Poucos dias após o Natal, Amanda adoeceu. Ela estava com febre e delirava. Quando Amadeu chegou em casa, vindo do escritório de advocacia, levou um susto ao ver a pequena deitada na beira da cama, com a cabeça baixa e os longos cabelos derramados. Ela vestia um pijama de algodão e parecia abatida. Amadeu chegou a pensar que ela tinha sufocado.Rapidamente, ele se aproximou e verificou sua respiração. Ela ainda respirava. Aliviado, Amadeu a pegou nos braços e tocou sua testa levemente quente. Não estava tão quente quanto ele temia. - Amadeu, eu estou morrendo? - Amanda, fraca, piscou e perguntou com os lábios trêmulos.- Que bobagem. É só uma febre baixa, vou pegar o termômetro. - Respondeu Amadeu, colocando o termômetro embaixo do braço dela e instruindo. - Deixe aí por cinco minutos, segure bem para não cair. Vou fazer canja.- Eu não quero canja. - Amanda, encostada na cama, mordeu levemente o canto da boca e segurou a manga da camisa dele. Devido à febre, ela não sentia gosto de na
O final do semestre acabou, e Rita recebeu um convite de Ursula para visitar a Cidade A, aproveitando para ver Amanda na escola e planejando voltar com ela para a Cidade S.Assim que Rita chegou ao dormitório feminino, ela ligou várias vezes para Amanda, mas ninguém atendeu. Sem alternativa, Rita entrou no dormitório e perguntou à encarregada:- Olá, eu sou a mãe da Amanda, estudante do primeiro ano do curso de Inglês. Posso ir ao quarto dela?- Claro, só precisa se registrar aqui. - A encarregada, vendo que Rita tinha uma aparência amigável e estava bem vestida, respondeu.Depois de se registrar, Rita foi ao quarto de Amanda. A porta estava aberta e havia gente lá dentro, mas Rita ainda bateu na porta educadamente. Helena, que estava arrumando as malas para voltar para casa, olhou para a bela mulher na porta. Ela parecia familiar, mas Helena não se lembrava de onde a conhecia.- Quem é você? – Helena perguntou. - Eu sou a mãe da Amanda. Tentei ligar para ela, mas não consegui, então
De volta ao hotel, no quarto presidencial, mãe e filha dormiram de costas uma para a outra. - Amadeu, eu não posso voltar para casa esta noite. Minha mãe veio para a Cidade A e descobriu sobre nós. Ela até disse que quer te encontrar amanhã. - Amanda, escondida sob os cobertores, enviou uma mensagem para Amadeu pelo celular:- Eu posso encontrar sua mãe. - Rapidamente, Amadeu respondeu.- Melhor não. E se minha mãe te tratar mal? Eu vou dizer a ela que você já foi para a casa de seus pais nas férias de inverno. Assim ela não poderá te encontrar. - Amanda recuou um pouco.- Se vamos nos encontrar eventualmente, melhor que seja logo. Não tenho medo de sua mãe me tratar mal. Além disso, você é jovem e está namorando comigo. Naturalmente, deveríamos explicar isso para sua família. Não brigue com eles por minha causa, está bem? - Amadeu não era do tipo que se escondia dos problemas.Amanda, mimada pela família Souza desde pequena e tendo acabado de completar dezoito anos, era naturalmente
Na manhã seguinte, quando Rita acordou, Amanda ainda dormia profundamente, com as perninhas cruzadas sobre as dela e um braço descansando em seu abdômen. Rita sorriu ao ver a posição enroscada em que Amanda dormia. Apesar de Amanda insistir que já era crescida e não era mais uma criança, sua maneira de dormir dizia o contrário.Com cuidado, Rita se desvencilhou da cama e se dirigiu ao banheiro para se arrumar. Ela pensou em ir encontrar Amadeu, mas a ideia pareceu estranha, Afinal, Amanda e ele estavam apenas namorando, não noivos ou algo assim. Se Rita fosse encontrar ele, seria como dar um aval ao relacionamento deles, algo que ela não tinha intenção de fazer. Então, decidiu que não iria se encontrar com Amadeu. Contudo, ela sabia que precisava contar a Lucas sobre Amanda e Amadeu. Não era uma urgência, podia esperar até elas voltarem para a casa. Se ela revelasse agora, Lucas, com seu temperamento impulso, poderia decidir voar para a Cidade A, o que só complicaria as coisas. Sua pr
