Eu estava inquieto desde que saímos da casa de Vincenzo. Assim que chegamos à garagem, joguei as chaves do carro para um dos meus irmãos e me joguei no banco do passageiro, os olhos cravados nas portas da frente daquela mansão. Eu mal conseguia me concentrar no que estava ao redor, muito menos dirigir. Deixar Beatrice para trás parecia… errado, completamente errado.Naquela manhã, acordei cedo, como sempre, mas em vez de deixá-la dormir, a impaciência me consumia. Precisava falar com ela, precisava resolver essa maldita distância que se abria mais entre nós. Não podíamos continuar assim, não podíamos adicionar mais lenha ao fogo. Eu sabia que, se isso se prolongasse, não sobreviveríamos.Quando descobri que ela havia sumido, o pânico tomou conta de mim de um jeito que não consigo explicar. Era como se o medo me apertasse a garganta, me deixando sem ar, me paralisando. Falhei com ela de novo. Como pude permitir que o perigo se aproximasse dela, como qualquer mafioso jamais permitiria?
Fazia duas semanas que eu estava morando na mansão Espósito, e, aos poucos, comecei a me acostumar com a rotina. Grande parte dos meus dias era preenchida pela companhia de Sophia, especialmente quando ela não tinha aulas. Mesmo assim, às vezes eu a acompanhava até o campus. Observava as alunas correndo de um lado para o outro, preocupadas com prazos e projetos. Era estranho tentar me imaginar no meio daquilo, preocupando-me com coisas tão simples, mas que de alguma forma me pareciam reconfortantes.Nos momentos livres, Sophia e eu saíamos para comer ou encontrar seus amigos. Eles me acolheram com uma facilidade que me surpreendeu. Não havia perguntas incômodas, nem olhares curiosos para o grupo de segurança que me seguia a cada passo. Espósito, sempre atento, fez questão de garantir essa proteção. E eu, embora precisasse dessa distância de Ryuu, sabia que não podia me dar ao luxo de dispensar a segurança. Ainda era neta de Giorgio Carbone e esposa de um homem poderoso — era impossíve
— Isso é culpa minha — disse Sophia, soltando uma risada enquanto respondia às perguntas indiscretas de Petros. Percebi, então, o quanto ela aliviou uma tensão que nem notei nos seus ombros até aquele momento. — Roubei Beatrice por uma semana para me fazer companhia enquanto visito meu tio. Você conhece meu tio, não é, Petros? — Ela perguntou com aquele sorriso doce que eu já sabia ser pura estratégia.Petros ficou rígido. E eu não consegui disfarçar minha satisfação ao ver seu sorriso vacilar.— Bom, sinto muito por Ryuu. Ele deve estar sentindo sua falta — disse ele, com aquela falsa preocupação que sempre carrega.— Sim, eu também — respondi com um sorriso que, surpreendentemente, não precisei forçar dessa vez.— Claro — murmurou Petros, surpreso com minha resposta.Tanto eu quanto Sophia mantivemos nossos sorrisos tensos até que ele se afastou. Assim que Petros virou as costas, nossos rostos se fecharam.— Odeio esse cara — resmungou Sophia, empurrando as portas do ginásio com for
Eu já tinha mandado uma mensagem para Dario mais cedo, e ainda nada. Ele não respondeu nenhuma das minhas tentativas, e a essa altura, depois de uns drinques, eu já começava a sentir o efeito do álcool. Não sou de beber muito, então bastava pouco para me deixar tonta. Mesmo sabendo que talvez não fosse a melhor ideia, meus dedos já estavam ocupados com o celular de novo. A tentação era grande demais.Beatrice: Onde você está? Dario, eu sei que está me ignorando, caralho!Não me arrependi da provocação. Na verdade, ele merecia. Se me ignorou, estava pedindo por isso. Mas, no fundo, eu sabia que ele não iria responder. Então, só me restava outra opção.Beatrice: Precisamos conversar.Se havia alguém que saberia onde Dario estava, esse alguém era Ryuu. E eu precisava ter certeza de que ele não tinha interferido em nada. Precisava acreditar que, se algum dia tivéssemos uma chance real de igualdade, ele manteria sua palavra.— Uh, oh… — Uma voz suave e provocante soou perto demais do meu o
Ryuu sempre tão sério. Ele precisava relaxar, se soltar um pouco… Talvez, se tomasse uns drinques, ficaria tão leve quanto eu estava agora. Se ficássemos assim mais um tempo, eu poderia, genuinamente, adormecer nos braços dele. O corpo dele contra o meu era reconfortante, e por um momento, quis esquecer tudo e apenas me entregar àquele calor.Mas a voz de Caleb me arrancou desse devaneio.— Você é o namorado dela? — Ouvi a pergunta, e me virei, assustada, encontrando Caleb ao meu lado. Seu rosto estava carregado de uma expressão sombria, e o sorriso sarcástico nos lábios me dizia que ele sabia exatamente quem era Ryuu. Seu tom provocativo deixou claro que queria causar confusão.Senti o braço de Ryuu apertar em torno da minha cintura, me puxando para mais perto. O calor do corpo dele se espalhou pelo meu, enquanto nossos quadris se alinhavam. Podia sentir a tensão crescente em cada centímetro do toque dele.— Sou o marido dela — respondeu Ryuu, com uma calma perigosa, quase divertida.
