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Capitulo 5 Mais uma vez de bunda no chão

Odeio esse mês do ano. Especialmente o dia de amanhã. Meu cérebro relata: "já passou tanto tempo", mas esse luto não me deixa.

Hoje pela manhã minha mãe já me ligou e depois a tia Nancy, mãe do Ethan.

Elas querem se certificar que vou passar por tudo e ainda estar bem. Claro, as tranquilizei e sei que ligaram para Ethan ficar de olho em mim, é sempre a mesma coisa, desde que tudo aconteceu. Mas no fundo, sou apenas uma casca que respira.

Será que algum dia, esse dia deixará de me assombrar?

Espero no fundo do meu coração que sim. É uma droga algo me fazer tão mal assim!

Enfim, o tão fadado dia, me dispus a ir somente no período da tarde trabalhar. Levanto sem vontade de nada. Ethan já sai, sabendo que o melhor é me deixar com meus pensamentos. No entanto, Ethan não seria Ethan se não me deixasse um belo e delicioso café da manhã, com tudo o que eu gosto.

Esse meu amigo é incrível!

Depois mando uma mensagem agradecendo o carinho. Vou comer e andar um pouco, se ficar aqui dentro vou sufocar.

O dia está ensolarado, bem convidativo para uma boa caminhada sem pressa.

Sinto dentro de mim aquela velha e árdua batalha. As lembranças querendo surgir, meu cérebro e coração afirmando que não é necessário. Mas quem disse que a razão vence, os sentimentos são incontroláveis e para ser bem sincera, já passei da fase de ir contra.

Logo estou no parque que fica há alguns quarteirões de onde moro. Pego a pista de cooper e sigo em frente. Estou com meus fones e a música invade meu corpo, me ajudando a relaxar, me desconectando das lembranças dolorosas, de um passado triste e sombrio.

Sinto o suor escorrer, meu corpo mais cansado, porém relaxado, isso é bom!

Paro um pouco observando o lago ao qual a pista contorna, tomo um gole bem generoso na garrafinha de água que trouxe.

A manhã está linda, fico ali observando não sei por quanto tempo. Não penso em nada importante enquanto contemplo, gostaria que as coisas fossem mais fáceis.

Por um momento ao longo desse período, achei que seria possível a dor, a tristeza serem menos frequente, até pedi em meus pensamentos, que esse milagre existisse, mas ao contrário do imaginado, ainda sinto com a mesma intensidade e força.

Resolvo voltar a caminhar. Mas quando me viro dou de encontro com alguém e droga, vou de bunda no chão. Que porcaria, isso está ficando chato!

"Aiiiii", grito, nossa que tombo, me esparramei no chão... De novo!

"Desculpe, não vi..."

E nossos olhares se encontram... Caramba, só pode ser brincadeira e das piores, parece piada de mal gosto. Daquelas que não faz o menor sentido, pois é, estou diante dela agora.

"Srta. Collen", me diz, aquela voz que pensei nunca mais ouvir.

"Angel - falo, ainda sentada no chão, tentando de maneira perdedora, segurar meu mau humor - Doutor Palmer! Que coisa... Somente Angel"

"Tudo bem... Angel!!!"

"Pode me ajudar a voltar a ficar sobre meus pés, por favor?"

"Ahhh... Claro... Me desculpe"

Estendendo a mão, me ajuda a levantar, vejo se não me machuquei. Mas que droga, parece uma coisa, agora será sempre assim, ele surgindo do nada e me derrubando no chão. Que bela forma de nos encontrar! Balanço a cabeça afugentando tais pensamentos.

"Espera Angel… me deixe examiná-la"

"Não se preocupe doutor, foi só um tombo bobo", era só o que me faltava, consulta em pleno parque. Aff...

"Rick"

"Hummm... Como?!? Não entendi?!?!"

"Se vou chamar você de Angel… me chame de Rick, sem formalidades, ok"

"Então tá... Rick"

"Angel... Não me esconda, você está bem mesmo?"

"Sim... Sem nenhum arranhão, foi mais o susto", assim espero, penso eu.

Mas quando tento andar sinto uma fisgada no pé e...

"Aiiii… Porcaria... Caramba...", e me tremo toda.

"Angel... Pare!”, dispara o doutor, apressando em me alcançar.

E sem que eu espere, lá estou eu no colo do doutor delícia. Aí não, não poderia ser pior. Não pode ser verdade, só posso estar dormindo, alguém por favor acende a luz e grita: É apenas um sonho!!! Por favor… alguémmmm… eu, psiuuu!!!

Ele me leva até um banco, tira meu tênis, retira a meia e levanta a barra do meu moletom.

Fico só olhando.

Morta de vergonha!

Com todo cuidado examina e me faz perguntas, que respondo num desânimo gigantesco. Ele ignora meu mau humor e segue me examinando.

"Bom Angel não há fratura, nem luxação, deve ser um mal jeito mesmo. Seria interessante uma compressa fria e colocar esse pé para cima"

"Acho que nem vou precisar", digo.

Coloco o pé no chão, evidentemente que seguro o incômodo, para que ele saiba e acredite que estou bem. Mas está doendo muito, vou ter que fazer o que ele recomendou.

"Angel, vai por mim. Esse pé precisa de cuidados. Quer que eu chame alguém. Ethan talvez?!?"

"Não, nem pensar! Ethan está em reunião a essa hora e não pode ser interrompido por um tombo besta"

"Mas Angel... "

"Basta doutor... Consigo caminhar e já estava voltando para casa"

"Ao menos deixe que a leve... Meu carro está perto?!?"

E quando termina de falar, ouvimos uma voz em sua direção dizer:

"Querido... não te pedi para me esperar, fui só comprar água"

Nos viramos, na direção de onde aquela voz ecoava e para minha surpresa, uma garota que faria Ethan tremer na base, caminhava em nossa direção.

Uma mulher escultural, com tudo no lugar e pior, olhos tão expressivos e lindíssimos... Que me deu vontade na hora de comprar um par de lentes naquele tom... mas espera aí, o doutor delícia sempre está com uma garota diferente.

Que coisa, não deve ser dado a relacionamentos. Se bem que, não o condeno, cada um faz da sua vida o que quiser.

"Rick, pensei que me esperaria!"

Nossa, esse bonito gosta de fazer a fila andar, desculpa, mas sempre achei que médicos não tinham vida fora do consultório, mas acho que me enganei!

Ignorando nitidamente a garota, me disse:

"Angel vou te levar e pronto"

"Nem pensar doutor. Você tem coisas mais importantes para se preocupar"

E direcionei a sua atenção à maratonista à nossa frente.

"Não... Nik pode ir para casa sozinha. Você se machucou"

Me senti o patinho feio naquela hora. Será que ele não entende que não se deve menosprezar uma mulher na frente da outra. Rapidamente me coloquei de pé. Quase dei uma cambalhota, só não o fiz, porque seria um Kong gigantesco e com minha sorte me arrebentaria toda!

"Pronto... Está vendo, estou bem... Bom doutor, foi um prazer te encontrar e obrigado por não ter me matado"

Ri sem graça do meu comentário idiota.

Ignorando minha falta de criatividade com o comentário, diz:

"Tudo bem... Você é teimosa e enfim, melhor te deixar ir. Cuida disso quando chegar em casa. Falo sério, qualquer coisa pede para o Ethan me ligar. Ele tem meu número... Ahhh, antes de mais nada... Rick, por favor"

Aceno e concluo:

"Tudo bem… obrigada dout... Rick"

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