— Ela... ela voltou à forma humana… — murmurou Pedro, a perplexidade evidente em sua voz. Helena havia sido clara sobre o parto ocorrer na forma lupina e que o filhote deles nasceria como um pequeno lobinho. — O-o que aconteceu? Isso não era para...— Isso não importa agora, Pedro! — Mariana o interrompeu, a voz firme e autoritária. Ela tirou o casaco e se posicionou ao pé da cama, pronta para ajudar. Embora não fosse especialista, enquanto ainda vivia no reio das bruxas, já havia ajudado algumas magas em partos, e esperava que sua experiência fosse suficiente. — Vá buscar água morna e muitas toalhas limpas, Pedro!Pedro hesitou, o olhar fixo em Helena, que gemia entre gritos e lágrimas. A dor nos olhos dela parecia insuportável, e nesse momento ele odiou não ser o companheiro destinado dela para suportar com ela toda essa dor.— Agora, Pedro! — Mariana repetiu, o tom de voz ainda mais impaciente.Ele assentiu rapidamente e saiu do quarto, deixando as mulheres sozinhas, o coração mart
Passaram-se quatorze anos desde que Helena dera à luz Sasha, e a vida deles tomara um rumo tranquilo e discreto, cheio de momentos felizes, mesmo que o tempo todo Pedro e Helena tivessem constantes cautelas.Ela sabia que, para proteger a filha e a si mesma, deveria permanecer escondida, mas os últimos dias haviam sido particularmente desafiadores.Certo dia, Helena atendeu ao telefone e, a cada frase trocada, sua expressão endurecia cada vez mais.— Quem é? — Ela questionou, já que não reconheceu o número em seu celular.— Falo com a mãe de Sasha? Aqui é da escola — a voz do outro lado era firme.Helena franziu o cenho, um sentimento de inquietação tomando conta dela.— Sim, sou eu. O que aconteceu? — Helena apertou o telefone com mais força, ela antes nunca recebeu nenhuma ligação da escola de sua filha.— Sua filha brigou com um dos meninos e... bom, deu um soco nele. Ela quebrou o nariz dele, mãe. Preciso que venha aqui buscá-la para que possamos resolver essa situação com a famíl
Helena lutou contra o terror que tentava a dominar, sentindo o controle de sua própria forma escorregava, como areia entre seus dedos sem que pudesse fazer nada. A cada tentativa de se transformar novamente para poder fugir e levar o perigo para longe dali, mas o lycan a forçava a permanecer na forma humana, vulnerável e indefesa.Ela tentou se desvencilhar, mas ele a segurou com força brutal, apertando seus braços até a dor pulsar em suas articulações. Helena tentou chutar para se soltar, mas ele pegou sua perna com facilidade, esmagando sua tentativa de resistência com uma risada fria.Ela tentou chuta-lo, mas ele segurou a perna dela com a outra mão.— Com a ascensão do novo Genuíno Alfa, até os ômegas agora recebem treinamento de combate. — A voz dele era carregada de desprezo enquanto sussurrava no ouvido dela. — Pelo menos, sua traição serviu para alguma coisa, sua escória.Um arrepio de pavor percorreu o corpo de Helena, e seus olhos se arregalaram. Em sua época de escrava, os
⸺ Ela é a minha esposa! ⸺ Pedro exclamou, não se deixando intimidar.O ômega riu, o som grave e perverso ecoando pela sala. Ele agarrou Pedro, que mesmo se debatendo e tentando usar os golpes que aprendeu nas aulas, não conseguiu se soltar, então o lycan o arrastou até uma cadeira.Com movimentos precisos e frios, amarrou Pedro com tiras de couro que encontrou por ali, apertando com força. Pedro lutava, tentando soltar-se, mas cada vez que se mexia, os laços ficavam mais apertados, cortando sua pele, o imobilizando completamente, deixando-o indefeso e incapaz de ajudar Helena.— Eu não posso matar você, humano, mas nada me impede de assistir você sofrer — o ômega sussurrou, seus olhos cravados nos de Pedro. E então ele se virou para Helena, o sorriso cruel voltando a seus lábios. ⸺ Vou adorar dá fim essa puta enquanto o “maridinho humano” dela assiste.⸺ Não, não ⸺ Pedro se contorceu, tentando se soltar, mas tudo o que conseguia era que as cordas o mutilassem ainda mais. Helena o olho
