[ CECILY RUSSEL] A energia no estádio está além de infecciosa. Ela penetra na minha pele e desperta uma parte de mim que nunca pensei que existisse. Os cânticos da multidão, as meninas gritando com os jogadores, os pais torcendo de seu lugar conservador lá embaixo, Something Like This do Coldplay soando pelos alto-falantes. É um caos tão grande, além do Coldplay. Hoje parece uma fração da Premier League, um tipo de irmão mais novo. Alguns milhares de espectadores enchem o estádio da escola, cantando e carregando as varas preta e vermelha da Elite combinando com as cores da equipe. Vim assistir ao jogo de Ren hoje pois era muito importante pra ele. Eu e Reina nos sentamos no alto, e estamos esperando o jogo começar. —Então? — Reina se vira na cadeira para me encarar. Um brilho estúpido e alegre brilha em seus olhos. — Então? — Cadê Killian? Pensei que vocês estavam juntos. — Estamos. É... quer dizer... não sei ainda ao certo. — Por quê? — Nada de mais. Não conto a
[KILLIAN WHITE]Cecily disse que me ama. E não posso descrever o sentimento avassalador que tomou conta de mim. Porque porra, eu a amo. Sou louco por ela. E saber que ela também sente o mesmo, é tranquilizador. Eu queria apenas adorar seu corpo essa noite, mas ela não aceitaria sem que eu me abrisse com ela. Então estamos aqui, sentados no sofá do quarto em frente a lareira. "Ela vai te deixar quando souber o que você fez. Ela verá você como o fraco que você é."Engulo o nó na garganta enquanto aquela voz martela dentro da minha cabeça.Minha cabeça fodida começa a ficar embaçada e eu mergulho de cabeça no lago escuro do meu estado mental.Reviver aquele dia me fode de tantas maneiras. Tento libertar minha mão, mas o aperto firme de Cecily a mantém no lugar enquanto ela avalia minha expressão.— Eu estou aqui. Não tenha medo. Vai aos poucos. Eu te amo, nada do que me disser vai fazer eu te amar menos. As palavras ficam presas na minha garganta.O toque de Cecily fica mais suave
Estávamos parados ao lado da ponte George Washington. Onde havia um pequeno farol localizado em Fort Washington Park. Killian me trouxe aqui para que eu pudesse conhecer um dos lugares onde ele gostava de vir de madrugada com sua moto. Eu estava perdendo o medo daquela coisa, juro. Killian me fez tornar uma aventureira. Quer dizer, mais o menos isso. É certamente um lugar bonito. Já passei por essa ponte e nunca parei para analisar esse lado. Killian está parado atrás de mim, com os braços em minha cintura. O mar está revolto, uma enorme tempestade estava por vir e eu podia escutar as ondas proclamando a sua chegada.— Melhor irmos. Vai chover logo. Ele sussurra em meu ouvido, e eu arrepio. Mas que merda. Eu ainda estava dolorida da noite passada, e mesmo assim ainda queria mais. Killian me viciou nele, como um drogada anseia pela sua overdose. Isso poderia me levar a morte, mas eu com certeza morreria sorrindo. Seguimos até a moto, e antes que eu possa pegar meu capacete,
[CECILY RUSSEL]— Espero que vocês se divirtam. Meu pai da um último abraço em Daglene e em mim. Estamos indo almoçar juntas. Ela me convidou a uma semana atrás e eu aceitei. Já passou da hora de nos conhecermos melhor. Sei que meu pai se casará com ela em breve, ele só não fez ainda por minha causa.Seguimos até o carro onde Killian e um outro segurança está parado. Espera, ela tem um segurança também? Eu franzo a testa, surpresa. Será que ela vem recebendo ameaças também ou meu pai só está se precavendo? Aceno para o guarda-costas de Dandara e sorrio para Killian, sussurrando um oi. Ainda não contei ao meu pai sobre nossa relação. Mas terei que fazer logo, pois Killian deixou claro que não vai mais esperar. Sua família já sabe, fomos até sua casa essa semana para contar a novidade. Eu amo seus pais, e até mesmo Ethan, que o irrita a todo momento. É tão engraçado ver Killian com ciúmes. — Vamos, meu amor. Uma voz grossa faz minha pele arrepiar. Eu viro o rosto e vejo Killi
