Nessa época o Eder estava preso por ter se envolvido com assaltos. A Célia como sempre me ajudou se encarregou pelo velório e a Patrícia se encarregou de avisar os amigos e familiares mais próximos. Veio muita gente, até pessoas que não via há tempos, mas esteve presente nesse momento. Foi um velório tumultuado, porque o Éder foi ver o pai pela última vez escoltado pela polícia. E o policial pediu pra todos saírem que o bandido iria descer. Aquelas palavras destruíram meu coração, mais do que já estava. Porque não criei meus filhos pra serem bandidos. Foi triste no funeral do pai ter que passar por uma humilhação dessas, todo mundo olhando e cochichando uns com os outros. Mas consegui passar por cima daquela situação e enterrei meu marido com dignidade que ele merecia. Ele tinha seus erros e defeitos, mas sempre foi um bom marido e um bom pai. Nunca deixava faltar nada pra nós. Infelizmente a doença chegou e tirou ele de nós muito cedo, pois era um homem que amava viver a vida. Mas
Entre Risos e lágrimasDécada de 50, um casal chega em São Paulo. Joaquim e Ana, ela com 16 anos ele 30, deixaram sua cidade natal em Minas Gerais. E, como tantos, vieram tentar a vida na cidade grande. Ana, uma mulatinha faceira com olhar cheio de malícia, logo se encantou com a bela cidade de São Paulo. Por outro lado, Joaquim, um homem mais maduro, bonito, com fisionomia de índio, só queria fazer a vida em São Paulo e cuidar da sua mulher. Pois a vida no interior era muito difícil. Decidiram ir pra São Paulo em busca de uma nova vida. E com apoio de parentes, eles poderiam recomeçar.Ela tinha um irmão que trabalhava na Light. Ele estava com vida estabelecida, era casado e tinha duas filhas pequenas. E prontificou em ajudá-los. Em pouco tempo eles arrumaram serviço. Joaquim conseguiu trabalho numa metalúrgica e Ana foi trabalhar em uma pensão só para rapazes. A vida deles era difícil, mas estavam bem, pois ainda não tinham filhos.
e trocando olhares com o Ivan, a Andréia me falou que ele tinha perguntado se podia levar a gente para casa. Eu aceitei. Depois disso, todas as vezes que eu olhava para ele, o via com um leve sorriso no rosto. Pensei “safado, tá pensando que vou fazer algo com ele. Tá enganado”. Quando o baile estava terminando, perdi o Ivan de vista. Senti alguém me abraçar pela cintura. Quando me voltei, dei de cara com Rodrigo abatido, parecia bem mais velho. Tentei sair, mas ele me segurou com força. O barulho da música não deixava entender o que ele falava. De repente as luzes foram se apagando e eu tentando ver o Ivan e a Andréia. As portas foram abertas e os jovens foram saindo rindo, tontos, brincando. O Rodrigo grudou igual a carrapato e não largava da minha cintura. Finalmente na rua, a multidão se dissipando. Encostei-me à parede e o Rodrigo pôs as duas mãos ao meu lado e me encurralou. Começou a falar que estava sofrendo muito e me beijou. Tentei sair, mas ele era mais forte. Eu estava t
A Vitória era muito má. Depois que casou com meu tio, ficou pior. Meu tio Pedro parecia um cachorrinho em suas mãos, fazia o que ela queria e da minha vida ela fez um inferno pra eu sair de lá. De tanto ela me infernizar, acabei saindo, porque, se ficasse mais tempo com ela, eu faria uma besteira. Apesar de tudo, eu tinha que agradecer a hospitalidade do meu tio, que tinha me dado um teto na hora que mais precisei. Eu não conversava mais com meu tio Pedro. Fiquei sabendo que ele deu os netos que ele mesmo criou como filhos. Tudo porque a sua mulher não queria, mesmo ela o tendo conhecido quando meu tio já tinha os neto. Mas foi ele que errou por aceitar. Ele estava desconhecido, não parecia aquele tio que conhecia. Será que o amor deixa a gente boba assim? Mais um motivo pra eu me afastar do Ivan, não quero ser fantoche só porque o amo. A Sueli ficou muito triste porque saí da casa do tio Pedro. Cada vez que ia à casa da Sueli, ela me mostrava o enxoval que estav
-Prefiro sem aquilo – sem nenhum romantismo falou. Quebrou um pouco o encanto, mas fomos em frente. Ficava louca com os carinhos, mas na hora do “vamos ver” doía. Eu me sentia desconfortável. Ficamos assim até de madrugada, quando por fim dormimos. Acordei quando já estava claro. Escutei o barulho do chuveiro e estava com fome. O Juza já saiu do banheiro já trocado. Estranhei, pois pensei que ele ia colocar uma bermuda e chinelo. Tomei banho e coloquei uma roupa informal, casual. Descemos pra tomar café. O saguão estava quase vazio. O olhei no relógio de parede. Eram oito horas. Vi uma mesa farta, que tinha de tudo. O Juza pegou só um café com pão de queijo, enquanto eu comia um delicioso pedaço de bolo com suco de laranja. Enquanto comia, olhava através da janela um lindo jardim com lindos pássaros e borboletas. Começou a chegar mais gente. O Juza parecia impaciente. Pedi pra subir. Pensei “sei o que ele quer”. Ao entrar no quarto, tomei a liberdade de
- Tudo bem, né, Juza? Você descansa o resto do ano e depois volta de cobrador. É um trabalho como outro qualquer. -Vamos, Felipe, para o escritório, suas contas já esta somadas – disse o colega.Ele foi receber o acerto. Ganhou pouco porque já tinha feito acerto e estávamos devendo muito. Com o dinheiro pagamos as contas necessárias e o restante foi pra comida. Em janeiro de 2004, o médico afastou o Juza. Ele estava bem confuso e se esquecendo de tudo. Voltamos à estaca zero, só com a metade da aposentadoria. Levei-o para fazer uns exames, pois ele estava dando surto de esquecimento quase sempre. Ele desconfiou que os acidentes que estava tendo era por causa dos apagões. A secretária me ligou dizendo que os exames estavam prontos e marcou pra levá-lo. Logo que cheguei, a doutora parecia estar procurando as palavras certas para começar a falar comigo. Então ela começou assim:-Dona Marta, os exames chegaram ontem e já examinei.&nbs