Capitulo 4

Dias Atuais...

Victória fitava aquele espaço luxuoso, caro e refinado. E não se sentia parte daquilo, até outro dia era apenas a secretaria, no outro teve a ideia louca de acessar a conta da empresa e agora estava nas garras do senhor Boss.

Mas como explicar que ela não era uma bandida, como explicar que não tinha um amante e que sempre esteve apaixonada por ele.

Logo, ela dispensou aquele pensamento e foi arrumar as suas coisas no closet que era enorme e espaçoso. Rapidinho, ajeitou tudo e assim que terminou a sua arrumação o celular tocou, era a sua tia Camila.

A tia era sempre amorosa e preocupada. Disse que ligou na sua casa e ninguém atendeu, então Victória inventou uma desculpa rápida. Disse que estaria na casa de uma amiga, que estava bem e sem notícias do Elano.

— Ele não tem jeito. – Disse dona Camila.

— Tomara que ele tenha pagado a dívida, não sei mais o que faço.

— Não dê mais dinheiro a ele querida. A casa aqui já está  paga, em breve mudarei para lá. Muito obrigada minha filha, tenho certeza que seus pais estão orgulhosos.

Victória não queria se emocionar, não naquele momento.

— É eu imagino tia… Eu imagino.

Quinze minutos depois foi a Dalila que ligou. Conversaram por um tempo, a colega de trabalho contou que na sexta-feira as coisas foram calmas e que ouviu dizer que teria mudanças na em­presa, pelo menos na última reunião estava pautado esse assunto e que o senhor David estava calmo mesmo com a sua ausência e que ficou pouco tempo no trabalho, e combinaram de se falar na segunda-feira.

Quando se viu sozinha novamente naquele apartamento, decidiu explorar a cobertura. Pôde ver como era grande e equipada. A pequena academia ficava no piso superior e dava para olhar a cidade inteira.

Victória foi conhecendo cômodo por cômodo até parar no escritório, que era também bonito e bem decorado. Ela ficou olhando os títulos dos livros e pegou um. Quando olhou na mesa e viu o computador que estava ligado, começou a usar, queria checar seus e-mails.

Assim que terminou, viu algumas fotos que esta­vam nos porta-retratos, eram várias fases da vida de David ao lado do pai, com os irmãos Allan e Fausto, com a mãe Dona Bran­ca e em outros momentos.

Quando foi desligar o computador viu que uma gaveta estava entre aberta, percebeu um envelo­pe amarelo. Victória abriu a gaveta para colocar de novo o envelope no lugar, quando um pacote chamou a sua atenção. Era um pacote transparente enrolado com fitas, eram fotos. Sua curiosidade falou mais alta, então desenrolou toda a fita. Eram fotos de David com uma mulher, fotos de casamento, fotos de namoro, o casal em momentos felizes, a moça de olhos verdes e cabelos castanhos claros e lisos, sempre abraçada e sorrindo em volta de David que também era mais novo e um sorriso perfeito de garoto.

Aquela era a ex- esposa e já tinha ouvido falar do casamento que durou pouco e que foi uma paixão que ele nunca mais en­controu igual.

— Ela é linda… - Victória pronunciou quase como um so­pro.

Quase duas horas depois David voltou para a cobertura.

Victória terminava de fazer uma macarronada e frango grelhado com alguns legumes.

— O cheiro está muito bom. — A voz dele a surpreendeu.

Victória virou-se rápido pelo susto e sorriu.

— Oi David, tomara que a Olga não fique brava por ter mexido na cozinha dela.

David sentou-se na banqueta e não tirava os olhos da mu­lher que terminava de preparar uma refeição tão simples e com um aroma tão bom.

Aliás, David nunca viu nenhuma das mulhe­res que já se envolveu na cozinha fazendo algo.

— A cozinha é sua, aproveite tudo que quiser.

Victória agradeceu com o olhar.

— Está servido?

— Eu vou querer sim, obrigado.

— Foi tudo bem na casa dos seus pais?

David estava sério, algo aconteceu e antes da primeira garfada, David mudou o tom de voz.  

— Eu não quero falar sobre isso, não agora.

Os dois comeram em silêncio.

Da­vid foi à adega, pegou um vinho e serviu para os dois, sem ao menos perguntar se ela queria.

— Victória faça uma mala pequena, vamos viajar.

— Vamos para onde?

— Quero que conheça um lugar, é bastante agradável. Leve traje de praia, vamos dentro de duas horas. Segunda-feira es­taremos de volta. No caminho para cá mandei arrumar o helicóp­tero, então não se atrase.

Victória queria saber o motivo pelo qual ele estava assim tão diferente daquela manhã. Olhou o relógio, eram quatro horas da tarde.

Era quase sete da noite quando chegaram em uma praia, uma pequena ilha. A Ilha Montes Verdes.

Um paraíso para Victória.

Parecia uma grande aventura arrumar as malas ao lado de David e todo aquele conforto e ostentação que ela nunca imagi­nou um dia viver.