[KILLIAN WHITE]Eu corro atrás do carro onde enfiaram Cecily e a levaram depois de apagá-la. Escuto mais carros pararem atrás de mim e pessoas se aproximando. Russel gesticula para seus guardas verificarem o perímetro, e eles obedecem com acenos afiados. Eu permaneço no lugar, os pés firmemente plantados no chão, enquanto meu olhar percorre os carros e as pessoas deixadas para trás, estejam elas vivas ou mortas.Minha mão treme ao redor da arma, e é a primeira vez. Depois de tirar uma vida quando eu tinha dez anos, nunca tive minha mão tremendo ao redor de uma. Armas, rifles e facas não são apenas armas, eles são uma extensão da minha mão, um método não apenas para permanecer vivo, mas também para erradicar qualquer um que esteja em meu caminho. Esta é a primeira vez que minha arma não está cumprindo seu papel. Eu falhei com ela, e assim falhei comigo.— Cadê minha filha? Onde ela está? Russel se aproxima, desesperado. — Eles a levaram. — eu sussurro. Russel cai de joelhos no
[CECILY RUSSEL]Um gosto estranho permanece no fundo da minha garganta enquanto abro lentamente os olhos.Meu ambiente gradualmente entra em foco. Estou deitada em um chão escuro que parece asfalto velho e abandonado.Um cheiro podre de banheiro público em um posto de gasolina esquecido quase me faz vomitar.As paredes de pedra cinza têm alguns números vermelhos industrializados, mas eles estão desbotados, levados pelas mãos impiedosas do tempo. As poucas rachaduras invadindo a superfície sólida e uma cama de metal no canto são as únicas coisas à vista.Seus lençóis brancos são amarelados e parecem não ter sido lavados em uma eternidade.Estou deitada de bruços, e o concreto rachado abaixo de mim congela meus membros, apesar das camadas de roupas.Não consigo levantar, estou fraca de mais. E a única explicação para isso é que também fui injetada com alguma coisa. Uma sensação de terror toma conta de mim e acho difícil respirar direito. Eles possivelmente alcançaram Killian depois de
[KILLIAN WHITE]Estamos sentados na sala esperando o pai de Cecily que saiu dar alguns telefonemas para que limpassem a bagunça que ficou pra trás. Mas antes, ele deixou bem claro que eu não iria a lugar algum enquanto não tivesse uma conversa com ele. Ele não estava nem um pouco feliz. E Cecily ficou apreensiva ao meu lado. — Você está nervosa. — Não. — Não foi uma pergunta, Cecily. — Eu só... não sei como meu pai vai reagir a nós. — Acho bom ele aceitar, porque nada disso vai mudar. Sua mão aperta mais a minha. — Você enfrentaria meu pai por mim? — Sem dúvidas. Eu pego seu rosto nas mãos e olho em seus olhos. — Então, Cecily, você tem certeza disso? Eu preciso saber que você realmente não tem dúvidas sobre nós. Porque há um monte de merda de esqueletos no meu armário. Estou na cama com meus demônios desde que era uma criança que ainda não sabia o que era o mundo. Desde que aquela mulher me tocava de forma inadequada e estava fraco demais para detê-la e salvar a mim e m
TRÊS MESES DEPOIS.Estou deitada na cama sem sono enquanto espero Killian chegar. Faz um mês que casamos. Foi tudo tão rápido, apenas eu e ele. Meu pai ficou chateado, assim como a mãe de Killian, que queria fazer a maior festa de casamento já vista. Mas eu e Killian não queríamos isso. Gostamos da nossa descrição. Sem grande plateia. Então fomos até a igreja e Killian meio que exigiu que o homem nos casasse. Eu fiquei chocada, mas depois achei engraçado a forma como o padre mais que depressa fez o que foi dito. E naquele dia nos tornamos marido e mulher. A verdade é que tenho me apaixonado por esse homem nos últimos meses e tenho aproveitado cada segundo.Killian sempre será Killian, com seus métodos pouco ortodoxos, personalidade taciturna e mente sombria, mas ele sorri quando me vê, beija minha testa depois que me agrada. Ele me fode como se não pudesse respirar sem mim.Eu me apaixono por como ele prepara o café da manhã para mim todas as manhãs, e se certifica de que eu c