Rio de Janeiro – Cidade de Deus~ Mikael P. O. V. ~Hoje irei contar a vocês uma história nenhum pouco feliz e que possa vir a servir de exemplo para quaisquer pessoas. Então porque eu fiz tudo o que vocês estão prestes a testemunhar em minhas palavras? Porque a vida nem sempre é justa e nem sempre aquilo que fazemos é realmente o que deveria ser feito, mas como eu disse antes, A VIDA NÃO É JUSTA. Então a partir de hoje eu também não seria.Já tinham se passado três dias desde que meu irmão, eu e Adilsinho tínhamos ido nos alistar. Meu irmão que era o que mais queria tal compromisso, a ele lhe foi negado, assim como para Adilsinho. Agora eu que não queria nem de longe entrar naquela merda de exército, fui condenado a esse fardo. Perder o tempo da minha vida tendo que abaixar a cabeça para aqueles ratos fardados para ganhar uma miséria de salário.Era uma sexta feira a noite e estávamos em um barzinho ali perto de nossa casa como sempre fazíamos. Eu estava bebendo um pouco junto de uns
Rio de Janeiro – Cidade de Deus~ Mikael P. O. V. ~Muitas pessoas costumam falar que as pessoas entravam na vida do crime por falta de vergonha na cara ou por querer dinheiro e bens de forma facilidade e rápida. Mas nem sempre as coisas são exatamente dessa forma. A vida é traiçoeira e não somos nós que controlamos nosso destino, o destino que nos controla.Aquela noite eu não consegui por um segundo pregar meus olhos. Eu estava deveras preocupado com meu irmão Rafael, ele não era do crime, e muito menos tinha culhão para um assalto, ainda mais armado.Assim que ele chegasse em casa eu iria ter uma conversa muito séria com ele, eu iria ajuda-los nessa gravidez. Eu estava trabalhando, ia dar tudo certo. Seria bem difícil, mas pelo menos não ia precisar conviver com o meu irmão mais novo enfiado nessa vida nojenta do crime.Tentei me manter acordado, mas o álcool permanecia forte agredindo meu estomago e minha cabeça. Eu não conseguia mais resistir ao sono e a bebida e acabei cedendo a
Cidade de Deus – Rio de Janeiro“Mikael – P. O. V.”Mais um dia comum no quartel. Um dia chato, entediante e cansativo, mas eu tinha uma ideia, algo que eu iria levar adiante independente dos rumos que viesse a tomar. Estava tudo certo e eu não iria mais voltar atras.Comentei com meu amigo que era responsável pela arrumação das armas que eu iria precisar retirar alguns desses itens para um proposito particular. Ele ficou meio nervoso com isso de início, mas consegui convence-lo que seria para um bem maior, e que ninguém iria desconfiar dele.- Mano, se liga. Você vai ficar normalmente como sempre fica arrumando e limpando as armas. E se alguém perguntar depois – porque irão, você diz que foi golpeado e não sabe o que aconteceu depois.- Mas calma aí? Ser golpeado? – Perguntou ele ajeitando os seus óculos com o dedo indicador direito e o semblante cheio de dúvidas.- É o jeito meu amigo. Eu vou lhe golpear o rosto e fazer com que fique desacordado. Pegarei as armas e sairei com o veíc
Cidade de Deus – Rio de Janeiro“Mikael – P. O. V.”Eu estava me tornando uma pessoa diferente, alguém diferente e eu sentia que seria um caminho sem volta, mas eu não poderia mais voltar atras. Eu era agora um desertor do exército brasileiro, além de ter em cima de mim também o crime de roubo de armamento oficial. E isso tudo não estava nem um pouco me abalando. Eu fazia tudo isso para poder vingar a morte de meu irmão pelas mãos sujas daqueles policiais corruptos de merda.De eu estava, bem do alto, mas próximo do ponto de encontro, eu via Adilsinho já recebendo os policiais. Eles conversavam e meu amigo fazia de tudo para ganhar tempo. Tinham três policiais no total, e eram os mesmos de sempre, os mesmos que cobravam o arrego para deixar o trafico fluindo normalmente em nosso morro.***********“Adilsinho P. O. V.”- Aí senhor, tá tudo aqui como falamos anteriormente. Quatro fuzis novinhos e oficiais direto do exército nacional. – Abri o porta malas do carro e apresentei o material
