Lucas disse: — Eu tenho um monte de trabalho, como ela pode me acompanhar? Se não tem nada para fazer, é melhor você ir, estou ocupado. Pedro perguntou: — E a intensidade do treinamento, como está? Posso ir também. — Normal. — Lucas respondeu: — Muito fácil. Pedro disse: — Para você é fácil, mas para os outros não é. A propósito, como está Mariana? Ela sempre foi mimada, desta vez ela não chorou, né? Lucas ficou absorto, uma imagem de uma garotinha apareceu em sua mente, com o rosto rosado e dois coquinhos no cabelo. Ela estava chorando, sua jaqueta branca estava suja de cinza e preto. Naquela época, Pedro, que tinha apenas sete ou oito anos, estava ao lado com uma expressão de desgosto: — Mimada! Chata! Que irritante! Depois de dizer isso, ele olhou para Lucas: — Lucas, não vamos brincar com ela! Eu odeio gente mimada! Lucas, em seu devaneio, lembrava que não achava Mariana irritante. Ele até queria consolá-la. Mas Pedro o puxou para correr. Quando olharam para trá
Irracional ou não, Mariana não se importava. Além do mais, a maneira como esse homem falava soava como se estivesse fazendo um favor; ela deveria se sentir grata e ajoelhar-se para agradecer? Mariana desligou o telefone. Lucas estava prestes a jogar o celular no chão novamente. Ele pensou seriamente e percebeu que, desde que Joana apareceu, a personalidade de Mariana havia mudado. Antes, os dois podiam ser descritos como respeitosos um com o outro. Agora, nem se falava mais em respeito, discutir ao se encontrarem se tornara normal. Lucas estava com dor de cabeça. Ele não queria brigar com Mariana. Além disso, ele estava obcecado pela sensação de fazer amor com Mariana. Mas Mariana agora sempre estava desinteressada. Continuar assim não era uma solução. Ou talvez... ele pudesse considerar manter uma distância adequada de Joana. Mas ao pensar no rosto de Joana, ele não conseguia se desapegar. Joana voltava das compras e o acompanhava no escritório enquanto ele
“Lucas ter ido para o quartel talvez nem tenha nada a ver com Mariana”, ela pensou mesma. Lembrava-se de ter ouvido Pedro comentar, de forma despretensiosa, que Lucas mantinha negócios com o exército. Quem sabe, dessa vez, ele estivesse apenas resolvendo assuntos de trabalho.A ideia confortava Joana. Ainda mais porque Lucas havia prometido sair com ela assim que voltasse. Então, isso era suficiente para deixá-la satisfeita.No dia seguinte, Lucas retornou ao quartel e percebeu, quase de imediato, que Mariana estava, deliberadamente, o evitando. Nos últimos dias, ela aparecia no alojamento deles sem que ele precisasse chamá-la. Mas, dessa vez, por mais que esperasse, ela não apareceu.Impaciente, Lucas decidiu ligar para ela, mas as chamadas seguiram sem resposta.Apesar de toda a sua teimosia e arrogância, nem ele ousaria ir até o alojamento das mulheres para buscá-la à força. Deitado sozinho na cama espaçosa de dois metros, sentiu-se tomado por uma mistura de frustração e insatisf
Mariana virou o rosto, recusando-se a olhar para ele: — Não me importo com nada disso. Lucas, porém, segurou o queixo dela com força, obrigando-a a encará-lo: — Mariana. Não abusa da sorte! — Eu não quero nada... — Mariana respondeu, mas foi interrompida por um movimento brusco de Lucas. Ela soltou um grito, mas logo cobriu a boca com as mãos.— Não quer? — ele provocou, preso sob o peso e intensificando ainda mais a força. — Então por que seu corpo diz o contrário?Mariana estava sem forças, o corpo inteiro imobilizado, restando apenas sua boca para se mover. Sem pensar, abriu a boca e tentou morder Lucas.Lucas imobilizou seus braços acima de sua cabeça, inclinando-se ainda mais sobre ela, segurando sua boca. — Mariana, esqueça esses joguinhos. Eu conheço todos eles. Não adianta.Sem saída, ela foi consumida pela intensidade de Lucas. Não adienta. Mariana tremia de raiva, enquanto o homem não parava de beijá-la, de lamber sua pele, deixando marcas que só ele poderia deixar
