À noite, quando ela desperta, ele está de pé diante da janela, perdido em seus próprios pensamentos. Rebecca fita as costas dele, as lágrimas escorrendo por seu rosto, sentindo o peso sufocante em seu coração. Ela suspira, reunindo a coragem necessária para encará-lo.— Alex? — Chama com a voz trêmula.Ao ouvir a voz dela, o coração de Alex acelera, mas ele continua imóvel, incapaz de encará-la.— Alex, por favor, olhe para mim. — Implora, sentando-se na cama e lutando contra as lágrimas.— Como você se sente? — Pergunta ele, sem ainda conseguir encará-la.— Por favor, olhe para mim, Alex. — Suplica, lágrimas escorrendo. — Olhe para mim, eu te imploro.Alex permanece imóvel, sentindo seu coração doer ao ouvir o choro de Rebecca. Por mais que ele tente, não consegue reunir coragem para encará-la. Ele está perdido, sem saber o que dizer ou como agir naquele momento.— Como você está? — Repete a pergunta.— Por que você está me perguntando se já sabe, Alex? Por que está aqui se nem conseg
Rebecca continua imersa em seu sofrimento, e naquele momento, toda aquela dor a envolve, pois ela deseja suportar o máximo que seu corpo e mente podem aguentar. Por volta das 9h da manhã, ela é arrancada de seus pensamentos ao avistar Susan entrar no quarto. Não há palavras trocadas entre elas, apenas um abraço afetuoso que expressa mais do que palavras poderiam. Rebecca se levanta e segue para o banheiro, preparando-se para encerrar o capítulo mais sombrio de sua vida. Alex retorna ao hospital e se encaminha para o quarto dela. Ele troca olhares com Susan e avista Rebecca debruçada na janela, contemplando a paisagem lá fora.— Susan, por favor, nos deixe a sós. — Pede Alex, e Susan sai em silêncio do quarto. Ele se aproxima de Rebecca e a abraça por trás, ela fecha os olhos, encontrando consolo naquele abraço. — Como você está hoje?Rebecca permanece em silêncio. Seu amor por Alex é inegável, mas ela luta para aceitar que ele está sofrendo devido a suas ações. Desde que descobriu o qu
Após aquela tarde dolorosa e triste, Rebecca permaneceu mais duas semanas no hospital. Ela recebia visitas diariamente de seus amigos e familiares, e no quarto, contava com a presença constante da família de Alex.— Como você está, querida? — Pergunta Olga.— Estou tentando seguir em frente. — Responde, com um sussurro carregado de tristeza.— Rebecca, desculpe-me por ser tão indiscreta, mas você fez o que estão dizendo? — Questiona Ana.— Podemos não tocar nesse assunto? Só me faz lembrar o quão terrível eu sou. Alex tem razão, naquele dia eu deveria ter sido sepultada. — Responde, segurando as lágrimas. — É uma dor aparentemente interminável, um vazio que me enlouquece. Destruí a vida das pessoas que mais amo. Sou uma pessoa horrível e mereço todo esse sofrimento. — Conclui, entre soluços.— Minha querida, está tudo bem. Melhorará, eu prometo. — Diz Nicolas, abraçando-a enquanto a consola.— Vovô, como ele está?— Minha querida neta, não sabemos. Tentamos contatá-lo por telefone, mas
Após o almoço com Eduardo, Rebecca se dirige à casa de Susan, onde agendou um encontro com algumas amigas.— Como você está, amiga? — Susan indaga, envolvendo-a em um abraço.— Essa sempre é uma pergunta complicada de responder, meus dias têm seus altos e baixos. — Confessa Rebecca.— Em breve, você ficará bem! Não se preocupe. — Conforta Christine, também a abraçando. — Becca, ontem o Ryan mencionou que você telefonou para ele.— Eu agi um pouco impulsivamente, liguei para pedir uma recomendação de advogado, embora fosse claro que ele não poderia me ajudar com isso!— Você está planejando iniciar o processo de divórcio? — Pergunta Susan.— Sim, Susan, eu vou! Não há mais casamento, está na hora de resolver essas coisas.— Você já conversou com o Alex? — Pergunta Christine.— Não, e não pretendo. Não tenho coragem de encará-lo. Além disso, nem faço ideia de onde ele está. Mas mudando de assunto, decidi acompanhá-las ao evento beneficente esta noite.— Que ótimo, será maravilhoso para v
