A porta se abriu repentinamente. Siena Robins ergueu os olhos cansados e inchados de tanto chorar. Ela andou por tanto tempo, e por todos os lugares, enquanto tentava fugir das luzes que pareciam persegui-la. Não havia nenhum refúgio que ela conhecesse naquele lugar. Procurar a mãe da Pax seria uma boa escolha, mas ela não conhecia a mulher. E na verdade, quando bateu seu punho na porta varias vezes, não parecia haver ninguém lá dentro, exceto pelo mau cheiro que invadiu as narinas da Siena Robins, e que agora, ela duvidava que pudesse esquecer que sentiu. Era tão terrível quanto a injustiça que cometiam por ela. Mas certamente, aquela mulher não sabia tratar de uma casa agora. Não, depois de tantos anos lidando com tantas empregadas que eram tratadas como escravas e a serviam de todas as formas imagináveis, e por isso, morava em um verdadeiro lixo. Siena não teve escolha, e o único lugar para se refugiar era aquele jardim. O mesmo jardim que a Zozo sempre costumava se esconder, mas
Sia Campbell se levantou. Ela ainda estava nua quando se aproximou com seus grandes olhos julgadores e o dedo apontado para a Pax. – Ai! Está vendo só, Sebastian! A sua Pax mostrando as garras! Esse demônio. Essa maldita. Essa louca. Essa psicopata. Tantos adjetivos ditos, e um tapa muito bem dado no rosto que fez tudo ficar em silêncio. O mundo da Siena Robins girava naquele momento, mas não tanto quanto a Sia Campbell que tinha uma mão no rosto e um lábio sangrando. – Eu vou embora agora! – Pax! – Sebastian Black gemeu. Siena Robins olhou para trás. – Eu não sou mais a Pax! - Voltando a andar em seguida. Não havia nada que fizesse ela parar de arrancar algumas roupas de dentro de armário e coloca-las em uma mala. Em uma situação comum, Siena jamais levaria aquelas roupas com ela, mas agora não tinha nada. Provavelmente havia pedido o apartamento, e o hospital a denunciado por não pagar a maldita conta que deixou para trás, quando desapareceu sem rastros. Tudo que parecia ser u
– Espera! – Sebastian Black praticamente ordenou. Mas os pés da Siena Robins não paravam de se mover. Era tão irritante e desesperador olhar o balanço do vestido de festa sujo de folhas e alguma lama. Por onde ela esteve escondida? O que a Pax andou fazendo enquanto estava desaparecida por tanto tampo? Por que desejava ir embora agora depois de tudo que havia feito para se casar? Pax sempre quis aquele casamento, mesmo quando já tinha tudo na vida. Mesmo quando podia ter qualquer homem, então por que perder tudo agora? Sebastian Black não conseguia entender, e aquilo só piorava os sentimentos dele. – Pax? – Sebastian pediu mais uma vez. As mãos dela já estavam coladas a maçaneta da porta, e como ele se odiou por não ter trancado quando entrou. – A Sia armou aquela cena. Tudo aquilo na festa. Eu já sei que você não teve culpa. Sinto muito por não defender você! Siena Robins tinha os olhos inundados de lágrimas, mas ainda iria embora. O que aquele homem acabava de dizer não mudou
Sebastian Black riu. Riu alto e em um bom tom. – Eu deixei você? – O que tem de engraçado nisso? – O rosto da Siena Robins acabava de adquirir tons avermelhados, mas não eram de vergonha, como habitualmente acontecia. Naquele momento, havia apenas raiva nela. – Você está rindo de mim? – Rindo da sua ingenuidade. – Ingenuidade? – Siena Robins ainda manteve aquele olhar confuso, e o rosto tão vermelho que quase chegava ao tom do cabelo cor de fogo. Sebastian Black descruzou os braços, e aquele maldito sorriso raro dele era tão sedutor que Siena sentiu as pernas bambas quando ele começou a se aproximar. ‘Não chegue perto, não chegue perto... Droga! ‘, Sebastian Black estava tocando na nuca dela mais uma vez, de uma forma quase enlouquecedora que a fez fechar os olhos por dois segundos, antes de se lembrar que ainda estava brava. – Eu quase fiquei louco por pensar que eu poderia perder você. – Eu disse que estou bem! – Você não está bem. Você sabe disso. Todos nós sabemos!
