Assim que Amélia terminou de responder à mensagem, quando estava prestes a desligar o celular, o telefone tocou novamente. Sem identificador de chamadas e sem prestar muita atenção, ela supôs que era Eurico ligando. Assim que atendeu, desabafou:- Eurico, você não tem limites! Não quero pensar em você agora! Nem te ver! Por favor, pare de me importunar!Amélia disse tudo de uma vez e tomou um fôlego profundo, aliviada. No entanto, do outro lado da linha, uma voz masculina familiar e de timbre profundo respondeu:- Não sou o Eurico.Nessas poucas palavras, ela podia sentir o frio na voz do interlocutor.Amélia quase deixou o telefone cair, assustada. Claro que ela reconheceu a voz. Era Tiago. Ela se manteve imóvel, mordendo o lábio inferior, tentando não respirar. Mesmo que ela não tivesse feito nada de errado, o culpado era ele.Tiago perguntou, com voz fria:- Por que você parou de falar? Ficou decepcionada por não ser o Eurico?Amélia engoliu a seco, se lembrando do constrangimento q
Depois de vários dias de descanso no Povoado de Aguas Claras, o pai e a mãe de Amélia perceberam que ela não mencionava seu retorno ao trabalho na Cidade S.Durante o café da manhã, a mãe de Amélia abordou o assunto casualmente:- Querida, quando você planeja voltar para o trabalho? Seu pai e eu congelamos algumas refeições para você levar. Assim, você não precisará comer fora o tempo todo.Amélia hesitou, deu uma mordida em um ovo frito que tinha acabado de sair da frigideira, e com os olhos ligeiramente baixos, ela disse:- Pai, mãe, eu provavelmente não voltarei para o trabalho.- Por que não?O pai e a mãe de Amélia a olharam com curiosidade.Mordendo o lábio inferior, Amélia prosseguiu:- Eu me demiti do hospital, não vou voltar por enquanto.O casal ficou atordoado.A mãe de Amélia franziu a testa e questionou:- Por que você renunciou? Aquele emprego no hospital era excelente, e você sempre quis trabalhar na cidade, não foi?- Mãe, por favor, não insista. De qualquer forma, vou
Amélia socou Tiago com seus pequenos punhos.- Tiago! Seu canalha! Me solta! Se você não me soltar agora, vou começar a gritar!Os olhos negros e redondos da garota estavam fixos nele, cheios de fúria.Tiago, no entanto, não tinha intenção de soltá-la.- Grite, mesmo que você perca a voz, duvido que alguém aqui por perto vai te ouvir. Meu carro tem um ótimo isolamento acústico.O rosto delicado de Amélia ficou vermelho de raiva.- Me solta!As mãos grandes de Tiago seguravam a cintura delicada dela, enquanto seus olhos negros penetrantes a encaravam:- Por que você está tão bem vestida? Com quem você vai se encontrar?- O que isso tem a ver com você? Não esqueça, você é um homem casado!- Vou me divorciar da Xuxa.- Mas você ainda não se divorciou! Não é?Amélia quis chorar de desgosto. Por que, sendo claramente o erro dele, ele ainda podia ficar tão calmo e perturbar a vida dela? Ela mal havia começado a se recuperar do rompimento com ele e agora ele aparecia novamente em sua vida.Lá
Amélia nunca foi boa em mentir e também não tinha intenções de ocultar a verdade, então respondeu com sinceridade:- Já namorei sim.- Quantos?Mario perguntou de forma um tanto insistente e até mesmo um pouco invasiva. Amélia sempre foi de bom temperamento e considerou que já que estavam em um encontro às cegas, era normal que ele fizesse tais perguntas.- Dois. – Ela respondeu com naturalidade.Ouvindo essa resposta, uma ruga se formou entre as sobrancelhas de Mario e um vislumbre de insatisfação cruzou seus olhos.- Dois namorados, hein? Você tem bastante experiência com relacionametos. - Seu tom de voz carregava um toque de sarcasmo.Amélia também começou a se sentir um pouco irritada.- Mario, não é normal ter tido dois relacionamentos amorosos?- Srta. Amélia. - Mario subitamente a chamou pelo nome, deixando-a um pouco surpresa. - Você ainda é virgem?Sentada ali, o rosto de Amélia ficou perplexo, cheio de vergonha e indignação. Suas pequenas mãos, escondidas sob a mesa, se fecha
