05. Casamento arranjado

Por outro lado, as empregadas não paravam de cochichar e fofocar entre si. Secretamente, observavam cuidadosamente a jovem ruiva ao lado do senhor Enzo, que estavam alheios ao que estava acontecendo, sem perceber que os outros estavam de olho na mulher que havia chegado na noite anterior. Elas se perguntavam quem era e por que estava ali. De repente, conseguiram ouvir algo que resolveria todas as suas dúvidas.

—Eles vão se casar? —sussurrou surpresa uma das empregadas, olhando para a sala de jantar—. Ela é a namorada dele...

—Parece que sim, caso contrário ele não estaria falando de casamento —disse a mais baixa delas, Paula.

—É por isso que ele negou a visita da senhorita Jossie? —perguntou Claudia novamente.

—Aparentemente, ela é dona do coração dele. Mas ela é muito jovem, não acha? —apontou para a ruiva escondida.

Claudia concordou.

—Espero que o senhor Enzo não esteja em apuros, seria mais uma dor de cabeça para o pai dele se descobrisse que está saindo com uma garota jovem —disse com um suspiro—. Enfim, vamos terminar de limpar, há muito o que fazer.

Ambas empregadas se retiraram para a cozinha para retomar seu trabalho do dia. Mas antes de sair, certificaram-se de informar aos outros funcionários a grande notícia, que se espalhou rapidamente.

Todos falavam do compromisso do senhor Enzo e da jovem ruiva.

Enquanto isso, Celine se trancou em seu quarto depois de trazer uma jarra d'água. Ela não entendia o que estava acontecendo ou por que Enzo estava lhe propondo casamento. Parecia-lhe uma brincadeira de mau gosto da parte daquele homem. Como o casamento poderia ser uma solução? E por que ele parecia falar sério?

—Não, acalme-se. Ele deve estar brincando... —murmurou para si mesma enquanto tomava um gole de água.

A ansiedade a consumia e ela não conseguia parar de andar de um lado para o outro no quarto.

Enzo não conseguiu explicar suas intenções, já que recebeu uma ligação de seu pai. Ao ver o rosto pálido dele ao atender a ligação, Celine percebeu que deveria ser algo sério. Mas ela estava confusa e só esperava poder perguntar se suas suspeitas eram verdadeiras.

Parecia absurdo ter que se casar com alguém que mal conhecia. Afinal, ela havia fugido de casa pela mesma razão. Não queria se casar com o filho do agiota de seu padrasto. Embora a diferença de idade entre aquele homem e Enzo fosse grande, ambos eram completos estranhos para ela.

Ela não sabia nada absoluto.

Deveria sentir-se segura naquela mansão onde estava? E se aquele homem bonito acabasse sendo um mafioso ou até mesmo um sequestrador? Embora tenha sido ela quem recorreu a ele em busca de ajuda, Enzo não a havia obrigado a ir com ele. Será que ela tomou a decisão certa?

Mil dúvidas e inseguranças invadiram a mente de Celine e ela duvidava se realmente estava protegida naquele lugar que não lhe pertencia.

Repentinamente, não conseguindo suportar mais, saiu do quarto e correu para a sala de jantar. Precisava descobrir o que Enzo queria dizer com o casamento, e se fosse verdade, diria o que pensava a respeito. No entanto, ao chegar na sala de jantar, percebeu que não havia ninguém além de uma criada de baixa estatura que estava limpando a mesa.

Ela pigarreou para chamar a atenção da empregada.

—Desculpe, você pode me dizer onde está o sen... Enzo? —corrigiu rapidamente.

Paula inclinou a cabeça e a olhou atentamente. A beleza da ruiva a deslumbrava e ela não conseguia disfarçar sua admiração pela jovem diante dela. Embora a achasse um pouco jovem, entendia por que o senhor Enzo estava interessado naquela jovem.

Não a culpava, a garota tinha um rosto invejável.

Por outro lado, Celine se sentia desconfortável com o olhar da empregada, mas tentou não mostrar seu desconforto.

—O senhor Enzo? —repetiu Paula, e Celine assentiu—. Oh sim, ele foi para o quarto dele.

—Obrigada —disse Celine, virando-se e se apressando em direção às escadas.

No entanto, no meio do caminho, ela percebeu que não sabia onde ficava o quarto de Enzo. Ela bufou, se sentindo tola por não ter perguntado. Felizmente, ela encontrou a garota que havia aberto a porta para ela na noite anterior. Ela se aproximou para perguntar onde estava o quarto. Ao contrário da outra garota, esta foi amável.

—A primeira porta à direita, não é difícil de reconhecer, é a maior —disse Claudia apontando para o corredor.

Com um sorriso de agradecimento, Celine caminhou pelo amplo corredor em direção à porta indicada pela empregada.

Enzo estava se despiando da camisa, que havia manchado de café minutos antes. De repente, batidas na porta o fizeram virar a maçaneta e se deparar com olhos claros.

—Preciso saber do que... —a frase de Celine ficou suspensa no ar ao se dar conta do torso nu de Enzo—. Oh, eu... desculpe.

Envergonhada, cobriu os olhos rapidamente e sentiu suas bochechas esquentarem. Engoliu com dificuldade, nunca antes tinha estado em uma situação assim.

Enzo, por sua vez, conteve o riso diante da reação da ruiva. Achou engraçado e um pouco exagerado, mas decidiu colocar de novo a mesma camisa manchada que ainda tinha na mão para não deixá-la desconfortável.

—Pronto, você pode olhar —disse.

Celine abriu os dedos lentamente para se certificar de que era verdade e afastou de seu rosto ao ver que ele estava vestindo a camisa.

Ela soltou um suspiro de alívio.

Seria impossível esquecer a imagem que tinha visto, mas tentaria deixar para trás. Nunca antes tinha visto um torso tão musculoso e bem formado. Será que era real? Ela se perguntou.

—Bem... isso... —ela coçou o pescoço nervosamente, tentando se recompor—. Do que você estava falando sobre nos casarmos? Você me deixou confusa.

—Ah, desculpe. Não tive tempo para explicar melhor, recebi uma ligação importante —olhou para ela—. E sim, tenho pensado na sua situação e na minha, e cheguei a uma conclusão.

—Você não acha que casamento é a solução, certo? —perguntou a jovem.

—Bem, você tem uma ideia melhor? —levantou uma sobrancelha.

—Não, mas casar do nada é loucura. Mal te conheço, seria uma loucura...

—Entendo que soe assim, mas posso deduzir que você não é uma pessoa má. Caso contrário, não teria te trazido para minha casa —argumentou Enzo—. Minha intuição não falha.

—E agradeço muito isso, você me salvou de uma vida miserável e de um casamento indesejado —comentou Celine, um pouco alterada—. Mas falar de compromisso entre nós é sério.

—Não será assim, confie em mim. Deixe-me explicar as condições e os benefícios —disse Enzo, desesperado para convencê-la.

—Está bem, vou te ouvir.

—Vamos para meu escritório, assim ninguém nos escuta —ela assentiu e o seguiu.

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