás, queria te apresentar alguém.— Quem? — Lucas perguntou, desconfiado. — O que você tá aprontando agora?Pedro sorriu:— É uma prima distante minha. Estava morando fora, estudando. Agora voltou e disse que quer trabalhar aqui em Cidade
— Você sabe o que é ter limites? — Mariana não conseguiu segurar a risada. — Só porque sua família tem mais dinheiro que a minha, eu tenho que me sentir inferior? O que você pode fazer, eu não posso?— E o que mais seria? — Lucas cruzou os braços, com um semblante sério. — Toda a família Silva depende de mim. Você, em vez de me agradar, faz questão de me irritar com essas atitudes?Mariana respirou fundo, tentando manter a calma:— O que você quer, afinal?— Troca é troca, Mariana. — Lucas soltou o pulso dela e ajeitou a gravata com calma. — Você que diga o que vamos fazer.Mariana piscou, confusa. Pensou por alguns segundos antes de perguntar, incrédula:— Você quer um presente?Era exatamente isso que Lucas queria, mas ouvir Mariana dizer isso de forma tão direta fez seu rosto corar de leve. Sentindo-se desconfortável, ele rebateu:— Preciso mesmo dizer? Eu estava cheio de trabalho lá fora, mas ainda assim comprei uma pulseira pra você!Mariana ficou estática por um momento, até lemb
Mariana lançou um olhar de aviso para Luísa, mas ela não percebeu nada e continuou falando:— O Lucas também não presta! Fica te intimidando o tempo todo... Mariana, por que você tá me olhando assim?Luísa levantou o olhar e percebeu algo estranho. Quando seus olhos se fixaram no banco da frente, deu um grito de susto.— Continua. — Lucas, sentado no banco do passageiro, tinha o rosto fechado e a voz gelada. — Quero ouvir mais sobre como eu não presto.Pegar alguém falando mal pelas costas era uma coisa, mas pegar Luísa no flagra era ainda pior. Ela sempre foi envergonhada, e agora sua cara estava completamente vermelha, sem saber onde enfiar a cabeça.Mariana, por outro lado, não estava particularmente preocupada que Lucas tivesse ouvido. O que Luísa disse era verdade, afinal, sem exageros. No entanto, falar sobre apresentar outro homem para Mariana na frente do próprio Lucas era, no mínimo, inadequado.— Luísa. — Disse Mariana, mantendo a calma. — Senta direito. Vou te levar pra casa