Lucas não tinha o menor jeito para consolar ela.Mariana, ainda chorando de tristeza e dor, começou a soluçar de forma desajeitada, o que fez Lucas soltar uma risada.Cansada de tanto chorar e com as pernas doendo, Mariana pediu irmão carregando ela nas costas!Lucas imediatamente ficou com a expressão fechada:— Te carregar? Nem pensar!Quando eram crianças, Mariana era fofinha e pequena. Mas era surpreendentemente pesada no colo.Lucas continuou perguntando:— O Paulo já te carregou antes? Mariana piscou os grandes olhos negros e respondeu com a inocência de uma criança:— Paulo? Claro que sim! Quando eu fico cansada, ele me carrega. Lucas, me carrega também, por favor?Lucas ficou tão furioso que quase pulou de indignação:— Eu não vou te carregar!Mariana fez um biquinho de tristeza:— Mas eu tô com o pé doendo...— Então tá decidido, você não deixa mais Paulo te carregar! — disparou Lucas.— O quê? — Mariana perguntou, confusa, sem entender a lógica de Lucas.Antes que a conversa
Antes que Mariana pudesse colocar seu plano em prática, Lucas precisou sair às pressas do país. Um acidente grave envolvendo uma de suas empresas no exterior, algumas pessoas chegaram a morrer, exigiu sua presença imediata. Durante sua ausência, Mariana concluiu suas tarefas no quartel e finalmente pôde suspirar profundamente. Antes de partir, Jaime procurou Mariana para uma conversa. Não havia nada de novo, apenas o que já haviam discutido antes: “Família unida, tudo vai bem”, “Em tudo, é preciso ter paciência”. Entre as palavras, era claro que ele queria que ela e Lucas continuassem se entendendo e que a ideia do divórcio fosse deixada de lado. Os amigos de Lucas, claro, estavam todos ao lado dele. Mariana preferiu não se aprofundar no assunto e não revelou Jaime o que realmente pensava. Seus sentimentos, seus planos, eram algo que ela jamais dividiria com ele. De volta ao hospital, resolvendo alguns assuntos, Paulo a convidou para almoçar.— Deve ter sido difícil. — Ele
Joana jamais imaginou que encontraria Mariana ali.Lucas nunca havia contado a ela o horário exato de sua chegada. Será que ele contou para Mariana?Um turbilhão de ciúmes e raiva tomou conta da Joana. Mesmo sabendo que Lucas jamais amaria Mariana de verdade, o simples fato de ela ser a esposa legítima dele a fazia odiá-la com toda a sua força. Isso bastava para alimentar em Joana pensamentos de vingança, de desejo profundo e quase doentio de ver Mariana desaparecer, de vê-la caída, doente, morrendo lentamente, até que não restasse mais nada dela. Embora a raiva a consumisse por dentro, Joana manteve um sorriso falso no rosto e se aproximou da Mariana com uma simpatia artificial:— Mariana! Mariana, ao ver Joana, sentiu uma onda de nojo e desprezo. Recuou um passo, sem esconder a aversão:— O que você está fazendo aqui? — Claro que vim buscar Lucas. — Respondeu Joana. E ainda completou, como se fosse uma afronta. — Não esperava encontrar você aqui.Ela sabia o seu lugar, que era ap
Na curva do corredor, um homem surgiu de repente, sacando uma faca brilhante e avançando diretamente contra Lucas.Joana, apesar de já saber que algo poderia acontecer, congelou ao ver o brilho ameaçador da lâmina.O som seco de um golpe cortou o ar, seguido pelo ruído inconfundível de uma faca perfurando carne.— Lucas! — Joana gritou, apavorada.Mas o ferido não era Lucas.Num reflexo quase instintivo, Mariana se colocou entre ele e o ataque, protegendo-o com o próprio corpo.Ela fechou os olhos, esperando uma dor intensa que nunca veio. Em vez disso, sentiu o mundo girar ao seu redor.Lucas a segurou firme e, num movimento ágil, virou-se para protegê-la. Apesar da tentativa, não conseguiu desviar completamente do ataque, e a faca se cravou em seu braço.Os seguranças de Lucas reagiram imediatamente, imobilizando o agressor.Joana ficou paralisada. Não apenas falhou em agir no momento crucial para provar sua "coragem" e "amor" por Lucas, mas também foi obrigada a assistir à cena da M