Mariana observa Pedro, seu olhar fixo no perfil cansado dele, e percebe a tensão que ainda atravessa seu corpo. Ele limpa as lágrimas do rosto, inspira profundamente e evita encontrar o olhar de Mariana.— Você está com vontade de beber, não é? — Mariana pergunta, sua voz calma, mas firme, observando a forma como o corpo dele treme.Abstinência.Pedro se mantém em silêncio por um instante, o peito subindo e descendo lentamente enquanto luta para processar tudo. Finalmente, ele responde com um aceno de cabeça.— Não vou negar, Mari. Sim, eu queria muito beber até apagar tudo, até não me lembrar mais de nada... — ele respira fundo. — Porque, honestamente, ainda dói demais. Sei que não sou um lycan, mas não consigo superar que ela foi arrancada de mim, ela foi a primeira e a única mulher que amei. E lembrar de tudo o que aconteceu me deixa louco.Mariana balança a cabeça, observando-o de lado. — Olha, Pedro, é melhor você voltar para o meu apartamento, não posso deixar que me atrapalhe p
Miguel dá alguns passos à frente, sua presença dominando o espaço da cela, onde o cheiro úmido de pedra fria e metal enferrujado paira no ar. A chama das tochas nas paredes lança sombras móveis, intensificando o ambiente sombrio. Miguel observa Lukan com um olhar penetrante, ele observa Lukan, que permanece sentado no chão, a mandíbula rígida.— Você parece muito à vontade, Lukan — Miguel comenta com um tom irônico, cruzando os braços.O Genuíno Beta não se move, continua sentado no chão, como se nada o estivesse incomodando. Finalmente ele abre os olhos, e seu olhar encontra o de Miguel com uma expressão tranquila, quase indiferente. Há um silêncio pesado entre eles, mas Lukan não esboça reação alguma, seus olhos mantêm um brilho impassível, como se toda a situação fo
— Mais uma noite admirando as estrelas, bruxinha? — Mara pergunta, surgindo na sacada do quarto de Melody, sua silhueta destacando-se contra a luz branca do quarto.Ela observa a bruxa por um instante, os braços cruzados apoiados nas grades, o semblante de que não revela o que está passando pela cabeça.Melody solta um suspiro cansado, sem desviar o olhar do céu estrelado. O vento noturno brinca com seus cabelos, mas seus olhos permanecem fixos em algum ponto distante, perdida em pensamentos de seu passado, das coisas boas sendo substituídas pelas ruins.Os lycans a traíram e a torturaram.Seus súditos olharam para ela com desgosto e se afastaram como se ela fosse contagiosa.Lycans traidores da própria espécie a libertaram para usa-la contra eles próprio.Com certeza planejam se livrar de mim depois que eu mate o Genuíno Alfa. Vou me livrar de todos primeiro — Melody fecha as mãos em punhos, sua mandíbula serrada.— O que você quer, lycan? — Ela responde, sua voz fria. — Não estou co
Miguel entra silenciosamente na toca em sua forma lupina, o corpo grande e musculo mal fazendo ruídos enquanto fecha a porta com a pata traseira cuidadosamente.Ele segura a caça em sua boca, o sangue ainda pingando pelas feridas causadas por suas presas. O cheiro da carne recém abatida preenche o ambiente e ele se caminha até a cama onde Sasha está deitada, aninhada entre os lençóis em uma ninho que ela mesma preparou, seus pelos brancos praticamente se misturando com os tecidos ao redor. Com cuidado, ele coloca a caça ao lado dela e, inclina sobre o rosto adormecido dela, então delicadamente coma a lamber o focinho de sua companheira, um toque suave e carinho para acordá-la. Sasha finalmente começa a despertar, piscando seus olhos azuis lentamente.Ela boceja e então solta um leve gruindo de contentamento enquanto se estica e espreguiça. Ao perceber o cheiro da caça, olha para ela e instantaneamente sente sua barriga ronca com a fome recém desperta.“Trouxe sustento para você, minh