Victória sabia que seu chefe era rico, por isso tinha uma escolta de empregados para fazer tudo. Apesar de que na Boss a situação era diferente, lá ele era o herdeiro.

Assim que pousaram foram recebidos por um casal.

 Ha­via um carro à espera deles. Durante a viajem a moça simpática contava o que estava acontecendo na ilha e que estariam à disposição deles.

David ouvia tudo, parecia atento, mas seu olhar às vezes se perdia com as paisagens.

A praia estava toda iluminada pelas luzes das casas e comér­cios. E mesmo já ter anoitecido aquele lugar trazia uma paz e era uma visão belíssima.

A casa era um espetáculo. O casal parecia estar dentro de um catálogo de revista estrangeira.  

— Nossa David! Que lugar lindo! — Victória estava olhan­do da grande janela que dava uma visão plena da praia, a casa de dois andares era muito confortável. Iluminada e bem arquiteta­da. Um verdadeiro sonho.

— É dos seus pais essa casa?

David negou com a cabeça. Aproximando-se devagar, dis­se próximo ao ouvido dela:

— É minha, vai me dizer que não sabia. Assim como essa casa, outros negócios espalhados…

— Não, eu não sabia. — Ela estava sendo verdadeira com ele.

— Vai me dizer que nunca me investigou, nunca quis saber quanto vale a fortuna da família Rafaelli Boss, quanto vai ficar para cada filho.

— Não… David, nunca procurei saber isso, eu sei que sua família é rica eu trabalho para vocês, mas nunca quis ou pensei em nada. Por que está falando assim?

David, que estava bastante perto, apertou o braço dela e juntou ao seu corpo

— Porque é o que toda mulher faz; investiga, cerca, seduz, até aparecer uma oferta melhor. Não é assim Victória? O seu é caso é um acordo e é por isso que está aqui. Agora.

Victória não queria responder, mesmo sendo verdade. Mas ela estava gostando de ficar perto dele, que agora estava com o mesmo olhar no dia que revelou saber o desfalque.

— David…

— Chega! Eu quero que suba e me espere no quarto, se­gundo a direita.

Victória quase deixou as lágrimas rolarem, mas antes dis­so, limpou os olhos, pegou a mala pequena e subiu quase cor­rendo.

David a olhou subir, respirou fundo, sentou no sofá que tinha uma visão maravilhosa da ilha e disse baixinho.

— Eu não posso me apaixonar de novo. Não posso...

David entrou no quarto. Victória já estava vestida em um roupão, o segurando firme com as mãos. Eles se olhavam, David foi se aproximando tirando a camisa, também desceu as calças e logo se livrou do tênis. Tirou o roupão dela sem maiores esforços.

David pegou o rosto dela e tocou os cabelos. Com a outra mão, desceu fazendo com que seu dedo a penetrasse mais fundo fazendo-a gemer. Ela apertou seus braços e ele a tocou nos seios antes de sugá-los.

A entrega dela era total. Ela o aceitava sempre. E, mais uma vez a tomou com delicadeza e sem demora.

 David a segurava pelos cabelos, ora movimentava devagar, ora era mais rápido. Mas, com a mesma urgência e ansiedade que ele possuía pelo corpo dela. Ela arranhou as costas dele levemente. E quando o orgasmo chegou Victória clamou por seu nome.

Horas depois, Victória dormia encolhida na enorme cama.

David havia tomado um banho e estava de roupão obser­vando ela dormir. Estava pensativo. Perdido pelas lembranças quando ouviu uma voz quase abafada, quase um apelo. Era Vic­tória tendo pesadelos. Ela mexia os braços e começou a chorar. David não conseguia entender e, preocupado permaneceu ao lado dela e assim a abraçou.

— Victória acorde. Estou aqui com você.

Ela abriu os olhos que pareciam longe, olhou para David como se não o reconhecesse. Respirou fundo e virou para o outro lado, adormecendo.

O dia estava lindo quando Victória acordou. Ao lado da cama, um bilhete com um copo de água e um analgésico.

Victória,

Quero que aproveite bem o dia. O SPAR da casa estará a sua disposição, a Lita providenciará tudo. Eu te­nho um almoço de negócios na ilha, voltarei quase ao anoitecer, qualquer coisa que precisar me ligue. O dia está muito bonito.

Tome esse analgésico.

Assim que eu chegar, partiremos. A casa é sua.

David

Victória levantou e tomou o analgésico. Sentiu que dormiu como uma pedra, apesar de ter a impressão de ter sido abraçada por David durante a noite, já que o cheiro dele estava em seu corpo.

Ela tomou um banho rápido e se vestiu. Quando foi tomar o café da manhã, o encontrou pronto e servido à mesa. De onde estava, podia apreciar a vista linda da ilha.

Lita logo apareceu muito gentil como na noite anterior. Foi perguntando e anotando o que Victória queria. Na verdade, a moça é que foi dando ideias e ela apenas aceitando.

Ela tomou um banho de furor com essências, recebeu massagem, esfoliação de pele e hidratação no corpo inteiro, fez as unhas, máscara facial e também salão de beleza. Mas não deixou que mexessem muito em seu cabelo, apenas revitali­zação. Parecia um dia de princesa.

