Luana MullerEu não posso acreditar! Fico paralisada, segurando a porta, enquanto os vejo se vestindo às pressas. A menina se aproxima de mim, vestindo suas roupas.— Desculpe, foi o calor do momento — ela diz olhando para mim, como se eu me importasse com o que estava vendo. Solto a porta e dou alguns passos para trás, fazendo-a parar em minha frente.— É o seu casamento, desculpe, eu não... sinto muito — observo-a correr, ainda incrédula com o que acabei de presenciar. Olho para aquele homem e ele está parado, olhando para mim como um cafajeste, fechando o zíper da calça.— O que foi? Você perdeu algo aqui? — ele pergunta com desprezo, enquanto eu o encaro com repulsa. Mesmo que não sintamos nada um pelo outro, ele pelo menos me deve respeito.— Infelizmente, eu abri a porta errada — digo com raiva, misturada com nojo, e viro-me para sair.Sinto sua mão agarrar meu braço, forçando-me a olhar em seus olhos, enquanto ele diz:— Sabe o que eu fiz com ela, aquele amor gostoso? Você nunc
Luana Muller Eu levanto ainda tossindo e passo a mão sobre o meu pescoço, olhando ao redor. Caminho até a pequena cama de solteiro que havia ali dentro e me sento. Respiro fundo, tentando conter as lágrimas que começam a escorrer. Começo a entrar em desespero e a hiperventilar. Não consigo acreditar que me casei com um canalha preconceituoso e agressor. O que será da minha vida, meu Deus! Eu não quero morrer nas mãos dele. Observo ao redor e percebo que não tenho nada, meu celular e pertences ficaram na minha mala dentro do carro que me trouxe até aqui para o casamento. Me aproximo da pequena cômoda vazia, contendo apenas a cama e a cômoda. Começo a entrar em desespero, sem saber o que fazer. Não posso viver com esse homem, ele pode ser capaz de me matar. Deito-me na cama e adormeço em lágrimas... Sou despertada por alguém me sacudindo e, para o meu desespero, quando abro os olhos vejo o tal Gregório à minha frente, com uma expressão séria. Levanto-me rapidamente e me afasto até a
Luana MullerÉ agonizante estar aqui, submetendo-me aos desejos de um homem movida pelo medo que me consome. Enquanto observo meu reflexo, uma dor dilacera meu peito e um nó se forma em minha garganta. Fecho os olhos desesperadamente, tentando conter as lágrimas que insistem em escorrer, testemunhas silenciosas da minha tristeza profunda.Não tenho nada contra cabelos lisos, reconheço sua beleza. Mas eu amava incondicionalmente meus cachos, eles eram parte da minha essência. Cuidei deles com muito amor, dedicando horas no banho, lavando, secando e aplicando produtos para realçar sua forma única. Como eu amava aqueles cachos rebeldes! E agora estou aqui, diante desse espelho.Vejo todos os anos de cumplicidade sendo desfeitos em um processo exaustivo e cruel. Agora ele está finalizado, completamente liso e comprido, traído pela vontade de um homem. Observo a alegria das mulheres que moldaram meu cabelo e ouço suas vozes ecoarem...— Ai ficou perfei
Luana Muller...Mudando o seu sorriso para uma expressão de preocupada, dona Rosângela abraça-me forte e pergunta: — O que foi, Luana?Olhando nos olhos dela, começo a desabafar: — Esse monstro! Quando chegamos do casamento, ele me enforcou e depois me obrigou a alisar o meu cabelo— Em lágrimas, mostro os fios já lisos.Antes que a dona Rosângela possa iniciar alguma frase, alguém bate palmas atrás dela e diz: — Que lindo, que maravilha! Vejam isso, que cena comovente.Dona Rosângela se vira e eu fixo meus olhos no homem em pé diante da porta, sério e debochado. Meu corpo treme ao vê-lo.Ele se aproxima furioso e eu corro para o fundo do quarto. Dona Rosângela entra na sua frente, impedindo que ele se aproxime de mim.— Você não vai machucá-la, Gregório. Ela é apenas uma menina— ela interrompe sua passagem e ele a segura pelos braços, parecendo com força, encarando-a com ódio em seu olhar.— E quem é você para me impedir? — Enquanto ele à sacode, eu gritei apavorada.— Solta ela, p
Luana Muller...Por alguns segundos andei de um lado para o outro, ela me defendeu tanto, mostrou estar ao meu lado, eu não vou deixá-la agora, não assim, respirei fundo, enquanto voltei minha atenção para o médico — Doutor, eu posso fazer uma ligação primeiro?— Pode claro, acerte com a recepcionista depois, com licença — disse ele me olhando ao soltar um breve sorriso se retirando em seguida.Observei ele sair, enquanto peguei o celular olhando os três únicos números disponíveis ali, minha mãe, meu pai e o infeliz. Se eu ligar para a minha mãe, ela vai se desesperar e é perigoso vir aqui e ficar tudo ainda mais pior, o meu pai eu nem sei mais quem ele é, sobre o infeliz então vale tentar né, pela dona Rosângela, como ele a conhece a mais tempo, creio que não vá abandoná-la. Chama várias vezes até cair na caixa postal, mais como eu sou insistente ligo até ele se irritar e atender, Oxe! Me deu o seu número para que? De enfeite!
