Limiar de Emoções

Alice acordou com o som sutil da chuva batendo na janela. Ainda na cama, seu corpo carregava as lembranças de noites recentes, cada toque e confissão deixando marcas que pareciam tatuagens invisíveis. O telefone piscou sobre o criado-mudo, uma mensagem de Miguel.

“Bom dia, Alice. Pensei em você durante toda a noite. Já tem planos para hoje?”

Ela sorriu. Miguel era intenso, mas algo nela desejava manter o controle dessa dinâmica. Respondeu com um misto de provocação e mistério:

“Ainda não, mas aceito sugestões.”

Ao mesmo tempo, a lembrança de Gabriel permanecia em sua mente. Ele representava a tempestade, enquanto Miguel era a calmaria antes dela. Era possível escolher um sem perder o outro? Essa era a questão que a assombrava.

Naquela noite, Miguel a convidou para um jantar. O restaurante era íntimo e sofisticado, com luzes baixas que pareciam conspirar para criar uma atmosfera de segredos compartilhados. Miguel segurou a mão dela sobre a mesa, seus dedos acariciando suavemente a pele de Alice.

“Você me intriga,” ele disse, com um sorriso que misturava vulnerabilidade e desejo. “Quero conhecer cada parte sua, Alice. Cada pensamento, cada memória.”

Alice sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Havia algo diferente em Miguel, algo que fazia seu coração acelerar e ao mesmo tempo trazia uma calma inexplicável. Ela sabia que aquela noite não terminaria ali.

De volta ao apartamento de Miguel, a tensão entre os dois se tornou quase palpável. Ele a conduziu até a sala, onde uma lareira acesa jogava sombras dançantes pelas paredes. Miguel se aproximou devagar, como se cada passo fosse uma pergunta.

“Alice, posso?”

Ela não respondeu com palavras, apenas inclinou a cabeça em um gesto que misturava permissão e desejo. Miguel a beijou com firmeza, suas mãos explorando o contorno de suas costas enquanto ela puxava sua camisa, sentindo a textura da pele quente sob seus dedos.

O sofá foi o primeiro palco da conexão entre eles. Miguel a deitou com delicadeza, mas seus movimentos eram repletos de urgência contida. Alice sentiu cada toque como se fosse a primeira vez, e suas respostas vinham espontaneamente, sem reservas.

Naquele momento, não havia dúvidas, apenas uma entrega que transcendia palavras. Miguel era atento, cada gesto mostrando o quanto ele desejava conhecê-la de verdade. Quando finalmente se uniram, foi como se o mundo ao redor desaparecesse, deixando apenas o ritmo de seus corpos e o som de suas respirações.

Depois daquela noite, Alice não conseguiu evitar a comparação. Miguel era intenso de uma maneira que preenchia seu corpo, mas sua mente insistia em revisitar Gabriel. O que era isso que a fazia desejar dois homens tão diferentes? Era apenas luxúria ou algo mais profundo?

Uma mensagem inesperada de Gabriel chegou na manhã seguinte. Simples, mas carregada de significado:

“Sinto sua falta.”

Alice sabia que precisava tomar uma decisão. Permitir que esses dois homens dividissem espaço em sua vida poderia ser delicioso, mas também perigoso. Ainda assim, parte dela não queria escolher. Ela estava aprendendo que sua jornada não era sobre agradar a outros, mas sobre descobrir o que realmente a fazia feliz.

E talvez, apenas talvez, sua felicidade estivesse em abraçar todos os lados de si mesma: a luz, a sombra e tudo o que havia no meio.

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