Quando ganhou tudo que tinha direito, agradeceu a todos e voltou para casa. Mesmo não ter entrado no mar, valeu cada olhar para aquela vista inteira.

Assim que chegou, David já a esperava.  

— Você está linda…

— Obrigada. Vou pegar a minha mala. Vamos agora, não é?

David parecia perdido olhando-a.

— Sim… sim. Primeiro vamos jantar por aqui mesmo na Ilha e já partiremos, o carro está a nossa espera.

Victória subiu seguida pelo olhar de David que parecia sem ar, mesmo ela usando um vestido simples como o que esta­va; um tom vinho, longo e de algodão. Os cabelos soltos e com balanço.  Ela estava belíssima.

Agora era hora de voltar, a secretária e o chefe.

O voo atrasou por causa da chuva que se aproximava.

A chuva veio de repente, fazendo com que eles ficassem um bom tempo em uma área reservada no pequeno hangar da ilha. E estavam decididos a partir assim que a chuva passasse e só levou algumas longas horas.  O clima entre os dois estava diferente, eles não se tocavam, mas se olhavam diretamente, com insistência e pareciam não encontrar as palavras.

Victória se acomodou em um sofá, usando um casaco como cobertor, folheava algumas re­vistas. Enquanto David permanecia em outra poltrona com seu tablet. E ali tiveram que passar boa parte da noite.

Quando chegaram ao heliporto o dia amanhecia e a segurança estava presente.  Fred era o segurança particular de David, que estava afas­tado viajando a trabalho.

— Bom dia senhor. Senhorita Thomas.

— Que bom vê-lo Fred, novidades?

— Sim, senhor o relatório está completo, sem falhas.

O olhar de David escureceu.

— Quero vê-lo o mais depressa possível.

— Sim senhor Boss.

— É algo com a empresa? - Perguntou Victória 

— Não, a Boss está muito bem. São outros assuntos, não se preocupe. Victória queria trazê-la de novo na ilha, sinto muito que foi tudo tão depressa, eu tinha outros planos.

Victória olhou para David.

— Está sendo bem agitado. Em um momento estou fazendo macarronada na sua cozinha, depois vou para um lugar lindo e hoje voltamos para realidade.

David sorriu e tocou o rosto dela, trazendo-a para perto e disse baixinho, de modo envolven­te.

— Espero que goste Victória. Na Boss manteremos a linha, mas fora dela, pode apostar que será bem agitado.

Victória não sabia se era uma ameaça ou uma promessa, mas sentiu o sangue esquentar e o coração acelerar. David era envolvente quando queria mesmo saben­do que tudo aquilo era uma troca, um contrato de desejo e que ela embarcou naquela loucura.

Chegando à cobertura, Olga já estava aprontando o café.

David foi para o escritório com Fred que trazia algumas pastas.

Victória foi para o quarto se arrumar para o trabalho.

— Bom dia dona Olga.

— Bom dia senhorita. O que quer para o café?

— Não se incomode dona Olga, eu mesma me sirvo. Não te­nho tanta fome pela manhã.

David a observava e notou quando ela se serviu apenas de café preto e uma torrada.

E também vestia roupas próprias. Uma camisa rosa de seda, uma saia longa preta e um scarpin da cor da saia.

— Mas é só isso que você comerá?

— Sim.

— Coma mais, daqui a pouco vamos.

— Eu vou primeiro, eu sempre chego antes.

David a olhou parecia surpreso.

— Não faz sentido, Victória.

Ela o fitou.

— Oras, mas por quê? Eu sou sua secretaria. Sexta passa­da eu não fui, nem mesmo liguei.

— Sabemos muito bem o que aconteceu, eu sei aonde você estava.

—David. — Ela tinha um olhar um pouco triste. — Você mesmo quis isso, está no contrato. Meu horário começa em trinta minutos.

— Então o Fred a leva.

— Eu vou de metrô, é rápido.

— Não quero você andando de metrô por aí, vamos juntos.

— Eu não quero, e agora eu tenho que ir, até daqui a pouco.

Victória levantou, pegou suas coisas, deu um rápido ace­no para Olga. Esta, assistia a tudo atônica, pois nenhuma mulher falava assim com o Senhor Boss, todas aceitavam o conforto que ele oferecia.

Olga desconfiava que o chefe gostava da secretaria e que inicia­ram aquele caso as escondidas.

David a viu sair e ficou furioso, seu rosto ficou impassível, seu maxilar se contraia de raiva. Disse para Olga:

— Peça para o Fred segui-la, ou m****r alguém. Rápido Olga.

— Sim, senhor.

Olga saia para ligar para a portaria.

 David pegou a pasta que estava do lado, era um relatório que Fred trouxe sobre a empresa e sobre a Victória Thomas, sua secretária.

E havia um erro naquele segundo relatório.

O nome Elano não era de suposto amante e sim o meio-irmão de Victória, viciado em jogos.

David usou o seu poder para ter Victória em sua cama, porém ela era inocente!

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