Capítulo 30 - "A Herança de Sangue"(Narrado por Thalrik) O frio da noite estava mais intenso enquanto eu me aproximava do castelo de minha família. A névoa parecia ter um peso próprio, envolvendo tudo ao redor com um véu denso e silencioso. A luz da lua mal conseguia penetrar, transformando o ambiente em uma paisagem sombria e quase onírica. Apesar disso, eu não hesitei. Cada passo que dava era firme, mas não sem o peso da memória. O castelo se erguia diante de mim como um monólito de um passado que nunca consegui deixar para trás. Suas torres pontiagudas perfuravam o céu como lanças, e as janelas, vazias e escuras, pareciam olhos que me observavam. Ali dentro estavam as respostas que eu precisava, mas também os fantasmas que eu evitara por tanto tempo. A madeira pesada do portão rangeu quando o empurrei, o som ecoando pelo pátio abandonado. Uma vez dentro, a sensação de vazio era ainda mais palpável. As paredes de pedra carregavam marcas do tempo, mas também dos segredos da li
Capítulo 31 - "Tentação e Fogo"(Narrado por Elira) A caverna pulsava com uma energia viva, como se os cristais que se erguiam ao meu redor fossem alimentados por uma força maior que a minha compreensão. Eles brilhavam em tons de azul, lilás e dourado, espalhando reflexos hipnotizantes por todas as superfícies ao redor. O som suave da água escorrendo por entre as rochas misturava-se ao eco distante do vento, criando uma sinfonia etérea que parecia guiar os movimentos da minha magia. Meus dedos tremiam enquanto canalizava a energia, tentando dar forma ao caos que emanava de dentro de mim. A cada respiração, sentia o poder fluir, selvagem e indomado, como um rio que não conhecia margens. — Concentre-se, Elira. Você consegue. Sussurrei para mim mesma, tentando afastar as dúvidas. Desde que o vínculo com Draegon e Thalrik se formara, meu controle sobre a magia havia se tornado volátil. Por mais que tentasse me convencer de que poderia dominar aquilo, havia uma parte de mim que temi
Capítulo 32 - "Alianças Inesperadas"(Narrado por Draegon) O vento cortava minha pele como lâminas afiadas enquanto eu atravessava o desfiladeiro gelado. As montanhas ao meu redor se erguiam como sentinelas ancestrais, suas pontas afiadas se perdendo em um céu coberto de nuvens cinzentas. Cada passo que eu dava sobre o chão coberto de neve ressoava em minha mente, lembrando-me do peso da missão que me trouxera até ali. O Reino dos Lobisomens não era um lugar para visitantes casuais, muito menos para alguém como eu. Sua reputação era tão fria quanto o clima que envolvia a região, guerreiros ferozes, desconfiados de todos os que não compartilhassem seu sangue ou suas tradições. Porém, a ameaça de Umbrael crescia a cada dia, e eu sabia que não poderia lutar sozinho. Meu manto negro, bordado com runas de proteção, era a única coisa que me separava da tempestade iminente. Sob ele, carregava minha espada, “Nyxstraga”, cuja lâmina reluzia com um brilho prateado mesmo na ausência de lu
Capítulo 33 - “Corações em Chamas”(Narrado por Elira) O calor da manhã penetrava pela entrada da caverna, refletindo nos cristais que se espalhavam pelas paredes como guardiões luminosos. Sentada no centro do espaço, senti o frescor do chão sob as mãos enquanto meus pensamentos vagavam. Era impossível ignorar a crescente tensão ao meu redor. Draegon, com toda sua intensidade, estava mais próximo do que nunca. Nosso vínculo havia se tornado algo palpável, como um fio de eletricidade constante que conectava nossas emoções. Mas, por outro lado, Thalrik... Ele era uma presença mais difícil de decifrar. Observava-me de longe, os olhos como um par de tempestades contidas. Sempre controlado, sempre à margem. E, ainda assim, eu sabia que estava ali. Puxei o ar com força, tentando clarear a mente. Aquele espaço que antes parecia um refúgio agora se tornara um campo de batalha emocional. O silêncio entre nós era quase ensurdecedor, e a proximidade de Thalrik parecia queimar mais do que e