Sia Campbell encarou aquele homem lindo e tão alto que quase precisava envergar o pescoço todo ao olhar para cima. Os olhos dele eram tão frios que as vezes podia leva-la a mergulhar nas lembranças do passado. Lembranças ruins, e Sia Campbell se perguntou por que o amava tanto daquela maneira. Por que se apegou a uma realidade que agora via que não seria possível para ela. – Sebastian, nós dois fizemos muitas vezes, e você... – Isso já faz muitos meses. Você sabe como isso funciona! – Sim, mas... – Sia Campbell começou a gaguejar. Havia um grande nervosismo estampado no rosto dela, enquanto olhava para o Sebastian. Os olhos começaram a se encher de lágrimas. – Eu sinto muito! – Sia Campbell finalmente se deu por vencida. Ela conhecia o Sebastian Black bem o bastante para prever quando ele estava prestes a explodir, e conhecia melhor ainda para saber que só pioraria a própria vida se continuasse a insistir na mentira. – Eu te trai. Eu sei que eu não devia ter feito aquilo, mas... Seb
Sebastian Black tinha as mãos grandes e pesadas, mas misteriosamente elas ainda eram delicadas quando tocava em uma mulher, se assim ele quisesse. – Olhe nos meus olhos e diga que isso realmente aconteceu! Sia Campbell ainda manteve os olhos grudados no chão. Vergonha, rubor, e a mentira... Sia mentia sempre muito bem, mas naquele momento, não fazia a menor ideia se seria capaz de inventar algo. – Sebastian ...– Olhe para mim e diga que isso é verdade! Eu preciso saber se você não está mentindo para mim, por que eu estou pensando em algo, e eu realmente quero acreditar que você não seria capaz. Sia Campbell mordeu o lábio inferior com tanta força que quase o machucou. Mas Sebastian ainda forçava o queixo dela para cima. Não mais de uma forma delicada ou carinhosa, mas de um jeito rude e inebriante. – Sim! – Foi tudo que ela conseguiu dizer, enquanto olhava nas profundezas do azul intenso. Sebastian Black se manteve olhando para o fundo dos olhos da Sia Campbell por quase um minuto
Sia Campbell avançou, segurando forte na nuca daquele homem que havia sido dela por tanto tempo. Não importava que Sebastian fosse mais alto, Sia Campbell ainda precisava levar aquele presente com ela, mesmo que fosse tudo que teria. Mesmo que fosse a única coisa que pudesse se lembrar dele. Um beijo se deu, mas foi tão rápido. Sebastian Black agarrou a mulher e praticamente a expulsou dos seus braços. Aqueles braços fortes e robustos que em outro momento a trazia para mais perto do corpo, em um ato de violência e prazer, agora estava repelindo o corpo que tanto usou, por muito tempo. Siena Robins tinha os olhos vermelhos e inchados. Não bastava ter passado a noite em claro, visitando aquele lugar que a Zozo tanto gostava, agora também via o homem que amava ser beijado por outra mulher. Não era proposital, ela sabia. Siena também sabia que Sebastian Black não queria aquele beijo, mas nada faria doer menos. Perdida em pensamentos, Siena apenas observava a interação daquelas pessoas
Siena Robins sentiu uma pontada de esperança. Ao menos uma... Aquela fagulha que se apagou a tanto tempo, quando precisou escolher entre ter sua vida ou gerar uma vida. Aquela escolha terrível e difícil... Os olhos dela estavam grudados no médico que a examinava de uma forma quase rude. E Siena sabia bem que aquele homem não a maltratou apenas por que o Sebastian Black ainda estava ali. Na realidade, ele só a examinava naquele momento por que havia sido obrigado. Sebastian poderia ter contratado um medico de qualquer parte do mundo, mas havia uma certa arrogância no poder do novo barão que o impediu. Tinha que ser aquele homem orgulhoso e que odiava a Pax, apenas como uma demonstração de força. Forçado... O médico continuava a examinar a barriga, mas o rosto dele tinha uma expressão tão ruim que fazia a Siena Robins tremer o corpo inteiro. – Fique parada! – O médico disse. Siena Robins olhou para o Sebastian. O rosto aflito, embora estivesse confiante. Ter outro filho... Sebasti