Assim que Amadeu visualizou a mensagem que Amanda havia enviado, ele agarrou o celular prestes a responder, quando foi interrompido por uma ligação de sua mãe. Era do telefone fixo da casa de seus pais. - Alô, mãe? - Amadeu atendeu.- Alô, Amadeu, este ano não volte para casa no feriado. - Do outro lado da linha, a voz de Iara soava um tanto agitada.- O que aconteceu, mãe? Eu já comprei a passagem para voltar depois de amanhã. - Amadeu franziu a testa.- A polícia me ligou, disse que seu pai foi libertado há dois dias, depois de cumprir a pena. Já fazem oito anos, Amadeu, desta vez, não vou permitir que ele nos machuque novamente. Então, não volte, por favor, não deixe que ele te encontre. – Iara respondeu. - Certo. Mas ele está em Cidade S, mãe, que tal você vir para Cidade A? - O coração de Amadeu afundou, mas ele manteve a calma.- Nós mudamos de casa há oito anos. Aldeia do Chow é um lugar tão remoto que ele não nos encontrará. Mas estou preocupada com você, ele pode ir até sua
Amanda acompanhou Rita de volta à família Souza para celebrar o Ano Novo Chinês. No entanto, à medida que se aproximava o festival, Lucas percebeu que o ânimo de sua filha parecia baixo.- Por que sinto que, depois de entrar na universidade, a Amanda não parece mais minha filha? Será que aconteceu alguma coisa? – Comentou Lucas.- De onde vem esse sentimento? - Rita esboçou um sorriso irônico.- Há algo estranho com essa menina. Desde que voltou das férias, sempre que tem a chance, ela é excessivamente atenciosa comigo. Corta frutas para mim, serve chá e água, e diz que é para me honrar. Ela sempre foi travessa, mas de repente está tão obediente e respeitosa, me faz pensar que ela está escondendo algum segredo inconfessável. - Lucas apenas franziu a testa ligeiramente.- Eu acho que minha irmã está apaixonada e está tentando te preparar. - Plínio, que estava por perto, comentou sarcástico.- Lucas, preciso falar algo com você. - Com esse lembrete de Plínio, Rita se engasgou.Imediatame
Amadeu, segurando sua bagagem, embarcou em um carro de aplicativo. - Rapaz, para onde vamos? - Perguntou o motorista. Um traço de desolação cruzou os olhos de Amadeu.- Ainda não decidi. Dirija sem destino por enquanto. - Respondeu Amadeu, com um tom de voz apático.O motorista soltou uma risada e não comentou mais nada, pensando que o jovem estivesse sofrendo por amor.- Certo, me avise quando decidir. - Disse o motorista.Amadeu examinou o celular e se deparou com diversas mensagens de Amanda, sendo a mais significativa a expressando saudades. Embora desejasse responder afirmando que também sentia falta dela, estranhamente, a motivação para responder simplesmente desapareceu.Amadeu fechou os olhos lentamente, se recostando no banco traseiro, pensando resignadamente. "Que seja, se Eduardo quer me perseguir, que continue. Tenho tempo de sobra para gastar com ele."A pessoa que deveria estar com medo era Eduardo, afinal, ele já estava envelhecendo.Amadeu nunca deveria ser o temeroso
Amanda foi acordada no início da manhã por uma sequência de chamadas de Lívia, enquanto ainda estava nos braços de Morfeu.Assim que Amanda atendeu, a voz extremamente agitada de Lívia perfurou seus ouvidos.- Amanda! O Amadeu está nos trending topics de novo! - Gritou Lívia. - Ele ganhou mais um caso? - Perguntou Amanda, esfregando os olhos. - Não! Ele foi incriminado pelo próprio pai e acabou nos holofotes! O pai dele é tão desprezível, se faz de uma pessoa na frente dos outros, mas é outra completamente diferente por trás! - Respondeu Lívia, agitada. Imediatamente Amanda despertou, se lembrando de que Amadeu havia mencionado que seu pai já havia sido um sequestrador e passado um tempo na prisão.- Mas o pai do Amadeu não estava preso? - Perguntou Amanda.- Ele saiu da prisão recentemente e começou a causar confusão assim que foi liberado! - Explicou Lívia. - Preciso desligar agora, vou verificar as notícias. - Disse Amanda. Após desligar, Amanda correu para conferir os trending