Henrique
Não tenho notícias do Eduardo desde que chegamos do colégio, já estava escurecendo, mesmo sendo apenas 16:40 e até agora eu não havia recebido nenhuma mensagem. Talvez ele tenha dormido ou tenha saído com a mãe, de todo modo, deixarei uma mensagem.
Meu amor.
Offline.
— Espero que você esteja bem, espero que a gente esteja bem.
A nossa relação estava boa, não tínhamos motivos para brigar, aliás, era difícil acontecer uma briga e geralmente era por alguma questão e até mesmo comida.
Eu estava chateado e não negaria, ele estava me escondendo algo, e nunca escondemos nada um do outro. Eu sei que a vida particular dele não me interessava, e que ambos deveriam ter o seu espaço, mas se ele estava com problemas e precisando de ajuda, eu não negaria.
Fiquei deitado em minha cama, não tinha o que fazer e além do mais eu estava sozinho ainda, provavelmente o meu pai teria plantão e ficaria por lá, e minha mãe tinha ido ao shopping depois que saiu de sua consulta. Decidi deixar uma mensagem no grupo dos meus amigos, que era no total de dois.
Only that?
— Vocês estão ocupados agora?
— Estou no tédio aqui em casa, minha mãe saiu. — Clary falou e por um breve minuto jurei ouvir ela bufar.
— Estou disponível também amore. — Como sempre o Lucas tinha que fazer graça.
— Vocês querem vir para cá? Estou só e não gosto.
— Eu posso, mas só se o seu namorado não estiver. — Claryssa falou, e eu ainda não entendia o porquê dela odiar tanto o Eduardo.
— Se a claryssa vai, eu também vou.
— Ele tá estranho e não me manda mensagem desde que saiu daqui. Então irei esperar vocês.
— Chego aí em 5 minutos. — Claryssa digitou ficando offline logo em seguida.
— Chegarei em 10. Só vou me arrumar. — Disse Lucas.
Todos nós morávamos perto, exceto o Eduardo, a casa da Claryssa ficava a 5 minutos da minha, e também era perto da escola, a do Lucas também, mas ele parecia uma moça para se arrumar.
Coloquei apenas uma camiseta e desci para esperar os meus amigos na sala e eles chegaram no tempo que disseram que chegariam.
A conversa estava boa e eu nem havia percebido que o tempo tinha passado, quando vimos, já eram 19:30 da noite.
— Que falta de educação a minha, nem ofereci comida para vocês. Podemos pedir uma pizza, não quero cozinhar.
— Eu realmente estou ficando com fome, então pode pedir logo antes que eu acabe ficando agressiva. — Claryssa falou rindo e colocando a mão na barriga.
— Mas pede de quatro queijo, por favor, gosto de pizza boa. — Lucas estava rindo, se eu não o conhecesse, o expulsaria
da minha casa.
Estávamos conversando quando a campainha tocou depois de uma hora, a pizza finalmente havia chegado e em seguida a minha mãe.
— Diz que vocês vão me convidar para comer pizza, por favor. — minha mãe falou com cara de cachorro pidão.
— Você pode vim comer com a gente tia, o exagerado do Henry comprou logo três. — Lucas falou enquanto mastigava um pedaço de pizza.
Minha mãe se juntou a nós e começamos a comer, riamos bastante, minha mãe era mais adolescente do que nós três juntos. Felicidade dura pouco, quando o meu celular, da claryssa e o Lucas apita, era mensagem do grupo da sala.
Desde o primeiro ano é o mesmo grupo, com as mesmas pessoas, apenas alteramos a sala, já que eu e o meu pequeno grupo somos administradores do grupo da sala.
O sorriso que antes havia no rosto dos meus amigos, havia mudado em fração de segundos e só quando eu finalmente abri a mensagem, entendi o porque, havia uma foto do Eduardo saindo da casa da Camila hoje de manhã.
— Henry.. Eu.. — Claryssa falou e no mesmo instante senti minha cabeça girar, eu estava tonto, senti minha vista escurecer e apagar.
— Henrique? Henrique, meu filho. — Falou uma voz.
A voz era grossa e calma, e logo eu liguei ao meu pai, mas o que ele estava fazendo aqui se ele tinha plantão no hospital hoje? Será mesmo o meu pai?
Abri o olho lentamente, quando minha visão se acostumou, vi que eu estava no sofá e que o meu pai estava bem na minha frente.
— O que você tá fazendo aqui em casa? Pensei que tivesse plantão hoje papai. — Falei vendo meu pai tirar a minha pressão.
— Eu troquei com o Fabrício, meu plantão é amanhã. Quando cheguei você tinha acabado de desmaiar. — Falou guardando seu medidor de pressão.
