ELE
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As minhas pálpebras estavam pesadas e todo o meu corpo dolorido, mas nada do que eu não estivesse acostumado. A dor tem sido companheira na minha existência mais vezes do que poderia contar. A dor no pescoço era a mais incômoda e levei a mão à área afetada, desconhecendo a causa da aflição.
— Não toque aí, meu Alfa, continua muito inflamado!
— O que está fazendo aqui, bruxa?
— Cuidando do meu Alfa, o que mais poderia ser?
Ela sentou ao meu lado na cama e aplicou um tecido molhado com alguma das suas misturas no ferimento. Num primeiro momento, senti arder, mas logo foi ficando dormente, aliviando o mal-estar.
— Por que eu precisaria de você para cuidar de mim, onde está a minha fêmea?
— Luna Esmeralda es
ELEAcordei, mas dessa vez, estava sozinho no quarto. Nenhum sinal da bruxa ou da minha fêmea. O corpo ainda estava dolorido, a mente enevoada e confusa. Imagens se formaram nas minhas lembranças, desconexas e tumultuadas, estavam retornando lentamente.Eu sei que sai em busca de Estela logo após falar com Alaor, sei que o rastro dela levou-me até a minha casa, e ela estava no meu quarto, deitada na minha cama, nua e oferecendo-se para mim.Lembro da tortura do meu lobo, lutando contra o cio forçado, reconhecendo que a encontrar daquele jeito tinha sido uma armadilha.Resumindo: Ela armou para mim, usou alguma substância para intoxicar a minha natureza, me atacou e tentou me marcar contra a minha vontade, acreditando que o vínculo falso seria suficiente para que o meu lobo aceitasse a marca.A bruxa não me revelou muita coisa, entretanto, d
ELA“É a minha companheira, sonho com o dia em que passearemos pelo território, exibindo o seu ventre inchado com a minha semente.”Alhamdulillah, um dia, no futuro, teremos filhos, se tudo der certo, é claro, mas não tão cedo. Está tudo acontecendo tão rápido, não posso trazer um filho para a nossa equação neste momento. Seria irresponsabilidade me deixar engravidar de um homem… lobisomem, que acabei de conhecer.Tudo bem, somos almas gêmeas, acredito nisso, porque, o que sinto por ele nunca senti por ninguém antes. Gosto de estar com ele, sinto-me incrivelmente atraída por esse lobão, preocupo-me e importo-me com ele. Quero que cresçamos juntos, explorando esses sentimentos, e também sonho com um futuro, mas, precisamos dar um passo de cada vez.Tudo isso estava p
ELAAlgo dentro de mim se partiu, como acordar de um sonho bom e simplesmente encarar a realidade. Em dado momento, senti-me como se tivesse retornado ao meu mundo, a minha antiga vida com Amir, da qual eu queria tanto escapar.O homem à minha frente não era o que eu tinha imaginado e o erro foi meu, por criar expectativas demais.Há apenas uma pessoa no mundo com a qual posso sempre contar para me priorizar e lutar por mim, e essa pessoa sou eu mesma.Quando ele me mandou para o quarto, eu fui, não por obediência, mas, porque não queria mais ver a cara dele na minha frente, nem ouvir a sua voz.Alguns minutos depois, ouvi o barulho da chave virando do lado de fora, ele tinha me trancado.Pela janela, vi quando saiu, não sem antes olhar para cima e me avistar. Ele parou uns instantes, achei que diria algo, mas se interrompeu
ELECaminhava de um lado para o outro na sala da cabana de Dófona, enquanto ela reportava tudo o que tinha testemunhado desde a noite do festejo, até aquele exato momento. Aquela pequena cabana de madeira, na frente de um lago, era o meu refúgio, onde me sentia seguro para debater o que estava na minha mente e sufocava o meu peito.— Tem como saber se o filhote é mesmo meu antes do nascimento?— Não, meu Alfa, sinto muito.Me prendia a uma fagulha de esperança do meu lobo não ter cometido um crime tão grave contra a minha alma gêmea. Aquilo afetaria os meus planos, mudaria tudo e colocaria a vida de Esmeralda me alto risco.— O filhote foi gerado depois que ela voltou para o nosso clã. Não consigo pensar em quem poderia ser o pai, exceto, caso ela esteja falando a verdade e eu tenha mont
ElaQuando Ares retornou, já era noite, a casa estava escura e silenciosa, nenhuma lâmpada estava acesa. Após despedir-me do Gama, voltei para o quarto e tranquei a porta novamente, porém, dessa vez, por dentro. Posicionei uma cadeira de modo a impedir que conseguisse abrir.Bem…Ele é um lobisomem, se usar a força do lobão, certamente, conseguirá abrir, mas a minha intenção era que ele percebesse que não queria a presença dele no quarto.Ele mandou trazerem comida para mim, no meio da tarde, mas o Gama dispensou, afinal, depois que ele abriu a porta, descemos para comer a carne que eu havia preparado mais cedo.Estava ótima, peninha que não sobrou nada para o Alfa…Ele que coma carne de cobra daquela Cascacu do mármore do inferno!&nbs
— Você me odeia, fêmea? — Ele perguntou em voz baixa depois de beijar a marca no meu pescoço— Eu não te odeio, Ares.Que exagerado!— Não me quer mais? Não sinto o cheiro do seu desejo.O que há com esses machos? Sério? Aprontam, chegam em casa e acham que estaremos empolgadas esperando eles na cama?— Deve ser porque não estou desejando nada.— Perdeu o interesse por mim de novo?De novo? Ah…Lembrei.— É a segunda vez que temos um problema entre nós e foi a segunda vez que você simplesmente deixou-me plantada sem explicações.— Entendo… Comprarei mais presentes, me diz o que quer e-— Ares, acho que te dei a impres
Terceira pessoaEstela estava deitada na cama comendo cerejas. Ela pegou uma bem vermelha e madura, segurou pelo cabo e ergueu sobre a boca, com um sorriso satisfeito nos lábios. Ela envolveu a fruta com a língua e fechou os olhos saboreando.A outra mão estava sobre a barriga, e ela já podia imaginar o filhote nascido, sendo tratado como um príncipe pelos membros do clã, recebendo agrados e presentes, enquanto muitos deles fariam favores e ofereceriam agrados para mostrarem apoio a mãe do herdeiro.Incrível como o seu plano, mesmo dando errado, teve excelente desfechoA sua intenção era que Ares não resistisse ao cio dela e montasse nela na frente de todos, não funcionou, então, ela foi direto para a cama dele, pois sabia que Esmeralda ficaria um tempo longe do Alfa para cozinhar a caça do cortejo. Isso dar-lhe-ia um período para criar intriga entre eles, deixando a sua essência na cama, fazendo a humana desconfiar do Alfa e criar problemas.Era infantil, ela sabia, mas a chance de A
ELEA minha fêmea estava falando comigo de novo, mas permanecia irredutível em me fazer dormir na sala, no sofá. Nem no quando de hóspedes era permitido que eu repousasse. Ela me disse que é assim que fêmeas humanas perdoam os seus machos, que precisam passar no teste de dormir no sofá até que elas sintam que os machos merecem voltar para as suas camas.Acredito que a vida de um macho humano não deve ser nada fácil. São fracos, ficam doentes, envelhecem rapidamente, são pequenos, sem músculos e não podem contar com o vínculo de almas gêmeas para assegurar a união.Por isso, compram presentes, creio eu, para mostrar que servem, pelo menos, para prover as fêmeas e a prole, já que nem para caçar servem.Pensei, durante a noite, em simplesmente arrombar a porta do quarto e ela teria q