Capítulo 0005
POV da Dylan

— Ai! Não tão forte. — Eu gemia enquanto a enfermeira da escola limpava meus novos ferimentos com antisséptico.

— Se você tivesse ficado de boca fechada, isso não teria acontecido. — Virei-me para a direita e olhei pela janela para as poucas nuvens que flutuavam no céu azul.

— Como eu disse, tenho orgulho de ser humana e agora todo mundo sabe o que eu sou. — Cerrei o punho enquanto a enfermeira começava a fazer um curativo em meu antebraço.

Já havia se passado algumas horas desde o incidente no salão, e eu tinha sido forçada a ir ao posto de enfermagem humana depois de tentar limpar meus ferimentos com água da torneira, mas nada o faziam parar de sangrar.

— Você é impossível. Por favor, pode tentar ficar longe de problemas? Por apenas um dia, é só o que eu peço.

A enfermeira da nossa escola é uma loba, ela é um deles. No entanto, ela odeia a maneira como eles nos tratam, meros humanos. Ela acha que todos nós deveríamos viver em paz com direitos iguais. Como se isso fosse acontecer.

— Tudo o que eu fiz foi ficar longe de problemas, mas vocês vão me humilhar de qualquer maneira, então qual é o objetivo?

— A alcateia estava discutindo uma execução pública, Dylan. Você precisa andar sobre cascas de ovos de agora em diante, não apenas por você, mas também por sua família.

Ninguém foi executado publicamente em mais de 4 meses, estou lisonjeada por eles estarem considerando isso. Eles só executam pessoas que acreditam ser os maiores problemas para a sociedade.

— Bem, então... Estou lisonjeada. — Dei uma risadinha, antes de olhar para o remendo. "Huh, não muito ruim". Levantei-me rapidamente do posto de enfermagem humana e puxei a manga da minha blusa para baixo, cobrindo a evidência de ter sido ferida.

— Isso é sério! — Eu apenas lhe dei um olhar vazio antes de sair da sala. Ao sair, eu a ouvi me chamar de volta. — Por favor, pense sobre isso. — Acenei com a cabeça enquanto me afastava, imaginando como contarei isso à minha mãe.

Mais tarde, à noite...

— Dilly, por que você diz isso? — Freddie olhou para mim com a boca cheia de pão.

— Não fale com a boca cheia! — Minha mãe o repreendeu, enquanto um tímido rubor subia às suas bochechas.

— Desculpe, mamãe. — Sua resposta foi abafada enquanto ele engolia o último pedaço de comida.

— Eu disse isso, Freddie, porque é a verdade. A raça dos lobos é uma desculpa patética para... — Minha mãe me interrompeu com um olhar extremamente severo.

— Dylan! Eles têm ouvidos em todos os lugares, mais uma palavra sua e te mandarei para o seu quarto. — Eu fiz uma careta. Meu ódio pela espécie de licantropo se fortalecia a cada dia que passava.

— O que mais eles podem fazer comigo, me chicotear? Bater em mim? Me marcar? Eles já não têm mais opções. — Afirmei, batendo as mãos na mesa, e depois me arrependi seriamente quando uma dor aguda atingiu meu ferimento.

— O que foi isso? — Minha cabeça se inclinou para a expressão preocupada de minha mãe. Suas sobrancelhas estavam erguidas e seus olhos estavam sem brilho e julgadores enquanto ela olhava para mim.

— Nada, não foi nada. — Rapidamente peguei meu prato na mão e comecei a caminhar até a cozinha. — Não estou com fome de verdade e tenho dever de casa para fazer!

Minha mãe segurou meu antebraço, fazendo com que eu deixasse o prato cair de repente, e eu o vi cair lentamente antes de se espatifar no chão. Retraí meu braço rapidamente e me virei para Freddie.

— Fique aí e não se mova até que tudo esteja limpo, está bem, rapaz? — Ele apenas assentiu com os olhos arregalados.

Voltei para minha mãe e notei seu olhar curioso em meu braço. Ela passou a segurar o braço do outro lado e o virou antes de puxar minha manga para cima. O curativo estava à mostra e um pouco de sangue estava escorrendo depois que o ferimento foi aberto.

— Que diabos aconteceu? — Os olhos da minha mãe se arregalaram quando ela começou a mexer no curativo. Antes que ela conseguisse desfazer o curativo, puxei o braço que ela segurava.

— Sofri um acidente na escola. Nada demais. — Comecei a juntar os pedaços grandes do prato quebrado, pronto para colocá-los na lixeira.

— O que você fez, Dylan? — Ela olhou para mim com pura preocupação, e só então percebi como o ferimento devia parecer para alguém que não sabia.

— Pelo amor de Deus! Eu não fiz isso comigo mesmo! Fui punida publicamente na assembleia, ok? Não é nada demais. — Seu rosto caiu instantaneamente e ela deu um passo em minha direção, fazendo com que eu desse um passo para trás. — Mãe, eu estou bem. Então se afaste, está bem?

— O que você fez? Nunca soube que eles cortassem o braço de alguém como punição. — Seu choque e acusação eram evidentes em sua voz e eu suspirei pesadamente.

— Eu falei contra o filho do alfa. — Talvez eu tenha batido nele também, mas não ia contar essa parte para ela. — Não é um grande corte, mãe, é uma marca, “escória humana” gravada em meu braço.

— Eles também marcaram você agora?! — Meus olhos se viraram com seu tom magoado enquanto eu pegava a pá de lixo e a varria. — Você é tão parecida com seu pai. — Um suspiro saiu de sua boca enquanto ela falava, passando a mão pelos cabelos, enquanto eu rapidamente varria os pequenos pedaços do prato quebrado. — Você recebeu um uniforme novo. Ele está em cima de sua cama. Dylan, por favor, tente manter o respeito no futuro, não quero que minha filha seja completamente mutilada. Embora você não esteja muito longe disso.

— Poxa, obrigada! — Em seguida, caminhei até meu irmão mais novo, Freddy, antes de dar um beijo em seu pescoço e ouvi-lo dar uma risadinha. — Então, rapaz, como está indo a escola?

— Está tudo bem. — Ele deu de ombros antes de voltar a colorir um desenho de dinossauro.

— Bem, isso é bom. Não se meta em encrencas, ok, garotinho?

Subindo as escadas e indo para o meu quarto, meus pensamentos se voltaram para a cicatriz permanente do grafite que estava cicatrizando lentamente em meu braço. Bestas nojentas. Acham que são donas do mundo porque são mais rápidas, mais fortes e podem se transformar. Ah, se você me perguntar, eles não são tudo isso.

Assim que entrei em meu quarto, fiquei de boca aberta. Em cima da cama, havia umas calças cinzas bem arrumadas, o que não foi a parte surpreendente. Não, o que me chocou foi a camisa cinza de gola alta e sem mangas. Todos os uniformes tinham mangas, exceto esse. Eles fizeram isso de propósito, esses vira-latas. Eles querem que o mundo veja meu braço e saiba como sou uma criatura nojenta. Eles querem que o mundo saiba que eu, Dylan Riley, não sou nada mais do que "escória humana".
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