&Ryuu&Beatrice e Sophia riam alto, as vozes ecoando pelo corredor enquanto cambaleavam para dentro da mansão de Espósito. Beatrice teria beijado o chão há muito tempo, se eu não estivesse ali, segurando-a firme contra o meu corpo. A cada tropeço que ela dava, eu a puxava de volta, mantendo-a em pé.Eu não tinha tocado uma gota de álcool a noite toda, e parecia que Beatrice tinha compensado isso por nós dois. Não sei como ela conseguiu chegar até aqui, mas agora estávamos diante da enorme escadaria. As duas, rindo e se equilibrando mal, voltaram para seus quartos. Continuei segurando Beatrice até ela se jogar pesadamente na cama, com o rosto vermelho de tanto riso.— Senta comigo — ela exigiu, a voz embriagada, enquanto afundava no colchão king size. Fechei a porta atrás de mim, controlado, com um clique suave. Bem diferente de como ela tinha escancarado a porta antes. Ainda bem que Espósito não estava por perto para ouvir.— Você está bêbada — declarei, firme, analisando-a. Não sabia
Acordei rígida, com a boca seca. Estava afundada sob os lençóis pesados de um dos quartos da mansão Espósito, envolta em um calor sufocante, incapaz de reunir qualquer motivação para me mexer. Só depois de alguns segundos percebi que não estava deitada no colchão… e sim sobre alguém.Forcei meus olhos a se abrirem, movendo a cabeça devagar sobre um peito nu, e fui recebida pela visão de Ryuu ao telefone, falando rápido. Uma risada profunda escapou de seus lábios, fazendo seu peito vibrar sob a minha mão. Bocejei, ainda presa aos resquícios do sono, e flexionei a mão esquerda, cujos dedos repousavam suavemente contra sua pele. Foi então que o brilho prateado da minha aliança chamou minha atenção.Ryuu, notando meu olhar, baixou os olhos para mim, os lábios curvando-se em um sorriso provocador. O humor leve que o dominava parecia ter se esvaído por um momento.— Dormiu bem? — perguntou ele, enquanto sua mão livre, a que não segurava o telefone, se mexia, e só então percebi que seus dedo
&Ryuu& Mal cruzei a entrada da mansão, e lá estava Fukui, vindo da cozinha com uma caneca de café quente na mão. Ele me olhou de relance, o suficiente para notar o estado das minhas roupas.— Onde você estava ontem à noite? — perguntou, franzindo a testa. — Chegando em casa às oito da manhã, ainda com as roupas de ontem?— Onde você acha que eu estava? — murmurei, sem interromper meu passo em direção ao quarto. Sabia que Fukui me seguiria, o sorriso dele já evidente, mesmo que eu não o visse. Ele sabia muito bem onde eu tinha passado a noite. — Sophia e Beatrice estavam bebendo. Fiquei com ela.Fukui riu, aquele riso típico de quem se diverte às minhas custas.— Não que eu esteja reclamando que vocês dois viraram um casal de adolescentes apaixonados, mas quanto tempo Beatrice vai continuar naquele lugar? Aquelas duas estão muito juntas.Soltei uma risada seca. — Se alguém vai avisar as duas, será você, porque eu não vou separá-las. Sophia é a única amiga de Beatrice. Quer impedir Be