— O que ele tem tio, ele tá bem? — Claryssa estava mordendo as unhas, sempre que estava em crise de ansiedade, ou muito nervosa ela fazia isso, pelo menos quando não tremia.
— Eu estou bem, pinscher. Não se preocupe comigo. — Eu falei me sentando lentamente recebendo ajuda do meu pai, pois ainda estava um pouco tonto.
— Ele está bem sim, Claryssa. Foi só uma queda de pressão, só precisa descansar. — Meu pai falou se levantando. — Bom, irei tomar meu banho agora, se precisar é só me chamar. — Disse indo em direção às escadas para subir para o seu quarto.
— Graças a Deus que você está bem filho, de repente vocês três mudaram e você desmaia, me preocupou agora. — Minha mãe falou me abraçando.
— E eu odeio quando você me chama de pinscher, eu sou pequena e sei que começo a tremer às vezes quando estou em crise, mas não sou um pinscher. — Falou dando língua igual a uma criança birrenta.
— Agora eu finalmente tenho motivos para quebrar aquele cara. — Lucas estava irritado e fechando as mãos, ele era o melhor amigo que alguém poderia ter, Claryssa e ele são tudo para mim.
— Não sei o que houve, mas a violência não é a melhor maneira para resolver as coisas, Lucas. Tenha calma e tudo vai se resolver. Irei para o meu quarto, se precisarem me chamem também.
Apenas balançamos a cabeça e esperamos a minha mãe sair da sala, para conversar sobre o que nós tínhamos visto.
— Sabe que uma foto não diz nada, né? — Claryssa se sentou do meu lado e o Lucas no chão.
— Sim, eu sei, irei conversar com ele sobre isso.
— Eu sei que ele deveria ter te dito que esteve com ela, mas o juliano é um idiota de ter mandado isso. — Claryssa estava chateada e eu também estava, não faz nem um dia que ele a conhece e já está indo para a casa dela.
— Provavelmente ele fez isso apenas para irritar o Henry, sabemos que o Juliano é vizinho do João que também é vizinho dela, ele deve ter visto e tals. — Lucas estava no chão comendo um pedaço de pizza, e eu só queria estar no lugar dele, despreocupado com a vida, e tá comendo, porque comida é vida.
— Apenas converse com ele e esclareça tudo, você não é de fazer confusão e nem de tirar conclusões precipitadas. — Claryssa tinha razão, ela sempre tão sensata e sábia, eu me admiro com ela.
— Mas se ele te machucar, eu vou quebrar ele na porrada Henry, é sério. — Lucas falou ainda de boca cheia.
— Eu agradeço meu amigo, mas não precisa e falar de boca cheia é nojento, você até cuspiu em mim. — Fiz cara de nojo me enxugando na camisa.
Já eram 21:40 da noite quando eles foram embora, antes de irem, eles me ajudaram com a bagunça que fizemos, eu apenas peguei meu celular no sofá, tranquei as portas e fui para o meu quarto, assim que cheguei tomei um rápido banho e quando desbloqueei tinha uma mensagem do Eduardo que dizia:
Meu amor.
Online.
— Precisamos conversar. Buscarei você amanhã.
A sua mensagem era curta e grossa, apenas ignorei, e senti o sono chegar rapidamente, eu não teria uma boa noite, mas faria o meu melhor para ter.
