Eram cerca de cinco horas da manhã quando Matilde, se revirando na pequena cama do dormitório da escola, despertou com o canto dos galos e não conseguiu mais adormecer.No seu celular, havia uma mensagem de texto de Fabio: "Matilde, esta manhã deixarei a cidade das montanhas. Se cuide, não vou mais te forçar a nada. Se ainda desejar, posso continuar sendo o Sr. Q, como antes, fingindo que realmente somos apenas amigos virtuais. Se precisar de algo, saiba que estarei sempre disponível para ajudar."A assinatura era do Sr. Q.Matilde leu a mensagem com os olhos ligeiramente úmidos."Se quer ser o Sr. Q, uma pessoa que me oferece conforto e preocupação, por que aparecer diante de mim e revelar que o Sr. Q, na realidade é o Fabio? Agora que sei de tudo, como posso falar com o Sr. Q tão casualmente? Além disso, já excluí o Sr. Q dos meus contatos no twitter. Se decidimos nos separar de verdade, então é melhor não mantermos mais contato."Matilde desligou o celular e enterrou o rosto no trav
A chuva se intensificava cada vez mais, e as equipes de resgate já não tinham socorristas o suficiente para enviar para as montanhas.Desta forma, os grupos de socorristas que tinham, não paravam de subir a montanha.Os membros da equipe informaram a Matilde que eles fariam o possível para encontrar Fabio, mas Matilde se sentia inquieta e, não demorou muito, para também correr até a montanha, a procura do pai de seu filho.Vestida com uma capa de chuva e botas de borracha, Matilde segurava uma lanterna para iluminar o caminho, gritando o nome de Fabio enquanto subia cuidadosamente pela trilha da montanha.Em razão da chuva forte, a estada montanhosa estava molhada e escorregadia, cada passo era tão árduo e cauteloso quanto andar sobre a superfície de um lago congelado, prestes a trincar.Matilde não tinha forças para chorar; ela precisava preservar energia para encontrar Fabio, gritando seu nome com toda a força, dominada pelo medo, mas com um coração determinado e corajoso.- Fabio, c
Matilde sentiu sua garganta enfraquecer, incapaz de produzir qualquer som.Ela apenas escutava Fabio dizer: - Espero que você esteja bem, mas não quero que esteja.Com os olhos vermelhos e toda machucada, Matilde olhou para ele.- Por quê? - Questionou Matilde, com a voz embargada.- Porque se você estiver bem, você vai me deixar. Então, desejo que você sofra, quero ver você chorar todos os dias após me deixar. - Respondeu Fabio, em um tom frio.Matilde, entre lágrimas, abriu um sorriso.- Que tipo de psicologia deturpada é essa? - Perguntou Matilde.Fabio parou em seus passos e fixou seus olhos em Matilde.- Não aguento ver você chorar e sofrer. Mesmo que seja por minha causa, não pode. - Disse Fabio, em um tom sério.Os cílios de Matilde tremeram levemente e as lágrimas deslizaram pelo seu rosto. Ela levantou a cabeça e beijou os lábios finos de Fabio.Diogo, por trás, prudentemente se virou, na tentativa de dar um pouco de intimidade para o casal....Chegando ao pé da montanha.A e
Fabio ainda estava incrédulo, incapaz de entender o motivo pelo qual Matilde tinha o dado um tapa.- Fabio, saia já daqui! - Exclamou Matilde, atirando um travesseiro em sua direção com fúria e o expulsando da cama.Fabio, apesar de seu amor por Matilde, não podia conter a ira que brotava em seu coração ao ver Matilde discutindo com ele por causa do filho dela com Domingos.Ele não se moveu para desviar e o travesseiro atingiu seu rosto, caindo aos seus pés.O olhar de Fabio era frio enquanto ele a encarava.- Você fica aí protegendo o filho desse tal de Correia, mas quando você estava em perigo na montanha, ele foi te procurar? Ele diz que gosta de você, que te ama, mas ignora até mesmo se você está viva ou morta! - Retrucou Fabio.Matilde retribuía o olhar furioso."Fabio é tão tolo! O que Domingos tem a ver com isso?"Matilde respirou fundo.- Eu entendo que Domingos não tenha ido me salvar na montanha. - Disse Matilde, tentando manter um tom calmo."Como você pode ser tão apegada e
