O sol filtrava-se suavemente pelas cortinas do quarto, tingindo o ambiente com tons dourados e quentes. Isadora abriu os olhos devagar, sentindo a maciez dos lençóis contra a pele nua. Por um instante, não soube onde estava. Mas então o cheiro dele, amadeirado e envolvente, trouxe tudo de volta.Dominic.O corpo dele ainda estava ali, adormecido ao seu lado. Ela se virou devagar, observando seus traços fortes, a serenidade que só o sono poderia conceder a alguém tão intenso. Ele estava com o braço estendido sobre o travesseiro, o peito subindo e descendo em um ritmo calmo. Parecia tão… diferente. Vulnerável. Humano.Isadora suspirou e fechou os olhos por um momento. Sentia-se preenchida e vazia ao mesmo tempo. A noite anterior ainda dançava em sua pele como um segredo quente. Eles haviam se entregado um ao outro com tanta intensidade que parecia que o mundo havia parado.Mas o mundo, infelizmente, não parava.Ela levantou-se devagar, pegou a camisa dele do chão e vestiu. Caminhou até
O dia seguinte começou com um silêncio diferente. Não o silêncio da tensão ou da dúvida, mas o de uma calma estranha, como se o mundo tivesse diminuído o ritmo só para observar os passos de Isadora e Dominic.Ela chegou à empresa mais cedo que o habitual. Queria evitar olhares, cochichos, especulações — mesmo que não houvesse ainda nada explícito para ser comentado. A única certeza era o calor que ainda sentia na pele, como se os dedos de Dominic tivessem deixado marcas invisíveis.Assim que entrou em sua sala, respirou fundo e se jogou em suas tarefas. Precisava manter a mente focada, provar para si mesma que podia separar as coisas. Que conseguiria manter o profissionalismo intacto, apesar de tudo.Mas, claro, Dominic não tornaria isso fácil.Por volta das dez da manhã, ele apareceu na porta de sua sala com duas xícaras de café.— Paz selada com cafeína? — perguntou, com aquele sorriso que ela já reconhecia como um convite para o perigo.Isadora cruzou os braços, erguendo a sobrance
O sábado amanheceu com o céu nublado, e Isadora agradeceu por isso. Ela precisava de um dia sem sol, sem sorrisos forçados, sem a euforia típica que acompanhava as manhãs ensolaradas. Estava em conflito — não com Dominic, mas com o que ele despertava nela.Desde o jantar, algo havia mudado. Havia sido tudo tão simples, tão genuíno, que assustava mais do que uma noite de sexo. O desejo, ela sabia como lidar. Mas aquele tipo de conexão… era novo. Assustadoramente novo.Dominic também sentia o peso da mudança. Passara a noite revendo cada palavra trocada, cada sorriso discreto, cada gesto de Isadora. Havia em seus olhos uma mistura de força e fragilidade que o deixava completamente obcecado. Ele não queria mais só provocá-la. Queria compreendê-la.No início da tarde, Dominic decidiu arriscar. Mandou uma mensagem simples, sem duplo sentido:Dominic: Estou indo visitar minha irmã. Ela perguntou sobre você.A resposta demorou mais do que ele gostaria.Isadora: Você fala de mim com a sua irm
A manhã chegou com um silêncio diferente. Era o tipo de silêncio que não incomodava, mas dizia tudo. Isadora despertou com o calor do corpo de Dominic ao seu lado, o braço dele envolvido em sua cintura, como se temesse que ela desaparecesse se ele soltasse.Ela não queria se mover. Não queria que a magia da noite anterior evaporasse com o nascer do sol. Por um instante, permitiu-se apenas sentir. O peso do corpo dele, o som do respirar tranquilo, o cheiro amadeirado que impregnava os lençóis.Mas a mente não demorou a voltar ao mundo real.Ela virou-se devagar, encontrando o rosto sereno de Dominic, ainda dormindo. Como podia aquele homem, tão intenso e cheio de domínio, parecer tão vulnerável ali, deitado ao seu lado?Uma parte dela queria congelar aquele momento. A outra, queria fugir antes que tudo desmoronasse.Ela levantou-se em silêncio, pegando uma camisa dele jogada no chão e vestindo-a com cuidado. Caminhou até a cozinha e começou a preparar café, como se aquele gesto fosse s