Cidade de Deus – Rio de Janeiro – BrasilDias atuaisMikael já fora um homem bom, de princípios cristãos e bastante calmo, mas fatos trágicos ocorridos contra o seu irmão no passado, o fez mudar drasticamente, tanto seus pensamentos, sentimentos e modo de agir.Após Mikael desertar do exercito brasileiro e ainda por cima ter roubado todas aquelas armas, ele passou atuar como um dos homens de Robinho na linha de frente com o tráfico. Mikael era bastante inteligente e estava bem acima da média de todos os traficantes atuais daquele morro e organização criminosa.Em pouco tempo Mikael foi ganhando não só a confiança de Robin, mas também do grande chefão daquela facção que atuava em todo o estado do Rio de Janeiro.Mikael foi submetido a diversos testes e tarefas, onde se saiu muito bem em todos eles, e se sobressaindo além das expectativas de Robin e do líder da facção.E as gratificações não tardaram para chegar, e Mikael em poucos meses acabou herdando o controle do tráfico da Cidade d
Cidade de Deus – Rio de Janeiro – BrasilEscritório de Mikael / Cativeiro de AngelPara Angel, aquele momento estava sendo a melhor parte em toda a sua vida. Após incontáveis dias aprisionada como animal, ela podia agora sentir os raios solares quentes invadindo aquele pequena casa simples que servia como base e escritório para Mikael e seus lacaios.O sol tocava em sua pele e o ar puro entrava pelas suas narinas e penetrando em seus pulmões. Seu andar ainda estava tímido, seus músculos enrijecidos pelo tempo em que ficou confinada, deitava e encolhida se agarrando ao próprio corpo devido ao medo e as incertezas de dias que viriam.Mikael estava sozinho e por alguns minutos ficou sentado em sua mesa de mogno de cor clara. Estava ajeitando alguns papeis e hora e outra respondia algumas coisas pelo radio transmissor.Angel não estava amarrada ou algemada como quando chegou aqui, e andava tranquilamente por aquela sala. Observava os moveis de baixa qualidade, a poeira acumulada em suas s
Local desconhecido.Tempos atuais.Angel despertou ainda bastante sonolenta e se assustou ao perceber que não estava mais em seu cativeiro, muito menos na sala onde havia pegado no sono com sua nova amiguinha felina.Ela testemunhou um quarto bem amplo, bonito, arrumado e aparentemente feminino. As paredes pintavam uma cor gelo clara em três paredes e uma de um branco sem igual. Ela se via em uma cama box tamanho king size com vários travesseiros bem macios e de alta qualidade. Um tapete cinza claro de pelos macios onde descansara seus pés ao ficar sentada na ponta do colchão mostrava o bom gosto de quem decorara aquele cômodo.Haviam duas portas na parede a sua frente, uma em cada extremidade. Imaginou que uma fosse do banheiro e a outra para o exterior do dormitório.Angel se espreguiçou e reparou que tinha um par de pantufas também peludinhas bem ao lado do tapete que ficava de frente a cama. Ela se calçou e caminhou até a lateral da cama onde havia uma mesa com um notebook e o toc
Local desconhecido – Tempo atualPor horas Angel permaneceu submersa as águas quente e perfumada da hidromassagem daquele local desconhecido. Ela não fazia a mínima ideia de onde estava, mas só de ter saído daquele terrível cativeiro onde estava antes, já era mais que suficiente.Ela permaneceu por bastante tempo chorando em demasia, ou por felicidade de estar supostamente segura ou por tristeza de não saber onde estava, e que possivelmente ainda estaria à mercê do chefe do trafico da Cidade de Deus.Angel se levantou e ficou por alguns segundos sentada sobre o vaso sanitário, ainda estava bastante molhada e com o corpo coberto por espumas que exalava um maravilhoso cheiro de lavanda.Ela não sabia o quanto tempo havia se passado desde que fora supostamente libertada, até que começou a se recordar das últimas palavras de Mikael.“você vai para a minha casa....pode levar a gatinha com você....”Ela terminou de se enxugar e se vestiu apressadamente, voltou até o quarto e tentou novament