Fabio dormiu profundamente essa noite, provavelmente por causa dos muitos acontecimentos do dia anterior e do grande esforço físico que tinha feito. Além de ter se molhado na chuva e adoecido na madrugada. Assim, o habitual sono leve deu lugar a um descanso pesado e contínuo, ao ponto de não perceber quando Matilde se levantou.Quando Fabio acordou, notou a ausência de Matilde ao seu lado, e também não a encontrou no dormitório. A lembrança da última vez que Matilde tinha o deixado, quando ele havia exagerado na bebida e dormido em um sono profundo, fez com que um nervosismo súbito o tomasse.- Matilde? Matilde! - Chamava Fabio, colocando as cobertas para o lado, saltando da cama, calçando chinelos, vestindo o roupão de Matilde e saindo em busca dela.Do outro lado, Matilde foi até o dormitório de Domingos para pegar roupas emprestadas para Fabio.Na noite anterior, a chuva tinha encharcado as de Fabio por completo, e ele e Diogo, que chegaram às pressas, não trouxeram roupas extras.M
Ao entardecer, as roupas de Fabio, que Matilde tinha recolhido do varal externo, secaram rapidamente depois de uma ajudinha do secador.Fabio tinha passado o dia inteiro na cama e, com exceção das idas de Matilde à cantina pela manhã e ao meio-dia para pegar as refeições, ele não tinha largado Matilde e ambos passaram o dia abraçados.- Troque de roupa, vamos jantar fora. - Disse Matilde, jogando as roupas secas para Fabio, na tentativa de tirar Diogo do quarto, visto que ele tinha ficado o dia inteiro deitado.- Quando eu não estava ao seu lado, aquele Correia cuidou de você. Em alguns dias voltaremos para Cidade S. Devemos convidar ele para jantar conosco? - Disse Fabio, depois de ter se vestido e se arrumado.- Quem disse que eu vou voltar com você para Cidade S? - Retrucou Matilde em um tom irônico.Fabio a olhou fixamente.- Você realmente quer ficar nesse lugar árido para sempre? - Perguntou Fabio, franzindo a testa.- Quem disse que é árido aqui? - Brincou Matilde.E então, Fabi
Matilde dormia pesadamente no avião e, ao desembarcar, foi despertada por uma rajada de ar quente do verão da Cidade S.A Cidade S era muito mais quente que a cidade das Montanhas, e o clima era opressivo logo após deixar o aeroporto.Fabio a abraçava e, após entrarem no carro, Diogo começou a dirigir.- Chefe, vamos primeiro à empresa ou preferem parar em casa para descansar? - Perguntou Diogo.Fabio, ausente do trabalho por muitos dias, acumulou muitas tarefas na empresa. Normalmente, ele iria resolver essas questões antes de descansar, mas Matilde estava grávida de seis meses, então, Fabio estava mais do que preocupado e certamente não a levaria à empresa com ele. - Vamos para a Quinta do Paraíso. - Disse Fabio, vendo que Matilde estava exausta.- Tudo bem. - Assentiu Diogo.Ao chegarem na Quinta do Paraíso, Matilde abriu a porta e viu um jardim cheio de rosas cor-de-rosa pálido, cujo aroma suave, ainda que discreto, era transportado pelo ar quente do verão.E então, o cansaço de M
Fabio estava sentado na sala, observando através da janela as duas mulheres do lado de fora, que contemplavam as flores no jardim e conversavam entre risadas harmoniosas.O romance entre Fabio e Diana, apesar de ter terminado, e não ser considerado um verdadeiro amor, ainda assim fazia Fabio se sentir culpado. Afinal, Diana tinha sido sua namorada, mesmo que nada tivesse acontecido entre eles, aos olhos de Matilde, Diana era uma ex-namorada legítima de Fabio.Sentado no sofá, Fabio enviou uma mensagem para Lucas: "Veja se educa melhor sua sobrinha. Ela já não é mais criança, e você, como tio, também deveria se preocupar com o casamento dela."Assim que a mensagem foi enviada, Lucas respondeu imediatamente: "Se for para ajudar no casamento dela com você, posso intervir."Fabio ficou sem palavras.Não estava no clima para brincadeiras. Olhou novamente pela janela e viu Diana e Matilde conversando como se fossem melhores amigas. Mesmo sem ouvir o que diziam, o sorriso triunfante que Diana