O restante do final de semana foi dedicado por Rebecca à organização de seu apartamento e aos estudos. Ela havia perdido muitas aulas e estava se esforçando para recuperar o tempo perdido. No início da semana, após meses de reclusão, Alex finalmente retornou ao escritório. Encontrava-se em pé, em frente à janela, absorto em seus próprios pensamentos, quando alguém bateu à porta.— Pode entrar. — Diz ele.— Bom dia, Alex. — Ryan cumprimenta, entrando no escritório. — Bem-vindo de volta.— Então, como foram as coisas nesses meses? Há algo que eu deveria estar ciente? — Indaga, virando-se para Ryan. Este sabia que a pergunta não se referia ao trabalho, já que, todas as manhãs, ao chegar no escritório, todas as pendências já haviam sido resolvidas por Alex.— Não, Alex, está tudo tranquilo, nada de novo. Como você tem passado?— Está tudo maravilhosamente bem. — Responde com um toque de sarcasmo, sentando-se em seu lugar. — Ryan, por favor, entre em contato com o Sr. Walsh. Quero que ele e
Eduardo chega à recepção da Wealth Technologies exatamente no horário agendado, sendo prontamente direcionado para o escritório de Alex.— Alex Baker, a que devo a honra de ser convocado até aqui? — Indaga Eduardo, ao sentar-se com indiferença e cruzar as pernas.— Sr. Walsh, o que devo saber sobre vocês? Está cortejando minha esposa? — Pergunta Alex.— Até onde sei, ela está prestes a se tornar sua ex-esposa. Ou estou enganado? — Alex encara-o, absorvendo aquela informação, enquanto controla a raiva que brota naquele momento. Eduardo parece se deleitar com a expressão dele.— Já questionei no passado se você cortejou Rebecca, e agora faço a pergunta novamente, você está fazendo isso? Você a deseja, Sr. Walsh? — Questiona, sua paciência visivelmente esgotada.— Sr. Baker, eu não teria feito isso enquanto ela era sua esposa, mas você, sozinho, se encarregou de entregá-la para mim. Rebecca é uma mulher extraordinária. Durante esses mais de três anos, eu me perguntei diariamente como ela
No dia seguinte, na tarde ensolarada de Seattle, Rebecca finalmente pousa na cidade. Após alugar um carro, dirige diretamente para seu refúgio favorito, um lugar que a transporta para lembranças de tempos mais felizes. Escolhe o mesmo cantinho onde esteve com Alex, e assim que se acomoda, uma brisa suave acaricia seu rosto. Contudo, a felicidade não faz parte daquele momento, em vez disso, a tristeza a envolve como uma sombra persistente. Com um suspiro pesaroso, ela abre sua bolsa e retira a pequena urna que contém as cinzas de sua filha. A dor que a consome parece insuportável, mas ela sabe que precisa enfrentá-la. Com lágrimas escorrendo, ela abraça a urna com ternura, mantendo-a próxima do coração, como se isso pudesse trazer sua filha de volta, pelo menos por um instante.— Filhinha, eu gostaria tanto que você estivesse aqui comigo, em meus braços, mas não dessa forma. — Sussurra com as lágrimas escorrendo. — Eu não sei como me desculpar com você, nem minhas orações parecem surtir
Naquele momento silencioso, quando seus olhares se encontraram, a tensão no ar se tornou palpável, enquanto ambos lutavam para conter suas emoções conflitantes.— Eu não sei o que você espera com tudo isso, Alex. Por favor, me deixe em paz.— Em que momento você começou a tomar os remédios?— Isso realmente importa? Que diferença isso fará agora?— Sim, importa. Estou tentando entender como pude ser tão cego, mesmo dedicando todo o meu tempo ao seu lado, e não percebi isso.— Eu não sei em que momento, e não faz mais diferença. Fique longe de mim, Alex. Eu não quero ter essas conversas com você. — Diz, expondo todas as suas emoções, enquanto tenta encerrar aquele assunto.— Eu não vou embora daqui até que possamos falar sobre isso.— Caramba, Alex! Eu não quero isso. — Exclama, seus sentimentos à flor da pele. — As nossas conversas no hospital não foram suficientes? Sou uma Halgrave, não ficou claro que eu também não valho nada? Onde está o poderoso Alex Shaw Baker, o gênio implacável?