Isadora não dormiu bem.Passara a noite inquieta, virando de um lado para o outro, ouvindo os sons abafados da cidade tentando acalmar a tempestade dentro de si. O quarto, antes refúgio de paz, agora carregava o eco das palavras de Dominic, dos toques, do beijo lento, do olhar que atravessava qualquer armadura que ela ainda tentasse vestir.Ela sentia que algo estava diferente.Dominic havia dito que encerraria tudo com a ex-noiva. E ela acreditava. Não porque fosse ingênua, mas porque viu em seus olhos que ele falava com verdade. O problema não era confiar nele — era confiar no que ela mesma sentia.O sentimento era grande demais. Intenso demais. E isso a assustava profundamente.Na manhã seguinte, ela se arrumou com calma. Escolheu uma roupa mais neutra, um batom mais discreto. Queria parecer estável, racional — mesmo que por dentro estivesse desmoronando em ondas de insegurança.Ao chegar na empresa, o ambiente parecia diferente. Algumas pessoas a cumprimentavam com um olhar mais d
Os dias seguintes pareceram menos cinzentos.Isadora sentia como se algo em seu interior tivesse se realinhado. Havia, sim, medo. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ela o deixava de lado para dar espaço a algo maior: a vontade de viver aquilo. Viver ele. Viver eles.Dominic manteve sua palavra. Passou a atuar em um projeto diferente, mantendo a distância profissional. Ainda a encontrava nos corredores, em reuniões gerais, ou no café da empresa. Mas o olhar que trocavam agora era diferente. Menos provocador, mais cúmplice. Um olhar de quem compartilha um segredo precioso.Ela gostava da sensação de ser desejada, mas, acima disso, gostava de como ele a enxergava inteira. Não como a mulher difícil, fria, ou inatingível — mas como alguém que merecia cuidado, atenção, verdade.Na sexta-feira, perto do fim do expediente, Isadora recebeu uma mensagem no celular.Dominic: “Hoje, 20h. Não é um convite. É um lembrete.”Ela sorriu sozinha. Era assim com ele. Um misto de desafio e ternura. Um
A manhã chegou devagar, invadindo o quarto com uma luz suave. Isadora abriu os olhos, sentindo o calor do corpo de Dominic ao lado do seu. Ele ainda dormia, a respiração tranquila, os traços serenos como ela nunca tinha visto. Por um momento, ela apenas observou. Aquela era a primeira vez que acordava com alguém e sentia paz.Ela passou os dedos de leve sobre o peito dele, traçando caminhos invisíveis em silêncio. Dominic abriu os olhos devagar, e quando os olhares se encontraram, não houve necessidade de palavras. Ele apenas sorriu.— Bom dia — murmurou, a voz ainda rouca de sono.— Bom dia.Ela virou-se de lado, apoiando o rosto sobre o travesseiro.— Dormiu bem?— Melhor do que em anos — ele respondeu, estendendo a mão para tocar o rosto dela. — E você?— Como se estivesse exatamente onde deveria estar.Dominic a puxou de leve para mais perto, deixando um beijo demorado em sua testa. O silêncio entre eles não era desconfortável. Era cheio de significado, como se os corpos falassem
Os dias seguintes foram um teste de paciência e controle para Isadora. O desejo de ver Dominic fora do ambiente profissional crescia a cada troca de olhares, a cada mensagem sutil trocada entre reuniões. Mesmo tentando se manter firme, ela sabia que estava em um caminho sem volta.Naquela sexta-feira, enquanto organizava os últimos documentos sobre sua mesa, seu celular vibrou discretamente.Dominic: “Jantar hoje? Só nós dois.”Isadora sorriu de leve, mas demorou alguns segundos antes de responder. Ela sabia o que aquilo significava. Não seria apenas um jantar. Seria um momento decisivo. Uma escolha.Isadora: “Sim. Me diga onde.”Minutos depois, a resposta chegou com o endereço de um restaurante discreto, longe do centro da cidade, onde poderiam conversar sem os olhares do mundo corporativo sobre eles.⸻Quando Isadora chegou ao restaurante, Dominic já a esperava. Ele vestia uma camisa azul escura que realçava ainda mais seus olhos intensos. Ao vê-la entrar, seu sorriso se abriu, ilum