EduardoDepois de responder a Camila, desci para almoçar ou tomar café pela hora que era. Assim que cheguei na sala, pude ver minha mãe e minha avó na cozinha conversando e quando perceberam minha presença, minha mãe me chamou para sentar e assim eu fiz.— Você dormiu? Nem desceu pra almoçar com a gente, já é quase 21:00 da noite. — Assim que minha mãe falou eu me espantei, eu havia dormido bastante e nem percebi.— Eu acabei dormindo e achei que dei apenas um cochilo, e você vai passar a noite aqui vovó? E vocês não acham que já tá tarde para tomar café não?.— Sim querido, dormirei aqui hoje. Tem lasanha no forno para você e nã
HENRIQUESai da escola apressado, eu precisava ir andando para pensar bem na minha vida, pensar bem nas coisas que aconteceram nesses últimos três dias, as coisas haviam mudado em um passo de mágica, como uma maldita novata conseguiu acabar algo que construir em dois anos, quando ela só levou um dia. Eu estava tentando chegar em casa o mais rápido possível, eu precisava novamente escrever em meu diário.Ao olhar para trás, pude ver um carro preto de placa IKP-758, eu conhecia bem aquela placa, até porque melhor do que ninguém, eu conhecia bem o dono do carro. Idiota, estupido e babaca. Eram as únicas palavras que eu conseguia pensar no momento em que vi o Eduardo levando a camila em seu carro. Talvez isso estivesse acontecendo desde o dia daquela maldita fes
EduardoO sábado finalmente havia chegado e com ele a festa, o que era para ser um descanso para mim, eu iria aproveitar para ir a festa. Eu havia combinado de passar na casa da Camila para buscar ela e o João para irmos para essa festa. Eram ainda 8:30 da manhã quando chegou uma mensagem do João avisando o horário da festa.一 Fala irmão, o horário da festa vai ser de 20:00 horas da noite até 5:00 horas da manhã do domingo. 一 João falou enviando um emoji de animado.一 Eu não sei se irei ficar até esse horário, pois no domingo irei buscar a minha avó na sua casa.一 Então significa que você não vai beber?一 eu vou, mas co
Dor de cabeça. Era tudo o que eu estava sentindo às 06:37 da manhã do domingo, talvez eu tenha exagerado um pouco na bebida, ou talvez seja porque eu passei o restante da madrugada pensando no meu recente término de namoro. Me levantei da cama, ainda com as roupas da noite anterior e no mesmo instante tive que sentar novamente, uma tontura absurda tinha aparecido do nada, respirei fundo e novamente tentei me levantar da cama, e dessa vez com sucesso, minha cabeça ainda girava, mas precisava ir urgentemente ao banheiro.Depois de muito sacrifício, finalmente consegui urinar, lavei minhas mãos e em seguida o rosto, ao olhar no espelho, percebi o quanto minhas olheiras tinham aumentado, e o quão escuras estavam, nem um pó cobririam. Eu ainda estava com sono, talvez um banho me despertasse e era isso que eu iria fazer já que estava no banhei
Idiota. Como ele podia vim na minha casa e fazer uma coisa dessa comigo sabendo dos meus sentimentos por ele?, meu coração doía, doía por pensar que poderíamos voltar de uma hora pra outra, mas novamente eu me enganei.Visto uma calça moletom e um suéter, eu precisava sair para pensar e esvaziar minha cabeça, eu estava ficando triste e essa dor estava me machucando, talvez eu devesse ir na praça perto de casa, já que por essas horas era muito movimentada. Sim, era pra lá que eu ia. Mas também chamaria os meus amigos, já que eles também moravam perto da praça.‘’Estou indo para a praça, encontro vocês lá? Preciso conversar.’’ Eu havia perguntado, pelo horário talvez eles não pudessem, mas o Lucas podia
Quarta e penúltima aula, era raro ter aula vaga e ainda mais no começo do ano, porque a direção simplesmente não pulava a quarta e colocava a quinta? Tudo para prender a gente nessa escola, ou melhor, prisão. A próxima aula será de química, que última aula boa para não dizer o contrário.— Já abriu as vagas para os alunos bolsistas, soube que quem passar só entra em junho. — Claryssa mordia sua maçã enquanto falava, nunca vi uma pessoa pra gostar tanto de maçã como ela, parecia mais um shinigami.— Besta é quem entra no meio do ano basicamente. — Lucas tinha razão, qual era a graça de entrar no meio do ano quando só faltam seis meses para o ano letivo acabar? Às 07:00 horas da manhã eu já estava com os meus pais na delegacia, meu pai havia comunicado ao colégio que eu faltaria hoje, e que chegaria mais tarde no trabalho e minha mãe não iria hoje para ficar comigo comigo, avisei aos meus amigos que não iria para a escola e quando eles largassem, fosse na minha casa que eu diria o que aconteceu e eles concordaram.— Bom dia, em que posso ajudar? — O Delegado havia perguntado assim que olhou para mim e para os meus pais.— Vinhemos fazer um boletim de ocorrência contra agressão física e ameaça. — Meu pai respondeu e por um minuto o delegado apenas nos encarava, mas em seguida nos guiou para uma sala.E aqui estava eu, em uma sala com o delegado e o escrivão, enquanto oCapítulo Onze: Boletim de Ocorrência
Na história de passar um dia para me recuperar, passei quatro dias sem ir a escola e hoje era um novo dia e que com certeza eu voltaria, já que só falta uma semana para a apresentação do trabalho de geografia o que eu não estava nem um pouco preparado para encontrar com o Eduardo, mas bola pra frente henrique.Uma parte de mim pensava que ele ia se arrepender e pedir desculpas, e por outro lado , o meu sexto sentido me dizia que ele estava aprontando alguma coisa, eu estava com medo, sentir medo era natural, era do ser humano, mas acontece que eu já não conhecia mais o novo Eduardo, e confesso que já estava ficando com medo do ser que ele se tornou.Já estava pronto, apenas dando uma última olhada de como eu estava na frente do espelho e a resposta era: Eu estava acabado, com olheiras