Luana Muller...— Está bem, obrigada! Vou retornar ao hospital, para levar os documentos que necessitam deles lá… Obrigada de novo Gael.— Respondi com um suspiro de alívio.— Eu que devo te "Agradecer" por estar ao lado da minha madrinha nesse momento… Estarei aí em duas horas, me informa em qual hospital ela está por favor.— Nossa! Eu não sei o nome, ele é particular, levamos mais ou menos trinta minutos até chegar lá de ambulância.— Tentei explicar para ele. da melhor forma, já que eu não conheço nada por aqui e não lembrei de verificar o nome do hospital antes de sair.— Eu acho que sei qual é… Obrigado novamente.Encerramos a ligação e por algum motivo me sinto mais aliviada. Ainda sentada no chão respirei fundo com gratidão, pois agora sei que a dona Rosângela não ficará desamparada.Observo as horas e são quase meia-noite, "eu tenho que voltar ao hospital", com um pouco de medo me levantei, pois nunca andei sozinha tão tar
Gael Lewis...Eu não sei o motivo! Mas hoje acordei angustiado, permanecendo assim o dia todo, pensando na minha madrinha, liguei várias vezes durante o dia sem sucesso de falar com ela, me deixando ainda mais preocupado, porque todos os dias conversamos, nem que for apenas um pouquinho.Até tentei ligar para o meu pai, mas como sempre ele nunca me atende, eu só sei que ele está bem! Porque pergunto para a minha madrinha. Passei o dia bem aflito.... Deitado na minha cama peguei o meu celular, "Vou tentar ligar mais uma vez", sei que está tarde, mais vale tentar.Uma moça atendeu e pela sua voz percebi que estava chorando, preocupado conversei com ela até ela se acalmar e me contar o que aconteceu, "para o meu desespero é algo com a minha madrinha, eu não sei quem é essa menina, mas ela parece bem desesperada" .Ela tem uma voz tão doce, para estar tão apavorada, só de ouvi-la sinto vontade de protegê-la. Após saber da situação da minha madri
Gael Lewis...Fui criado nesta cidade até os meus 16 anos, conheço esse hospital muito bem, então caminhei até a sala de espera, para avisar a menina que está aguardando para ver a minha madrinha. Quem será ela? Eu nunca soube que a minha madrinha tinha filhas ou parentes, sempre foi apenas nós dois, bom vou saber ao passar por esse corredor, deve ter muitas pessoas na espera, como que eu vou saber quem é ela, se não sei o seu nome.Entrei na sala de espera e para a minha surpresa não tem ninguém, além de uma jovem sentada em um poltrona encolhida e dormindo feito um anjo, "que linda!", Será que é ela, bom como não tem mais ninguém, vou até a moça para confirmar. Como eu estava parado perante a porta olhando-a, caminhei até ela e me abaixo a sua frente, ao olhar o seu doce rosto, senti algo que não consigo explicar, mesmo sem querer sorri ao observá-la dormindo por um momento, me peguei quase tocando o seu rosto, num impulso me levantei ao me afastar.