Capítulo 34 - “O Despertar das Sombras”(Narrado por Thalrik) O grito me despertou em um sobressalto. Levei alguns segundos para perceber que estava de novo no castelo dos meus ancestrais, nos aposentos que já haviam pertencido a um dos grandes líderes da linhagem Altaron. Minha respiração estava acelerada, e as batidas do meu coração ecoavam em meus ouvidos como tambores. O quarto era escuro, iluminado apenas pela fraca luz da lua que entrava pelas janelas estreitas. As sombras dançavam nas paredes de pedra, formando figuras indistintas que me lembravam das visões que o espelho insistia em mostrar. Apoiei os cotovelos nos joelhos e passei as mãos pelo rosto. O pesadelo era o mesmo de antes, Umbrael despertava, trazendo destruição por onde passava. Mas, dessa vez, havia algo diferente. Elira estava em perigo, cercada por uma energia negra que parecia se misturar a ela, e Draegon lutava contra sombras que pareciam não ter fim. No entanto, o que mais me perturbava era o papel que
Capítulo 35 - “A Decisão de Draegon”(Narrado por Draegon) A dor era lancinante, irradiando das feridas abertas nas minhas costas e no abdômen. Cada passo parecia um desafio, mas minha mente estava focada em um único objetivo, chegar ao castelo. O vento cortante do território da matilha não ajudava, trazendo consigo o cheiro de gelo e terra molhada. Minhas mãos estavam trêmulas, uma mistura de frio, exaustão e raiva. Os assassinos haviam surgido das sombras, rápidos e implacáveis. Vampiros, todos eles. Seus olhos vermelhos brilhavam com um ódio que ia além do mero desejo de matar. Eles queriam me destruir, e cada golpe de suas lâminas parecia carregado de uma fúria ancestral. Por mais que minha força de Alpha tivesse me permitido derrotá-los, o preço foi alto. As marcas em meu corpo eram prova disso. Quando finalmente avistei o castelo, a visão foi um alívio. As torres erguiam-se contra o céu cinzento como guardiões de um tempo esquecido. As chamas nas tochas ao longo da muralh
Capítulo 36 - “O Primeiro Sacrifício”(Narrado por Elira) Acordei com o coração acelerado, como se tivesse corrido uma maratona sem sair do lugar. A dor que latejava em meu peito parecia viva, pulsante, como uma criatura faminta tentando escapar de dentro de mim. Algo estava errado. Muito errado. Os últimos dias haviam sido uma mistura de revelações e caos. Draegon e Thalrik finalmente retornaram ao castelo após a emboscada que quase custou a vida de Draegon, mas o ar entre eles estava mais pesado do que nunca. Eu podia sentir a tensão, não apenas através de suas interações, mas também pelo vínculo que nos conectava. Esse vínculo, que deveria nos fortalecer, estava começando a cobrar um preço que eu não sabia se estava preparada para pagar. Passei as mãos pelo rosto, tentando afastar o torpor do sono. O quarto estava mergulhado em penumbra, iluminado apenas pela luz cinzenta que entrava pelas janelas altas. Vesti-me lentamente, optando por uma túnica azul-escura que me trazia uma
Capítulo 37 – "As Correntes do Destino" (Narrado por Draegon) A escuridão do quarto era uma presença densa, pesada, quase tangível. A lareira no canto havia se apagado horas atrás, deixando um frio úmido que se infiltrava em meus ossos. Ainda assim, não me mexi. Minhas costas apoiadas na parede fria, meus olhos presos à figura adormecida de Elira. Ela parecia tão frágil assim, envolta em cobertores que mal escondiam seu estado debilitado. Mas eu sabia a verdade. Dentro daquele corpo pequeno residia uma força que desafiava tudo que eu entendia. Uma força que me puxava para ela de maneiras que não conseguia controlar, ao mesmo tempo em que me fazia querer fugir para o mais longe possível. — Por que você faz isso comigo? — murmurei, minha voz baixa, como se temesse que o som pudesse quebrar algo sagrado naquele momento. É claro que ela não respondeu. Suas feições permaneceram serenas, inalteradas. Mas as palavras que eu nunca ousaria dizer em voz alta ainda ecoavam na minha ment