Amélia apenas ficou olhando fixamente para o homem diante dela. Justo quando abriu a boca para responder a Tiago, o celular começou a tocar.A tela mostrava que era sua mãe. Ela apanhou o celular, já imaginando que sua mãe provavelmente queria falar sobre o encontro arranjado com Mario.- Amélia, o que você fez com Mario? Assim que ele voltou, começou a reclamar para sua tia que você tem uma vida desordenada e ainda anda com bandidos! Disse que você até bateu nele!Amélia franziu a testa, mordendo o lábio inferior:- A culpa é toda dele.- Mesmo que ele estivesse errado, você não deveria ter batido nele!Tiago, ouvindo a voz do outro lado da linha, tirou o celular das mãos de Amélia e falou:- Tia, fui eu quem bati nele, não tem nada a ver com Amélia.Houve uma pausa do outro lado.- É o Eurico que tá falando?Mas isso não fazia sentido; ela tinha falado com Eurico há poucos dias, e a voz dele era diferente."O que está acontecendo afinal?"Amélia subiu na cama e arrancou o celular de
Enquanto Tiago estava no banheiro tomando um banho frio, Amélia, usando chinelos descartáveis do hotel e segurando sua bolsa, saiu sorrateiramente do local. Ao sair do hotel, ela respirou profundamente e se sentou desanimada, próximo a um canteiro de flores, como se tivesse perdido a alma. Ela não conseguia distinguir a verdade das palavras de Tiago. "Se Tiago insistir mais um pouco," pensou, "eu não vou conseguir resistir... Vou acabar cedendo a ele." Os princípios morais que manteve em sua mente por mais de duas décadas pareciam inúteis depois de conhecer Tiago. O celular tocou novamente; era sua mãe. Depois de ser repreendida por um longo tempo, Amélia, com a voz desanimada, disse que voltaria imediatamente para casa.Ela estava usando chinelos descartáveis do hotel e, portanto, não podia pegar o ônibus. Então, pegou um táxi. Justamente quando o táxi estava saindo do hotel, Tiago saiu correndo e passou pelo veículo. "É isso então," pensou Amélia, abraçando a bolsa desanimada.
Quando Rita foi levada por Amanda para o quintal, seu queixo caiu. Havia realmente um helicóptero parado lá, cheio de caixas e mais caixas de cerejas. As frutas eram grandes, de cores vibrantes e frescas, como se tivessem sido colhidas diretamente do pomar. Trabalhadores estavam descarregando, levando as caixas de cerejas para dentro de casa.Amanda, com os dentes manchados de roxo, sorria de orelha a orelha.- Ritinha, eu já comi uma tigela de cerejas! Você quer?Amanda e seu irmão tinham brincado de um jogo que envolvia cuspir caroços de cereja, então a quantidade de cerejas estava diminuindo rapidamente.Rita olhou em volta, mas não viu Lucas. Onde ele poderia estar num fim de semana?- Cadê o papai?- Acho que ele saiu para fazer compras!Rita ficou curiosa sobre o que Lucas teria ido comprar.Leila apareceu com um prato de cerejas lavadas e disse sorrindo:- Senhora, experimente essas. Ouvi dizer que foram trazidas do Chile.- Do Chile? Isso é longe!- Sim, Lucas contou que, depoi
Povoado de Aguas Claras.Depois de uma noite inteira de insônia, Amélia foi trabalhar no centro médico comunitário. Mas, sem esperar por surpresas, ela encontrou Tiago logo na entrada da clínica.Ele estava ao lado do carro, fumando, como se estivesse esperando por ela de propósito. Ela tentou ignorá-lo, mas Tiago já tinha apagado o cigarro e bloqueou o caminho dela.- O que você está fazendo? Está bloqueando meu caminho.Tiago falou com uma voz rouca, olhando-a fixamente:- Por que você fugiu ontem? Não pedi para você me esperar?Amélia mordeu o lábio inferior, seu rosto estava baixo, ela não ousava olhar diretamente nos olhos dele, temendo que sua determinação falhasse.- Por que eu deveria te esperar? Não temos mais nada a ver um com o outro.Tiago franziu ligeiramente a testa, um traço de irritação cruzou seus olhos. Ele olhou para o lugar onde ela trabalhava e disse:- Não me importo se você está brava comigo, mas por que você pediu demissão do hospital? Sua formação, inclusive o